Automatismo e Herança

Perguntas e Respostas

1) O que se entende por automatismo?

Dá-se o nome de "automatismo" aos movimentos que ocorrem num objeto sem o impulso externo aparente.

2) Há diferença entre automático e automatismo? 

O automatismo  refere-se às operações de uma máquina sem outra intervenção humana senão as de construção da máquina e de pô-la em funcionamento. Na automação ou automatização há mais flexibilidade do que o mero automatismo. 

3) Como as concepções sobre a hereditariedade se desenvolvem na atualidade?

Em termos filosóficos, assenta na comparação entre "mecanicismo" e "vitalismo"? 

4) Que hipótese há sobre a transmissão hereditária? 

Tem-se confirmado a hipótese de que o ácido desoxirribonucleico (DNA) é o material que transmite a informação hereditária de uma geração para a outra. 

5) O mecanismo da hereditariedade lançou luz sobre que tipos de problemas? 

 Principalmente sobre a origem da vida e a evolução da reprodução sexuada.

6) Quais são os avanços atuais sobre o estudo da hereditariedade?

Além do impacto na medicina e na agricultura, os biólogos desenvolveram técnicas que permitem recombinar o material hereditário, o DNA, de organismos diferentes. 

7) Como o princípio inteligente plasmou em seu corpo espiritual as conquistas efetuadas ao longo do tempo?

Pelos sucessivos e repetidos atos no plano físico e no plano extraterrestre, o princípio inteligente adquire a base do automatismo fisiológico. 

8) Como se dá o automatismo e a herança?

Na retaguarda do transformismo, o reflexo precede o instinto, tanto quanto o instinto precede a atividade refletida, que é base da inteligência nos depósitos do conhecimento adquirido. 

9) Por que o automatismo e a herança devem ser a base para o estudo do corpo espiritual?

Ao longo da atração no mineral, da sensação no vegetal e do instinto no animal, vemos a crisálida de consciência construindo as suas faculdades de organização, sensibilidade e inteligência, transformando, gradativamente, toda a atividade nervosa em vida psíquica. 

Fonte de Consulta

GIL, F. (Editor). Enciclopédia Einaudi. Lisboa: Imprensa Nacional, 1985-1991.

XAVIER, F. C. e VIEIRA, W. Evolução em Dois Mundos, pelo Espírito André Luiz, 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1977. (https://sites.google.com/view/aprofundamentodoutrinario/automatismo-e-heran%C3%A7a)


Texto Curto no Blog

Automatismo e Herança

Automatismo. Dá-se o nome de "automatismo" aos movimentos que ocorrem num objeto sem o impulso externo aparente. Automático e automatismo. O automatismo  refere-se às operações de uma máquina sem outra intervenção humana senão as de construção da máquina e de pô-la em funcionamento. Na automação ou automatização há mais flexibilidade do que o mero automatismo.

As atuais concepções sobre a hereditariedade têm relação com algumas questões filosóficas, ou seja, o velho problema "mecanicismo" versus "vitalismo". O estudo sobre o mecanismo da hereditariedade lançou luz sobre diversos temas, principalmente a respeito da origem da vida e da evolução da reprodução sexuada. Vale a pena lembrar que, além do impacto sobre a medicina e a agricultura, os biólogos desenvolveram técnicas que permitem recombinar o material hereditário, o DNA, de organismos diferentes.

O Espírito André Luiz, no capítulo IV "Automatismo e Corpo Espiritual" de Evolução em Dois Mundos, diz-nos como o princípio inteligente plasmou em seu corpo espiritual as conquistas efetuadas ao longo do tempo. Foram os sucessivos e repetidos atos no plano físico e no plano extraterrestre que deram origem à base do automatismo fisiológico.

Em se tratando do automatismo e herança, transcrevemos trechos do livro:

"Assim como na coletividade humana o indivíduo trabalha para a comunidade a que pertence, entregando-lhe o produto das próprias aquisições, e a sociedade opera em favor do indivíduo que a compõem, protegendo-lhe a existência... a fim de que a ascensão da vida não sofra qualquer solução de continuidade".

