16/11/2025
1ª Leitura: Malaquias 3,19-20a
Salmo Responsorial 97(98)-R-O Senhor virá julgar a terra inteira; com justiça julgará.
2ª Leitura: 2 Tessalonicenses 3,7-12
Evangelho de Lucas 21,5-19
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 5algumas pessoas comentavam a respeito do templo que era enfeitado com belas pedras e com ofertas votivas. Jesus disse: 6“Vós admirais estas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído”. 7Mas eles perguntaram: “Mestre, quando acontecerá isso? E qual vai ser o sinal de que essas coisas estão para acontecer?” 8Jesus respondeu: “Cuidado para não serdes enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu!’ e ainda: ‘O tempo está próximo’. Não sigais essa gente! 9Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não fiqueis apavorados. É preciso que essas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim”. 10E Jesus continuou: “Um povo se levantará contra outro povo, um país atacará outro país. 11Haverá grandes terremotos, fomes e pestes em muitos lugares; acontecerão coisas pavorosas e grandes sinais serão vistos no céu. 12Antes, porém, que essas coisas aconteçam, sereis presos e perseguidos; sereis entregues às sinagogas e postos na prisão; sereis levados diante de reis e governadores por causa do meu nome. 13Essa será a ocasião em que testemunhareis a vossa fé. 14Fazei o firme propósito de não planejar com antecedência a própria defesa; 15porque eu vos darei palavras tão acertadas, que nenhum dos inimigos vos poderá resistir ou rebater. 16Sereis entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos. E eles matarão alguns de vós. 17Todos vos odiarão por causa do meu nome. 18Mas vós não perdereis um só fio de cabelo da vossa cabeça. 19É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!” – Palavra da salvação.
Lc 21,5-19
Em nenhum momento Jesus prometeu aos discípulos um caminho feito de facilidade, de êxito e de glória. O Evangelho de hoje é um choque para quem pensa que seguir Jesus seja um salvo conduto mágico contra todo tipo de sofrimento e provação. Sereis presos e perseguidos; sereis entregues às sinagogas e postos na prisão; sereis levados diante de reis e governadores por causa de meu nome.
O caminho dos discípulos de Jesus e da sua Igreja está cheio de dificuldades e de lutas. Jesus não alimenta o triunfalismo: se quisermos seguir Jesus, precisamos estar preparados para o combate espiritual. Esse combate consiste em não se deixar enganar por muitos que se apresentam como salvadores e prometem a felicidade fácil: Cuidado para não serdes enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: sou eu! E ainda: O tempo está próximo! Não sigais essa gente!
O combate espiritual consiste também em não se apavorar quando ouvirmos falar de “guerras e revoluções”, quando este mundo em que vivemos e no qual tanto confiamos mostrar os sinais de sua caducidade e fragilidade: “haverá grandes terremotos, fomes e pestes em muitos lugares, acontecerão coisas pavorosas e grandes sinais serão vistos no céu”. Este mundo passa e, no seu interior, já podemos ver os sinais de sua fragilidade! Evidentemente nos preocupamos quando acontecem os cataclismos, mas não devemos nos deixar vencer pelo pavor.
Não somente experimentamos a caducidade do mundo. Experimentamos também o ódio crescente do mundo contra os cristãos. “Todos vos odiarão por causa de meu nome”. Por causa de meu nome... Ser fiel a Jesus, viver como Ele viveu, praticar o que ele ensinou, tem como consequência o ódio de uma sociedade que rejeita sempre mais o Evangelho. Cada vez mais constatamos que ser cristão se torna perigoso!
Por outro lado, Jesus nos assegura que, ao sermos acusados e perseguidos pelo mundo, ele mesmo nos dará “palavras tão acertadas, que nenhum dos inimigos poderá resistir ou rebater”. Além disso, Jesus nos promete que, mesmo odiados por todos e até pela própria família, quem nele se apoia “não perderá um só fio de cabelo”. Quando tudo parece conspirar para destruir a fé dos cristãos, recebemos a garantia do próprio Jesus: “vós não perdereis um só fio de cabelo”. Com a morte e a ressurreição, nada de Jesus se perdeu. Seguindo Jesus no mesmo caminho pascal, nada do cristão está perdido nem será perdido definitivamente. Nenhum fio de cabelo! Nada do cristão, em seu seguimento e testemunho de Jesus, se perderá, pois a Páscoa tudo transfigura e transforma.
São tantas as ameaças e os perigos para quem quer ser cristão! Provações causadas pelas guerras, revoluções e desastres naturais! Oposição e ódio de uma sociedade que perde progressivamente os valores do evangelho e se volta contra os cristãos! Rejeição dos próprios familiares! Tudo isso, por causa da proximidade de Jesus, é ocasião para continuarmos dando testemunho valoroso do Evangelho! É um testemunho corajoso que não se alimenta de nosso heroísmo, mas que se apoia unicamente e humildemente na assistência de Cristo: vós não perdereis um só fio de cabelo.
Como faz bem o realismo do Evangelho de hoje! Como nos faz bem a companhia de Jesus!
Nos Evangelhos se recolhem alguns textos de caráter apocalíptico em que não é fácil diferenciar a mensagem que pode ser atribuída a Jesus e as preocupações das primeiras comunidades cristãs envolvidas em situações trágicas enquanto esperam, com angústia e no meio de perseguições, o final dos tempos.
