23/11/2025
1ª Leitura: 2 Samuel 5,1-3
Salmo Responsorial 121(122)-R- Quanta alegria e felicidade! Vamos à casa do Senhor!
2ª Leitura: Colossenses 1,12-20
Evangelho de Lucas 23,35-43
35 O povo permanecia lá, olhando. E até os chefes zombavam, dizendo: “A outros ele salvou. Salve-se a si mesmo, se, de fato, é o Cristo de Deus, o Eleito!” 36 Os soldados também zombavam dele; aproximavam-se, ofereciam-lhe vinagre 37 e diziam: “Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo!” 38 Acima dele havia um letreiro: “Este é o Rei dos Judeus”.39 Um dos malfeitores crucificados o insultava, dizendo: “Tu não és o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós!”40 Mas o outro o repreendeu: “Nem sequer temes a Deus, tu que sofres a mesma pena?41 Para nós, é justo sofrermos, pois estamos recebendo o que merecemos; mas ele não fez nada de mal”.42 E acrescentou:“ Jesus, lembra-te de mim, quando começares a reinar”.43 Ele lhe respondeu: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso”.
Lc 23,35-43
Celebramos a solenidade de Cristo Rei. Não estamos diante de qualquer Rei. O nosso amado e glorioso Rei é Jesus Crucificado! E não só. Estamos diante de Jesus Rei Crucificado que salva o malfeitor arrependido. Trata-se do Evangelho dentro do Evangelho. É o mistério da cruz que resgata a primeira ovelha perdida, que perdoa o pecador. É o filho pródigo abraçado pela Misericórdia divina. Esse é o mistério do Reino de Deus em ação!
Por cima de sua cabeça pendia esta inscrição: Este é o rei dos judeus. Um dos malfeitores, ali crucificados, blasfemava contra ele: Se és o Cristo, salva-te a ti mesmo e salva-nos a nós! Mas o outro o repreendeu: Nem sequer temes a Deus, tu que sofres no mesmo suplício? Para nós isto é justo: recebemos o que mereceram os nossos crimes, mas este não fez mal algum. E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim, quando tiveres entrado no teu Reino! Jesus respondeu-lhe: Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso (Lc 23,38-42).
Jesus está suspenso na cruz. Matamos o inocente, odiamos quem nos ama, retribuímos o bem com o mal. Pior ainda. Além de praticar o mal, nos alegramos por tê-lo cometido sem que tenhamos sido pegos nem castigados. Sim. É isso o que acontece toda vez que nos alegramos com o mal que cometemos... é como zombar de Jesus pregado na cruz. “Desce da cruz”! “Se és o Cristo, salva-te a ti mesmo e salva-nos a nós!”
De novo somos confrontados com a palavra que brota do coração de Jesus. Como ele responde a essa zombaria maligna, ao escárnio irônico e prepotente?
Jesus suspenso no madeiro e escarnecido pelos inimigos é o documento da nossa condenação. A condenação de Cristo é a nossa condenação, porque essa condenação é fruto da nossa injustiça mais vergonhosa: a condenação do inocente. Mas Jesus não quis ser a causa de nossa condenação. Com ele termina o círculo vicioso da ofensa e da vingança. À ofensa feita a Deus caberia a vingança divina: fogo, raio, inferno. Bem merecíamos tudo isso. Mas Jesus rompeu essa cadeia interminável de ofensa e de vingança. Por isso Jesus rezou pelos seus inimigos.
Diante dessa reação de Jesus, um dos condenados é tocado no mais profundo do coração e suplica: Lembra-te de mim quando tiveres entrado no teu Reino!
A oração de Jesus produziu o seu primeiro fruto visível. No momento de desespero, no último momento de uma vida desperdiçada no crime, com suas últimas forças, recorrendo à sua ultima respiração, um dos malfeitores se dirige a Jesus e lhe pede para se recordar dele. “Lembra-te de mim”!
A resposta de Jesus é surpreendente:
“Hoje”: não será preciso esperar. Não haverá investigação ou processo. Jesus não salva depois de um longo processo de investigação. Ele salva hoje. Agora. Imediatamente.
Nós chamamos esse condenado de “bom ladrão” porque no último momento, diante de Jesus, ele reconhece que é um pecador. Ele é bom não porque teve uma vida santa e perfeita. Ele mesmo reconheceu que merecia a condenação e punição mais dura. Ele é chamado de “bom” porque ele olhou para Jesus, porque ele pediu a Jesus e suplicou que lembrasse dele. Olhar para Jesus, pedir a Ele... quando fazemos isso com sinceridade de coração, a salvação nos é dada imediatamente.
Mais importante ainda é o que se segue: “estarás comigo”. Além de revelar que a salvação é imediata, Jesus acrescenta que a salvação, no fim das contas, é “estar com ele”. O paraíso não é externo ou extrínseco a Jesus. Estar com Ele é estar no paraíso. Isto é o paraíso: é estar com ele.
Jesus não está mais sozinho. Com ele, partilhando do mesmo sofrimento atroz e morrendo pelo mesmo suplício está o bom ladrão. Estão também com Jesus todos os perdidos desta terra que tendo perdido a esperança em si mesmos olham para Jesus e pedem: Lembra-te de mim, Jesus!
A solenidade de Cristo Rei nos fala da realeza de Jesus. Do seu trono, a cruz, o nosso Rei pronuncia o julgamento de Deus sobre os inimigos: perdoa a doa o Reino aos malfeitores. Jesus é o Rei que exerce o seu poder servindo e dando a vida. Ele é o rei cujo único poder é amar e até a morte. É o Rei que não sabe e não pode amar a não ser infinitamente o pecador. Ele reina neste mundo, mas o seu Reino não é deste mundo. A salvação que Ele traz supera e não se limita à salvação que esperamos. É a salvação de Deus que assume sobre si a nossa condenação e o nosso merecido castigo para estar conosco e assim nos levar ao paraíso que outra coisa não é do que estar com Ele.
A festa de Cristo Rei do Universo é colocada no último domingo do tempo comum. O tempo do advento começa no próximo domingo. O tempo comum vai até as 12 horas de sábado.
Essa festa nos lembra que, não importa o que os poderes da Terra nos pedem para fazer, Cristo é o verdadeiro Rei que deve reinar em nossos corações.
Foi instituída em 1925 por Pio XI, para combater o crescimento do comunismo na Rússia. Foi celebrada pela primeira vez em 1926, do dia de Halloween. Primeiramente foi estabelecida para o último domingo de outubro, antes da Festa de Todos os Santos. O papa São Paulo VI revisou a festa em 1969 e lhe deu o nome e a data com que é celebrada hoje: "Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo", no último domingo do tempo comum.
A festa foi uma resposta ao crescimento da secularização, do ateísmo e do comunismo. (Baseado num folheto publicado pelos beneditinos).
Segundo o relato de Lucas, Jesus agonizou em meio às zombarias e ao desprezo daqueles que o rodeavam. Ninguém parece ter entendido sua vida. Ninguém parece ter captado sua entrega aos que sofrem, nem seu perdão aos culpáveis. Ninguém viu no seu rosto o olhar compassivo de Deus. Neste momento, ninguém parece perceber naquela morte nenhum mistério.
