Parábola

Perguntas e Respostas

1) O que é uma parábola?

Narração alegórica na qual o conjunto dos elementos evoca, por comparação, outras realidades de ordem superior. A alegoria, por sua vez, é um discurso que faz entender outro. Os tópicos relacionados são: fábula, apólogo e metáfora.

2) Há diferença entre alegoria e parábola?

A parábola refere-se à comparação. A alegoria a um discurso que faz entender outro. Como a história simbólica não oferece apenas uma lição global, mas que todos os pormenores têm um sentido próprio, requerendo uma interpretação particular, a parábola então se torna alegoria. Exemplo: considera-se Deus e Israel como a figura do dono da vinha.

3) Como distinguir o "corpo" da "alma" da parábola?

Chama-se "corpo" da parábola a narrativa expressa, e "alma" a lição moral que a narrativa sugere ou o sentido místico que ela comporta.

4) Para que serve o enigma, o símbolo e o apocalipse carregados nas parábolas?

O enigma era para espicaçar a curiosidade, incitar à busca.

Os símbolos eram para apresentar as imagens tomadas da realidade terrestre para serem sinal das realidades reveladas por Deus, precisando, na maioria dos casos, de uma explicação que as aprofunde. O antropomorfismo do Velho Testamento expressa os símbolos que contêm em germe verdadeiras parábolas. Esse procedimento se amplia no judaísmo tardio, até se tornar, nos rabinos, um verdadeiro método pedagógico. A pergunta é: a que isto é semelhante? Jesus segue a mesma linha de pensamento: a que vou comparar? Dizia: o Reino dos Céus é semelhante a...

Muito mais que enigmas, há também o sentido apocalíptico das parábolas. Estas são de difíceis explicações. Há necessidade de um "anjo-intérprete".

O esquema tripartido é o seguinte: símbolo – pedido de explicação – aplicação do símbolo à realidade. (Léon-Dufour, 1972)

5) Há diferença entre parábola e parábola evangélica? O que são parábolas evangélicas?

Parábola é uma forma de transmissão de conhecimento, muito utilizada na antiguidade. Baseava-se em histórias, cujo conteúdo revelava um ensinamento moral e ético. As parábolas evangélicas, por sua vez, dizem respeito às histórias contadas por Jesus.

As parábolas evangélicas podem ser definidas como cenas tiradas da vida ordinária destinadas a fazer compreender e fixar as verdades da vida espiritual. São histórias contadas por Jesus para ilustrar o seu ensinamento. Elas precisam de uma explicação mais profunda. Foi essa explicação inicial que Jesus começou e deixou para os seus seguidores darem continuidade mais tarde.

6) Que tipo de conhecimento as parábolas revelam?

As parábolas revestem-se de conhecimento exotérico e de conhecimento esotérico. O conhecimento exotérico refere-se à exposição que Jesus fazia publicamente, enquanto o conhecimento esotérico, refere-se às explicações que Jesus dava aos apóstolos, em particular. Observe que, mesmo entres esses, não disse tudo.

7) Como podem ser classificadas as parábolas do Evangelho?

Parábolas que se referem ao reino dos céus. (Semeador, Joio e o Trigo, Grão de Mostarda etc.)

Parábolas que enunciam as condições exigidas para entrar no reino dos céus. (Bom Samaritano è prática da caridade; Servo Impiedoso è perdão das Injúrias etc.)

Parábolas contadas nos últimos dias da vida de Cristo. (Minas è bom uso das graças divinas; Dois Filhos enviados à vinha è obediência etc.)

Página doutrinal: quase sempre é o reino dos céus.

8) Por que Jesus falava por parábolas?

Era a forma pedagógica, usada na época, para apresentação de um ensinamento. Foi para evitar as ciladas dos adversários e prevenir as interpretações errôneas do auditório que Jesus recorreu ao ensino por meio de parábolas, que se destinavam a despertar a curiosidade dos ouvintes e o desejo de ulterior explicação, que os discípulos e os bem intencionados pediam. (Kardec, 1984, cap. 24)

9) Dentre as parábolas contadas por Jesus, qual a parábola das parábolas? Por quê?