Segundo o relato de Lucas, os tempos difíceis não devem ser tempos de lamentos e desalento. Não é tampouco a hora da resignação ou da fuga. A ideia de Jesus é outra. Precisamente em tempos de crise, “tereis ocasião de dar testemunho”. É então quando nos é oferecida a melhor oportunidade para dar testemunho da nossa adesão a Jesus e ao Seu projeto.
Levamos muito tempo sofrendo uma crise que golpeia duramente a muitos. O que aconteceu neste tempo permite-nos conhecer já com realismo o dano social e o sofrimento que gera. Não terá chegado o momento de avaliarmos como estamos reagindo?
Talvez, o primeiro seja rever profundamente nossa atitude: Temos nos posicionado de forma responsável, despertando em nós um sentido básico de solidariedade ou estamos vivendo de costas a tudo o que pode perturbar a nossa tranquilidade? Que fazemos a partir dos nossos grupos e comunidades cristãs? Marcamos a nós próprios uma linha de ação generosa ou vivemos celebrando nossa fé à margem do que está acontecendo?
A crise está abrindo uma fratura social injusta entre aqueles que podem viver sem medo do futuro e aqueles que estão sendo excluídos da sociedade e privados de uma saída digna. Não sentimos o chamado para introduzir “cortes” na nossa vida, para viver assim nos próximos anos, de forma mais sóbria e solidária?
Pouco a pouco, vamos conhecendo mais de perto quem vai ficando mais indefeso e sem recursos (famílias sem rendimento algum, desempregados de longa duração, imigrantes doentes...). Será que nos preocupamos em abrir os olhos para ver se podemos nos comprometer em aliviar a situação de alguns? Podemos pensar em alguma iniciativa realista a partir das comunidades cristãs?
Não devemos esquecer que a crise não cria só empobrecimento material. Gera também insegurança, medo, impotência e experiência de fracasso. Desfaz projetos, afunda famílias, destrói a esperança. Não teremos de recuperar a importância da ajuda entre familiares, o apoio entre vizinhos, o acolhimento e acompanhamento a partir da comunidade cristã? Poucas coisas podem ser mais nobres nestes momentos do que o aprender a cuidar-nos mutuamente.
“Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído” (Lc 21,6)
A mudança de mente, de coração, de esperança, de paradigmas... exige de nós que, de tempos em tempos, revisemos nossas vidas, conservando umas coisas, alterando outras, derrubando ideias fixas, convicções absolutas, modos fechados de viver... que impedem a entrada do sol e da brisa da manhã.
São muitas “pedras”, pessoais-sociais-religiosas, que criam muralhas e que precisam ser destruídas: ódio, intolerância, violência... Coração rígido que se visibiliza na petrificação das relações; rompe-se a cultura do encontro para alimentar a cultura da indiferença; trava-se a abertura ao novo para fechar-se no conservadorismo mais agressivo; bloqueia-se toda possibilidade de racionalidade para cair nas atitudes mais arcaicas e medievais...
Há em todo ser humano uma tendência a cercar-se de muros, a encastelar-se, a criar uma rede de proteção, a fechar-se em guetos. Nada mais contrário ao Seguimento de Jesus que a vida instalada e uma existência estabilizada de uma vez para sempre, tendo pontos de referência fixos, definitivos, tranquilizadores...
Numa vida assim faltaria por completo o princípio da criatividade, a capacidade de questionar-se, a audácia de arriscar, a coragem de fazer caminho aberto à aventura.
Se quisermos que a nossa vida cristã tenha a marca da adesão a Jesus, é necessário compreender que somos chamados a um compromisso diferente e mais profundo: sair da reclusão de nosso mundo para entrar na grande “casa” de Deus; romper com o tradicional para acolher a surpresa; deixar a “margem conhecida” para vislumbrar o “outro lado”; desnudar-nos de ilusões egocêntricas; afastar a “pedra” da entrada do coração para poder viver com mais criatividade...
As respostas do passado às questões atuais já não satisfazem; as velhas razões para fazer coisas novas, simplesmente já não movem os corações num mundo repleto de novos desafios.
Não há razão para permanecer nos castelos e templos quando todas as circunstâncias mudaram.
É muito tarde para reconstruir nossas vidas utilizando moldes antigos.
Estamos vivendo um tempo de mudança, mas também tempo emocionante e santo.
Há um poderoso fogo sob as cinzas. Precisamos avivar a chama, acolhendo o momento presente e vivê-lo até suas últimas consequências. “Este é o tempo de graça, o tempo de salvação”.
Vivemos um momento de densidade única; participamos de uma sociedade rica pela diversidade e pelo pluralismo. No entanto, não teremos nada que oferecer a ela se não nos deixarmos “empapar” pela experiência do discipulado. Com a vida cristificada seremos impulsionados a inventar constantemente, a ousar sem medo, a “deslocar-nos” sem cessar, na busca de um “novo começo” ...
A possibilidade de romper com hábitos que nos atrofiam ou com padrões conservadores que travam o fluir de nossas vidas é a marca do Evangelho deste domingo. A primeira atitude é reconhecer que nossa vida está “estreita”, cercada por pedras e muralhas, e que precisamos nos colocar num horizonte diferente.