As autoridades religiosas caçoam dele com gestos depreciativos: “A outros ele salvou. Que salve agora a si mesmo. Se é de fato o Messias de Deus, ‘o Escolhido!’, Deus virá em sua defesa”.
Também os soldados aderem às zombarias. Eles não acreditam em nenhum Enviado de Deus. Eles riem do letreiro que Pilatos mandou colocar na cruz: “Este é o Rei dos judeus”. É absurdo que alguém possa reinar sem poder. Ele deve demonstrar sua força salvando-se a si mesmo.
Jesus permanece calado, porém não desce da cruz. Que faríamos nós se o Enviado de Deus procurasse sua própria salvação fugindo da cruz que o une para sempre a todos os crucificados da história? Como poderíamos acreditar num Deus que nos abandonasse para sempre à nossa sorte?
De repente, em meio a tantas zombarias e desprezo, acontece uma surpreendente invocação: “Jesus, lembra-te de mim, quando entrares em teu Reino”. Não é um discípulo nem um seguidor de Jesus. É um dos criminosos crucificados junto dele. Lucas o propõe como exemplo admirável de fé no Crucificado.
Este homem a ponto de morrer executado sabe que Jesus é um homem inocente, que não fez nada mais que o bem para todos. Intui na sua vida um mistério que escapa dele, mas está convencido de que Jesus não será derrotado pela morte. De seu coração nasce uma súplica: somente pede a Jesus que não o esqueça. Só Jesus pode fazer alguma coisa por ele.
Jesus responde imediatamente: “Hoje mesmo você estará comigo no Paraíso”. A partir deste momento os dois estão unidos na angústia e na impotência, mas Jesus o acolhe como companheiro inseparável. Os dois morreram crucificados, mas entraram juntos no mistério de Deus.
Em meio à sociedade descrente de nossos dias, muitos vivem confusos. Não sabem se acreditam ou não acreditam. Quase sem sabê-lo, levam no seu interior uma pequena e frágil fé. Às vezes, sem entender por que nem como, sobrecarregados pelo peso da vida, invocam Jesus à sua maneira.
“Jesus, lembra-te de mim”, e Jesus escuta-os: “Você estará sempre comigo”. Deus tem seus caminhos para encontrar cada pessoa, e nem sempre é por onde indicam os teólogos. É decisivo ter um coração que escute a própria consciência.
“Jesus, lembra-te de mim, quando entrares em teu reinado” (Lc 23,42)
Rei, não há outra palavra menos apropriada para Jesus.
Jesus, rei atípico. Os reis deste mundo vivem às custas de seus súditos: explorando, dominando...
Jesus, no entanto, reina perdoando, amando e comunicando vida a partir de uma situação de humilhação e impotência extremas. Um rei crucificado é uma contradição e um escândalo. Lucas nos diz onde e como Jesus ganha este título de rei: na entrega de sua vida até à morte. Seu senhorio é de amor incondicional, de compromisso com os pobres e excluídos, de liberdade e justiça, de solidariedade e de misericórdia.
O título de Cristo Rei corre o risco de ser utilizado de uma forma pagã, como uma pura imitação dos reis deste mundo. O triunfalismo religioso e político tem utilizado este título para defender ideias dominadoras, triunfalistas e conservadoras.
Esse é a maior contradição da história humana: o Crucificado é esperança dos pobres, dos pecadores e de todos os sofredores. Jesus é Rei desta forma e não da forma triunfalista como querem os cristãos “gloriosos”. Um rei que toca leprosos, que prefere a companhia dos excluídos e não dos poderosos deste mundo. Um rei que lava os pés dos seus, um rei que não tem dinheiro e que não pode defender-se, que não tem exército... Um rei sem trono, sem palácio, sem pompas, sem poder.
Jesus crucificado é um estranho rei: seu trono é a Cruz, sua coroa é de espinhos. Não tem manto, está desnudo. Até os seus o abandonaram. Pobre rei!
Por isso, para poder aplicar a Jesus o título de “rei”, devemos despojá-lo de toda conotação de poder, força ou dominação. Jesus sempre se manifestou contrário a todo tipo de poder, sobretudo do poder religioso, o mais nefasto. E não só condenou aqueles que dominam como também condenou, com a mesma veemência, aqueles que se deixam dominar.
Jesus quer seres humanos completos, isto é, livres. Ele quer seres humanos ungidos pelo Espírito de Deus, que sejam capazes de manifestar o divino através de sua humanidade. Tanto o que escraviza como o que se deixa escravizar, deixa de ser humano e se afasta do divino.
Jesus quer que todos sejamos “reis” ou “rainhas”, ou seja, que não nos deixemos escravizar por nada nem por ninguém. Quando responde a Pilatos, não diz “sou o rei”, mas “sou rei”; com isso, está demonstrando que não é o único, que qualquer um pode descobrir seu verdadeiro ser e agir segundo esta exigência.
Há uma nobreza presente em nosso interior e que é ativada no encontro com o outro, através da compaixão, do serviço, do amor solidário...
Devemos estar conscientes de que o sentido que queremos dar a esta festa não é aquele dado pelo papa Pio XI, há quase 100 anos, e nem mesmo aquele sentido que é dado pela maioria dos cristãos. Devemos conservar o título, mas mudar a maneira de entendê-lo, ou seja, com o Evangelho na mão podemos continuar falando de “Jesus rei do universo”.
Jesus será “Reino do Universo” quando a paz, o amor e a justiça reinarem em todos os rincões da terra, quando todos forem testemunhas da verdade, quando em todos os ambientes a mesa do Reino se tornar mesa de inclusão e de acolhida... Jesus será Rei quando estivermos dispostos a fazer descer da Cruz aqueles que estão dependurados nela. E são tantos os crucificados no nosso contexto social e religioso!
O Evangelho da festa de hoje faz parte da narração da Paixão de Jesus. Fixemos nosso olhar nos personagens que assistem ao tremendo espetáculo da crucifixão. O povo estava ali olhando. Não é a multidão que habitualmente O segue, mas pessoas que assistem com curiosidade zombadora.
Os chefes, as autoridades religiosas escarneciam de Jesus. Eles conservavam a ideia de um Messias triunfal. Tem um Deus feito à medida de seus interesses. A mensagem de Jesus não os afetou. Julgavam-se em posse da verdade.
Os soldados também lhe zombavam. Aproximavam-se dele para dar-lhe vinagre. Os executores da violência do poder romano não podiam entender um rei que não fazia nada para defender-se.
O letreiro também indicava ironia: “Este é o rei dos judeus”.
Um dos ladrões o insultava: “Tu não és o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós!”.
Ninguém parece ter entendido Sua vida e Sua mensagem. Ninguém compreendeu seu perdão aos algozes. Ninguém viu em seu rosto o olhar compassivo do Pai. Ninguém percebeu que, pendente da Cruz, Jesus se unia para sempre a todos os crucificados e sofredores da história.