É a "Parábola do Semeador". Ela sintetiza os caracteres predominantes em todas as almas. Ela representa as diferenças que existem na maneira de aproveitar os ensinamentos do Evangelho. Refletindo sobre os vários tipos de semente, expostos por Jesus, podemos nos avaliar e verificar como anda o nosso progresso espiritual.

10) O que se deve ter em mente ao interpretar as parábolas evangélicas?

Ensinamento progressivo. Embora os temas das parábolas dizem respeito aos fatos da vida cotidiana, eles necessitam de uma interpretação à luz dos ensinamentos de Deus (teocêntrico) e de Jesus (cristocêntrico). Quer dizer, há sempre uma maneira nova de ver a mesma citação, a mesma história, a mesma parábola. (Léon-Dufour, 1972)

(Reunião de 10/11/2007)

Bibliografia Consultada

KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984.

LÉON-DUFOUR, X. et al. Vocabulário de Teologia Bíblica. Rio de Janeiro: Vozes, 1972. (https://sites.google.com/view/aprofundamentodoutrinario/par%C3%A1bola?authuser=0 )


Texto Curto no Blog

Parábola

Consultando o "Dicionário Bíblico", verificamos que os antropomorfismos do Velho Testamento são verdadeiras parábolas, pois como o ser humano tem dificuldade de explicar a origem do homem e do mundo, ele se vale dos mitos. Entre tais mitos, encontra-se aquele que está relatado na Bíblia: “Deus, do pó da terra, cria Adão; depois, sopra-lhe as narinas e lhe dá vida. Não satisfeito, retira-lhe uma das costelas e cria a Eva, que será a sua companheira no paraíso". Segundo a letra, este texto carece de sentido; há necessidade de uma interpretação metafórica.

As parábolas, no judaísmo tardio, eram formas de transmitir conhecimento. Os rabinos, ou melhor, os doutores israelenses, aqueles que explicavam a lei entre os hebreus, usavam-na intensivamente. Jesus, ao ensinar por parábolas, nada mais fazia do que aplicar o método de ensino utilizado pelos escribas. A parábola, por seu turno, é sempre comparação. Jesus segue o modelo: “A que irei comparar?” A fórmula usada é: “O reino de céus é semelhante...” Na Parábola do Semeador ele diz: “O Senhor saiu a semear...”.

A parábola contém o enigma, o símbolo e o apocalipse. São revelações de imagens que necessitam de uma explicação posterior. A parábola é um meio catequético e estilístico bem adaptado ao povo judeu. Não resta dúvida que era um método de ensino já enraizado na cultura daquele povo. Jesus, dando continuidade ao método, dizia: “Aquele que tem ouvidos de ouvir, ouça”; “Aquele que tem olhos de ver, veja”. Com isso, dava-nos a entender que as palavras estavam acima delas mesmas, isto é, precisavam de uma interpretação simbólica.

As parábolas aparecem como uma condição necessária para que a razão se abra à fé: quanto mais penetrarmos no seu enigma, no seu simbolismo, mais compreenderemos as coisas espirituais. O aspecto velador das parábolas é também providencial. Lembremo-nos de que depois de proferir publicamente um ensinamento, Jesus se reunia com os seus apóstolos para lhes dar uma explicação mais detalhada. Ainda assim, não lhes dizia tudo, porque estes não tinham capacidade de tudo absorver.

As parábolas são divididas em duas categorias: 1) com ênfase no conteúdo doutrinal; 2) com ênfase no aspecto moralizante. A Parábola do Semeador e a Parábola do Grão de Mostarda, por exemplo, são arroladas na ênfase doutrinal; a Parábola do Amigo Incômodo, do Juiz Injusto e do Bom Samaritano, na ênfase moralizante. Esta distinção não deve ser exagerada, porque tanto as do primeiro grupo quanto as do segundo grupo contêm aspectos doutrinários e morais.

A parábola é um aprendizado contínuo. Para desfrutarmos de todas as suas instruções, precisamos visitá-las periodicamente, pois a cada nova leitura um novo conhecimento pode ser absorvido.