A lucidez do seguimento nos revela que a utopia de Jesus é possível. N’Ele acontece algo totalmente novo, é Ele que nos revela uma nova maneira de viver que não cabe nos nossos esquemas. O Seguimento é uma novidade que rompe velhos barris. “Vinho novo em odres novos”. Sentimentos novos em um coração ardente; visão nova em olhos ousados; razões inspiradas em uma mente aberta.
Para encontrar Jesus Cristo é preciso “sair”; é inútil permanecer nos “templos” e “bloqueados” nos guetos de fanáticos. É preciso caminhar em direção às “periferias existenciais”, o Grande Templo onde o Vivente se deixa encontrar; vivemos mergulhados na magia do discipulado; esta é a paixão que não nos dá repouso.
Mais uma vez, e evangelho deste domingo nos situa diante de Jesus, homem livre e transparente, que não se deixou “formatar” pelas estruturas sociais e religiosas desumanizadoras de seu tempo. Ele não quis purificar o Templo para reformulá-lo, mas quis destruí-lo para que pudesse surgir um santuário diferente, “não feito por mãos humanas”. As coisas que o ser humano “fabrica” são “ídolos”, algo que pode pôr-se e se põe a serviço do poder e do domínio de uns sobre os outros. Contra isso, o verdadeiro templo deve identificar-se com a humanidade reconciliada, que é o Reino de Deus.
Quem segue Jesus, aos poucos vai descobrindo que permanecem ainda muitos muros por derrubar; é preciso entrelaçar mãos que construam pontes de reconciliação e não de divisão; essas mesmas mãos que, em lugar de empunhar armas, devem pegar em martelos e malhos para derrubar as paredes do ódio e da intolerância.
Não esqueçamos esta dura realidade: também aqueles que constroem muralhas acabam se tornando vítimas de sua sandice; tornam-se prisioneiros das fortalezas que edificam, vítimas do próprio veneno da soberba e da crença de que são “donos” da verdade. Tudo isso é expressão de um coração petrificando.
Na vida, nem sempre é questão de construir. Também, às vezes, é preciso destruir. De fato, a vida e a mensagem de Jesus revelaram uma novidade de tal magnitude que gerou uma radical conflitividade com as estruturas desumanizadoras de seu tempo. Com a presença de Jesus, chega também para nós a “Boa Nova”, não precisamente para pôr remendos no tradicionalismo, moralismo e legalismo, mas para anunciar a possibilidade de uma nova maneira de viver, uma nova atitude que deixa transparecer as “beatitudes originais” e que habitam nosso coração: compaixão, mansidão, paz, busca da justiça, partilha.
Precisamos profetas que vão derrubando nossos muros de ignorância e de resistência à novidade do Espírito e que saibam apresentar respostas criativas aos problemas que a humanidade tanto padece.
Mais cedo ou mais tarde, a vida mesma se encarrega de derrubar muitos desses muros que nos impedem ver a realidade externa com mais claridade. Quando vemos tudo escuro, é sinal de que há algum muro que impede a entrada da luz do discernimento em nossas vidas.
“Constrói pontes em lugar de muralhas, e terás amigos”: pontes de diálogo humanizador, onde o outro possa ser respeitado na sua diversidade, no seu modo de pensar, de ser, de amar; também o outro diferente é possuidor de fragmentos da verdade que podem se integrar aos nossos e, assim, alimentar uma consciência mais plena e expansiva. Que busquemos viver a “cultura do encontro”, confiando no desafio da diversidade que nos enriquece!
É preciso estender pontes de reconciliação que nos permitam ter acesso aos lugares onde ninguém quer estar, para abraçar àqueles que são rejeitados e saborear juntos o mistério da comunhão e da acolhida; pontes que permitam apalpar, na dor solidária e na beleza dos “sacramentos de cada dia”, a presença carinhosa do Deus Pai/Mãe que sempre bendiz a humanidade inteira. No Seu coração a diversidade é aquecida e pacificada.
Para meditar na oração:
Viver o Seguimento de Jesus hoje é deixar expandir tudo o que é vida dentro de nós. É contaminar de Luz as trevas que criamos e que sufocam a alegria plantada em nós desde sempre.
Deixemo-nos iluminar, levemos a Luz nas nossas pobres e frágeis mãos, iluminando os recantos de nosso cotidiano. Destruídos os muros e afastadas as pedras… resta caminhar..
Estamos no penúltimo domingo do Ano Litúrgico. Continuamos com a leitura do Evangelho de Lucas e Jesus segue ensinando e oferecendo as instruções necessárias para todas as pessoas que desejem segui-lo e construir seu Reino na terra. Sua missão é percorrer um caminho que os leva a comprometer-se na transformação deste mundo, especialmente nas realidades de injustiça, desigualdade e opressão, sem desanimar e alentando a esperança do povo.
A perspectiva final desenha-se com nitidez no evangelho de hoje. O texto deste domingo nos introduz na meditação do sentido último da nossa vida, para onde estamos caminhando conduzidos por Deus. Jesus anima uma vez mais a não desesperar com destruições, guerras, e até pregações sobre o fim como se fosse imediato. Pelo contrário, tenta fortalecer a fé e a esperança de cada um e cada uma dos ouvintes para que não desesperem diante disso, mas para que fortaleçam sua esperança. Como consequência dessa esperança, brota a coragem para enfrentar a adversidade e para lutar pela chegada do Reino.