"Se, no círculo humano, a inteligência é seguida pela razão e a razão pela responsabilidade, nas linhas da Civilização, sob os signos da cultura, observamos que na retaguarda do transformismo, o reflexo precede o instinto, tanto quanto o instinto precede a atividade refletida, que é base da inteligência nos depósitos do conhecimento adquirido por recapitulação e transmissão incessantes, nos milhares de milênios em que o princípio espiritual atravessa lentamente os círculos elementares da Natureza".

"Para compreendermos a inexequibilidade de qualquer separação entre a Fisiologia e a Psicologia, porquanto ao longo da atração no mineral, da sensação no vegetal e do instinto no animal, vemos a crisálida de consciência construindo as suas faculdades de organização, sensibilidade e inteligência, transformando, gradativamente, toda a atividade nervosa em vida psíquica.

Fonte de Consulta 

GIL, F. (Editor). Enciclopédia Einaudi. Lisboa: Imprensa Nacional, 1985-1991.

XAVIER, F. C. e VIEIRA, W. Evolução em Dois Mundos, pelo Espírito André Luiz, 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1977. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2018/08/automatismo-e-heranca.html)


Em Forma de Palestra

Automatismo e Herança

1. Introdução

O que é automatismo? E herança? Quais são os avanços da ciência sobre o estudo da hereditariedade? Como podemos retratar a evolução do princípio inteligente? Quais as contribuições do Espírito André Luiz?

2. Conceito

Automatismo. Dá-se o nome de "automatismo" aos movimentos que ocorrem num objeto sem o impulso externo aparente. A diferença entre automatismo e automático é que na automação ou automatização há mais flexibilidade do que o mero automatismo. 

Hereditariedade ou herança genética. Consiste no conjunto de processos relativos à transmissão das características genéticas entre os indivíduos, ou seja, aspectos físicos e psíquicos que são transmitidos dos ascendentes (pais) aos seus descendentes (filhos).

3. Considerações Iniciais

Em termos filosóficos, a hereditariedade assenta na comparação entre "mecanicismo" e "vitalismo".

Tem-se confirmado a hipótese de que o ácido desoxirribonucleico (DNA) é o material que transmite a informação hereditária de uma geração para a outra. 

O mecanismo da hereditariedade lançou luz sobre a origem da vida e a evolução da reprodução sexuada.

Além do impacto na medicina e na agricultura, os biólogos desenvolveram técnicas que permitem recombinar o material hereditário, o DNA, de organismos diferentes. 

O Espírito André Luiz, em Evolução em Dois Mundos, descortina-nos toda a trajetória da relação entre automatismo e corpo espiritual.

4. Automatismo e Corpo Espiritual

4.1. 1 Bilhão e Meio de Anos até a Época Quaternária

Para chegar à idade da razão, o princípio inteligente despendeu um bilhão e meio de anos para chegar aos primórdios da era quaternária. Como a civilização humana surgiu há 200 mil anos, somos levados a reconhecer o caráter recente dos conhecimentos psicológicos, destinados a automatizar na constituição fisiopsicossomática do espírito humano as aquisições morais que lhe habilitarão a consciência terrestre a mais amplo degrau de ascensão à Consciência Cósmica. (Xavier, 1977, cap. III)

 4.2. Automatismo e Herança

"Se, no círculo humano, a inteligência é seguida pela razão e a razão pela responsabilidade, nas linhas da Civilização, sob os signos da cultura, observamos que na retaguarda do transformismo, o reflexo precede o instinto, tanto quanto o instinto precede a atividade refletida, que é base da inteligência nos depósitos do conhecimento adquirido por recapitulação e transmissão incessantes, nos milhares de milênios em que o princípio espiritual atravessa lentamente os círculos elementares da Natureza".

