Mentira

Perguntas e Respostas

1) Quais são as duas acepções da verdade?

1) Acepção epistemológica, pela qual a verdade é a adequação entre a inteligência e a coisa, e se opõe ao erro; 2) acepção moral, pela qual a verdade é a adequação entre a inteligência e a sua expressão manifestativa e, nesse sentido, se opõe à mentira. 

2) O que é a verdade moral?

A verdade moral é a adequação entre aquilo que se percebe da coisa, do fato em si, e aquilo que a respeito dele, se manifesta por qualquer sinal expressivo: o gesto, a palavra escrita ou oral. 

3) O que é a mentira?

Ato pelo qual um emissor altera aquilo que ele reconhece como verdadeiro?

4) Como se distingue o erro da mentira?

Erro é um engano, um julgamento em desacordo com a realidade observada. A mentira supõe a intenção de dizer o falso. 

5) Qual o sentido freudiano da mentira?

Na acepção freudiana, a mentira constitui um mecanismo de defesa, diante de uma ameça real ou imaginária. 

6) A mentira pressupõe a verdade?

Sim. Toda mentira supõe um saber, ou a ideia da verdade. 

7) Quais os dois tipo de mentira que Aristóteles distingue?

A jactância, que consiste em exagerar a verdade, e a ironia, que consiste em diminuí-la.

8) O que se depreende do paradoxo do mentiroso?

Consiste em afirmar que se está mentindo; assim, quando se diz a verdade, mente-se, e quando se mente, diz a verdade. 

9) A mentira retarda o desenvolvimento do espírito (Pergunta 192 de O Consolador)?

A mentira como ação capciosa que visa o proveito imediato de si mesmo, em detrimento dos interesses alheios, retarda, por todos os modos, a evolução divina do Espírito. 

10) O que se entende por descobrir a verdade?

Num certo momento da vida, o indivíduo cai em si. Descobrir a verdade é adquirir esse sentido da vida, essa certeza da imortalidade da alma. (https://sites.google.com/view/aprofundamentodoutrinario/mentira)


Texto Curto no Blog

Mentira

Há duas acepções sobre a verdade: 1) Acepção epistemológica, pela qual a verdade é a adequação entre a inteligência e a coisa observada, e se opõe ao erro; 2) acepção moral, pela qual a verdade é a adequação entre a inteligência e a sua expressão manifestativa e, nesse sentido, se opõe à mentira. Daí, verificamos que a verdade moral é a adequação entre aquilo que se percebe da coisa, do fato em si, e aquilo que a respeito dele, se manifesta por qualquer sinal expressivo: o gesto, a palavra escrita ou oral. 

Mentira. Ato pelo qual um emissor altera aquilo que ele reconhece como verdadeiro. Na distinção entre erro e mentira, verificamos que o erro é um engano, um julgamento em desacordo com a realidade observada. Em se tratando da mentira, supõe a intenção de dizer o falso. A mentira pressupõe sempre uma verdade, ou a ideia de verdade, pois caso contrário não seria mentira. Ainda: o paradoxo do mentiroso consiste em afirmar que se está mentindo; nesse caso, quando se diz a verdade, mente-se, e quando se mente, diz a verdade. 

Mentir é condenado, mas muito praticado. Alguns acham que mentir é sempre condenado, independentemente dos benefícios que a mentira possa oferecer. Acontece que, em algumas circunstâncias, os efeitos prejudiciais podem ser compensados pelo benefícios que a mentira promove. Suponha que uma pessoa esteja muito doente. Mentir-lhe sobre sua expectativa de vida pode ser útil, pois ele poderia viver melhor e distante de uma depressão, que debilitaria ainda mais a sua resistência orgânica. 

A mentira retarda o desenvolvimento do espírito? (Questão 192 de O Consolador, pelo Espírito Emmanuel). Resposta: "A mentira é a ação capciosa que visa o proveito imediato de si mesmo, em detrimento dos interesses alheios em sua feição legítima e sagrada; e essa atitude mental da criatura é das que mais humilham a personalidade humana, retardando, por todos os modos, a evolução divina do Espírito". 