Situando-nos no contexto que foi redigido o Evangelho de Lucas, é preciso lembrar que o texto é escrito para uma comunidade mista constituída por ricos e pobres, judeus e cristãos. É uma comunidade que sofre as perseguições dos romanos, gerando desânimo, desconfiança e possivelmente o ceticismo na própria comunidade. Junto com essa dificuldade, a comunidade está exposta a falsas doutrinas que circulam entre os/as cristãos/ãs. Por isso devem estar preparados para não acreditar nesses tentadores alarmes e confusões que geram faladores, gárrulos ou até falsos messias. “Cuidado para que vocês não sejam enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu!’”.
Nesta situação, Lucas convida a comunidade a olhar o definitivo, no final dos tempos, na vinda definitiva do Senhor. Também exorta a retirar a admiração, a segurança nas coisas que passam, mas que não podem gerar vida e menos ainda vida eterna: “Então Jesus disse: Vocês estão admirando essas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído”.
É um convite à comunidade para lembrar sua condição de peregrina nesta terra, a não colocar morada definitiva em nada, nem no Templo, nem nas estruturas, nem nos projetos... Tudo isso passa, é provisório. Esse caminhar seguindo Jesus, abraçando a causa do Reino, não está livre de dificuldades, tentações ou perseguições das quais de diferentes maneiras faz menção o evangelho de hoje.
Mas Jesus promete claramente aos seus companheiros/as de caminho a assistência de seu Espírito: “eu lhes darei palavras de sabedoria de tal modo que nenhum dos inimigos poderá resistir ou rebater vocês”. Nesse serviço ao reino do qual somos convidados/as a participar e colaborar, quais são os perigos da comunidade cristã atual?
Na sua visita a Assis o Papa Francisco diz que “o cristão deve se despir, hoje, de um perigo gravíssimo que ameaça cada pessoa na Igreja, o perigo da mundanidade. O cristão não pode conviver com o espírito do mundo, com a mundanidade que nos leva à vaidade, à prepotência e ao orgulho”.
É preciso “resistir à cultura da acumulação e do consumo”, como escreve Leonardo Boff na sua mensagem imaginária de São Francisco aos jovens. “Pensem nos outros irmãos e irmãs que são milhões e milhões que vivem e dormem com fome e com sede e passam por grandes padecimentos. Nunca, em nenhum dia, deixem de pensar e se preocupar com os pobres e com seu destino dramático, principalmente das crianças inocentes.”
Demos uma olhada para nossa vida, para nossa comunidade: estão presentes estas tentações, perigos, perseguições? Ou estamos "dormindo com o inimigo"?
Qual é o eixo central de nossa vida e de nossa comunidade? Onde temos colocado nosso afeto e segurança? Estamos a caminho?
Neste domingo somos chamados a receber as palavras de Jesus neste momento fundamental de sua vida. Segui-lo implica assumir os riscos que isso traz, mas com a confiança nele. Jesus já anunciou que “não perderão um só fio de cabelo. É permanecendo firmes que vocês irão ganhar a vida!”.
Oração
Cruz
Uma meta a longo prazo
nos exige esforço
duro e prolongado.
Mas um cálculo
nos dá a confiança de que vale a pena.
talvez a cruz
seja somente um investimento.
Por amor a outra pessoa,
sacrificamos com gosto
tempo, força e dinheiro.
A cruz se chama
solidariedade com o outro
que sinto de algum modo
parte de mim mesmo.
Um golpe repentino,
pode fulminar-nos em um instante,
e nossa existência
fica ferida sem remédio.
Perde-se a saúde,
um ser querido,
ou a estima pública.
Arranca-se um galho verde,
uma parte viva do eu.
Quando esta mutilação
encontra seu repouso,
a cruz se chama
aceitação
Existe a cruz livre
a que escolho
aquela da qual não fujo.
Mas uma vez nela pregado
já não posso descer
quando quero.
Entregam-se
os projetos aos cravos
a fantasia aos espinhos
o nome aos rumores
os lábios ao vinagre
e os bens à partilha.
Aqui a cruz se chama
fidelidade ao amor no amor,
que é canto e fortaleza
ressuscitando pela ferida.
(Benjamin González Buelta
Salmos para sentir e saborear as coisas internamente)
biblista popular, autor e assessor do Centro de Estudos Bíblicos.
Nosso texto para reflexão na liturgia deste final de semana situa Jesus em Jerusalém nos dias que precedem a sua violenta morte imposta a ele por ser fiel ao Pai no anúncio de uma boa-nova aos pobres (4,18-19). E, no templo, Jesus presencia o gesto mais divino que há sobre a face da terra, isto é, a partilha protagonizada pela viúva pobre. Sua atitude é a única coisa boa que Jesus encontrou no templo de Jerusalém. E se encanta com esse gesto de uma mulher tão vulnerável e empobrecida (21,1-4).
Outro é o motivo de admiração dos discípulos. Maravilhavam-se pelas valorosas ofertas para pagar promessas e pelas impressionantes pedras com que estava construído o templo (21,5-6). Para a surpresa deles, Jesus denuncia a injustiça desse centro religioso, político e econômico da Judeia. É o que ele deixou bem claro ao, “entrando no templo, expulsar os vendedores, dizendo-lhes: está escrito: minha casa será uma casa de oração. Vós, porém, fizestes dela um covil de ladrões” (19,45-46; cf. Isaías 56,7; Jeremias 7,11).
