Lei de Adoração

Perguntas e Respostas

1) O que significa adorar?

A palavra adorar vem do latim ad + orare e significa orar para alguém. Prostrar-se, reverenciar, inclinar-se são seus principais significados. Há também outras definições: fazer um show, ser tolo, celebrar, brilhar, usar a mão, cantar, falar em voz alta. Deduz-se que há o entendimento pejorativo e o entendimento racional. Para não confundirmos a cabeça do crente, talvez fosse importante usar a palavra REVERÊNCIA em vez de ADORAÇÃO. Em realidade é uma postura de reverência ao Criador.

2) Como ver a adoração num processo histórico?

O homem de Neanderthal, há 150.000 anos, já enterrava os mortos junto com objetos de uso diário, evidenciando crença na vida futura. Os egípcios embalsamavam os seus faraós, com a crença de a alma voltaria para o corpo. No Totemismo, há referência às forças da natureza como o mana e a orenda, bem como a instituição do tabu. Pode-se falar também do horizonte tribal (mediunismo primitivo), o horizonte agrícola (animismo), o horizonte civilizado (mediunismo oracular), o horizonte profético (mediunismo bíblico) e o horizonte espiritual(mediunidade positiva). Na própria Bíblia há muitos versículos sobre a adoração. Salmos, Apocalipse, Lucas etc.

3) Por que a lei de adoração é uma lei natural?

A lei da adoração é uma lei natural porque é o resultado do sentimento inato no homem. Encontramo-la em todos os povos, embora de forma diferente. Lembremo-nos da definição de "lei": fluir como um rio. A palavra "lei" não deve ser usada com o sentido de obrigação ou uma regra. A adoração é algo que deve fluir livre e espontaneamente de dentro de nós.

4) Que tipos de adoração temos?

Adoração exterior, adoração conjunta, adoração individual, adoração pela prece, adoração pelos sacrifícios. Há os mantras, as preces cantadas etc.

5) Como passar da adoração dogmática para a adoração racional?

Há muitos povos que se dizem científicos, civilizados, mas permanecem com os sistemas de crenças, os quais se praticavam no Totemismo. Observe o símbolo de algumas torcidas organizadas: gavião, porco, peixe etc. É preciso amar a Deus em Espírito e Verdade. Eis o exercício maior.

6) Qual o caráter geral da prece?

A prece é um ato de adoração. É uma comunicação de pensamento entre a criatura e Deus. Pela prece podemos fazer três coisas: louvar, pedir e agradecer.

7) A prece que fazemos por nós mesmos pode modificar a natureza das nossas provas e desviar-lhes o curso?

Não. O que está reservado para cada um de nós, acontecerá necessariamente. O que a prece faz é dar-nos resignação e forças para suportar a nossa provação.

8) É possível a comunicação direta com Deus?

Sim. Fazer preces a Deus é pensar nEle, aproximar dEle, pôr-se em comunicação com Ele.

9) No que se fundamentam as muletas que usamos para adorar a Deus?

Ignorância religiosa, usos e costumes, má intenção dos religiosos etc.

(Reunião de 16/03/2008) (https://sites.google.com/view/aprofundamentodoutrinario/lei-de-adora%C3%A7%C3%A3o?authuser=0 )


Texto Curto no Blog

Adoração e Espiritismo

A palavra adorar - do lat. Adorare tem vários significados, entre os quais, idolatria, culto a uma divindade, reverência e veneração. Dependendo do sistema religioso no qual estivermos inseridos, optamos por um tipo de vivência religiosa, em que expressamos as nossas atitudes de dependência e submissão ao Ser Supremo, de forma racional ou dogmática.

A tradição histórica mostra que a veneração de um Ser Supremo existe desde a antigüidade. Há registros de que o homem de Neanderthal, há 150.000 anos, enterrava os mortos junto com objetos de uso diário, evidenciando a crença numa vida futura. Em cada etapa do processo histórico, fomos idolatrando a divindade de acordo com o horizonte alcançado nesses estados de compreensão.

O totemismo é considerado a mais primitiva das religiões. É a religião em que o homem se subordina a determinada espécie de seres sagrados ou, por vezes, de coisas sagradas, chamadas totens. O totem pode ser uma pedra, uma árvore, ou um animal, desde que o grupo o considere sagrado. Existem os cultos, os ritos e, também, a idéia de “tabu”, ou seja, de proibição. Exemplo: é proibido falar durante as cerimonias religiosas; é proibido comer a carne do animal totêmico.