Jesus coloca-nos uma frase emblemática: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará". Pergunta-se: Como nos libertarmos da mentira e do erro da ideologia vigente, do pragmatismo e da ascendência da ciência sobre a metafísica? Refletindo sobre a totalidade do ser e o sentido da vida do ser humano sobre a Terra. Cada um de nós tem uma percepção particular da lei natural, uma espécie de sexto sentido que nos faz desviar do mal. Só se chafurdam no erro e na mentira, aqueles que se descuidam do "vigiar e orar".

F. B. Ávila, em sua Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo, enfatiza o esforço do ser humano pela descoberta da verdade. Ele diz: "Na dispersão das atividades que absorvem o nosso dinamismo vital, um dia o homem percebe que o tempo passa, e que ele está embarcado num movimento irreversível que o aproxima irremediavelmente de um fim. Neste momento, ele se interroga sobre o sentido fundamental da vida. Se ele não descobre esse sentido, será cada vez mais abatido pelo tédio ou amargurado pelas decepções. Descobrir a verdade é entender esse sentido, pelo qual ele adquire a certeza inabalável de que a vida vale a pena de ser vivida, e a segurança de que poderá enfrentar o fim com serenidade". (http://sbgfilosofia.blogspot.com/2019/08/mentira.html)


Em Forma de Palestra

A Verdade e o Erro

1. Conceito de Verdade

Conhecimento é o reflexo e a reprodução do objeto em nossa mente.

Conhecimento verdadeiro é aquele que reflete corretamente a realidade na mente.

Verdade é o reflexo fiel do objeto na mente, adequação do pensamento com a coisa.

É verdadeiro todo o juízo que reflete corretamente a realidade (1).

2. Conceito de Erro

O erro é o conhecimento que não reflete fielmente a realidade e por isso mesmo não corresponde à realidade.

O erro consiste no desacordo, na não-conformidade, na inadequação do pensamento com a coisa, do juízo com a realidade (1).

3. O Verdadeiro e o Errado

O que existe na realidade não pode ser verdadeiro ou errado. Simplesmente existe.

Verdadeiros ou errados só podem ser nossos conhecimentos ou juízos a respeito do objeto.

Em outras palavras, verdadeiro ou errado pode ser apenas o reflexo subjetivo da realidade objetiva (1).

4. Estados da Mente em Relação à Verdade

Ignorância: estado de completa ausência de conhecimento do Sujeito em relação Objeto. Ignorar é desconhecer.

Dúvida: estado em que determinado conhecimento é tido como possível. Mas as razões para afirmar ou negar alguma coisa estão em equilíbrio.

Opinião: estado em que o Sujeito julga ter um conhecimento provável do objeto. Afirma conhecer, mas com temor de se enganar.

Certeza: estado em que o Sujeito tem plena firmeza de seu conhecimento em relação ao Objeto. O conhecimento surge como algo evidente (2).

5. Fundamento Único

A Filosofia procura, desde suas origens, a verdade diante da falsidade, o ser verdadeiro diante do ser aparente, o reino da certeza diante do reino da ilusão (3).

6. Critério da Verdade

Evidência: o mais conhecido, divulgado e aceito critério, desde Aristóteles até nossos dias. A palavra “evidência” deriva de “ver” - ato de visão direta e imediata, obtida pela intuição de evidência.

Crítica: a evidência como critério da verdade, embora seja bastante eficiente, não é, entretanto, suficiente, pois a evidência pode ser verdadeira e falsa, real e aparente, ainda que haja no Sujeito o sentimento subjetivo de certeza (1).

Outros critérios: critério da autoridade, critério da ausência de contradição (ou da não-contradição), critério da utilidade, critério da prova, critério da prática etc.

7. A Possibilidade do Conhecimento

Somos capazes de conhecer a verdade? É possível ao Sujeito apreender o Objeto? Respondendo a essas questões existem duas correntes básicas e antagônicas na história da Filosofia:

Ceticismo: defende nossa impossibilidade de conhecer a verdade.

Dogmatismo: defende nossa possibilidade de conhecer a verdade.