Ao mesmo tempo, Jesus anuncia o fim dessa instituição, pois “dias virão em que não ficará pedra sobre pedra que não seja demolida” (21,6).
Nesse sentido, ao inserir-se na linha profética, Jesus se antecipa a Marx na crítica à religião quando esta serve como fonte de injustiça, de alienação e de ópio para povo. O papel do templo é promover vida, é ser lugar de encontro com Deus como casa do Pai (2,49). Jesus mesmo é esse lugar em que o divino se humaniza e o humano é divinizado. Para as comunidades cristãs, partindo do fato histórico da destruição do templo, referem-se ao Antigo Israel como quem abandonou a Aliança, dando lugar à boa-nova do reinado de Deus vivido pelas comunidades, e que são o Novo Israel. Agora, a referência fundamental não é mais o templo, mas a pessoa de Jesus.
Discernir, ter coragem, testemunhar com sabedoria e perseverar (21,7-19)
Depois que Jesus apresenta seu projeto em relação ao templo, os discípulos perguntam a respeito da época em que isso deveria acontecer e do sinal que viria antes. Mais do que responder às perguntas, Jesus convida ao discernimento, ao testemunho e à perseverança.
Diante da insegurança dos conflitos acima lembrados, o evangelho quer animar e confortar, orientar e advertir as comunidades, dizendo que a destruição de Jerusalém e do templo ainda não é o fim deste mundo injusto (21,9).
Desse modo, ainda é preciso discernimento: “Atenção para não serdes enganados” (21,8). E mais, é preciso ter coragem, superar o medo: “Não vos atemorizeis!” (21,9). Além das guerras (21,9-10), o evangelista lembra também, em linguagem apocalíptica, os abalos cósmicos. Embora os terremotos, as pestes e a fome fossem realidades históricas, aqui também são citados junto com “fenômenos pavorosos e grandes sinais vindos do céu” (21,11). Essa linguagem apocalíptica é comum para se referir a uma realidade nova que está por vir, totalmente diferente da violência das guerras e da ocupação das colônias pelo império colonialista de Roma. E essa nova realidade já está sendo gestada nas relações de justiça vividas nas comunidades.
Em meio às perseguições, é preciso continuar dando testemunho e reafirmando a fé, mesmo que isso leve ao martírio. Em grego, a palavra que traduzimos por testemunho é martiría (21,13). Nesse testemunho, as comunidades não estão sós, pois o Espírito de Jesus ressuscitado está com elas, de modo que possam resistir com sabedoria e eloquência (21,14-15).
Discípulas e discípulos de Jesus não devem deixar-se enganar, mas perseverar, pois “é pela perseverança que mantereis vossas vidas” (21,19). As comunidades esperam, confiam e perseveram com fé na vitória de Deus. Perseverar não é aguardar de braços cruzados, mas engajar-se na superação de todas as forças do mal, resistindo com sabedoria e já vivendo hoje as relações que esperamos para todo o mundo amanhã.
Senhor, ajuda-nos no discernimento dos teus sinais em nossos tempos, para não sermos enganados por tantas mentiras e ilusões. Dá-nos coragem, ó Deus, para testemunharmos teu amor diante do ódio e de tanta violência, muitas vezes legitimados em teu nome. Concede-nos sabedoria para seguirmos com perseverança no cuidado da vida. Amém!
Existe uma realidade mundial preocupante, a riqueza de um lado e a pobreza crescente do outro. Não significa que a riqueza seja preocupante, mas sim a incapacidade de partilha de quem acumula de forma desnecessária, não conseguindo enxergar a necessidade do pobre. Sabemos que a pobreza é fruto do acúmulo de bens no bolso da minoria privilegiada e despreocupada com o bem comum. Diante dessa realidade, o Papa Francisco teve a iniciativa de criar o Dia Mundial dos Pobres, porque isto faz parte essencial dos ensinamentos de Jesus através dos Evangelhos. A desigualdade social e econômica pode estar dentro do prisma da justiça e da paz. A voz do Papa é a voz da Igreja, preocupada com a vida e a dignidade de todas as pessoas, ricos e pobres, imagens e semelhanças de Deus. A Igreja tem uma opção preferencial pelos pobres, não de assistencialismo caritativo, mas num processo de libertação integral, porque é direito de todos viverem bem. É uma questão de justiça, de superação de todos os tipos de discriminação e de desvalorização da pessoa humana. O olhar cristão de compaixão polos pobres constitui um verdadeiro culto de adoração a Deus. O pobre experimenta uma esperança perdida, mas fica sempre na expectativa de seu restabelecimento. A desigualdade vem ocasionando um considerável grupo de indigentes, de sofrimento e desestímulo de viver. Essa zona limite da vida humana faz com que a pessoa fique desprotegida e sem onde se apegar, a não ser lançar mão na fé e pedir a proteção divina. A violência não leva a nada. Encontramos na bíblia o seguinte versículo: “Ouvimos dizer que entre vós há alguns que vivem à toa, muito ocupados em não fazer nada” (2 Ts 3,11). A pobreza é fruto da falta de trabalho, que é fonte de sustentação. É uma experiência dolorosa para quem vive motivado para trabalhar e tem necessidade de sustentar a família. É humilhante viver0 como parasita, dependendo de auxílio alheio. A Celebração do Dia Mundial dos Pobres precisa sugerir iniciativas de solidariedade dentro da vida comunitária, com um olhar voltado para as pessoas carentes locais; refletir sobra as realidades de trabalho, emprego e questões sociais relativas às desigualdades; trabalhar, em sintonia com a Campanha da Fraternidade, as políticas públicas para que sejam amenizados os sofrimentos de tanta gente.
