02 DE NOVEMBRO
(Hoje há muitas leituras a escolher, de modo que as que forem lidas em sua comunidade podem não corresponder a estas).
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AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO
1ª Leitura: 1ª Leitura: Isaías 25, 6a. 7-9
(Jó 19,1.23-27a ou Ap 7,2-4.9-14)
Salmo Responsorial 24(25)-R- Senhor meu Deus, a vós elevo a minha alma
(ou: Não se envergonha quem em vós põe a esperança.
ou: É assim a geração dos que procuram o Senhor!)
2ª Leitura: 2ª Leitura: Romanos 8, 14-23
(ou Filipenses 3,20-21 ou: 1Jo 3,1-3)
Evangelho: Lucas 7, 11-17
(ou Lucas 23,44-46.50.52-53; ou 24,1-6; ou João 6,37-40; Mateus 5,1-12a; João 14,1-6).
Meu irmão, minha irmã!
Hoje é um dia para confessar: creio na ressurreição! Creio que a última palavra sobre nós e o mundo não é a morte, mas a ressurreição.
Somos seres destinados à morte. Nisto está nosso drama, pois por mais que amemos a vida, ela termina. Experimentamos a sede insaciável de vida, mas somos constantemente confrontados com a dura realidade da morte que não está fora de nós, mas inscrita em nossa condição humana. Ela não sobrevém a nós; nós é que somos mortais! Desde o nascimento estamos marcados por ela de tal forma que um recém-nascido já é bastante velho para morrer. Nascemos para morrer, e toda nossa existência corre em direção desse desenlace inevitável. Nossa impotência em mudar este constitutivo de nossa natureza é radical. Não há para nós nenhuma possibilidade de autossalvação! A morte acaba com nossas ilusões de um auto-aperfeiçoamento ilimitado.
A morte é um evento que me diz respeito. Não são os outros que morrem; sou eu que morro, ou meu pai, minha mãe, meu irmão que morre! A morte sempre será experimentada como um drama.
O nosso drama, porém, foi assumido por Jesus. Ele assumiu nosso morrer para evitar que o drama acabasse na tragédia. Quanto maior é a experiência de nossa impotência, com a qual afrontamos a morte, maior e mais radical aparece a esperança da ressurreição. A ressurreição não dissolve o drama, supera-o.
A ressurreição é uma outra palavra para definir a atitude de Deus em relação a nós. Deus nos criou do nada, mas ele não quer que retornemos ao nada porque Ele é fiel. É difícil acostumar nosso olhar e ver as coisas como Deus vê. Assumir o olhar de Deus significa abrir-se para uma grande esperança, começar a viver uma grande promessa. Deus nos revelou em Jesus Cristo que seu desejo mais ardente e sua vontade mais firme é a nossa vida e a do mundo. Por isso, em vez de falar de fim da vida, deveríamos falar de futuro da vida. A nós é dado assistir ao milagre do ser; somos convidados a acompanhar como Deus cria, mantém e faz desenvolver as coisas e as pessoas. Por isso, ressurreição significa professar nossa confiança inabalável em Deus. Sua fidelidade é tal que deseja- nos recriar. Este é um traço absolutamente singular do amor de Deus: Ele não rejeita a sua primeira obra, para começar uma totalmente nova.
Creio na ressurreição da carne! Deus ressuscita não somente uma parte de nós, mas nosso ser integral. Ele ama integralmente, por isso tudo ressuscita. Que diferença! Para nós as pessoas queridas continuam a viver em nossa memória, nos objetos que guardamos. Por mais que amemos, muita coisa se perde da pessoa que partiu. Mas para Deus nada é perdido.
Deus Pai não ama somente as moléculas que estão no corpo no momento da morte. Ele ama um corpo marcado pelos sofrimentos da vida. Ama um corpo marcado também pela nostalgia sem tréguas de uma peregrinação (longa ou breve não importa), e que no curso dessa peregrinação deixou muitas pegadas em um mundo que, justamente em virtude dessas pegadas, se tornou humano; ele ama um corpo que se nutriu continuamente com a abundância deste mundo a fim de que o homem não ficasse sem forças e sem caminho; um corpo que se chocou e se feriu com a dureza deste mundo, e traz ainda muitas cicatrizes, e ainda sempre carente de carinho continuou a expor-se. Ressurreição da carne significa que de tudo isso nada se perdeu para Deus, porque Ele ama o ser humano. Todas as lágrimas, Ele as recolheu, e nenhum sorriso lhe escapou. Tudo é acolhido pelo Pai e transfigurado de eternidade. Ressurreição da carne significa que em Deus iremos achar novamente não somente o nosso último suspiro, mas toda a nossa história.
Creio na vida eterna. Amém!
29 de outubro de 2025
A festa solene de Todos os Santos, junto com a comemoração do Dia de Finados, ou “de todos os fiéis defuntos”, traz à nossa consideração a nossa fé católica nas realidades escatológicas ou “Novíssimos”: Trata-se das realidades que ainda deverão acontecer em sua plenitude no futuro de Deus: morte, julgamento de Deus, paraíso, inferno, purgatório, vida eterna… No Símbolo Apostólico, que é a Profissão de Fé mais breve, nós professamos: “Creio (…) na comunhão dos Santos, na remissão dos pecados, na ressurreição da carne e na vida eterna”.
Esses aspectos da fé cristã são frequentemente ignorados, porque pouco anunciados e explicados. Na pesquisa sobre a situação religiosa e pastoral na arquidiocese de São Paulo, realizada em 2018, 73,13% dos católicos responderam que tinham fé na nossa ressurreição após a morte e na vida eterna. Mas 21,94% responderam que tinham dúvidas sobre isso. E 4,94% dos católicos responderam que não acreditavam nisso. Essas respostas revelam um quadro preocupante de dúvidas sobre a fé na ressurreição futura dos mortos e na vida eterna.