8. O Fundamento do Conhecimento

Existem várias correntes filosóficas para aqueles que admitem a possibilidade do conhecimento humano:

Empirismo: defende que todas as nossas idéias são provenientes de nossas percepções sensoriais.

Racionalismo Gnosiológico: afirma que somente a razão humana pode atingir o conhecimento verdadeiro.

O Realismo Crítico e o Materialismo Dialético: meio-termo - tanto os sentidos como a razão humana têm participação determinante na origem de nossos conhecimentos (2).

9. Verdade Revelada

O conceito de verdade como revelação pode ser encontrado entre os empiristas e teólogos.

Os empiristas defendem que a verdade representa aquilo que, imediatamente, se revela ao homem.

Os teólogos, que a verdade é a evidência manifestada nas coisas e que o princípio de todas as coisas é Deus (2).

10. Caráter da Revelação Espírita

Revelar, do latim revelare, cuja raiz é velum = véu, significa literalmente sair de sob o véu, e, figuradamente, descobrir, dar a conhecer uma coisa secreta ou desconhecida.

O caráter essencial da revelação divina é o da eterna verdade. Toda revelação eivada de erros ou sujeita a modificação não pode emanar de Deus.

O que caracteriza a revelação espírita é o ser divina a sua origem e a iniciativa dos Espíritos, sendo a sua elaboração fruto do trabalho do homem (4).

11. O Paradoxo

A arte de pensar consiste em supor, por um momento, que as coisas poderiam ser o contrário do que são. Supor que o impossível exista é um dos preceitos da arte de inventar.

Comparar: “louco é um homem que perdeu a razão” com “louco é um homem que perdeu tudo, exceto a razão” (5).

A Verdade, o Erro e o Espiritismo

Verdade  - é o conhecimento que reflete corretamente  a realidade na  mente. Erro - é o conhecimento  que  não  reflete fielmente a realidade na mente. A realidade é o que é. Ela não  é verdadeira nem falsa. Verdadeiros ou falsos são os nossos  juízos acerca dela.

A  verdade  é uma relação entre o Sujeito e  o Objeto. Embora  haja  várias  espécies de verdade,  tais  como  a  lógica formal, a pragmática, a axiológica  e outras, o seu fundamento  é único: distinguir o erro da verdade. Neste sentido,  estabelecem-se  os argumentos dos vários sistemas filosóficos.  O dogmatismo defende  a  possibilidade  de conhecê-la; o  ceticismo,  não.  Os empiristas  admitem o conhecimento vindo,  exclusivamente,  pelas vias sensoriais; os racionalistas, somente pela razão.

Buscar  a  verdade  é obter  o  verdadeiro  reflexo da realidade.  Para  que  possamos captá-la  globalmente,  temos  de admitir, também, uma realidade espiritual sobreposta à  realidade material.  A  realidade  espiritual é  explicada  pelas  diversas religiões. Assim, no contexto religioso, a verdade apresenta-se como evidência manifestada nas coisas. E o princípio de todas  as coisas  é Deus. Este critério da verdade é problemático.  Quantos não são os fatos que, no primeiro momento, parecem verdadeiros  e que são desmentidos logo após uma análise ampla e profunda.

A Doutrina dos Espíritos, codificada por Allan  Kardec, aceita  a revelação divina. Como pode haver revelações  sérias  e mentirosas, há que se precaver o espírito, deixando-o de atalaia. Deve-se, também, tomar consciência de que o caráter essencial  da revelação  divina  é o da eterna verdade. Conforme já  foi  dito, toda  a  revelação eivada de erros ou sujeita a  modificação  não pode emanar de Deus.

A revelação espírita apresenta-se com duplo caráter: de um lado, há a iniciativa dos Espíritos e, de outro, o trabalho do homem.  Por  isso, na sua elaboração, o Espiritismo  procedeu  do mesmo  modo  que  as  ciências  positivas,  aplicando  o método experimental. Ainda mais, um mesmo problema foi enviado a  vários médiuns, em todo o mundo, a fim de se alcançar  a  universalidade do conhecimento.                          