O princípio inteligente, na sua escalada evolutiva, adquiriu a atração no reino mineral; a sensação, no reino vegetal; o instinto, no reino animal; o pensamento contínuo, a razão e o livre-arbítrio, no reino hominal. Disso resulta os automatismos de nossa existência, em que a linguagem, o tato e a locomoção são os aspectos positivos, e os vícios e defeitos, os negativos. Na presente encarnação, temos de nos esforçar para estimular os atos bons, reprimindo, em contrapartida, os maus. (Xavier, 1977, cap. IV)

4.3. Teoria Mecanicista de Descartes 

Segundo Descartes, os animais são autômatos, reagem de forma mecânica às excitações externas, ao contrário do homem, que possui alma e vontade.

Para o Espírito André Luiz, Descartes não logrou apreender toda a amplitude dos caminhos que se descerram à evolução na esteira dos séculos, mas abordou a verdade do ato reflexo que obedece ao influxo nervoso, no automatismo em que a alma evolui para mais altos planos de consciência, através do nascimento, morte, experiência e renascimento na vida física e extrafísica, em avanço inevitável para a vida superior. (Xavier, 1977, cap. IV)

5. Atitude e Comportamento

5.1. Espíritos Criados Simples e Ignorantes

De acordo com a Doutrina Espírita, fomos criados simples e ignorantes, mas com a determinação de nos tornarmos perfeitos, com potencialidade de perfeição. Assim, Deus criou todos os Espíritos do mesmo ponto de partida, sem privilégio de espécie alguma.

Mas para que pudéssemos adquirir o pensamento contínuo, o livre-arbítrio e a razão foram necessários séculos e séculos de experiência, de repetição, de encarnação e desencarnação para automatizarmos as diversas funções de nosso corpo físico do corpo espiritual.

5.2. Automatismo no Mal

Segundo a psicologia social, antes de adquirirmos um hábito devemos pensar muito, pois a sua extinção é mais difícil e demora muito mais do que sua aquisição. Exemplo: beber, fumar, drogas...

Lembremo-nos de que todos somos ofensores de nossas próprias inibições. O exercício aqui é procurar manter o equilíbrio, apesar do nosso automatismo de valentia, de revide, de querer esganar o nosso ofensor. A recomendação é perdoar a quantos nos aborrecem, a quantos nos firam, a quantos nos causam embaraço, a quantos nos roubam a nossa oportunidade do ganha-pão.

5.3. Transformação Moral

Uma forma didática de se entender a reforma íntima é relacioná-la aos reflexos condicionados. Todos nós somos herdeiros de um automatismo, vindo de longa data. Dado um estímulo, respondemos automaticamente. Se xingados, queremos revidar. Observe as nossas respostas, as nossas reações no trânsito: uma leve "fechada" pode até ocasionar morte. E se mudássemos essa resposta automática. E se, em vez de querermos briga, perdoarmos aquele nosso irmão? Não haveria um ganho para o infrator e para nós?

6. Automatismo: Mensagens Espíritas

6.1. Combatendo a Sombra

"E não conformeis com este mundo, mas transformai-vos" — Paulo (Romanos, 12,2)

Não nos pede rebelião e gritaria. 

Não nos aconselha azedume e discussão.

A palavra da Boa Nova solicita-nos simplesmente a nossa transformação. 

Não te resignes aos hábitos da treva. Mas clareia-te, por dentro, purificando-te sempre mais, a fim de que a tua presença irradie, em favor do próximo, a mensagem persuasiva do amor, para que se estabeleça entre os homens o domínio da eterna luz. (Cap. 31 de Palavras de Vida Eterna)

6.2. Renasce Agora

"Aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus" — Jesus (João 3,3)

Conserva do passado o que for bom e justo, belo e nobre, mas não guardes do pretérito os detritos e as sombras, ainda mesmo quando mascarados de encantador revestimento. 

Alguém te magoa? Reinicia o esforço da boa compreensão. 

Alguém te não entende? Persevera em demonstrar os intentos mais nobres. 

Renasce agora em teus propósitos, deliberações e atitudes, trabalhando para superar os obstáculos que te cercam e alcançando a antecipação da vitória sobre ti mesmo, no tempo... (Cap. 56 de Fonte Viva)

6.3. Resiste à Tentação

"Bem-aventurado o homem que sofre a tentação" — (Tiago 1,12)

Toda vez que empreendemos a melhoria da alma, utilizando os trabalhos e obstáculos do mundo, devemos esperar a multiplicação das dificuldades que se nos deparam, em pleno caminho do conhecimento iluminativo. 