Mais sobre a Parábola (julho de 2009)

Parábola – do grego parabolé, que vem de pará (=ao longo de, ao lado de, passando perto, junto de) e bolé (=o que foi jogado). Bolé vem do verbo grego bállo, que significa jogar, lançar. Para expressar o ato de lançar uma pedra, que passa de raspão, os gregos usam o verbo paraboleúomai. Parábola é arriscar-se, passar perto, raspar. Por isso, as várias interpretações acerca das parábolas contadas por Jesus. São ensinamentos que passam de lado, não atingindo diretamente as pessoas. Há necessidade de uma explicação, de uma análise mais aprofundada.

Jesus transmitia os seus ensinamentos através de histórias (parábolas), extraídas da vida cotidiana. A compreensão dessas passagens evangélicas não vem de mão beijada. É preciso o studium que, em latim, significa empenho, zelo, esforço. Nada se aprende brincando. Há necessidade de concentração, de aplicação cuidadosa de nossa mente na resolução de um problema, de uma dificuldade.

Um exemplo de esforço, de dedicação à causa evangélica, é a passagem relatada no livro I Fioretti, de São Francisco de Assis, em que manda Frei Bernardo a Bolonha, para ali fazer frutificar os ensinamentos cristãos. Frei Bernardo, munido da cruz do Cristo, para lá se dirige, sofrendo todo o tipo de opróbrio, tanto das crianças como das pessoas mais velhas. Um sábio juiz, observando a sua virtuosa constância, pensa: “É impossível que este não seja um santo homem”. Aproximando-se e conversando com Frei Bernardo, oferece-lhe um lugar para louvar o Senhor. Frei Bernardo, porém, retirou-se e voltou para São Francisco, dizendo: “O local está preparado na cidade de Bolonha. Manda, pois, pai, frades para que lá morem, porque para mim nessa cidade não há mais grande lucro; ao contrário, pela grande honra que lá me tributam, temo mais perder do que ganhar”.

Os discípulos do Senhor alegravam-se pelas injúrias e entristeciam-se com as honras. Iam pelo mundo como peregrinos e forasteiros, nada levando consigo, a não ser Cristo. Geralmente, temos olhos para não ver. Jesus, com as parábolas, abre-nos a visão, estimula-nos a pensar e a repensar, tentando encontrar uma explicação mais acurada para aquilo que parece nebuloso, sem nexo. Como, num mundo materializado, pode-se entender aquela alma que larga tudo por um ideal, levando consigo apenas o Cristo? (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2008/10/parbolas.html)


Em Forma de Palestra

Parábola: Pedagogia de Jesus

1. Introdução

O objetivo deste estudo é verificar o alcance doutrinal das parábolas de Jesus, entendidas como um método de transmitir os seus ensinos. Analisaremos o seu conceito, a inserção no Evangelho, a pedagogia do Mestre e o alcance que se pode obter nos dias que correm.

2. Conceito

Parábola - do gr. parabole significa narrativa curta, não raro identificada com o apólogo e a fábula, em razão da moral, explícita ou implícita, que encerra e da sua estrutura diamétrica. Distingue-se das outras duas formas literárias pelo fato de ser protagonizada por seres humanos. Vizinha da alegoria, a parábola comunica uma lição ética por vias indiretas ou simbólicas: numa prosa altamente metafórica e hermética, veicula um saber apenas acessível aos iniciados. (Moisés, 1979)

Sinteticamente: narração alegórica na qual o conjunto dos elementos evoca, por comparação, outras realidades de ordem superior.

Pedagogia – Esta palavra é relativamente recente e só apareceu de forma corrente, na segunda metade do séc. XIX, pelo menos nas línguas romanas. Etimologicamente, significa ação sobre as crianças. Define-se como ciência e arte da educação.

3. Parábola Evangélica

3.1. A Missão de Jesus

Moisés trouxe a 1.ª revelação; Jesus a segunda. A primeira revelação dá relevância ao olho por olho e dente por dente; a segunda fala do amor incondicional, estendendo-o  até ao amor ao inimigo.