Mas, a grande surpresa está reservada para o final da cena: aquele homem impotente, que agonizava na Cruz, promete o paraíso a outro condenado à morte e que se dirigira a Ele assim: “Jesus, lembra-te de mim, quando entrares em teu reinado”. É o único personagem em todo o Evangelho que se dirige a Jesus chamando-o simplesmente por seu nome, sem acrescentar nenhum outro título como Senhor, Mestre, Filho de Davi ou Messias.
Sem saber, ele estava em profunda sintonia com o sentido da missão daquele Homem crucificado, a quem o invocava: aproximar-se, encurtar distâncias, viver entre nós como um entre tantos, entregar-nos seu nome e sua amizade, compartilhar de nossa fragilidade, estar tão perto a ponto de escutar o sussurro de todos aqueles que, sem alento, morrem ao seu lado...
O “bom ladrão” reconhece a Jesus na cruz como rei, um rei que morre na fidelidade à sua missão de mensageiro de um projeto de vida diferente, de um Reino de misericórdia aberto a todos, também ao pior dos malfeitores, e que oferece sua vida para indicar o caminho da verdadeira vida que vence a morte: o amor até o extremo. E nisso consistiu sua glória, sua realeza e seu triunfo.
Jesus sempre viveu “em más companhias” e agora morre entre dois ladrões. Mais uma vez, não assume o papel de juiz sobre os outros, mas oferece uma nova chance de salvação. Ele é o moribundo que dá vida: presença solidária, que, mesmo em meio ao pior sofrimento, oferece companhia a outros sofredores.
O Justo e o pecador, ambos crucificados, participam da vida definitiva que a morte terrível na cruz não pode vencer. Jesus é o rei, e o primeiro cidadão que ingressa em Reino é esse malfeitor que confiou n’Ele.
Assim, impactado pela serenidade e testemunho de Jesus, “rouba o paraíso”.
No alto da Cruz, Jesus revela uma promessa que muitas pessoas precisam ouvir hoje, sobretudo aqueles que carregam cruzes injustas e pesadas, que vivem realidades atravessadas pela dor, pela solidão, dúvida, incompreensão ou pranto...
Que ressonância têm estas palavras no interior de cada um de nós: “Hoje estarás comigo no Paraíso”.
Hoje: porque as mudanças, a nova criação, a humanidade reconciliada, não tem que esperar mais; hoje, agora, já...; talvez, se esse “hoje” não chega é por causa de tantas pessoas que não decidem, não optam, esperam sentadas... Comigo: a promessa de viver em sua companhia desperta ecos de uma plenitude que não conseguimos entender.
No paraíso: que não é um mítico Eden, mas lugar de plenitude de vida, onde não haverá mais pranto, nem dor; realidade que já se presente entre nós, sobretudo onde habita a justiça, a paz, a compaixão...]
Para meditar na oração:
Situar-se diante do Rei Crucificado e dos crucificados da história. No nosso atual contexto social, político e religioso são muitos os julgamentos, ódios, mentiras, intolerâncias, preconceitos... que continuam crucificando e fazendo vítimas. E tudo isso em nome da “religião e da moral cristã”. O Crucificado Inocente continua revelando seu rosto nos crucificados de hoje.
- Como tirar das cruzes as vítimas inocentes que estão dependurados nelas?
- Como construir hoje o paraíso? Neste momento histórico, como ativar e despertar a esperança nas vítimas?
Hoje se celebra a Festa de Cristo Rei. A palavra de Deus convida-nos a meditar sobre a realeza de Jesus. Que significa que Jesus seja Rei hoje? Vivemos num mundo carregado de dificuldades, de problemas sociais, políticos, de desigualdades, de pessoas que morrem vítimas da desigualdade, da injustiça e dos interesses econômicos de um pequeno grupo que se autoconsidera possuidor e senhor do mundo. Como é possível ver e ainda celebrar esta realeza neste momento histórico? Verdadeiramente, Jesus é o Rei?
O Evangelho de Lucas convida-nos a dirigir nossa mirada a Jesus Crucificado. Há vários grupos de pessoas que aparecem diante de Jesus Crucificado.
O texto começa dizendo que “o povo permanecia aí, olhando”. Quem são as pessoas que fazem parte deste povo? Pensemos no grupo que vem caminhando junto dele, sejam os doentes, aqueles que o procuram para conhecer melhor sua mensagem, seu seguidores, discípulos e discípulas, os pobres, necessitados, as pessoas que vivem em Jerusalém e estão aí porque escutaram falar dele e desejam conhece-lo, vê-lo... Lucas fala do povo em geral, incluindo os diferentes interesses e ou necessidades de cada uma das pessoas que estão aí olhando para Jesus Crucificado. O que veem? Seu olhar dirige-se a uma pessoa condenada, possivelmente nem sabem porque, com uma coroa de espinhos na cabeça, com feridas no corpo e junto dele, algum homem e duas ou três mulheres que sofrem sua condenação.
No olhar deste "povo", podemos imaginar diferentes tipos de sentimentos. Qual é o sentir desse povo? Possivelmente, está consternado, triste e abrumado mirando Jesus na cruz. Não compreende o que está acontecendo, sofre a condena do seu Mestre, daquele que o curou das feridas da alma e do corpo. Jesus lhe ensinou a amar com um amor sincero, a não desprezar ninguém. Mas ele está aí, na cruz, sem fazer nada!!!
Continua nomeando outro grupo: "Os chefes" que "zombavam de Jesus". Os mandantes, os que se consideram os principais, os que estavam molestos pela pregação de Jesus, porque os questionava, zombam de Jesus: “A outros ele salvou. Que salve a si mesmo se é de fato o Messias de Deus, o Escolhido!”. Eles mandaram condená-lo por ter se proclamado o Messias, o Salvador, e desfrutam da sua vitória. Agora Jesus está na cruz, condenado pelas autoridades, vai morrer como um usurpador de um poder e um envio de Deus que eles nunca souberam ver nem reconhecer. Dirigem-se a Jesus, nomeando-o ironicamente como salvador, zombando de seus milagres e das curas que as pessoas receberam pela fé e confiança em Jesus: daqueles que foram salvos! Para este grupo dos "chefes", a morte de Jesus dessa forma é um desprestigio e uma evidência da sua falsidade diante de povo. Os mandantes gozam do possível descrédito e da vergonha das pessoas que o seguiram durante sua vida: "Ele", seu Mestre, não pode nem salvar-se a sim mesmo!!
O terceiro grupo, "os soldados também caçoavam dele". "Aproximavam-se, ofereciam-lhe vinagre". Os soldados são os representantes dos romanos, eles obedecem o que lhes é solicitado: neste momento, crucificar três condenados que são considerados perigosos para o povo. No seu evangelho, Lucas deixa claro a injustiça cometida contra Jesus: nem Pilatos nem Herodes veem nele uma causa importante para morrer, mas diante da pressão dos judeus, Pilatos manda crucificá-lo. Os soldados levam a cabo esta crucificação. Eles zombam das pretensões de Jesus e do cartel que Pilatos tinha colocado acima dele: “Este é o Rei dos judeus”. Consideram uma ironia estas palavras e por isso as usam como desprezo e burla de Jesus Crucificado.