Estamos no século XX. Como devemos adorar o Criador na atualidade? Através de forma exterior com cultos, ritos e sacrifícios? Comunitariamente em templos e igrejas? Individualmente? Notamos, que apesar de todo o avanço da tecnologia e o desenvolvimento da ciência, não conseguimos desvencilhar-nos das atitudes totêmicas. E são muitas as coisas que fazemos dentro desse contexto. As torcidas de futebol têm, por exemplo, emblemas de um animal, portanto, totêmicas.

Como Allan Kardec, o codificador do Espiritismo, enfrenta a adoração? Primeiramente nos diz que é uma lei natural, pois este sentimento é inato no indivíduo, provado historicamente. Esclarece-nos que, embora respeitando todas as formas exteriores, a verdadeira adoração é a que provém do coração. Mostra que esse tipo de veneração, ainda difícil para muita gente, deve ser exercitado em cada um de nós, para que possamos atingir um estádio de evolução, em que conseguiremos colocar em prática a frase: “Amar a Deus em espírito e verdade”.

Fonte de Consulta

CHALLAYE, F. As Grandes Religiões. São Paulo, IBRASA, 1981.

Enciclopédia Combi Visual. Barcelona (Espanha), Ediciones Danae, 1974.

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. São Paulo, FEESP, 1972. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2008/06/adorao-e-espiritismo.html)


Em Forma de Palestra

Lei de Adoração

1. Introdução

O objetivo deste estudo consiste na observação do sentimento de adoração, inato no ser humano, porém influenciado pelas hierofanias das diversas religiões.

2. Conceito

A palavra adorar vem do latim ad e orare que significa orar para alguém. É o gesto que traduz o sentimento de admiração, de espanto, de temor, de reverência e de amor do homem para com a Divindade, em si, nas suas manifestações e nos seus representantes. (Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura)

Dependendo do sistema religioso no qual estivermos inseridos, optamos por um tipo de vivência religiosa, em que expressamos as nossas atitudes de dependência e submissão ao Ser Supremo, de forma racional ou dogmática.

3. Histórico

A tradição histórica mostra que a veneração de um Ser Supremo existe desde a antiguidade. Há registros de que o homem de Neanderthal, há 150.000 anos, enterrava os mortos junto com objetos de uso diário, evidenciando a crença numa vida futura. Em cada etapa do processo histórico, fomos idolatrando a divindade de acordo com o horizonte alcançado nesses estados de compreensão.

Assim:

1) Nas religiões primitivas. Entre os primitivos, esse sentimento originário, muito indiferenciado ainda irrompe em exclamações de terror sacro ante o poder do numinosum e do fascinosum, tais como: Mana, Tabo, Orenda, Vacanda, Manitu etc.

2) Nas religiões médio e próximo orientais. O que nos primitivos era espontâneo assume, aqui e agora, um aspecto estudado e ritual. A sua forma mais freqüente é a prostração. Esta pode ser total — joelhos e face em terra, como ainda hoje entre os Muçulmanos — ou parcial, equivalente à genuflexão, simples ou dupla. A adoração faz-se no templo e fora dele, tendo, neste caso, o fiel o cuidado de orientar toda a sua pessoa na direção do lugar santo.

3) Nas religiões greco-latina. Traduzindo, sobretudo, o sentimento de reconhecimento, do respeito e do amor, o gesto com que o homem clássico "adora" uma divindade ou um mortal consiste num simples beijo enviado na ponta dos dedos. A prostração e até a simples genuflexão são por ele consideradas costumes "bárbaros". Mas, com a orientalização da Grécia e de Roma, esses costumes tornam-se correntes, aplicando-se, não apenas aos deuses, mas aos homens investidos do poder ou da glória. (Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura)

4) J. Herculano Pires em O Espírito e o Tempo retrata este histórico em termos de horizontes: tribal (mediunismo primitivo), agrícola (animismo), civilizado (mediunismo oracular), profético (mediunismo bíblico) e espiritual (mediunidade positiva).

4. Hierofanização

Ao lembrarmo-nos de que algumas religiões utilizam-se da Litolatria (adoração das pedras), da Fitolatria (adoração das árvores) e da Zoolatria (adoração dos animais), logo vem à nossa mente a imagem de pouca racionalidade desses cultos. Falta-nos uma melhor compreensão do termo hierofania.

A hierofania é o ato da manifestação do sagrado. A história das religiões tem um número considerável de hierofanias, ou seja, todas as manifestações das realidades religiosas. É isso o que explica o sagrado manifestando-se em pedras, animais, árvores etc. (Eliade, 1957, p. 25)

Não são as pedras, as árvores, os animais e os objetos que são adorados, mas sim o que eles representam para a coletividade.