Contra o nosso anseio de claridade, temos milênios de sombra. Antepondo-se-nos à mais humilde aspiração de crescer no bem, vigoram os séculos em que nos comprazíamos no mal. 

Haja, pois, tolerância construtiva em derredor da caminhada humana, porque insinuações malignas nos cercarão em toda parte, enquanto nos demoramos na realização parcial do bem. (Cap. 101 de Pão Nosso)

7. Conclusão

Conforme nosso estudo mostra, urge aproveitarmos bem a nossa jornada terrena, pois somos devedores de um longo período de corrigendas de nossos automatismos negativos.

 8. Bibliografia Consultada 

GIL, F. (Editor). Enciclopédia Einaudi. Lisboa: Imprensa Nacional, 1985-1991.

XAVIER, F. C. e VIEIRA, W. Evolução em Dois Mundos, pelo Espírito André Luiz, 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1977.

São Paulo, agosto de 2018.


  

Notas do Blog

Perseverança 

Observe alguns obstáculos à perseverança: 1) Rotina - uma ruptura do automatismo, por insignificante que seja, abre um caminho, liberta o pensamento e tonifica o espírito. 2) Desânimo - é a grande arma dos Espíritos das trevas, porque ela quebra a faculdade mestra, que é a chave do homem, ou seja, a vontade. 3) Medo da mudança - todo o esforço desacostumado é penoso e por isso dá nascimento a uma ideia de incapacidade de avançar. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2011/01/perseveranca.html)

Assistência Espiritual: Palestra A2 

Exemplifiquemos: o trabalho de desobsessão foi a primeira tentativa de doutrinar o obsessor. Acontece que os automatismos dos pensamentos de tristeza, melancolia, ódio continuam jungidos ao frequentador. Os ensinamentos evangélicos, transmitidos nessa assistência espiritual, podem perfeitamente desfazer esse automatismo e criar hábitos e atitudes voltados para o bem, para a felicidade. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2010/08/assistencia-espiritual-palestra-a2.html

Reflexos Condicionados e Mudança

O tempo decorrido de um automatismo negativo é sumamente importante. A influência dos Espíritos obsessores que estão nos prejudicando deve ser analisada. André Luiz em Missionários da Luz chama nossa atenção para a dificuldade de se quebrar as algemas obsessivas forjadas ao longo de várias encarnações. É que na simbiose das mentes as almas alimentam-se mutuamente. Se quisermos romper de uma hora para a outra, haverá prejuízo de ambas as partes. Nesse sentido, a paciência, a prece, a vigilância, as prédicas evangélicas assumem papel deveras salutar. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2008/07/reflexos-condicionados-e-mudana.html)

Conceito de Reflexo 

Reflexo – do lat. reflexu "voltado para trás", "revirado", "retorcido". É a mais simples forma de reação do organismo. Os reflexos se produzem graças ao sistema nervoso de que são providos os animais. Apresentam as seguintes características: 1º) fatalidade, isto é, dado o estímulo, o reflexo se desencadeia como uma resposta; 2º)ausência de automatismo: não havendo um agente provocador, o reflexo por si só, não se produz; 3º) não intervenção da vontade, isto é, como não atingem os centros nervosos superiores, os reflexos não estão sob o domínio de funções psíquicas elevadas. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2008/07/conceito-de-reflexo.html)

Senso Crítico e Espiritismo 

O senso crítico, segundo o espiritismo, é realizado pelo Espírito. Como se explica? Há percepção sensorial e percepção extra-sensorial. Nossa mente capta as sensações e transmite-as ao perispírito. Este, por sua vez, envia-as ao Espírito, que faz a crítica e retorna-as, em seguida, como crítica conceituada. A essência espiritual é a herança de todas as encarnações e, de acordo com nossas vivências anteriores, podemos ser mais ou menos ricos de inteligência e de moral. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2008/07/senso-crtico-e-espiritismo.html