Junto com Jesus há dois "criminosos crucificados" que têm duas reações totalmente diferentes. Um deles, "o insultava, dizendo: “Não és tu o Messias? Salva a ti mesmo e a nós também!”. Deseja ser liberado da dor e da morte próxima. Mas o outro condenado tem uma atitude totalmente contrária. Num primeiro momento, censura as palavras do crucificado, dizendo: “Nem você teme a Deus, sofrendo a mesma condenação? Para nós, é justo, porque estamos recebendo o que merecemos; mas ele não fez nada de mal”.
Escutemos suas palavras com atenção. Sofre uma condenação que ele considera merecida, mas eleva seu olhar temeroso a Deus. Ele sabe que fez mal, porém não fica no seu erro e procura sua própria salvação. Ele mira Jesus e percebe a injustiça de sua condenação. Possivelmente, as atitudes de Jesus, sua confiança no Pai, seu olhar compassivo, levam-no a perceber quem é Jesus! Jesus não fez nada de mal! Ele vê na pessoa de Jesus a injustiça e as atrocidades cometidas pelos que se consideram donos do poder, sejam religiosos ou políticos. Dessa realidade, ele dirige a Jesus um pedido: “Jesus, lembra-te de mim, quando vieres em teu Reino”. Possivelmente, sente-se atraído por Jesus e acolhe sua mensagem, suas palavras e, fundamentalmente, sua atitude diante do Pai: confia nele!
Diante de tantas situações de injustiça e dominação que acontecem ao nosso redor, como reagimos? Continuamente recebemos informações de situações de injustiça, de dominação dos que alardeiam de seu poder e se vangloriam de aparentes logros. Podemos ser atores passivos que simplesmente deixam transcorrer os acontecimentos ou ser profetas, sendo responsáveis pela vida e a justiça dos nossos irmãos e irmãs. Como consideramos que devemos reagir neste momento de sofrimentos injustos e de tantos povos oprimidos? Como reagimos? Como reagimos enquanto povo? Olhando sem saber muito o que fazer, mas deixando que "as coisas" passem?
Ou somos como o grupo dos chefes que consideramos que os crucificados do mundo são responsáveis pelo sua dor e sofrimento? Achamos que isso lhes é merecido e eles devem "salvar-se a si mesmos", procurar seu próprio caminho de vida e liberdade? Dirigimo-nos a eles com sarcasmo e até com ironia, pensando que seu sofrimento é justo por causa da sua vida? Responsabilizaremos-os e culparemos-os?
Somos como os soldados que riem da dor e do sofrimento dos pobres, dos marginalizados, dos crucificados da história pelas suas crenças, atitudes, pela sua luta na defesa dos interesses dos excluídos pelos sistemas econômicos e políticos que nos rodeiam?
Junto com os que sofrem diferentes tipos de doença, podemos ter duas atitudes. Manter certa distância deles e dirigir-nos simplesmente procurando nosso próprio bem-estar ou deixar que sua dor chegue ao nosso coração e à nossa vida. Dialogamos com eles desde a experiência da vida e na procura de construir um mundo mais humano e justo.
Como disse o Papa Francisco, “ainda que infelizmente, com frequência, é notícia o mal, o ódio, a divisão, há um oceano de bem escondido, que cresce e nos faz esperar no diálogo, no conhecimento mútuo, na possibilidade de construir, junto com os crentes de outras religiões e todos os homens e mulheres de boa vontade, um mundo de fraternidade e de paz”. Texto completo: “O diálogo nos permitirá construir um mundo de fraternidade e de paz”, afirma o papa Francisco.
A vida de Jesus se caracterizou pelo serviço, pelo amor e a entrega aos mais pobres e necessitados. Não há nele nenhuma intensão de dominar; pelo contrario, ele escolhe o caminho que nos revela um Deus compassivo e misericordioso, que ouve o clamor de seus filhos/as ao ponto dele mesmo assumir em sua carne esse grito para assim abraçá-los/as em seu amor misericordioso: “Pai, perdoa-lhes. Eles não sabem o que estão fazendo!” (Lc 23, 34).
Neste dia, somos chamados a colocar-nos “no lugar”, junto com nossos/as irmãos/ãs mais necessitados/as, para ali, com eles/as, viver suas lutas e sofrimentos, deixando que a compaixão e a misericórdia iluminem nossa inteligência, motivem nossas relações e conduzam nossos passos para que o “hoje” do reinado de Deus continue acontecendo.
Oração -
Tua alegria insubornável
Concede-nos, Senhor
tua alegria insubornável.
A diversão tem preço e propaganda
e seus mercadores são peritos.
Aluga-se a evasão fugaz
com suas rotas exóticas e vãs
bebe-se o gozo com cartões de crédito
e se espreme como um copo descartável
mas tua alegria não tem preço,
nem podemos seduzi-la.
É um dom para ser acolhido e oferecido.
Concede-nos, Senhor, tua alegria surpreendente
mais unida ao perdão recebido
que à perfeição farisaica das leis.
Encontrada na perseguição pelo reino,
mais que no aplauso dos chefes.
Cresce na partilha do que é meu com os outros
e morre ao acumular o dos outros como meu.
Aprofunda-se ao servir aos escravos da história,
mais que ao ser servidos como mestres e senhores.
Multiplica-se ao descer com Jesus ao abismo humano
e se dilui ao subir sobre corpos despojados.
Renova-se ao apostar pelo futuro inédito
Esgota-se ao apoderar-se das colheitas do passado.
Tua alegria é humilde e paciente
e caminha de mãos dadas com os pobres.
Benjamin González Buelta
Salmos para sentir e saborear as coisas internamente
A Igreja Católica, hoje, no último domingo do Ano Litúrgico, celebra a festa de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. A festa foi estabelecida na época dos governos totalitários nazistas, fascistas e comunistas, nos anos antes da Segunda Guerra, para enfatizar que o único poder absoluto é de Deus. Nos dias de hoje, em que milhões padecem as consequências de um novo tipo de totalitarismo disfarçado, o do poder econômico inescrupuloso, torna-se atual a inspiração original da festa – que Deus é o único Absoluto.
Em um mundo que não ateu, mas idolátrico, pois presta culto ao lucro, a festa de hoje nos desafia para que revejamos as nossas atitudes e ações concretas – para descobrir o que é para nós, na verdade, o valor absoluto das nossas vidas.
Os sumos sacerdotes eram, no tempo de Jesus, todos nomeados pelos romanos, dentro do partido dos saduceus, o partido da elite jerosalemita, donos de terras e do comércio, e chefes do Templo. O Templo funcionava como “Banco Central”, centro de arrecadação de impostos e lugar de câmbio monetário, uma vez que não se aceitava nele a moeda corrente. Jesus, portanto, foi assassinado pelo poder político, econômico e religioso, todos coniventes com o poder imperialista, representado por Pilatos. Pois o Reino de Deus se opõe frontalmente a qualquer reino opressor, como era o de Roma.
A realidade vivida por Jesus continua hoje.