Dom Paulo Mendes Peixoto Arcebispo de Uberaba.
DOMINGO XXXIII DURANTE EL AÑO – CICLO "C"
1ra. Lectura (Mal 3,19-20):
El texto de este domingo abre con la expresión "llega el día". Lo que sigue confirma que se trata del día de Yavé, una idea que recorre todo el arco de la profecía en Israel. La idea del ‘día de Yavé’ tendría su origen en la imagen de Dios que combate por su pueblo (‘día de Madián’ en Jue 7,15; Is 9,3). La evolución sucesiva de este concepto se puede articular así: en una fase pre-profética es día de victoria militar; en una segunda etapa que va desde Amós al exilio es día de juicio de Dios contra Israel por sus pecados; y después del exilio se lo ve como día de triunfo de los justos sobre los pecadores (cf. Am 5,18 y nota BJ; Jl 2,1; So 1,7). En Qumrán y en el NT (cf. He 2,20; 1Cor 5,5; 1Tes 5,1-11) también aparece el concepto de día del Señor, pero con un fuerte sentido escatológico-apocalíptico.
La profecía de Malaquías, último de los doce profetas menores, se enmarca justamente en la época del post-exilio y, por tanto, habla del día de Yavé como día de juicio, de discernimiento entre justos y pecadores por parte de Dios. El texto de hoy anuncia un castigo total (no dejará ni raíz ni rama) para los pecadores (los arrogantes y los que hacen el mal); mientras que para los justos (los que respetan el nombre de Dios) brillará el sol de justicia.
Nota breve: En el comentario que sigue vamos a utilizar algunas veces el término Apocalipsis o apocalíptica. Importa precisar un poco su sentido. El término apocalíptica comenzó a utilizarse en el s. XIX para referirse a un conjunto de textos bíblicos y de libros apócrifos similares en la forma y en el contenido al Apocalipsis de Juan. Luego asume otros significados según el uso que le dan los diversos estudiosos del tema. En general puede indicar tres realidades: un tipo de literatura; un movimiento de pensamiento; una particular visión teológica. En este último sentido se refiere a la consideración del fin del mundo, de la escatología, la que viene descrita con un lenguaje simbólico específico. Hoy existe un acuerdo mayoritario entre los estudiosos en considerar la apocalíptica como una literatura de confrontación o separación. O mejor aún, de marginación. No se considera imprescindible ya una situación de persecución violenta, aunque esta pueda favorecer mucho el surgimiento de un pensamiento apocalíptico. Es suficiente que un grupo se automargine ideológicamente para generar una literatura contra-cultural como es la apocalíptica. Sin duda que un ambiente hostil ha favorecido el surgimiento de esta literatura en la clandestinidad y con un lenguaje codificado. La intención de la apocalíptica es favorecer una resistencia pasiva ante una cultura considerada como opresora. Su interés no es promover el enfrentamiento armado sino sostener la fe y consolar a los que sufren la persecución ideológica[1].
Evangelio (Lc 21,5-19):
Aunque no se los nombra, es claro por el contexto que Jesús se encuentra en Jerusalén en compañía de sus discípulos. Y algunos, hablando del templo, han hecho un comentario sobre su belleza y la magnificencia de sus adornos. Se refieren al Templo de Jerusalén que empezó a construir el rey Herodes en el año 20 a.C. y que se caracterizaba por su gran tamaño y por la riqueza de los materiales empleados en el mismo. Jesús reacciona y los desconcierta pues les anuncia al futuro la destrucción total del lugar sagrado: "todo será destruido".
Nos cuesta imaginarnos lo que representaba el templo de Jerusalén para el pueblo de Israel, lugar de la presencia de Dios y, por tanto, garantía de protección para el pueblo. En tan alta consideración se lo tenía que su destrucción prácticamente se la identificaba con la llegada del fin del mundo. Esto explica la rápida pregunta de los discípulos: "¿cuándo tendrá lugar esto y cuál será la señal de que va a suceder?". Es la pregunta que todos le haríamos a Jesús: ¿cuándo será y cómo darse cuenta de que llega el fin del mundo?
Nos guste o no, en ningún lugar del Nuevo Testamento encontraremos una clara respuesta a estas preguntas. En cambio, es frecuente la referencia al modo repentino e inesperado de la llegada del día final utilizando la comparación con la llegada de un ladrón (cf. Mt 24,43; Lc 12,39; 2 Pe 3,10; Ap 3,3; 16,15).
En el evangelio de hoy Jesús, en lugar de responde al cuándo llegará, más bien indica las actitudes que deben tener los cristianos en el tiempo previo a la parusía, al fin del mundo. En concreto, Jesús exhorta a sus discípulos a tres cosas: no dejarse engañar, dar testimonio y ser constantes.