Notas de Livro

Livro 1

Até a Era Quaternária: 1 Bilhão e Meio de Anos

Contudo, para alcançar a idade da razão, com o título de homem, dotado de raciocínio e discernimento, o ser, automatizado em seus impulsos, na romagem para o reino angélico, despendeu para chegar aos primórdios da época quaternária, em que a civilização elementar do sílex denuncia algum primor de técnica, nada menos de um bilhão e meio de anos. Isso é perfeitamente verificável na desintegração natural de certos elementos radioativos na massa geológica do Globo. E entendendo-se que a Civilização aludida floresceu há mais ou menos duzentos mil anos, preparando o homem, com a bênção do Cristo, para a responsabilidade, somos induzidos a reconhecer o caráter recente dos conhecimentos psicológicos, destinados a automatizar na constituição fisiopsicossomática do espírito humano as aquisições morais que lhe habilitarão a consciência terrestre a mais amplo degrau de ascensão à Consciência Cósmica. (Cap. III "Evolução e Corpo Espiritual" de Evolução em Dois Mundos, pelo Espírito André Luiz) 

Livro 2

Alma Dorme na Pedra, Sonha no Vegetal, Agita-se no Animal e Acorda no Homem ”

José Herculano Pires, no livro Mediunidade, citando Léon Denis, diz que todo o processo de transformação se explica por uma frase genial: a alma dorme na pedra, sonha no vegetal, agita-se no animal e acorda no homem. Porém, não a coloca entre aspas.  (Cap. XI - "Mediunidade Zoológica")

Entretanto, no livro O Problema do Ser do Destino e da Dor, há o seguinte: “Nessa cadeia, cada elo representa uma forma de existência que conduz a uma forma superior, a um organismo mais rico, mais bem adaptado às necessidades, às manifestações crescentes da vida. Mas, na escala da evolução, o pensamento, a consciência, a liberdade aparecem apenas depois de muitos degraus. Na planta, a inteligência fica adormecida; no animal, ela sonha; apenas no homem ela acorda, conhece-se, possui-se e torna-se consciente. A partir daí o progresso, de alguma sorte fatal nas formas inferiores da natureza, só pode realizar-se pelo acordo da vontade humana com as leis eternas." (Cap. IX - "Evolução e Finalidade da Alma")


Dicionário

Hábito. Segundo a concepção aristotélico-escolástica, a habilidade ou destreza das mãos ou dos pés são classificadas como "disposições", por lhes faltar a característica essencial do hábito propriamente dito.

Entre vontade e o ideal moral interpõem-se múltiplas tendências divergentes, inúmeras resistências e solicitações contraditórias. Precisamente o Hábito, com sua conformidade e constância, vem corrigir a versatilidade da vontade. Já Aristóteles preconizava a aquisição de bons hábitos para garantir o cumprimento da ordem moral. 

O Hábito é como um canal que permite avançar com maior segurança e rapidez, em direção ao seu objeto natural, para a sua perfeição final. Daí que o papel da educação consista essencialmente em promover e facilitar a aquisição de bons Hábitos por parte dos educandos.

O hábito comunica intensidade, imprime firmeza e constância às nossas ações e atitudes. O hábito, por um lado, corrigindo os erros, as hesitações, os movimentos inúteis, subtraiu o homem às dificuldades e incertezas de um perpétuo começar; por outro, libertando a atenção, deixa-a livre para novas funções, porventura mais importantes. 

Psic. Entende-se por Hábito uma disposição mais ou menos permanente, adquirida pela repetição dos mesmos atos. Por vezes, basta um único ato para criar um Hábito. Normalmente, porém, torna-se necessária a repetição de atos para que o Hábito se consolide como qualidade durável e permanente.

A psic. moderna, por seu lado, tem-se esforçado por compreender o mecanismo que da repetição conduz à aquisição. Por mínima que seja, a modificação introduzida por um primeiro ato aproveita os atos seguintes, os quais, por sua vez, a prolongam e ampliam até a fixarem como qualidade permanente. 