O seguimento de Jesus, na construção de um Reino de justiça e paz, do shalôm de Deus, necessariamente vai entrar em conflito com os reinos que dependem da exploração e da injustiça. Normalmente, esses poderes primeiramente tentarão cooptar a igreja, para que, em lugar de ser voz profética diante das injustiças, torne-se porta-voz dos valores desses reinos. E não faltarão incentivos monetários e outros, para que as igrejas caiam nesta cilada. Por isso, como nos advertiram os textos nos últimos domingos, é necessário que fiquemos sempre vigilantes para verificarmos se a nossa vida prática está mais de acordo com o Reino de Deus ou com o reino de Pilatos.
Jesus provoca a grande crise da história. Diante da verdade, que é Ele, todos têm que se posicionar. Ele, como todo profeta, não causa a divisão, mas desmascara a divisão que existe dentro da sociedade, a divisão entre o bem e o mal, entre um projeto da morte e um projeto da vida, uma divisão que permeia todos os elementos da sociedade. Diante dele, não há lugar para meio-termo - todos têm que optar. Por isso, a festa de hoje, longe de ser algo triunfalista, nos desafia para que façamos um exame de consciência – tanto individual como eclesial e comunitário - para verificar se o nosso Rei é realmente Jesus, ou se, mesmo de uma maneira disfarçada, continua sendo Pilatos!
Fonte: CEBI Nacional
No debate sobre secularização e cristianismo, a categoria de Reino de Deus é fundamental para entrarmos no núcleo da questão. Além do estilo de Jesus que refaz a imagem de Deus a partir de uma transcendência que caminha dentro da história (encarnação), tudo o que Ele disse e fez foi para preparar uma vida nova, diferente daquela pregada pela religião de sua época. Tudo isso é compendiado na ideia de Reino de Deus. Quem colabora com esta reflexão é o teólogo uruguaio Juan Luis Segundo em seu livro Ese Reino – desgrabación de 6 charlas sobre el Reino de Dios. Pessoalmente, busco identificar a ideia de Reino com aquela de secularização, que para mim se cruzam de tal modo a serem vistas como irmãs gêmeas.
A coisa mais importante em todo o ministério secularizado de Jesus foi: “Cumpriu-se o tempo e está chegando o Reino de Deus; arrependei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15). Por que se encontra no início do Evangelho esta notícia? A questão se esclarece só quando compararmos o modo de ser de Jesus com aquele de João Batista. Para este último, o Reino é algo já pronto, enquanto para Jesus se trata de um projeto que se deve preparar. João entende o Reino como um anúncio, Jesus como uma boa notícia. Para João, o Reino é iminente, por isso está próximo o juízo de Deus: “O machado já está posto à raiz das árvores, e toda árvore que não der bom fruto será cortada e jogada ao fogo”. (Lc 3,9). Ele vai chegar para julgar e só aqueles que fazem penitência serão livres do juízo terrível de Deus. Jesus, ao contrário, sonha o Reino como libertação total do homem e isso se faz só a longo prazo, necessita ser construído nas relações pessoais. Trata-se de uma dinâmica paciente por meio da qual não podemos estabelecer um tempo definitivo. Tudo depende do coração do homem e da sua abertura para acolher a boa notícia. Por isso, o Reino para Jesus é um projeto secularizado, visto que vai acontecendo dentro das coisas concretas da vida e acompanha o processo de maturidade da liberdade humana.
Enquanto João Batista está fortemente ligado a ideia de juízo, como aquele dia tremendo, Jesus se põe fora desta tradição religiosa, pois vai além dos preceitos religiosos que coagem e sufocam a liberdade humana. Jesus caminha na esteira do tempo, do cotidiano. Para Ele, a libertação de Deus acontece de modo lento, não pode gerar medo. Deve restabelecer toda a dignidade da pessoa. A propósito, este vocabulário que surge da prática de Jesus (vida, verdade, libertação, mansidão, cura etc.) não serão as grandes linhas mestras das revoluções modernas e atuais que sonham e lutam pela paz na sociedade? Não são estes ideais que constituem a energia erótica de tantos movimentos populares que resistem pacificamente contra as políticas desumanas que insistem em retomar as formas totalitárias de governar? Eis porque o Reino será sempre a ação mais autêntica de construir relações verdadeiras e sólidas em todos os tempos. É realmente um projeto a ser construído!
Como João Batista concebe o Reino em perspectiva de anúncio (linguagem típica da religião de normas e preceitos), o estilo de vida que nasce daqui é aquele isolado e rígido. Ele vive no deserto e se alimenta de mel silvestre. Trata-se de uma penitência onde não tem espaço a alegria. Essa forma de penitência funda-se a partir de uma imagem de Deus como juiz castigador, o qual recompensará apenas aqueles que se penitenciam. No entanto, como Jesus concebe o Reino em perspectiva de projeto, seu estilo de vida é vivaz e alegre. Ele é sociável, senta-se à mesa, come e bebe. Este estilo secularizado não se esconde no deserto e não julga o mundo como não ortodoxo, pelo contrário, vive a integridade do amor dentro das relações, como pessoas que estão sempre em busca, construindo a libertação, mas sem refugiar-se em formas de vida obsoletas e autoritárias.
Há ainda uma outra característica que emerge do argumento do Reino de Deus em perspectiva de secularização: trata-se do desmascaramento da ideologia. E qual é essa ideologia? Mais uma vez esta nasce do excesso de religião separada da história. A ideologia que Jesus teve que combater foi aquela que diz que os pobres são o que são pelo fato de serem pecadores, ou seja, a condição de ser pobre é ligada a condição de ser pecador. Por isso, os pobres não merecem participar da vida do templo, sustenta a ideologia da religião vigente, são etiquetados como malvistos e suspeitos, indignos de confiança. Devem ainda aceitar a maldição da lepra, conviver com a ideia de serem malditos e não amados por Deus. É neste cenário que Jesus revela o conteúdo do Reino, como desmascaramento da ideologia: As Bem-aventuranças. Aqui, Ele oferece a boa notícia do seu projeto: os pobres são felizes, porque deles é o Reino; os que choram terão as lágrimas enxugadas; todos os que carregam o fardo pesado, criado pela ideologia que associa o pobre com o pecado, Deus terá preferência por eles.
Esta libertação que Jesus realiza leva os pobres a descobrirem a primeira graça que reside no poder da conscientização, a qual não aceita a ideologia da religião que separa puros e impuros. Um dos pilares que inauguraram a secularização na modernidade foi a conquista da autonomia humana, ou seja, o homem descobre que pode pensar por si mesmo, que não necessita viver sob o jugo da falsa religião que escraviza. E é incrível como Jesus, quando falava do Reino, já havia proposto tudo isso!
Pe. Ademir Guedes Azevedo, cp
Montevidéu, 20 de novembro de 2019.
Popularmente falando, costumam dizer que o líder já “nasce pronto”. Talvez seja até verdade, mas ele pode ser preparado, principalmente diante da existência de disciplinas bem definidas na formação de lideranças. Suas virtudes devem ser para os outros, que o têm como líder, a serviço do bem das pessoas.
A capacidade de liderar é um dom necessário para construir a vida comunitária.