A  construção rigorosa dos princípios doutrinários  dá-nos condições de melhor conhecer a realidade que nos absorve.  De acordo  com  esses  postulados,  captamos  as  verdades  que  nos libertam e distanciamo-nos dos erros que nos escravizam.

QUESTÕES

1)  Qual o conceito de verdade?

2)  Qual o conceito de erro?

3)  Quais os estados da mente com relação à verdade?

4)  Qual o caráter da revelação espírita?

TEMAS PARA DEBATE

1)  Há verdades reveladas?

2)  “A arte de pensar consiste em supor, por um momento, que as coisas poderiam ser o contrário do que são”. Comente.

3)  Captarmos as verdades que nos libertam e desviarmo-nos dos erros que nos escravizam. Comente.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

(1) BAZARIAN, J.  O Problema da Verdade.

(2) COTRIM, G.  Fundamentos da Filosofia.

(3) VITA, L. W.  Compêndio de Filosofia.

(4) KARDEC, A.  A Gênese.

(5) GUITTON, J.  Nova Arte de Pensar. 


Notas do Blog

Doutrina Espírita

Toda ideia nova tem os seus contraditores; o Espiritismo não fugiu à regra. No âmbito dos ensinamentos espíritas, Allan Kardec observa que a maior parte das objeções que se faz à doutrina provém de uma observação incompleta dos fatos e de um julgamento precipitado. Num dos seus diálogos com o crítico, em O Que É o Espiritismo, diz:  "Se o Espiritismo é uma falsidade ele cairá por si mesmo; se, porém, é uma verdade, não há diatribe que possa fazer dele uma mentira". (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2015/06/doutrina-espirita.html)

Porta Estreita

A porta larga pode ser caracterizada pelos vícios materiais e morais, pelas festas mundanas, pelos prazeres, pelo sexo desenfreado. Podemos incluir também a mentira, a prevaricação, a desonestidade e o enganar os outros para auferir grandes lucros monetários. A porta estreita é caracterizada pela prática das virtudes: o perdão, o sacrifício total da liberdade humana e o amar ao próximo como a si mesmo. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2008/07/porta-estreita.html)

Dificuldades para Captar a Verdade

Além das dificuldades conotativas, religiosas, de condicionamento e de status social, deparamo-nos com a mentira. A mentira é uma espécie de imposição para nos fazer crer que algo é diferente do que realmente é. Os discursos políticos, por exemplo, precisam ser estudados e analisados nos seus mínimos detalhes, pois muitos deles trazem um viés dos dados e da análise da conjuntura nacional e mundial. (http://sbgfilosofia.blogspot.com/2010/05/dificuldades-para-captar-verdade.html)

Verdades Eternas

Há, pelo menos, cinco conceitos fundamentais de verdade: 1) a verdade como correspondência, 2)  a verdade como revelação, 3) a verdade como conformidade de uma regra, 4) a verdade como coerência, 5) a verdade como utilidade. A verdade como correspondência enseja-nos uma reflexão sobre o aspecto epistemológico e o moral. Em termos epistemológicos, a verdade é a adequação entre a inteligência e a coisa,e se opõe ao erro. Em termos morais, a verdade é a adequação entre a inteligencia e sua expressão manifestativa e, nesse sentido, se opõe à mentira. (http://sbgfilosofia.blogspot.com/2018/05/verdades-eternas.html)


Notas de Livro

Mentira: Notas do Livro "O Guia contra Mentiras", de Levitin

Introdução — Pensando, Criticamente

Em 2016, a palavra do ano do dicionário Oxford foi pós-verdade (post-truth), que foi definida como um adjetivo "relacionado a ou denotando circunstâncias nas quais fatos objetivos influenciam menos a opinião pública do que o apelo à emoção e crença pessoal". 

Outros eufemismos para mentiras são contraconhecimento, meias verdades, visões extremas, verdade alternativa, teoria da conspiração e a mais recente denominação "fake news". 