O afrouxamento ou anulação dos fatores que contribuem para a formação do hábito determinam naturalmente o seu enfraquecimento, podendo conduzir à perda total. Esta pode dar-se por supressão direta e radical, por desuso progressivo, por sublimação e criação de hábitos opostos. A medicina moderna, por sua vez, tem recorrido com êxito a determinadas técnicas terapêuticas (hipnotismo, sugestão etc.) para combater certos hábitos inveterados e renitentes, como o alcoolismo, o tabagismo, a morfinomania etc. (Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura) 

Hereditariedade. Biol. Transmissão de caracteres por meio de sucessivas gerações. Conhecida empiricamente desde há muito, está atualmente explicada pela genética, devido às experiências de Mendel e outros trabalhos subsequentes. 

Psic. A grande questão: se "a hereditariedade consiste na soma total dos genes que os pais transmitem ao indivíduo no momento da concepção", e "não existe senão uma só hereditariedade, a fisiológica, cujas manifestações são ou anatômicas ou psicológicas", como é que os progenitores poderão transmitir caracteres espirituais a uma alma que não é gerada por eles mas criada diretamente e imediatamente por Deus? Diante desse problema, há quem se limite a afirmar: é impossível sustentar que as funções completamente alheias ao corpo sejam misteriosamente transmitidas através dos genes. Estariam nesse caso a debilidade mental, as tendências criminosas, o talento para a música, a aptidão para as matemáticas, e outras. A solução mais adequada, porém, é a seguinte: não se pode admitir a transmissão por via hereditária nem da vida espiritual da alma indivisível nem das faculdades do homem. Todo o restante campo da vida psíquica dependente da organização corporal é suscetível de hereditariedade. No entanto, não se herdam nem virtudes nem vícios constituídos, mas apenas se transmitem certos modos fundamentais da relação somático-psíquica, que condicionam toda a personalidade dos indivíduos. (Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura) 

  

Mensagem Espírita

Combatendo a sombra

“E não vos conformei com este mundo, mas transformai-vos...” — Paulo (Romanos, 12:2.)

O aviso evangélico é demasiado eloquente, todavia é imperioso observar-lhe a expressão profunda.

O apóstolo devidamente inspirado adverte-nos de que em verdade, não nos será possível a tácita conformação com os enganos do mundo do mundo, tanta vez abraçados espontaneamente pela maioria dos homens, no entanto, não nos induz a qualquer atitude de violência.

Não nos pede rebelião e gritaria.

Não nos aconselha azedume e discussão.

Na palavra da Boa Nova solicita-nos simplesmente a nossa transformação.

Não nos cabe, a pretexto de seguir o Mestre, sair de azorrague em punho, golpeando aqui e ali, na pretensão de estender-lhe a influência.

É imprescindível adotar a conduta dele próprio que, em nos conhecendo as viciações e fraquezas, suportou-nos a rijeza de coração, orientando-nos para o bem, cada dia, com o esforço paciente da caridade que tudo compreende para ajudar.

Não movimentes, desse modo, o impulso da força, constrangendo os semelhantes a determinadas regras de conduta, diante da ilusão em que se comprazem.

Renovemo-nos para o melhor.

Eleva o padrão vibratório das emoções e dos pensamentos.

Cresce para a Vida Superior e revela-te em silêncio, na altura de teus propósitos, convertendo-te em auxiliar precioso da divina iluminação do espírito, na convicção de que a sementeira do exemplo é a mais duradoura plantação no solo da alma.

Não te resignes aos hábitos da treva. Mas, clareia-te por dentro, purificando-te sempre mais, a fim de que a tua presença irradie, em favor do próximo, a mensagem persuasiva do amor, para que se estabeleça entre os homens o domínio da eterna luz. (Lição 31 —  Palavras de Vida Eterna. F. C. Xavier, pelo Espírito Emmanuel)

Renasce Agora

“Aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus.” — Jesus. (João, 3:3.)