O grande líder da humanidade foi Jesus Cristo. Na linha do reinado praticado pelos reis do Antigo Testamento, Ele exerceu uma liderança focada no encontro com as pessoas mais fragilizadas de seu tempo. Já nasceu identificado como rei de todos os tempos, para unificar aqueles que não conseguem viver o espírito de fraternidade tão necessário para a realização humana.
No final do Ano Litúrgico, na Celebração da Festa de Cristo Rei do Universo, a Igreja retoma o tema do reinado, mostrando que Jesus nasce como Rei e chega à plenitude da vida humana com o mesmo predicado. Ele construiu uma história muito afinada com a prática da verdade e da justiça. Isto parece não ser comum entre as lideranças que governam dentro do clima dos últimos tempos.
Jesus era um líder que incomodava muita gente, porque Ele não admitia atitudes injustas na convivência e na administração comunitária. Criticava os exploradores do povo, como aconteceu na cena relacionada aos vendilhões no Templo de Jerusalém (cf. Jo 2,14- 15). Mostrava que o exercício da verdade constitui expressão de grandeza para as pessoas, e de liberdade interior.
O verdadeiro sentido da palavra rei é daquele que entrega sua vida para construir o bem dos outros e não faz prevalecer os seus próprios interesses. Ele pensa mais no coletivo do que em si mesmo. É uma realeza que não segue o modelo dos grandes impérios do passado, que tinham como prática explorar e massacrar a vida do povo mais simples e incapaz de reagir para se defender.
O Sacramento do Batismo introduz as pessoas no reinado de Jesus Cristo, concebido como princípio unificador de toda a humanidade e também como centro de onde emana a vida e a dignidade de todos os seus seguidores. O alvo principal do reinado de Jesus era a fidelidade na realização do projeto de Deus-Pai, projeto esse de comunhão e de reconciliação para a vida em fraternidade.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba.
Introdução
Ao longo do ano litúrgico, fizemos a experiência com Jesus que veio “para servir e não para ser servido”. Hoje, celebramos a sua elevação à condição de rei. Todos os espectadores da crucificação esperam que Jesus se livre da cruz, pois é isso que faria qualquer um dos poderosos desse mundo. A prova da realeza ou do poder de Jesus seria o fato de safar-se da cruz. Mas o reino do qual Jesus é rei não é deste mundo, isso significa que a autoridade dele não vem da terra. É um reino diferente, não estabelecido pelas forças das armas, mas com outro tipo de poder, a saber, a doação da própria vida na cruz para nos libertar do pecado e da morte. Nós já participamos do reinado de Jesus Cristo. E enquanto esperamos sua plenitude no fim dos tempos, devemos nos comprometer com seus valores, vivendo o “já” e o “ainda não” desse reino que irrompeu na história.
Lembra-te de mim no teu reino
O trecho do evangelho deste domingo nos mostra Jesus sendo crucificado entre dois malfeitores. Lucas o apresenta com traços típicos de um mártir que, com sua fidelidade e força de oração, obtém a salvação para seus perseguidores.
No Evangelho de Lucas, os que se encontravam com Jesus eram compelidos a fazer uma escolha: aderir ou rejeitar Jesus. Na hora de sua morte, ponto crucial do evangelho, o leitor é convidado a fazer sua escolha. Também aparecem aqui duas mentalidades que perpassaram todo o evangelho, duas maneiras de compreender o messianismo de Jesus. Entender a missão de Jesus é essencial para poder aderir ao seu projeto salvífico. São dois ladrões que representam duas compreensões messiânicas.
O primeiro ladrão representa aqueles que concebem um messias dotado de poderes prodigiosos, que deveria descer da cruz e libertá-los consigo. Assim, seria mais espetacular seu triunfo.
O outro ladrão é o oposto, pois reconhece em Jesus o enviado de Deus, um justo que não merecia estar ali. Este pede que Jesus se recorde dele quando estabelecer seu reino no momento “escatológico” (fim dos tempos).
A resposta de Jesus, suas últimas palavras, acentua o “hoje” de Deus: “Hoje estarás comigo no paraíso”. Quem acolhe Jesus participa de forma definitiva da vida em Deus, não em um futuro distante, mas no hoje. Ou seja, o futuro escatológico da salvação plena já está presente. O paraíso não é um lugar, mas participação na felicidade com Cristo (cf. Fl 1,23). Lucas prefere não identificar o reino geograficamente, pois este se faz “dentro” de cada um (17,21). O reino começa a acontecer na vida daquele que acolhe Jesus e se deixa conduzir por ele. Estar com Jesus não significa simplesmente estar em sua companhia, mas participar de sua realeza.
Na cruz, Cristo aparece dispondo, ele mesmo, da sorte eterna de um homem. E isto é poder de Deus. Em Jesus se manifesta todo o amor de Deus, que desce ao nível mais baixo para elevar a si a criatura humana. Esse é o poder do amor.
SOLEMNIDAD DE CRISTO REY - CICLO "C"
1ra. Lectura (2Sam 5,1-3):
El relato que abarca desde 1 Sam 16 hasta 1 Re 2 está dominado por la figura de David. Si bien aparecen personajes importantes como Samuel, Saúl y Absalón; es David, el pastor convertido en rey, quien acapara la atención por completo.
La ciencia bíblica contemporánea acostumbra distinguir en estos capítulos dos grandes secciones: la Historia de la subida de David al trono (1 Sam 16 - 2 Sam 7) y la Historia de la sucesión de David (2 Sam 9-20; Re 1-2). El texto que leemos hoy forma parte de la primera.
El mensaje teológico de la Historia de la subida de David al trono es que si David llegó a ser rey no fue conspirando contra Saúl sino porque Dios lo había elegido para ello y siempre estaba con él. La última prueba de que David no conspiró contra la casa de Saúl es que no pretendió convertirse en rey de Israel. Fueron los israelitas quienes vinieron a hacerle la propuesta (2 Sam 5,1-5) luego de la cual David, quien llevaba ya 7 años reinando sobre Judá en Hebrón, pasa a convertirse en rey de Judá e Israel eligiendo como capital a Jerusalén. David, con su reinado, logra la unidad de las doce tribus de Israel y por eso su figura será muy grande, al punto de originar la esperanza en un futuro Mesías Rey, descendiente de David.
2a. Lectura (Col 1,12-20):
En este texto debemos distinguir dos grandes secciones. La primera (1,12-14) forma parte de la acción de gracias inicial de la carta, propia del estilo paulino de escribir. Pablo da gracias al Padre por su obra, pues al considerarnos hijos nos ha hecho partícipes de su herencia: el reino de su Hijo muy querido, en quien tenemos la redención y el perdón de los pecados.
La segunda sección (Col 1,15-20), considerada un himno pre-paulino, está inserta en la carta después de la ‘acción de gracias’ inicial que termina con la expresión ‘su hijo muy querido’, que a través del pronombre relativo de 15a será el sujeto de todo el himno.