Þ No dejarse engañar por los que anuncian la inminente llegada del fin. Este peligro de engaño sobre el tiempo final es un lugar común en los apocalipsis del NT (cf. Mc 13,5-7; Lc 21,8-9; 17,22-24; 2Tes 2,1-12; Ap 13,13-14; 20,7-10). Importa notar que en el pensamiento apocalíptico la presencia del mal debe alcanzar un cierto grado antes de que el tiempo esté maduro para el justo juicio de Dios. Así, antes de la venida del Señor, el mal se manifestará de modo fuerte y será entonces el momento de la lucha final donde el vencedor será el Señor Jesús. Por esto Jesús advierte que, aunque sucedan guerras, revoluciones, terremotos, pestes, hambre, "no llegará tan pronto el fin".
Þ Dar testimonio (μαρτύριον). Jesús avisa que antes del fin los cristianos sufrirán fuertes persecuciones. Implícitamente está diciendo que las persecuciones actuales no constituyen un signo del fin del mundo, sino más bien que son efecto de la presencia del mal en la historia. Por tanto, las persecuciones tienen como finalidad despertar a los cristianos para que den testimonio de Jesús con palabras irresistibles dadas por el mismo Jesús ("yo les daré una elocuencia y una sabiduría que ninguno de sus adversarios podrá resistir ni contradecir").
Þ Por último, invita a la confianza y la constancia o perseverancia (en griego hupomoné: u`pomonh,). Este último término indica el hecho de quedarse o permanecer debajo de un peso soportándolo, resistiendo a su presión. Sus sentidos son varios: persistencia, perseverancia y espera. El evangelista Lucas lo vuelve a utilizar en relación a la Palabra: "Lo que cayó en tierra fértil son los que escuchan la Palabra con un corazón bien dispuesto, la retienen, y dan fruto gracias a su constancia" (Lc 8,15). Pero notemos que "en la teología lucana, la hupomoné no es una virtud, como podría ser la “paciencia” de Job comentada por Santiago (5,11), ni una ocasión que engendra la esperanza (Rom 5,3s) sino la perseverancia en la fe, a la que se le opone, como posibilidad, la apostasía. En definitiva, la disyuntiva es “permanecer” o “alejarse”. Los conceptos son más espaciales que éticos"[2]. Esta actitud recomendada por Jesús es la permitirá al fiel alcanzar la salvación, "adquirir el alma" dice textualmente.
ALGUNAS REFLEXIONES:
El domingo pasado meditamos sobre el fin de la vida humana, que es la muerte; pero que la esperanza cristiana nos la hace vivir como un paso a la vida eterna.
El evangelio de hoy nos invita a meditar sobre el fin del mundo. Este tema suele estar unido a muchas fantasías y además la Biblia lo presenta con un género literario, el apocalíptico, que utiliza imágenes fuertes con valor simbólico. Más allá de todo esto, ¿cuáles son las certezas que nos vienen de la fe? y ¿qué actitudes nos pide Jesús que tengamos ante esta realidad futura y qué brotan de las certezas de la fe?
Þ La primera certeza es que no sabemos ni el día ni la hora en que sucederá. Dios no ha querido revelarnos, darnos a conocer con precisión este dato. Sabemos que sucederá, y de improviso, pero no sabemos cuándo. Por eso, ante el tema del fin del mundo, aún en un contexto de convulsión y persecución, Jesús pide a sus discípulos, de ayer y de hoy, una actitud de calma: que permanezcan quietos, que no corran detrás de los que digan que ya es el fin. En concreto Jesús nos pide, en primer lugar, lucidez para no dejarse engañar, para no ir detrás de los falsos predicadores o falsos mesías. Por nuestra parte deberíamos pedirle al Señor lo que nos sugiere San Ignacio en su meditación sobre las dos banderas: "pedir conocimiento de los engaños del mal caudillo y ayuda para guardarme de ellos" (E.E. nº 139).
Þ La segunda certeza es que Dios no nos abandona nunca y que Jesús permanecerá junto a nosotros hasta el fin de los tiempos. Anclados en esta certeza, Jesús nos pide una actitud de testigos valientes y confiados pues el mismo Señor mismo inspirará las palabras justas para poder defendernos y dar testimonio de su Verdad. Por tanto, se insiste en cierta pasividad o abandono confiado en Dios, en una situación de persecución.
Ahora bien, como cristianos que a veces somos perseguidos por ser tales, importa recordar la frase de San Ignacio de Antioquia camino a su martirio: "Lo que necesita el cristiano, cuando es odiado por el mundo, no son palabras persuasivas, sino grandeza de alma” (Carta a los Romanos, 3). Esta grandeza de alma implica no entender la salvación como algo meramente individual, como si fuera sólo la "salvación de mi alma". Sobre este argumento discurre el Papa Benedicto XVI en Spe Salvi donde afirma: "Nuestras existencias están en profunda comunión entre sí, entrelazadas unas con otras a través de múltiples interacciones. Nadie vive solo. Ninguno peca solo. Nadie se salva solo. En mi vida entra continuamente la de los otros: en lo que pienso, digo, me ocupo o hago. Y viceversa, mi vida entra en la vida de los demás, tanto en el bien como en el mal… Nuestra esperanza es siempre y esencialmente también esperanza para los otros; sólo así es realmente esperanza también para mí. Como cristianos, nunca deberíamos preguntarnos solamente: ¿Cómo puedo salvarme yo mismo? Deberíamos preguntarnos también: ¿Qué puedo hacer para que otros se salven y para que surja también para ellos la estrella de la esperanza? Entonces habré hecho el máximo también por mi salvación personal" (nº 48).