A melhor defesa contra prevaricadores ardilosos, a mais confiável, é que cada um de nós aprenda a pensar criticamente. Um estudo da Universidade Stanford sobre raciocínio cívico on-line testou mais de 7800 alunos, do ensino médio à faculdade, durante 18 meses, terminando em junho de 2016. Eles se saíram muito mal em distinguir entre notícias de alta qualidade e mentiras. 

Atenção: não existe "notícia" em fake news. O perigo está na intensidade dessa crença — o inquestionável excesso de confiança de que é verdade. 

O pensamento crítico nos treina a refletir, a avaliar os fatos e a formar conclusões com base em evidências. 

Este livro é sobre como detectar problemas nos fatos com os quais você se depara, problemas que podem levar você a tirar conclusões erradas. 

A primeira parte desse livro é sobre desinformação numérica. A segunda parte do livro investiga argumentos falsos. A última parte do livro revela o que está por baixo de nossa habilidade de determinar se algo é verdadeiro ou falso: o método científico. 

Pensamento crítico não significa desacreditar em tudo, significa que devemos tentar distinguir entre afirmações com e sem evidências. 

Parte I — Avalie os Números

"A verdade é que você não se complica pelo que não sabe. Você se complica pelo que sabe com certeza e que não é verdade." (Mark Twain)

Observação: há dúvida sobre a paternidade desse pensamento. 

Plausibilidade. Por serem números, temos a impressão de que estatísticas são fatos frios e concretos. Estatísticas são coletadas por pessoas. Duplicar, comparar, porcentagem. Médias, malandragem com eixos. Probabilidades.

Amostras: podemos saber, supondo que a amostragem seja correta, uma estimativa de 234 milhões de pessoas consultando apenas 1067 indivíduos. 

Galileu Galilei disse que o trabalho do cientista é medir o que é mensurável e tornar mensurável aquilo que não é. Medir algo que faça diferença. 

Parte II —  Avalie Palavras

"Uma mentira que é meia verdade é a pior das mentiras." (Alfred, Lord Tennyson)

Adquirimos informações de três maneiras: podemos descobri-las pessoalmente, podemos absorvê-las implicitamente, ou podemos recebê-las explicitamente. Temos de contar com especialistas, certificados, licenças, enciclopédias e livros técnicos. 

Mas também precisamos confiar em nós, em nossa própria inteligência e capacidade de raciocínio. Steve Jobs postergou o tratamento de seu câncer de pâncreas ao seguir o conselho (oferecido em livros e sites) de que uma mudança de dieta poderia curá-lo. Quando ele se deu conta de que a dieta não estava funcionando, o câncer já havia avançado demais para ser tratado. 

A mentira mais sombria é uma verdade parcial que leva à conclusão errada. 

Autoridade do especialista. Especialistas falam de duas maneiras diferentes: 1) revisam fatos e sinais, sintetizam-nos e formam uma conclusão embasada; 2) limitam-se a expressar opiniões. 

A questão não é que os especialistas nunca erram, é só que, estatisticamente, é mais provável que eles acertem. 

Uma forma de enganar as pessoas e passar a impressão de que você sabe mesmo do que está falando é achar coisas que soam certas em páginas de outras pessoas e publicá-las na sua. 

Contraconhecimento. Um termo cunhado pelo jornalista britânico Damian Thompson. Significa desinformação elaborada para parecer fato e que tenha convencido uma quantidade considerável de pessoas. 

Persuasão por associação. Se você quiser soterrar as pessoas em contraconhecimento, uma técnica eficaz é oferecer um monte de fatos confirmáveis verdadeiros e então acrescentar só um ou dois que não são verídicos. 

O fato é que, na melhor das hipóteses, água mineral engarrafada não é uma opção mais segura ou saudável do que a água da torneira disponível na maioria dos países desenvolvidos. 

Parte III —  Avalie o Mundo

A natureza permite que calculemos apenas probabilidades. No entanto, a ciência não ruiu (Richard P. Feynman)

Como a Ciência Funciona. Infelizmente, também precisamos admitir que alguns pesquisadores inventam dados. Em outros casos, um investigador muda alguns detalhes para que os dados reflitam melhor alguma hipótese de estimação. 