Um exemplo clássico nos dias atuais: adoração da vaca na Índia. A vaca da Índia é igual a todas vacas do planeta. Mas quando esse animal sofre um processo de hierofanização, ele torna-se um animal sagrado.

Na Idade Média, tínhamos a cruz representando o combate ao mal.. A cruz era feita de madeira como qualquer outra cruz. Contudo, diante do processo de hierofanização, ela servia para expulsar os "demônios".

5. O Sagrado

O sagrado é a manifestação de uma realidade de ordem inteiramente diferente da das realidades "naturais". Tem como contrapartida a noção de profano. (Eliade, 1957, p. 24). O próprio espaço, para o homem religioso, não é homogêneo: o espaço apresenta roturas, quebras; há porções de espaço qualitativamente diferentes das outras. "Não te aproximes daqui, disse o Senhor a Moisés, descalça as sandálias; porque o lugar onde te encontras é uma terra sagrada" (Êxodo, III, 5). (Eliade, 1957, p. 35)

Em se tratando do sagrado, há também a crença no Deus Otiosus, que é o fenômeno do "afastamento" do Deus supremo é já atestado aos níveis arcaicos de cultura. Entre os australianos Kulin, o Ser Supremo Bundjil criou o Universo, os animais, as árvores e o próprio homem; mas, depois de ter investido em seu filho o poder sobre a Terra, e a sua filha o de providenciar no Céu, Bundjil retirou-se do mundo. Na África, os Yorubas da Costa dos Escravos acreditam num Deus do Céu, denominado Olorum (literalmente proprietário do céu) que, após haver iniciado a criação do mundo, incumbiu um Deus inferior, Obatala, de conclui-lo e governá-lo. Quanto a Olorum, afastou-se, sendo invocado como último recurso. (Eliade, 1957, p. 132-134)

Convém lembrar que, além da religião, o direito, a ética, a estética, a política, o casamento, a família, o sexo, a morte, a arte, a arquitetura e muitos outros aspectos da vida são igualmente envolvidos pelo sagrado. Situemos, como exemplo, o Direito: a arquitetura dos tribunais, a toga do juiz, o ritual das sessões dos tribunais, mesmo o uso de símbolos religiosos para o juramento, por exemplo, apontam certos aspectos da instituição do direito que têm pelo menos certo sabor de sagrado. Nos Estados Unidos, em qualquer circunstância, um juiz da Suprema Corte tem, aos olhos do homem médio, um status muitíssimo mais alto que o de um sociólogo, e um cientista social está muito mais sujeito a olhar como um servo para o tribunal do que a vê-lo como uma ameaça. (Boulding, 1974, cap. 4)

6. Finalidade da Adoração

A finalidade da adoração é a elevação do pensamento a Deus. Pela adoração o homem aproxima dEle a sua alma. A consciência de sua fraqueza leva o homem a se curvar diante dAquele que o pode proteger. Nesse sentido, jamais houve povos ateus. Todos compreendem que há acima deles, um Ser supremo. É por isso que a Lei de Adoração é uma lei natural, ou seja, não cremos em Deus pela lucubração de nossos pensamentos, mas por um sentimento que é inato em todos os seres viventes. (Kardec, 1995, perguntas 649 a 652).

Esse sentimento, porém, toma em cada tipo de religião uma forma determinada. É o atendimento da necessidade interior de cada um de nós. Por isso, se já estamos num nível mais avançado de racionalidade não devemos nos achar superiores ou mesmo tratar com desprezo os que se utilizam de meios ainda menos racionais. O que importa é o que a pessoa sente e não tanto a forma externa de manifestação.

7. Formas de Adoração

7.1. Adoração Exterior

Diz-nos Allan Kardec que a verdadeira adoração é a do coração. Contudo, se a adoração exterior não for um fingimento, tem o seu mérito, visto Deus pesar mais as intenções do que o ato em si. Deus prefere os que o adoram do fundo do coração, com sinceridade, fazendo o bem e evitando o mal. Aquele que se vangloria de adorar o Cristo mas que é orgulhoso, invejoso e ciumento, que é duro e implacável para com os outros ou ambicioso de bens mundanos, só tem a religião dos lábios e não no coração. (Kardec, 1995, perguntas 653 a 656).

