Instinto e Inteligência

Perguntas e Respostas

1) O que significa instinto?

Estímulo ou impulso natural pelo qual seres humanos e animais executam certos atos sem conhecer o fim ou o porquê desses atos. 

2) O que significa inteligência?

É a faculdade que tem o espírito de pensar, conceber, elaborar, compreender.

3) Qual a distinção entre instinto e inteligência?

A inteligência é mais flexível do que o instinto. A inteligência tem a seu favor o passado, que ajuda o indivíduo em novas situações. O instinto é cego. 

4) Há, ainda no homem, os instintos próprios dos animais?

Os investigadores do comportamento observam que, apesar do avanço tecnlogica, há no ser humano muitas maneiras de agir instintivas e próprias dos animais. 

5) Como retratar a evolução do princípio inteligente?

No reino mineral, o princípio inteligente adquire a atração, no reino vegetal, a sensação, no reino animal, o instinto, e no reino humano, o pensamento contínuo, o livre-arbítrio e a razão.

6) Como relacionar razão, paixão e instinto?

O instinto nunca erra. As paixões são uteis até a eclosão do senso moral. Torna-se nociva, caso não seja disciplinada pela razão. 

7) Inteligência e espiritualidade. Comente. 

Se a espiritualidade dependesse exclusivamente da inteligência, não veríamos tantas pessoas iletradas realizarem prodígios enquanto os que foram à faculdade cometerem atrocidades no seio da sociedade. (https://sites.google.com/view/aprofundamentodoutrinario/instinto-e-intelig%C3%AAncia)


Texto Curto no Blog

Instinto e Inteligência

Inteligência – do lat. intellectus, inter e lec. = escolher entre, ou intus e lec = escolher dentro, como preferem outros - é a faculdade que tem o espírito de pensar, conceber, compreender. Em sentido restrito, é a função de apreender conexões.Instinto - do lat. obsoleto instinguo, de in e stinguo, e do gr. stizô - significa impulso inato, inconsciente, irracional, que leva um ente vivo, um animal, a proceder de tal ou tal forma. 

Os psicólogos procuram realizar uma tarefa difícil: a de distinguir a inteligência do instinto. Para muitos deles a inteligência é mais flexível, sendo até mesmo a soma das experiências do passado, que nos ajuda a tomar decisões no presente. Por outro lado, o instinto é cego, tal qual se observa no cão, que, mesmo domesticado, pisoteia o lugar em que vai dormir, como se devesse dormir sobre a erva. 

A observação cuidadosa do comportamento de alguns animais mostra que o conceito comum de instinto, como mero impulso simples, não basta para explicar a complexidade de seus atos. A aranha construirá a teia diferentemente, segundo as circunstâncias e o lugar que disponha. O castor constrói diferentemente, segundo a corrente da água, o nível da mesma ou a presença de homens. Por essa razão, acabam distinguindo o ato instintivo do ato reflexo. 

O Espírito André Luiz, no cap. IV de Evolução em Dois Mundos, psicografado por F. C. Xavier, diz-nos que, na retaguarda do transformismo do princípio inteligente, o reflexo precede o instinto e o instinto, a atividade refletida, que é a base da inteligência; nas linhas da civilização, a inteligência, no círculo humano, é seguida pela razão e a razão pela responsabilidade. Acrescenta ainda que a herança e o automatismo estruturam o princípio espiritual, desde sua origem, a fim de que este atinja a maturação no campo angélico. 

Allan Kardec, no cap. III de A Gênese, relaciona instinto, paixão e inteligência. Diz-nos que o instinto é sempre guia seguro e nunca erra. Pode tornar-se inútil, mas nunca prejudicial. Enfraquece-se com a predominância da inteligência. As paixões, por sua vez, são úteis até a eclosão do senso moral, em que o ser passivo transforma-se em ser racional. Depois disso, torna-se nociva, caso não seja disciplinada pela razão. 

Inteligência e instinto são duas faculdades de nosso espírito. Saibamos ponderá-las eficazmente, a fim de que possamos viver em paz com a nossa consciência.  (http://sbgespiritismo.blogspot.com.br/2008/07/inteligncia-e-instinto.html)


Em Forma de Palestra

Instinto e Inteligência

1. Introdução

O objetivo deste estudo é relacionar a inteligência e o instinto no sentido melhor compreender a complementaridade entre estes dois termos.