"Jesus não veio destruir a lei, quer dizer, a lei de Deus; ele veio cumpri-la, quer dizer, desenvolvê-la, dar-lhe seu verdadeiro sentido, e apropriá-la ao grau de adiantamento dos homens; por isso, se encontra nessa lei o princípio dos deveres para com Deus e para com o próximo, que constituem a base de sua doutrina. Quanto às leis de Moisés propriamente ditas, ao contrário, ele as modificou profundamente, seja no fundo, seja na forma; combateu constantemente o abuso das práticas exteriores e as falsas interpretações, e não poderia fazê-las sofrer uma reforma mais radical do que as reduzindo a estas palavras: "Amar a Deus acima de todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo". E dizendo: está aí toda a lei e os profetas. (Kardec, 1984, p. 35)

3.2. Momento da Pregação de Jesus

Contava Jesus trinta anos quando começou a pregar a "Boa Nova". Compreende a sua vida pública um pouco mais de três anos (27 a 30 da era cristã). Utilizou-se, na sua pregação, o apelo combinado à razão e ao sentimento, por meio de parábolas ilustrativas das verdades morais. 

As duas regiões de sua pregação:

1) Galileia (Nazaré) - as cercanias do lago de Genesaré e as cidades por ele banhadas, e principalmente Cafarnaum, centro a atividade messiânica de Jesus;

2) Jerusalém - que visitou durante quatro vezes durante o seu apostolado e sempre por ocasião da Páscoa.

Na Galileia, percorrendo os campos, as aldeias e as cidades, Jesus anunciava às turbas que o seguem o Reino de Deus; é aí, também, que recruta os seus doze apóstolos e os prepara para serem as suas testemunhas. Ao mesmo tempo, vai realizando milagres.

Em Jerusalém, continuamente perseguido pela hostilidade dos fariseus (seita muito considerada e muito influente, que constituía a casta douta e ortodoxa do judaísmo), ataca a hipocrisia deles e esquiva-se às suas ciladas. Como  prova de sua missão divina, apresenta-lhes a cura de um cego de nascença e a ressurreição de Lázaro. (Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira)

3.3. Imagem e Doutrina

A imagem e a doutrina são dois elementos materiais da parábola a que o termo de comparação dá a forma específica.

A imagem inspira-se nas tarefas cotidianas, nas ocupações mais humilde que valoriza, e nos costumes dos homens, que aponta como exemplos bons ou maus. Por vezes paradoxal como no caso dos operários da vinha, iguais no prêmio e desiguais no trabalho. Mas sempre dinâmica: a semente nasce, a rede lança-se ao mar, o rico banqueteia-se, a dracma procura-se, o inimigo vinga-se, as crianças brincam, os imprudentes dormem etc.

A par deste quadro tão animado, a página doutrinal, cujo tema é quase sempre o reino de Deus, em que enfatiza as contrariedades, o progresso, as atividades do rei, os direitos e deveres dos súditos em retalhos de poesia e doutrina, ligados entre si pela ponte que é o termo de comparação umas vezes rico de pormenores, como na Parábola do Semeador e do Trigo e do Joio, outras reduzidas a uma sentença ou rubrica a jeito de introdução ou de cláusula. (Enciclopédia luso Brasileira de Cultura)

4. Porque Jesus Falava por Parábolas

4.1. O Texto Evangélico

“Seus discípulos, se aproximando, disseram-lhe: por que lhes falais por parábolas? E, lhes respondendo, disse: porque, para vós outros, vos foi dado conhecer os mistérios do reino dos céus; mas, para eles, não foi dado. Eu lhes falo por parábolas, porque vendo não veem, e escutando não ouvem nem compreendem. E a profecia de Isaías se cumprirá neles quando disse: vós escutareis com vossos ouvidos e não ouvireis; olhareis com vossos olhos e não vereis. Porque o coração deste povo está entorpecido e seus ouvidos tornaram-se surdos, e eles fecharam seus olhos de medo que seus olhos não vejam, que seus ouvidos não ouçam, que seu coração não compreenda, e que, estando convertidos, eu não os curasse”. (São Mateus, cap. XIII, v. de 10 a 15) (Kardec, 1984, p.283)

4.2. Conhecimento Implícito das Parábolas

As parábolas revestem-se de conhecimento exotérico e de conhecimento esotérico. O conhecimento exotérico refere-se à exposição que Jesus fazia publicamente, enquanto o conhecimento esotérico, refere-se às explicações que Jesus dava aos apóstolos, em particular. Observe que, mesmo entres esses, não disse tudo. 