A busca por provas, por certeza, é o que motiva a ciência. 

Dois mitos. 1) ciência é algo claro e límpido, e que os cientistas nunca discordam; 2) um único experimento é suficiente para nos revelar tudo sobre algum fenômeno, que a ciência avança a grandes saltos após a publicação de qualquer experimento. A verdadeira ciência é repleta de controvérsias, dúvidas e debates sobre o que sabemos de fato. 

A unidade de valor não é o experimento individual, e sim a meta-análise. Antes de os cientistas chegarem a algum consenso, normalmente acontece uma meta-análise, que une os diversos fatos a favor e contra uma hipótese. 

Saiba o que você não Sabe. "Há coisas que sabemos, coisas que estamos cientes de que não sabemos, e algumas coisas que nem temos consciência de que sabemos". Mas, obviamente, há uma quarta possibilidade — coisas que sabemos e que não estamos cientes de que sabemos. Você provavelmente já passou por isso — alguém faz uma pergunta e você responde automaticamente, e depois pensa: Não faço ideia de como eu sabia disso". 

A ciência não nos oferece certezas, só probabilidades. Não sabemos com 100% de certeza se o sol vai nascer amanhã, ou se um ímã vai atrair aço, ou se há algo capaz de viajar mais rápido que a luz. 

Conclusão —  Tire a Sua

Em 1984, de George Orwell, o Ministério da Verdade era a agência oficial de propaganda do país, encarregada de falsificar arquivos históricos e outros documentos de acordo com os interesses do governo. Para atender a seus objetivos, o ministério também produzia contraconhecimento, como 2 + 2 = 5. 

LEVITIN, Daniel J. O Guia contra Mentiras: Como Pensar Criticamente na Era do Pós-Verdade. Tradução de Leonardo Alves. Rio de Janeiro: Objetiva, 2019.


Frases

"Que vantagem têm os mentirosos? 'A de não serem acreditados quando dizem a verdade.'" (Aristóteles)

"Nunca se mente tanto como em véspera de eleição, durante a guerra e depois da caça." (O. von Bismark)

"Não me importa a mentira, mas odeio a imprecisão." (S. Butler)

"O oposto da mentira não é a verdade." (C. Cantù)

"Precisa de boa memória depois que se pregou uma mentira." (Corneille)

"Ousa dizer a verdade: nunca vale a pena mentir. / Um erro que precise de uma mentira, acaba precisando de duas." (G. Herbert) 

"Que hei de fazer em Roma? Não sei mentir." (Juvenal)

"É difícil acreditar que um homem está dizendo a verdade quando você sabe que mentiria se estivesse no lugar dele." (L. H. L. Mencken)

"Quem mente, mesmo que não seja descoberto, tem o castigo em si mesmo; ele sente que está faltando a um dever e se degrada." (Silvio Pellico) 

"A mentira é uma verdade que esqueceu de acontecer." (Mário Quintana) 

"O mentiroso precisa ter boa memória." (Quintiliano)

"A mentira, como o óleo, flutua à superfície da verdade." (H. Sienkiewicz)

"Não é bom dizer mentiras; / mas quando a verdade puder trazer uma terrível ruína, / então dizer o que não é bom também é perdoável." (Sófocles) 

"Nenhuma mentira chega a envelhecer no tempo." (Sófocles)

"As mentiras mais cruéis geralmente são ditas em silêncio." (R. L. Stevenson)


Mensagem Espírita

A Verdade sempre Predomina 

O culto à mentira é dos mais danosos comportamentos a que o indivíduo se submete. Ilusão do ego, logo se dilui ante a linguagem espontânea dos fatos. Responsável por expressiva parte dos sofrimentos humanos, fomenta a calúnia que lhe é manifestação grave e destrutiva a infâmia, a crueldade... 

A maledicência é-lhe filha predileta, por expressar-lhe os conteúdos perturbadores, que a imaginação irrefreada e os sentimentos infelizes dão curso. 