2. Conceito

Inteligência  -  do lat. intellectusinter e  lec.  =  escolher entre, ou intus e lec = escolher dentro, como preferem outros - é a faculdade que tem o espírito de pensar, conceber,  compreender.

O termo inteligência é ainda usado pelos psicólogos com considerável latitude de sentido. Por vezes emprega-se como sinônimo de cognição (tal como a palavra "entendimento"), isto é, aplica-se a qualquer dos processos pelos quais se constrói o conhecimento; outras vezes é restringido aos processos conceptuais; e em alguns casos é usado no sentido ainda mais restrito de função de apreender relações, ou, até, especiais formas de relação. No uso comum e quotidiano, tende-se a sublinhar o caráter prático da inteligência, como consistindo na capacidade de empregar meios adequados para atingir os vários fins que se tem em vista. (Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira)

Instinto - do  lat. instinctu significa  impulso inato, inconsciente, irracional, que  leva  um ente vivo, um animal, a proceder de tal ou tal forma. (Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira). Estímulo ou impulso natural, involuntário, pelo qual homens e animais executam certos atos sem conhecer o fim ou o porquê desses atos.

3. Inteligência Versus Instinto

Os  psicólogos  procuram  realizar  uma  tarefa  difícil:  a   de distinguir  a  inteligência  do instinto. O que ressalta logo nessa distinção é que a inteligência  é flexível, muito mais que o instinto. A inteligência tem a seu favor o passado, as experiências que ela coordena, e que aproveita para o exame de novas situações. Por outro lado, o instinto é cego, tal qual se  observa no  cão,  que,  mesmo domesticado, pisoteia o lugar  em  que  vai dormir, como se devesse dormir sobre a erva. O gato faz o gesto de tapar seus excrementos, mesmo quando os deposita sobre as pedras. (Santos, 1965)

4. Ato Instintivo e Ato Reflexo

No ato instintivo há um tender para um fim útil sem consciência desse fim. Já o ato reflexo é inflexível. Um espiro provocado virá, inflexivelmente, sem que se possa impedi-lo. Por outro lado, os reflexos podem ser úteis ou não, enquanto o instinto é sempre útil. Ao realizar o ato instintivo pode haver modificações na execução, o que é importante.

A observação cuidadosa do comportamento de alguns animais  mostra que o conceito comum de instinto, como mero impulso simples,  não basta  para  explicar  a  complexidade de  seus  atos.  A  aranha construirá  a teia diferentemente, segundo as circunstâncias  e  o  lugar   que  disponha. O  castor  constrói   diferentemente,   segundo   a corrente  da água, o nível da mesma ou a presença de homens.

Os reflexos são estimulados por um processo externo, enquanto o instinto pode ser provocado por um estímulo externo, mas é sempre o desdobramento de uma ação interna. (Santos, 1965)

5. O Homem e o Animal

Do ponto de vista biológico, somos animais, mas como criadores da civilização estamos a uma distância considerável da restrita vida animal. Na evolução biológica do homem, o fator mais importante tem sido o desenvolvimento do volume cerebral que permitiu uma crescente capacidade de aprender, resolver problemas e pensar de maneira construtiva.

Apesar da inteligência e da tecnologia que possui, o homem continua a portar-se em vários aspectos como um animal. Os etnólogos, investigadores do comportamento, observam que é possível  no homem verificar muitas maneiras de agir instintivas e próprias dos animais. Como exemplo, pode-se mencionar a luta por um território, a agressão aos intrusos e a formação de clãs. Além disso, verificam-se nos animais muitas características consideradas humanas. Alguns macacos podem até fazer uso de utensílios simples; muitos animais possuem algumas formas de linguagem e apresentam um certo comportamento social. (Enciclopédia Combi, it. Homem, 9)

6. Linguagem e Inteligência

A língua funciona como instrumento para a transmissão de informações entre o homem e como sistema de símbolo para o pensamento e a formação de conceitos. A forma linguística aprendida pelos homens não é herdada. Uma criança chinesa, criada num meio de fala inglesa, expressa-se perfeitamente nessa língua. Por outro lado, a linguagem dos animais não é aprendida, mas herdada como instinto.