4.3. O Ensino por meio de Parábolas

Foi para evitar as ciladas dos adversários e prevenir as interpretações errôneas do auditório que Jesus recorreu ao ensino por meio da Parábola, que se destinava a despertar a curiosidade dos ouvintes e o desejo de ulterior explicação que os discípulos e os bem intencionados pediam.

5. O Alcance Pedagógico das Parábolas

5.1. A Pedagogia da Parábola

A pedagogia, como vimos, está ligada à educação. Jesus foi um educador por excelência que soube se valer dos métodos de ensino utilizados em sua época, ou seja, das parábolas. A parábola, na realidade, é uma história contada por Jesus para ilustrar o seu ensinamento. No fundo da palavra grega parabole há a idéia de comparação, enigma, curiosidade. Mas não está nisso o essencial para explicar o gênero parabólico: é preciso entender a parábola como sendo a apresentação de símbolos, isto é, imagens tomadas das realidades terrestres para serem sinal das realidades reveladas por Deus. Elas precisam de uma explicação mais profunda. Foi essa explicação inicial que Jesus começou e deixou para os seus seguidores darem continuidade mais tarde. (LEON-DUFOUR, 1972)

5.2. A Boa Nova e a Educação

Comparemos, para efeito de explicitação do alcance pedagógico das parábolas de Jesus, o processo de educação existente antes e depois da vinda de Jesus.

a) Antes da vinda de Jesus

O cativeiro consagrado por lei era o flagelo comum;

A mulher, aviltada em quase todas as regiões, recebia tratamento inferior ao que se dispensava aos cavalos;

Os pais podiam vender os filhos;

Os vencidos eram cegados e aproveitados em serviços domésticos;

As crianças fracas eram punidas com morte;

Os enfermos eram sentenciados ao abandono.

b) depois da vinda de Jesus

Condenado ao suplício da cruz, sem reclamar, e rogando perdão celeste para aqueles que o vergastavam e feriam, instila no ânimo dos seguidores novas disposições espirituais;

Iluminados pela Divina influência, os discípulos do Mestre consagram-se ao serviço dos semelhantes;

Simão Pedro e os companheiros dedicam-se aos doentes e infortunados;

Instituem-se casas de socorro para os necessitados e escolas de evangelização para o espírito popular;

Pouco a pouco, altera-se a paisagem social, no curso dos séculos. (Xavier, 1980, cap. 21)

6. Parábola na Atualidade

Parábola assemelha-se a uma noz que se deve quebrar o casco para ver o que tem dentro. Isto quer dizer que há sempre uma nova abordagem a cada vez que olhamos a mesma parábola. Seria ampliar o conhecimento, ver com outros olhos a mesma realidade.

Vejamos, a título de exemplo, como o Espírito irmão X interpreta a Parábola dos Talentos.

A Parábola dos Talentos (Mateus, cap. 25, vv. 14 a 30) retrata a situação de um homem que, ao ausentar-se para longe, chamou seus servos, e entregou-lhes os seus bens. Ao primeiro deu cinco talentos, ao segundo, dois e ao terceiro, um. Os dois primeiros negociaram os talentos recebidos e devolveram, respectivamente, dez e quatro talentos. O terceiro devolveu apenas o que havia recebido.  Os que  multiplicaram seus  talentos  ganharam  novas intendências.  Mas o que o guardou, até este  o   amo   lhe   tirou, dizendo:  "Porque  a todo o que já tem, dar-se-lhe-á, e  terá  em abundância; e ao que não tem, tirar-se-lhe-á até o que parece que tem".