Desde el punto de vista literario podemos afirmar que este himno se estructura en dos partes (vv. 15-18a y 18b-20), comenzando cada una con el pronombre relativo (‘El cual...’). A su vez la articulación interna de las estrofas está en paralelo, pues ambas tienen dos títulos cristológicos a los que sigue una motivación que introduce el respectivo tema. En la primera parte, los títulos aplicados a Jesús son ‘imagen de Dios’ y ‘primogénito de la creación’ (15); a lo que sigue una explicación (porque) del tema de la creación (v.16 donde el verbo crear recorre dos veces). Esta primera estrofa se cierra con una afirmación que retoma y sintetiza el primado de Cristo sobre toda la creación (v. 17-18a). La segunda parte se inicia con los títulos de ‘principio’ y ‘primogénito de entre los muertos’ (18b); a lo que sigue la motivación (porque) que introduce el nuevo tema (19-20), que es el rol mediador de Cristo en la obra de reconciliación y pacificación (en el v. 20 tenemos tres por medio de...).
De modo sintético podemos decir que el mayor aporte teológico de Col 1,15-20 es su mensaje cristológico al poner de relieve el primado universal de Cristo en el ámbito de la creación y de la redención.
En cuanto ‘imagen de Dios y primogénito de toda la creación’ Cristo tiene un papel mediador en la obra creadora que abarca toda la realidad y que fundamenta su Señorío único e universal, excluyendo cualquier competencia por parte de las potencias espirituales.
Este primado de Cristo en la creación prepara, a su vez, su primacía en la redención. También aquí su mediación es única y universal; la cual deriva de una decisión de Dios quien lo constituye reconciliador y pacificador de todas las cosas. Por esto el conjunto o ‘plenitud’ de los bienes salvíficos tienen su fuente permanente y completa en Jesucristo, primogénito de todos aquellos que son llamados a participar de su victoria sobre la muerte.
Es interesante notar también la compenetración entre la creación y la redención. En esto también se es fiel a la tradición bíblica para la cual la creación es el primer acto de salvación o liberación.
Evangelio (Lc 23,35-43):
El evangelista Lucas nos pinta un dinámico y contrastante cuadro de la crucifixión con las acciones de los distintos personajes presentes:
· En el centro tenemos a Jesús crucificado con una inscripción sobre su cabeza: "Este es el rey de los judíos".
· El pueblo permanece pasivo, sólo mira.
· Las autoridades judías lo ridiculizan desafiándolo: "Ha salvado a otros: ¡que se salve a sí mismo, si es el Mesías de Dios, el Elegido!".
· Los soldados romanos se mofan y también lo desafían: "Si eres el rey de los judíos, ¡sálvate a ti mismo!".
· Un ladrón crucificado a su lado blasfema y también lo provoca: "¿No eres tú el Mesías? Sálvate a ti mismo y a nosotros".
· Hay otro ladrón a su lado quien defiende a Jesús declarándolo inocente y suplicándole que se acuerde de él cuando llegue a su Reino. Con estas palabras está confesando a Jesús como Rey de un reino futuro y glorioso; y con poder de salvar.
· Por fin Jesús rompe su silencio para decirle al "buen ladrón": "Yo te aseguro que hoy estarás conmigo en el Paraíso".
En la narración, en dos ocasiones se aplica a Jesús el título de “rey de los judíos” y una vez se habla de su “reino”. Se considera a Jesús Rey cuando está crucificado. Y por tres veces se le pide a Jesús que "se salve a sí mismo", que demuestre que es rey, que tiene verdadero poder, y que lo ejerza salvándose a sí mismo de esta muerte ignominiosa. Y Jesús calla. En cierto modo con esta petición de “salvarse a sí mismo” se repiten las tentaciones de Satanás en el desierto que tenían en común el intento de apartar a Jesús del camino señalado por su Padre, del camino de la cruz. En el fondo invitaban a Jesús a buscarse a sí mismo. Sin embargo, “en las tres tentaciones, Jesús no quiere nada para sí mismo; por eso no pone a Dios a prueba” (F. Bovon). Aquí también se pide a Jesús que evite la muerte en la cruz, que se salve a sí mismo. En ambos casos Jesús mantiene su fidelidad al plan del Padre, hasta el extremo…
El diálogo de Jesús con el buen ladrón nos muestra, por el contrario, la disposición de Jesús de salvar a quien cree y confía en Él. Es importante el acto de fe del "buen ladrón" pues tiene ante sus ojos la misma realidad que los demás: un hombre crucificado. Sin embargo, declara su inocencia y lo reconoce como Rey con poder de hacerlo entrar en su Reino.
Hay una cierta paradoja en todo el relato porque Jesús puede salvarse a sí mismo, pero no lo hace. Acepta la cruz porque de este modo puede salvar a otros para siempre. Pierde su vida terrenal y gana para todos los hombres la vida eterna, abre finalmente las puertas del paraíso. Y de este modo es Rey, pues para Jesús reinar es servir.
ALGUNAS REFLEXIONES:
La primera lectura tiene el propósito de introducir el tema del rey desde el punto de vista humano y político. Israel, queriendo asimilarse a los demás pueblos, pide un rey que lo gobierne. Finalmente, David llega al trono y unifica las tribus dando lugar a un reino temporal.
David fue un rey humano, con grandezas y miserias; con victorias y derrotas; con gloria y humillaciones; con estabilidad y con exilio. Pero por sobre todo esto, siendo rey tuvo poder, dignidad, respeto, dominio, soberanía. Tanto para la revelación en el Antiguo Testamento como para el pensamiento humano, el ser rey viene asociado al tener poder, dominio, gobierno, control. Esto hay que aceptarlo y valorarlo en su justa medida. Pero si nos quedamos sólo con esto, nunca entenderemos a Jesús ni su misión. Basta remitirse al evangelio de hoy: la inscripción dice que es rey de los judíos, pero está crucificado; se considera rey a alguien clavado en una cruz que apenas puede moverse; condenado como malhechor y que no puede siquiera salvarse a sí mismo. Estamos en las antípodas de lo que los hombres entendemos por realeza: no tiene poder ni dignidad ni soberanía alguna.
Y sin embargo los creyentes proclamamos a Jesús como Señor y Rey del Universo. Para esto hay que aceptar, en primer lugar, que su reino no es de este mundo, no es mundano. En segundo lugar, que la historia no termina con la crucifixión, sino con la resurrección. Tuvo que pasar por todo lo que implica el camino de la cruz para reinar definitivamente. Demostró tener poder sobre el enemigo invencible: la muerte; y su aliado, el pecado. Todos los reyes de este mundo no pudieron con la muerte. Sólo Jesús tiene ese poder. Y lo utiliza en favor de los demás, como hizo con el buen ladrón. Toda la dignidad y soberanía de los reyes humanos terminó son su muerte. Nada se llevaron, sólo sus huesos quedaron. Jesús es el único Rey Eterno, que vive para siempre.
Jesús demuestra su poder sobre el pecado con su misericordia, comunicando el perdón de Dios. Jesús demuestra su poder sobre la muerte comunicando la vida eterna. Ahora bien, como señala A. Vanhoye[1]: "Con todo, este reino no se manifiesta de una manera vistosa, sino misteriosa. El poder de Cristo es un poder real, pero un poder que no se ejerce con la violencia, con la fuerza exterior, sino con un influjo profundo sobre los corazones y, a través de ellos, sobre toda la historia".