A língua influi de diversas maneiras sobre o pensamento. os lugares comuns podem dar lugar a falsas conclusões. A expressão "pobre mas honrado" é tão admitida que, não sem certa surpresa, comprova-se amiúde que a pobreza não acompanha necessariamente a honradez, ou vice-versa. A linguagem não condiciona o pensamento, mas ajuda a pensar. (Enciclopédia Combi, it. Linguagem, 1 e 2)

7. Herança e Automatismo

O Espírito  André Luiz diz: "Se, no círculo humano, a inteligência é seguida pela razão e a razão pela responsabilidade, nas linhas da Civilização, sob os signos da cultura, observamos que, na retaguarda do transformismo, o reflexo precede o instinto, tanto quanto o instinto precede a atividade refletida, que é a base da inteligência nos depósitos do conhecimento adquirido por recapitulação e transmissão incessantes, nos milhares de milênios em que o princípio espiritual atravessa lentamente os círculos elementares da natureza". (Xavier, 1977, p.39)

Assim, no reino mineral, o princípio inteligente adquire a atração, no reino vegetal, a sensação, no reino animal, o instinto, e no reino humano, o pensamento contínuo, o livre-arbítrio e a razão.

8. Razão, Paixão e Instinto

Allan Kardec, no cap. III de A Gênese, relaciona instinto, paixão e  inteligência.  Diz-nos que o instinto é sempre guia  seguro  e nunca  erra.  Pode  tornar-se  inútil,  mas  nunca   prejudicial. Enfraquece-se  com a predominância da inteligência. 

As  paixões, nas primeiras idades da alma, têm de comum com o instinto o serem criaturas solicitadas por uma força igualmente inconsciente. As paixões nascem principalmente das necessidades do corpo e dependem, mais do que o instinto do organismo. O que, acima de tudo, as distingue do instinto é que são individuais e não produzem, como este último, efeitos gerais e uniformes; variam, ao contrário, de intensidade e de natureza, conforme os indivíduos. São úteis até a eclosão do senso moral, em que o ser passivo  transforma-se  em ser racional. Depois  disso,  torna-se nociva, caso não seja disciplinada pela razão.

O homem que só agisse constantemente pelo instinto poderia ser muito bom, mas conservaria adormecida a sua inteligência. Seria qual criança que não deixasse as andadeiras e não soubesse utilizar-se de seus membros. Aquele que não domina as suas paixões pode ser muito inteligente, porém, ao mesmo tempo, muito mau. O instinto se aniquila por si mesmo; as paixões somente pelo esforço da vontade podem domar-se. (1975, p. 80 e 81)

9. Inteligência e Espiritualidade

Tão acostumados aos atos maquinais, acabamos por traçar planos errôneos para a nossa evolução espiritual. É o caso de querermos padronizar o nosso comportamento. Esse devia ser sempre novo e responder aos estímulos do momento. É como o aprendizado: não se deve decorar técnicas, mas sim tornar-se capaz de..., estar apto para...

É preciso não confundir a boa memória ou o raciocínio fácil com a espiritualidade. A espiritualidade pode se auxiliada pela inteligência, pois esta lhe faculta a capacidade de aprendizagem. Porém, se a espiritualidade dependesse exclusivamente da inteligência, não veríamos tantas pessoas iletradas realizarem prodígios enquanto os que foram à faculdade cometerem  atrocidades no seio da sociedade. Há casos em que a boa memória até atrapalha. Cita-se o caso do médico, que por excesso de memória, tinha dificuldade para prescrever a receita ao seu paciente.

10. Conclusão

A inteligência  e o instinto são duas faculdades de  nosso  espírito. Saibamos ponderá-los eficazmente, a fim de que possamos viver  em paz com a nossa consciência.

11. Bibliografia Consultada

Enciclopédia Combi Visual. Barcelona (Espanha), Ediciones Danae, 1974.

Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Lisboa/Rio de Janeiro, Editorial Enciclopédia, s.d. p.

KARDEC, A. A Gênese - Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo. 17. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1975.

SANTOS, M. F. dos. Dicionário de Filosofia e Ciências Culturais. 3. ed., São Paulo, Matese, 1965.