O Espírito Irmão X, no livro Estante da Vida, psicografado por F.  C. Xavier, interpreta a parábola nos seguintes termos: ao primeiro o senhor dera Dinheiro, Poder, Conforto, Habilidade e Prestígio; ao segundo, Inteligência e Autoridade; ao terceiro, o Conhecimento Espírita. O primeiro acrescenta Trabalho, Progresso, Amizade, Esperança e Gratidão; o segundo, Cultura e Experiência; o  terceiro,  devolve  intacto. Em vista do ocorrido, o senhor ordena que se tire o Conhecimento Espírita desse último e o dê aos dois primeiros.

Metaforicamente considerada, essa parábola refere-se à responsabilidade na multiplicação dos bens recebidos.  Se o Criador houve por bem ofertar-nos a luz do Conhecimento Espírita, não podemos ocultá-lo com receio de represálias e dissabores. Espargindo a luz da verdade vamos iluminar os detentores do Poder, do Dinheiro, da Inteligência etc. Com isso, ajudaremos a construir um mundo mais justo e mais fraterno.

7. Conclusão

Pelo exposto, devemos estar constantemente estudando e aprendendo. Além disso, não podemos guardar somente para nós; precisamos passá-lo aos outros. Todos somos irmãos na jornada rumo à salvação do Espírito imortal.

8. Apêndice: Outras Figuras de Linguagem

Alegoria (do gr. allegorie, outro discurso) consiste num discurso que faz entender outro, numa linguagem que oculta outra.  Pode-se considerar alegoria toda concretização por meio de imagens, figuras e pessoas, de ideias, qualidades ou entidades abstratas. Ex. Divina Comédia, o Mito da Caverna.

Fábula é uma narrativa curta não raro identificada com o apólogo e a parábola. Protagonizada por animais irracionais, cujo comportamento, preservando as características próprias, deixa transparecer uma alusão, via de regra satírica ou pedagógica, aos seres humanos.

Apólogo é uma narrativa curta não rara identificada com a fábula  e a parábola. Contudo, há quem as distinga pelas personagens: o apólogo seria protagonizado por objetos inanimados (plantas, pedras, rios, relógios etc.), ao passo que a fábula conteria de preferência animais irracionais, e a parábola, seres humanos.

Metáfora é a mudança do sentido comum de uma palavra por um outro sentido possível que, a partir de uma comparação subentendida, tal palavra possa sugerir. Exemplo: qualificar de dilúvio a eloquência de um orador.

9. Bibliografia Consultada

Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura. Lisboa, Verbo, s. d. p.

Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa/Rio de Janeiro, Editorial Enciclopédia, s.d. p.

KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed.,  São  Paulo, IDE, 1984.

LEON-DUFOUR, X. e OUTROS. Vocabulário de Teologia Bíblica. Rio de Janeiro, Vozes, 1972.

MOISÉS,  M. Dicionário de Termos  Literários.  5.ed.,  São Paulo, Cultrix, 1979.

XAVIER, F. C. Estante da Vida, pelo Espírito Irmão X. 3. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1974.

XAVIER, F. C. Roteiro, pelo Espírito Emmanuel. 5. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1980.

São Paulo, setembro de 1999.



Notas do Blog

Parábolas Evangélicas

As parábolas evangélicas seguem o mesmo princípio das parábolas comuns, com a única diferença de que é Jesus quem as conta. Elas retratam histórias, fatos do cotidiano, como por exemplo, o semeador saiu a semear, a rede lança-se ao mar, o rico banqueteia-se, as crianças brincam etc. Essas histórias, uma vez conhecidas, têm explicações ulteriores: mostrar uma realidade espiritual, que só pode ser interpretada por Espíritos superiores. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2008/07/parbolas-evanglicas.html)

Parábola e Espiritismo

No estudo da parábola, convém ter em mente a forma de transmitir conhecimentos utilizada na antiguidade. A técnica pedagógica era a linguagem por comparação, o que implicava em se entender algo além daquilo que se falava. Pedagogia é uma palavra proveniente do grego pai dos e significa, etimologicamente, a condução de crianças. Nesse sentido, os escravos eram os verdadeiros educadores (condutores) de crianças. Jesus, por outro lado, foi o grande pedagogo que poucos conseguiram entender. Por que? (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2006/09/parbola-e-espiritismo.html)