Þ La tercera certeza es que Dios “no se muda”, es la “roca” firme que no se mueve. Apoyados en esta roca, Jesús pide una fe confiada, firme, aun cuando todo parece moverse o desmoronarse alrededor. En efecto, todo parece moverse, desmoronarse en torno a ellos, sin embargo, ellos se salvarán por la constancia, por permanecer firmes (hupomoné). Y esto es justamente la fe en su sentido bíblico más auténtico: un permanecer firmes en Dios, anclados en Él. Al respecto nos dice J. Ratzinger[3]: "La fe es un sujetarse a Dios, en quien tiene el hombre un firme apoyo para toda su vida. La fe se describe, pues, como un agarrarse firmemente, como un permanecer en pie confiadamente sobre el suelo de la Palabra de Dios”.
Toda vez que nuestro mundo personal o social sea vea sacudido de diversos modos y formas, y que esto nos altere, confunda o inquiete, entonces bien puede aplicarse a nosotros el evangelio de este domingo con su invitación a permanecer firmes en la fe, a la constancia, a ejercitar nuestra confianza en Dios, Señor de la historia, a quien debemos aferrarnos hasta que todo pase. Porque todo pasará, menos Su Palabra. Tenemos que aprender que “el mundo no puede ayudarnos a sentirnos seguros. Esta verdad es irrefutable. Lo experimentamos todos los días. La inseguridad es la característica de los tiempos en que vivimos. Pero los antiguos no vivían mejor. En tiempo de los Apóstoles algunos pensaban que ya se acercaba el fin del mundo porque eran tan terribles los tiempos en que vivían, que no podían ser peores. Y la historia va demostrando que nunca se está tan mal que no se pueda estar peor. El orden del mundo no promete seguridad al cristiano. Muchos piensan que por ser cristianos, ya tienen un seguro de que todo les va a ir bien […] En su discurso a los discípulos, Jesús les dice que de una cosa pueden estar seguros: de que van a ser perseguidos”.[4]
Al respecto decía el Papa Francisco en su homilía del 13 de noviembre de 2016: “Siempre nos mueve la curiosidad: se quiere saber cuándo y recibir señales. Pero esta curiosidad a Jesús no le gusta. Por el contrario, él nos insta a no dejarnos engañar por los predicadores apocalípticos. El que sigue a Jesús no hace caso a los profetas de desgracias, a la frivolidad de los horóscopos, a las predicaciones y a las predicciones que generan temores, distrayendo la atención de lo que sí importa. Entre las muchas voces que se oyen, el Señor nos invita a distinguir lo que viene de Él y lo que viene del falso espíritu. Es importante distinguir la llamada llena de sabiduría que Dios nos dirige cada día del clamor de los que utilizan el nombre de Dios para asustar, alimentar divisiones y temores. Jesús invita con fuerza a no tener miedo ante las agitaciones de cada época, ni siquiera ante las pruebas más severas e injustas que afligen a sus discípulos. Él pide que perseveren en el bien y pongan toda su confianza en Dios, que no defrauda: «Ni un cabello de vuestra cabeza perecerá» (v. 18). Dios no se olvida de sus fieles, su valiosa propiedad, que somos nosotros”.
En fin, que el Señor nos regale esta actitud serena y confiada, la perseverancia en la fe y un abandono total en sus manos de Padre, donde podemos experimentar la seguridad que buscamos cada día en infinidad de cosas y afectos pasajeros. Y desde este estado de entrega confiada en Dios, pongamos nuestras energías en trabajar en este mundo, sin desfallecer, buscando ayudar a los demás en su progreso personal, temporal y, sobre todo, espiritual.
PARA LA ORACIÓN (RESONANCIAS DEL EVANGELIO EN UNA ORANTE):
Enséñanos a contemplar…
Señor,
Me encomiendo a ti para pronunciar cada palabra
Admirar tus obras con generosos halagos
Y no olvidar tus promesas.
Nos hablas en tu creación inmensa,
Ten compasión de nosotros, distraídos
Sumergidos en la tibieza.
Enséñanos a contemplar tus maravillas
Con ojos de búsqueda del Reino Eterno
Y expresar en palabras la esperanza en ello.
Envíanos tu Espíritu Santo para sanar los deseos
Y ubicarnos en la perspectiva del Padre
Hijos en ti y herederos.
Danos la alegría de la filiación sin tiempo
Para atraer a otros como testigos de tu Amistad
Y aguardar la libertad de tu llegada…
Porque es preciso entender el peregrinar actual
Vislumbrar en tus caminos
La verdadera felicidad. Amén
[1] Cf. J. J. Collins, “Towards the Morphology of a Genre”; Semeia 14 (1979) 9; J. Asurmendi, "Daniel y la Apocalíptica" en J. M. Sánchez Caro (ed.), Historia, Narrativa, Apocalíptica (Verbo Divino; Estella 2000) 523 y G. Aranda, “El destierro de Babilonia y las raíces de la apocalíptica”; Estudios Bíblicos 56 (1998) 337.
[2] J. Severino Croatto, "Persecución y perseverancia en la teología lucana. Estudio sobre la “hupomoné”"; Revista Bíblica 42 (1980) 24.
[3] J. Ratzinger, Introducción al cristianismo (Sígueme; Salamanca 1982) 48.
[4] L. H. Rivas, Jesús habla a su pueblo. Ciclo C (CEA; Buenos Aires, 2000) 234-235.