XAVIER, F. C. e VIEIRA, W. Evolução em Dois Mundos, pelo Espírito André Luiz, 4. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1977.


Notas do Blog

Paradoxo

O paradoxo em Frankenstein. A cinematografia faz de Frankenstein um ser com instinto de assassinar crianças, ações contrárias àquelas praticadas pelos seres humanos normais. No livro de Mary Shelley, ele é vegetariano, fala eloquentemente que quase convence o seu criador e o leitor de sua bondade intrínseca. O paradoxo está em ter certeza que conhecemos, mas raciocinamos com uma imagem falsa. (http://sbgfilosofia.blogspot.com.br/2014/04/paradoxo.html)

Lei de Conservação

Em todos os seres vivos, o instinto de conservação é o mais importante. A finalidade primordial do animal é comer e esforçar-se para não ser comido pelos outros. Essa é a razão pela qual os órgãos sensoriais, que investigam se existe alimento em volta ou que, ao pressentir perigo, ordena ao corpo que se proteja ou fuja, encontram-se perto do orifício de introdução dos alimentos.

O instinto de conservação é uma lei natural, porque a vida num corpo físico é necessária ao aperfeiçoamento dos seres, e sua destruição antecipada entrava o desenvolvimento do princípio inteligente. (http://sbgespiritismo.blogspot.com.br/2009/08/lei-de-conservacao.html)

Sublimação e Espiritismo

Sublimação. É um fenômeno físico-químico que consiste na passagem direta de uma substância do estado sólido para o estado gasoso e vice-versa, sem passar pelo estado líquido. Figuradamente, exaltação, engrandecimento, purificação. Transformação dos instintos básicos em sentimentos sublimes. Na psicanálise, termo introduzido por Sigmund Freud para designar a "defesa do eu", ocasião em que determinados impulsos inconscientes são integrados na personalidade e propiciam atitudes positivas na sociedade. 

Cabe, porém, uma ressalva, pois o instinto sexual, no Espiritismo, é visto em termos de co-criação, que é um direcionamento das forças sexuais da alma para um determinado fim. Quanto mais animalizado for o Espírito, mais tenderá para os gozos sensíveis. Conforme for depurando o instinto sexual, mais tenderá para a sua integração com a Humanidade.

O Espiritismo nos ensina também que o amor assume dimensões mais elevadas tanto para os que se verticalizam na virtude como para os que se horizontalizam na inteligência. Em todo o caso, o objetivo maior é a sublimação do instinto sexual (http://sbgespiritismo.blogspot.com.br/2016/10/sublimacao-e-espiritismo.html)

Reflexos Condicionados e Espiritismo

A herança e o automatismo são os pontos de contato entre a Fisiologia e a Psicologia. No capítulo IV de Evolução em Dois Mundos, o Espírito André Luiz remete-nos aos evos dos tempos, dizendo-nos: "Se, no círculo humano, a inteligência é seguida pela razão e a razão pela responsabilidade, nas linhas da Civilização, sob os signos da cultura, observamos que, na retaguarda do transformismo, o reflexo precede o instinto, tanto quanto o instinto precede a atividade refletida, que é base da inteligência..." Acrescenta, ainda, que o princípio inteligente adquire a atração no mineral, a sensação no vegetal e o instinto no animal, transformando, gradativamente, toda a atividade nervosa em vida psíquica. (http://sbgespiritismo.blogspot.com.br/2006/09/reflexos-condicionados-e-espiritismo.html)

Fecundidade, Fertilidade

 O Espírito André Luiz, no capítulo 18 de Evolução em Dois Mundos, trata da evolução do instinto sexual nos vários reinos da natureza. Por milênios e milênios o princípio inteligente se demorou no hermafroditismo das plantas. Nos protozoários, há ensaios de reprodução monogâmica. Nos animais inferiores, alternam-se os estados de hermafroditismo com os de unissexualidade para que se lhe aperfeiçoasse as características na direção dos vertebrados. No reino hominal, a reprodução sexuada é fator de continuidade dos outros reinos da natureza. Neste reino adquire-se o pensamento contínuo, o livre-arbítrio, a razão. (http://sbgespiritismo.blogspot.com.br/2014/06/fecundidade-fertilidade.html)


São Paulo, agosto de 2017.