7.2. Prece

A prece é um ato de adoração. Fazer preces a Deus é pensar nEle, aproximar-se dEle, por-se em comunicação com Ele. Pela prece podemos fazer três coisas: louvar, pedir e agradecer. O essencial não é orar muito, mas orar bem. Há pessoas que julgam que todo o mérito está na extensão da prece e fecham os olhos para os seus próprios defeitos. Estes não estão orando corretamente. (Kardec, 1995, perguntas 658 a 666)

7.3. Politeísmo

A ideia de um Deus único só podia aparecer como o resultado do desenvolvimento mental do homem. Incapaz, na sua ignorância, de conceber um ser natural, sem forma determinada, agindo sobre a matéria, ele lhe havia dado os atributos da natureza corpórea, ou seja, uma forma e uma figura, e desde então tudo o que lhe parecia ultrapassar as proporções da inteligência comum tornava-se para ele uma divindade. Tudo quanto não compreendia devia ser obra de um poder sobrenatural, e disso a acreditar em tantas potências distintas quanto efeitos pudesse ver, não ia mais do que um passo. Mas em todos os tempos houve homens esclarecidos, que compreenderam a impossibilidade dessa multidão de poderes para governar o mundo sem uma direção superior, e que se elevaram ao pensamento de um Deus único. (Kardec, 1995, pergunta 667)

7.4. Sacrifícios

Os homens primitivos acreditavam que uma criatura animada teria muito mais valor aos olhos de Deus do que um corpo material. Foi esse o motivo que os levou a imolar primeiramente os animais e depois o próprio ser humano, pois, segundo sua falsa crença, pensavam que o valor do sacrifício estava em relação com a importância da vítima.

Deus julga sempre a intenção. Amparar os pobres e os aflitos é o melhor meio de homenageá-Lo. Desta forma, Deus desaprova as cerimônias que fazemos em nossas preces, pois há muito dinheiro que se poderia empregar mais utilmente. O homem que se prende à exterioridade e não ao coração é um espírito de vista estreita. (Kardec, 1995, perguntas 669 a 673)

8. Conclusão

O tipo de reverência, em que a verdadeira adoração é a que provém do coração, ainda é difícil de ser praticada para a maioria dos viventes. Contudo, não há outra forma de atingirmos um perfeito relacionamento com a Divindade: o estádio de evolução mais avançado exige esforços constantes da razão.

9. Bibliografia Consultada

BOULDING, K. E. O Impacto das Ciências Sociais. Rio de Janeiro, Zahar, 1974.

ELIADE, M. O Sagrado e o Profano: A Essência das Religiões. Lisboa, Livros do Brasil, 1957?

Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura. Lisboa, Verbo, s. d. p.

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed., São Paulo, FEESP, 1995. 


Notas do Blog

Sagrado ante o Espiritismo

O conceito de sagrado deve ser visto, levando-se em conta a Lei de Adoração. A palavra adorar vem do latim ad e orare que significa orar para alguém. É render homenagem através de palavras, gestos, atitudes e cultos. Subentende um sentimento de admiração. Para Mircea Eliade, sagrado é a manifestação de uma realidade de ordem inteiramente diferente da das realidades "naturais". Tem como contrapartida a noção de profano. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2011/08/sagrado-ante-o-espiritismo.html)

Vivência Religiosa

As religiões são instituições que organizam a adoração ao sagrado. Embora de origem divina, a maioria está eivada da influência humana. Por esta razão, o padre Alta afirmou que há enorme distância entre o Cristianismo do Cristo e o Cristianismo dos Vigários. O homem, sendo falível, criou a imagem do céu e do inferno. No primeiro reina a paz e a ociosidade. No segundo, um sofrimento sem fim, ao lado dos toneis ferventes. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2008/07/vivncia-religiosa.html)

Ritualismo e Espiritismo

O sincretismo e o ritualismo aparecem veladamente no Espiritismo. A razão é simples: a maioria que adentra ao Espiritismo vem de outras filosofias e religiões. A primeira das confusões é achar tudo o que é espiritualista é também espírita. É o caso de introduzirmos as noções de elementais, carma, chakras, termos extraídos do esoterismo. No âmbito da adoração, transferimos as funções que um santo da Igreja Católica ou um guia da Umbanda para algum Espírito de nossa predileção, como, por exemplo, Bezerra de Menezes. Quer dizer, não é fácil abandonarmos o nosso baú. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2008/07/ritualismo-e-espiritismo.html)


Pensamentos

"Onde quer que haja adoração a animais, ali haverá sacrifício humano". (G. K. Chesterton)

"Não existe antídoto mais poderoso contra a baixa sensualidade do que a adoração da beleza." (Denis Diderot)

"O homem passou da fé à incredulidade e da adoração à idolatria." (Martinho Lutero) 

"Adoração é mais que se agitar dentro de um templo, é sacudir o mundo com uma vida que agrade a Deus." (Anderson Cassio de Oliveira)

"O amor é suspiros e lágrimas, fé e fervidão, fantasia, paixões e desejos; adoração, aceitação e reverência; pureza, aflição e obediência." (William Shakespeare)

"Há mais restauradora alegria em cinco minutos de adoração do que em cinco noites de folia." (A. W. Tozer)

"A verdadeira adoração acontece quando seu espírito responde a Deus, e não a alguma melodia musical." (Rick Warren)

"Qualquer atitude sua que venha agradar a Deus é um ato de adoração." (Rick Warren)


Mensagem Espírita

Oração e renovação

“Holocaustos e oblações pelo pecado não te agradaram.” - Paulo. (Hebreus, 10:6.)