A própria Natureza apresenta preciosas lições, nesse particular. Sucedem-se os anos com matemática precisão, mas os dias são sempre novos. Dispondo, assim, de trezentas e sessenta e cinco ocasiões de aprendizado e recomeço, anualmente, quantas oportunidades de renovação moral encontrará a criatura, no abençoado período de uma existência?

Conserva do passado o que for bom e justo, belo e nobre, mas não guardes do pretérito os detritos e as sombras, ainda mesmo quando mascarados de encantador revestimento.

Faze por ti mesmo, nos domínios da tua iniciativa pela aplicação da fraternidade real, o trabalho que a tua negligência atirará fatalmente sobre os ombros de teus benfeitores e amigos espirituais.

Cada hora que surge pode ser portadora de reajustamento.

Se é possível, não deixes para depois os laços de amor e paz que podes criar agora, em substituição às pesadas algemas do desafeto.

Não é fácil quebrar antigos preceitos do mundo ou desenovelar o coração, a favor daqueles que nos ferem. Entretanto, o melhor antídoto contra os tóxicos da aversão é a nossa boa-vontade, a benefício daqueles que nos odeiam ou que ainda não nos compreendem.

Enquanto nos demoramos na fortaleza defensiva, o adversário cogita de enriquecer as munições, mas se descemos à praça, desassombrados e serenos, mostrando novas disposições na luta, a ideia de acordo substitui, dentro de nós e em torno de nossos passos, a escura fermentação da guerra.

Alguém te magoa? Reinicia o esforço da boa compreensão.

Alguém te não entende? Persevera em demonstrar os intentos mais nobres.

Deixa-te reviver, cada dia, na corrente cristalina e incessante do bem.

Não olvides a assertiva do Mestre: — “Aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus.”

Renasce agora em teus propósitos, deliberações e atitudes, trabalhando para superar os obstáculos que te cercam e alcançando a antecipação da vitória sobre ti mesmo, no tempo ...

Mais vale auxiliar, ainda hoje, que ser auxiliado amanhã. (Lição 56 - Fonte Viva. Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel)

Resiste à Tentação

 “Bem-aventurado o homem que sofre a tentação.” (TIAGO, 1:12.)

Enquanto nosso barco espiritual navega nas águas da inferioridade, não podemos aguardar isenção de ásperos conflitos interiores. Mormente na esfera carnal, toda vez que empreendemos a melhoria da alma, utilizando os trabalhos e obstáculos do mundo, devemos esperar a multiplicação das dificuldades que se nos deparam, em pleno caminho do conhecimento iluminativo.

Contra o nosso anseio de claridade, temos milênios de sombra. Antepondo-se-nos à mais humilde aspiração de crescer no bem, vigoram os séculos em que nos comprazíamos no mal.

É por isto que, de permeio com as bênçãos do Alto, sobram na senda dos discípulos as tentações de todos os matizes.

Por vezes, o aprendiz acredita-se preparado a vencer os dragões da animalidade que lhe rondam as portas; todavia, quando menos espera, eis que as sugestões degradantes o espreitam de novo, compelindo-o a porfiada batalha.

Claro, portanto, que nem mesmo a sepultura nos exonera dos atritos com as trevas, cujas raízes se nos alastram na própria organização espiritual. Só a morte da imperfeição em nós livrar-nos-á delas.

Haja, pois, tolerância construtiva em derredor da caminhada humana, porque as insinuações malignas nos cercarão em toda parte, enquanto nos demoramos na realização parcial do bem.

Somente alcançaremos libertação, quando atingirmos plena luz.

Entendendo a transcendência do assunto, o apóstolo proclama bem-aventurado aquele “que sofre a tentação”. Impossível, por agora, qualquer referência ao triunfo absoluto, porque vivemos ainda muito distantes da condição angélica; entretanto, bem-aventurados seremos se bem sofremos esse gênero de lutas, controlando os impulsos do sentimento menos aprimorado e aperfeiçoando-o, pouco a pouco, à custa do esforço próprio, a fim de que não nos entreguemos inermes às sugestões inferiores que procuram converter-nos em vivos instrumentos do mal. (Lição 101 - Pão Nosso. Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel)


São Paulo, agosto de 2018.