Al respecto decía el Papa Francisco en su homilía del 29 de noviembre de 2016: “la grandeza de su reino no es el poder según el mundo, sino el amor de Dios, un amor capaz de alcanzar y restaurar todas las cosas. Por este amor, Cristo se abajó hasta nosotros, vivió nuestra miseria humana, probó nuestra condición más ínfima: la injusticia, la traición, el abandono; experimentó la muerte, el sepulcro, los infiernos. De esta forma nuestro Rey fue incluso hasta los confines del Universo para abrazar y salvar a todo viviente. No nos ha condenado, ni siquiera conquistado, nunca ha violado nuestra libertad, sino que se ha abierto paso por medio del amor humilde que «todo lo excusa, todo lo espera, todo lo soporta» (cf. 1 Co 13,7). Sólo este amor ha vencido y sigue venciendo a nuestros grandes adversarios: el pecado, la muerte y el miedo. Hoy queridos hermanos y hermanas, proclamamos está singular victoria, con la que Jesús se ha hecho el Rey de los siglos, el Señor de la historia: con la sola omnipotencia del amor, que es la naturaleza de Dios, su misma vida, y que no pasará nunca (cf. 1 Co 13,8). Compartimos con alegría la belleza de tener a Jesús como nuestro rey; su señorío de amor transforma el pecado en gracia, la muerte en resurrección, el miedo en confianza. Pero sería poco creer que Jesús es Rey del universo y centro de la historia, sin que se convierta en el Señor de nuestra vida: todo es vano si no lo acogemos personalmente y si no lo acogemos incluso en su modo de reinar”.
Es bueno detenerse un poco en la escena y en el diálogo de Jesús con el “buen ladrón”. Notemos en primer lugar que éste no le pidió a Jesús que lo baje de la cruz, sino que, por su misericordia, lo haga subir hasta su Reino eterno.
Al respecto es interesante el comentario de san Agustín que nos reporta M.-D. Molinié[2]: “El acto de fe del buen ladrón hace caer a San Agustín en la admiración y el estupor. Y le pregunta: «¿Cómo has hecho para reconocer la divinidad del Mesías en el momento en que los enemigos de Cristo triunfaban ruidosamente, y los apóstoles mismos se habían vuelto incapaces de reconocerlo a través de su rostro agonizante? Sin embargo unos y otros habían estudiado la Escritura, pero no veían que la Escritura se estaba cumpliendo… ¿Cómo has hecho tú para comprenderle? ¿Te habías dedicado, entre dos actos de bandidaje, a estudiar estos libros que los especialistas no habían sabido leer?» Y pone en boca del buen ladrón esta respuesta admirable: «No, yo no había escrutado las Escrituras, no había meditado las profecías. Pero Jesús me miró… y en su mirada lo comprendí todo»”.
Y también es interesante el comentario de J. Ratzinger: “Así, en la historia de la espiritualidad cristiana, el buen ladrón se ha convertido en la imagen de la esperanza, en la certeza consoladora de que la misericordia de Dios puede llegarnos también en el último instante; la certeza de que, después de una vida equivocada, la plegaria que invoca su bondad no es vana. «Tú escuchaste al ladrón, también a mí me diste esperanza», reza, por ejemplo el Dies irae”[3].
Y este es el modo de reinar de Jesús: amando, perdonando y, por ello, en cristiano, reinar no es servirse de los hombres, recibir honores de ellos o dominarlos, sino entregarse, dar la vida por ellos, amarlos. En este sentido “la cruz es su trono desde el que atrae al mundo hacia sí. Desde este lugar de la extrema entrega de sí, desde este lugar de un amor verdaderamente divino, Él domina como el verdadero rey, domina a su modo; de una manera que ni Pilato ni los miembros del Sanedrín había podido entender”[4].
Sólo esta contemplación de Cristo Rey-crucificado puede movilizarnos para hacer nosotros lo mismo. Los cristianos, por el bautismo, participamos de la realeza de Cristo, para que con Él y como Él nos entreguemos por los demás. Y con nuestra entrega les mostremos el camino del Paraíso que por Jesús ha sido abierto para todos los hombres de buena voluntad.
Este domingo culmina el ciclo "C" donde hemos seguido al evangelio según San Lucas. El texto de hoy nos brinda una significativa conclusión del mismo pues nos revela el sentido último del viaje de Jesús a Jerusalén con sus discípulos. El fin es el Reino, pero el Reino de la vida eterna que hoy viene equiparado al paraíso. Y hasta aquí pueden llegar también los pecadores, como el "buen ladrón" de hoy, siempre que se arrepientan y confiesen que Jesús tiene el poder de salvarlos. Jesús no vino a este mundo ni llegó hasta la pasión para salvarse a sí mismo, sino a nosotros. En la cruz y por la cruz nos salva.
PARA LA ORACIÓN (RESONANCIAS DEL EVANGELIO EN UNA ORANTE):
Acuérdate de mí, Señor
Cuando me sienta solo frente a la burla de los demás,
¡Acuérdate de mí!
Cuando la traición y la hipocresía me rodeen,
¡Acuérdate de mí!
Cuando me insulten y reprochen mis límites y debilidades,
¡Acuérdate de mí!
Pero, sobre todo, Señor, cuando me olvide de la dignidad recibida,
Reniegue de mi filiación divina,
¡Acuérdate de mí!
Porque en esa pobreza quisiera ser el ladrón
Qué te robó el corazón con su penitencia,
Te creyó Rey y pudo ver más allá de la apariencia
Esperó en tu misericordia y recibió la recompensa…
Porque la justicia es para mí
Tu decisión de hacerme vivir. ¡Acuérdate de mí!
Verdadero Rey, descubre ante mí
La humanidad y su tesoro oculto, por el que quisiste morir.
Amén.
ORACIÓN A CRISTO REY
Jesucristo, Dios y hombre verdadero, te adoro Rey de amor en la Eucaristía y te pido me concedas cada día más vivos sentimientos de fe, de esperanza y de caridad, para corresponder al beneficio de haberte quedado con nosotros.
Quiero adorarte como Rey de la naturaleza, uniendo mi voz al himno que te cantan la luz de los astros, la voz de los mares, la alegría de todos los seres que tu mano paternal sustenta.
Quiero adorarte como Rey de la gracia, por la plenitud que concediste a tu Madre, la Inmaculada Virgen María.
Te adoro también como Rey de la gloria y te pido que todos vivamos en unidad de alma y corazón, para que te cantemos en el cielo. Amén.
(Publicada en el Calendario Devocionario Católico 2009, Parroquia Ascensión del Señor de la Arquidiócesis de Cali- Colombia)
[1] Lecturas bíblicas de los domingos y fiestas. Ciclo C (Mensajero; Bilbao 2009) 333.
[2] M-D. Molinié, El coraje de tener miedo. Variaciones sobre espiritualidad (San Pablo; Madrid 1997) 16.
[3] J. Ratzinger, Jesús de Nazaret. Desde la entrada en Jerusalén hasta la resurrección, Planeta, 2011, 248-249.
[4] J. Ratzinger, Idem, 247,