É certo que todo trabalho sincero de adoração espiritual nos levanta a alma, elevando-nos os sentimentos.

A súplica, no remorso, traz-nos a bênção das lágrimas consoladoras. A rogativa na aflição dá-nos a conhecer a deficiência própria, ajudando-nos a descobrir o valor da humildade. A solicitação na dor revela-nos a fonte sagrada da Inesgotável Misericórdia.

A oração refrigera, alivia, exalta, esclarece, eleva, mas, sobretudo, afeiçoa o coração ao serviço divino. Não olvidemos, porém, de que os atos íntimos e profundos da fé são necessários e úteis a nós próprios.

Na essência, não é o Senhor quem necessita de nossas manifestações votivas, mas somos nós mesmos que devemos aproveitar a sublime possibilidade da repetição, aprendendo com a sabedoria da vida.

Jesus espera por nossa renovação espiritual, acima de tudo.

Se erraste, é preciso procurar a porta da retificação.

Se ofendeste a alguém, corrige-te na devida reconciliação.

Se te desviaste da senda reta, volta ao caminho direito.

Se te perturbaste, harmoniza-te de novo.

Se abrigaste a revolta, recupera a disciplina de ti mesmo.

Em qualquer posição de desequilíbrio, lembra-te de que a prece pode trazer-te sugestões divinas, ampliar-te a visão espiritual e proporcionar-te consolações abundantes; todavia, para o Senhor não bastam as posições convencionais ou verbalistas.

O Mestre confere-nos a Dádiva e pede-nos a iniciativa.

Nos teus dias de luta, portanto, faze os votos e promessas que forem de teu agrado e proveito, mas não te esqueças da ação e da renovação aproveitáveis na obra divina do mundo e sumamente agradáveis aos olhos do Senhor. (XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, capítulo 21)

Firmeza e Constância

“Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão.” – Paulo. (1ª Epístola aos Coríntios, 15:58.)

Muita gente acredita que abraçar a fé será confiar-se ao êxtase improdutivo. A pretexto de garantir a iluminação da alma, muitos corações fogem à luta, trancando-se entre as quatro paredes do santuário doméstico, entre vigílias de adoração e pensamentos profundos acerca dos mistérios divinos, esquecendo-se de que todo o conjunto da vida é Criação Universal de Deus.

Fé representa visão.

Visão é conhecimento e capacidade de auxiliar.

Quem penetrou a “terra espiritual da verdade”, encontrou o trabalho por graça maior.

O Senhor e os discípulos não viveram apenas na contemplação.

Oravam, sim, porque ninguém pode sustentar-se sem o banho interior de silêncio, restaurando as próprias forças nas correntes superiores de energia sublime que fluem dos Mananciais Celestes.

A prece e a reflexão constituem o lubrificante sutil em nossa máquina de experiências cotidianas.

Importa reconhecer, porém, que o Mestre e os aprendizes lutaram, serviram e sofreram na lavoura ativa do bem e que o Evangelho estabelece incessante trabalho para quantos lhe esposam os princípios salvadores.

Aceitar o Cristianismo é renovar-se para as Alturas e só o clima do serviço consegue reestruturar o espírito e santificar-lhe o destino.

Paulo de Tarso, invariavelmente peremptório nas advertências e avisos, escrevendo aos Coríntios, encareceu a necessidade de nossa firmeza e constância nas tarefas de elevação, para que sejamos abundantes em ações nobres com o Senhor.

Agir ajudando, criar alegria, concórdia e esperanças, abrir novos horizontes ao conhecimento superior e melhorar a vida, onde estivermos, é o apostolado de quantos se devotaram à Boa Nova.

Procuremos as águas vivas da prece para lenir o coração, mas não nos esqueçamos de acionar os nossos sentimentos, raciocínios e braços, no progresso e aperfeiçoamento de nós mesmos, de todos e de tudo, compreendendo que Jesus reclama obreiros diligentes para a edificação de seu Reino em toda a Terra. (XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, capítulo 69)