Além desses aspectos morais, a mentira não resiste ao transcurso do tempo. Sem alicerce que a sustente, altera a sua forma ante cada evento novo e de tal maneira se modifica, que se desvela. Por ser insustentável, quem se apoia na sua estrutura frágil padece insegurança contínua. 

Porque é exata na sua forma de apresentar-se, a verdade é o inimigo normal da mentira. Enquanto a primeira esplende ao sol dos acontecimentos e exterioriza-se sem qualquer exagero, a segunda é maneirosa, prefere a sombra e comunica-se com sordidez. Uma é fruto da realidade; a outra, da fantasia, que não medita nas consequências de que se reveste. 

A mentira teme o confronto com a verdade. Aloja-se nas sombras, espraia-se, às escondidas, e encontra, infelizmente, guarida. 

A verdade jamais se camufla; surge com força e externa-se com dignidade. Não tem alteração íntima, permanecendo a mesma em todas as épocas. Ninguém consegue ocultá-la, porque, semelhante à luz, irradia-se naturalmente. Nem sempre é aceita, por convidar à responsabilidade. Amiga do discernimento, é a pedra angular da consciência de si mesmo, fator ético-moral da conduta saudável. 

Enquanto a mentira viger, a acomodação, o crime afrontoso ou sob disfarce, o abuso do poder e a miséria de todo tipo predominarão na Terra exaltando os fracos, que assim se farão fortes, os covardes, que se tornarão estoicos, os astutos, que triunfarão em detrimento dos sábios, dos nobres e dos bons... 

Face a tais logros, que propicia, não obstante efêmeros, os seus famanazes e cultuadores detestam e perseguem a verdade. Não medem esforços para impelir-lhe a propagação, por saberem dos resultados que advirão com o seu estabelecimento entre as criaturas. 

São baldas, porém, tão insanas atitudes. 

A verdade espera... Seus opositores enfermam, envelhecem e morrem, enquanto ela permanece. 

A mentira é de breve existência. Predomina por um pouco, esfuma-se e passa... 

(...) Jesus, em proposta admirável, afirmou: Busca a verdade e a verdade te libertará.

Ninguém tem o direito de ocultar a verdade, qual se fosse uma luz que devesse ficar escondida. Onde se encontre, irradia claridade e calor. 

O seu conhecimento induz o portador a apresentá-la onde esteja, a divulgá-la sempre. Pelos benefícios que proporciona, estimula à participação, à solidariedade, difundindo-a. (...) (FRANCO, Divaldo Pereira. Sob a Proteção de Deus, pelo Espírito Joanna de Ângelis)

A Língua

"A língua também é um fogo." (Tiago, 3:6.)

A desídia das criaturas justifica as amargas considerações de Tiago, em sua epístola aos companheiros.

O início de todas as hecatombes no Planeta localiza-se, quase sempre, no mau uso da língua.

Ela está posta, entre os membros, qual leme de embarcação poderosa, segundo lembra o grande apóstolo de Jerusalém.

Em sua potencialidade, permanecem sagrados recursos de criar, tanto quanto o leme de proporções reduzidas foi instalado para conduzir.

A língua detém a centelha divina do verbo, mas o homem, de modo geral, costuma desviá-la de sua função edificante, situando-a no pântano de cogitações subalternas e, por isto mesmo, vemo-la à frente de quase todos os desvarios da humanidade sofredora, cristalizada em propósitos mesquinhos, à míngua de humildade e amor.

Nasce a guerra da linguagem dos interesses criminosos, insatisfeitos. As grandes tragédias sociais se originam, em muitas ocasiões, da conversação dos sentimentos inferiores.

Poucas vezes a língua do homem há consolado e edificado os seus irmãos; reconheçamos, porém, que a sua disposição é sempre ativa para excitar, disputar, deprimir, enxovalhar, acusar e ferir desapiedadamente.

O discípulo sincero encontra nos apontamentos de Tiago uma tese brilhante para todas as suas experiências. E, quando chegue a noite de cada dia, é justo interrogue a si mesmo: – Terei hoje utilizado a minha língua, como Jesus utilizou a dele? (XAVIER, F. C. Pão Nosso, pelo Espírito Emmanuel, lição 170)