Até mesmo certa maneira de falar sobre o falecimento de alguém revela uma compreensão da ressurreição dos mortos que não é exatamente aquilo que a fé católica crê e proclama. Em vez de dizer, simplesmente, que uma pessoa faleceu, com frequência se lê ou escuta que a pessoa “fez sua páscoa definitiva”. Ora, sabemos que apenas Jesus Cristo fez a sua Páscoa definitiva, ao ressuscitar dos mortos no seu verdadeiro corpo e se elevar à glória de Deus. Maria lhe foi associada mediante o privilégio único da sua Assunção ao céu. Para todos os demais mortais, por enquanto, a morte corporal é verdadeira morte e os falecidos estão à espera da ressurreição final quanto ao seu corpo humano, para serem associados à redenção plena na vida eterna.
Para se informar melhor sobre o que a Igreja ensina oficialmente sobre essa matéria de nossa fé, é muito recomendado retornar ao que o Catecismo da Igreja Católica ensina (parágrafos 988 a 1050). As celebrações litúrgicas do início de novembro podem ser uma ótima oportunidade para isso. Sabemos que outras formas de crer, não cristãs ou não católicas, podem ter convicções e explicações diferentes sobre esses temas. Para os católicos, porém, é bem desejável que compreendam melhor a sua fé, para testemunhá-la com convicção e alegria.
Neste Ano Jubilar, podemos viver essas celebrações na perspectiva da esperança. A morte é dura, causa dor e luto e opera uma ruptura na vida das pessoas e isso precisa ser vivido humanamente e, também, à luz da fé sobrenatural. Temos respostas luminosas ao drama da morte e das rupturas que ela causa. A morte não tem a última palavra sobre a vida e a existência. Cremos em Deus Pai, “senhor e fonte de vida”, doador da vida, que não nos criou para o aniquilamento, mas para a participação da vida em plenitude. E essa não se consegue, simplesmente, mediante a ciência e a técnica. Deus dá a quem procura e pede com fé a vida eterna e a realização plena aos anseios mais profundos do coração humano.
“Somos peregrinos de esperança”, anuncia o Ano Jubilar de 2025. De uma esperança “que não decepciona”. A esperança anima e orienta nosso peregrinar neste mundo. A esperança nos motiva para o esforço na prática do bem e da justiça, na busca da superação dos males e na perseverança no caminho do bem, apesar das muitas frustrações e imperfeições que ainda enfrentamos na realização desse esforço como “peregrinos de esperança”. A esperança nos leva a cultivar “as sementes do Evangelho”, na certeza de que ele pode “fermentar a humanidade e o cosmos na espera confiante dos novos céus e da nova terra, quando as potências do mal serão, finalmente, vencidas e se manifestar a glória de Deus para sempre (cf. Oração do Jubileu de 2025).
A festa de Todos os Santos e a comemoração dos Fiéis Defuntos são marcadas fortemente pela esperança cristã. Em nós, devemos despertar e cultivar o desejo de participar, quando Deus quiser, da feliz companhia dos Santos e Santas no céu. Sentimos a dor e o luto pela morte, mas não como derrotados e sem resposta. Temos respostas luminosas para as questões mais angustiantes da existência e, por isso, apesar de tudo, não desanimamos e seguimos em frente no nosso peregrinar.
Bento XVI observou, na encíclica Spe Salvi (Salvos na Esperança), que um dos maiores problemas do nosso tempo é que muitos não esperam mais nada para além desta vida e, também, nada esperam de Deus. A autossuficiência humana acaba deixando as pessoas vazias e confrontadas apenas com suas próprias limitações, sem respostas e sem esperança. Para a existência humana, é trágico perder o desejo dos bens eternos, que só Deus pode conceder. Que as celebrações de Finados e de Todos os Santos alimentem em nós “o desejo dos bens celestes”.
31°DomTC – Lc 12,35-40 – Fieis defuntos - Ano C – 02-11-25
“Que vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas” (Lc 12,35)
A morte é sempre estranha e, com frequência, se revela incômoda. O ser humano pós-moderno não sabe o que fazer com a morte. Às vezes, o único que lhe ocorre é ignorá-la, escondê-la e não falar dela. Busca esquecer o quanto antes esse triste acontecimento, cumprir os trâmites religiosos e civis e retornar ao mesmo ritmo da vida cotidiana.
No entanto, mais cedo ou mais tarde, a morte vai visitando nossos lares e arrancando de nós nossos seres mais queridos. Como reagir diante da morte que nos arrebata para sempre nossos entes queridos, nossos pais, nossos amigos... Que atitude adotar diante de uma pessoa muito próxima e querida que diz seu último adeus? Que fazer diante do vazio que vão deixando em nossa vida tantos amigos e amigas?
Vivemos uma atmosfera cultural que não quer mais saber da morte; ela é escondida. Há uma angústia que, sem trégua, atormenta os vivos diante de sua ameaça escondida nas sombras, sempre presente na doçura da vida e no fervilhar das paixões.
A morte é sempre estranha e, com frequência, se revela incômoda. O ser humano pós-moderno não sabe o que fazer com a morte – Adroaldo Palaoro
Como se torna complicado falar dela, buscamos suavizá-la utilizando palavras como “falecer”, “deixar este mundo”, “ir-se”, “apagar-se” ..., entre outras muitas. Encarar a morte não é fácil, pois nos assaltam as dúvidas sobre o sentido da vida, o que acontecerá depois, a vida eterna, etc. Como consequência da dificuldade de enfrentar a morte, há pessoas que a ignoram e vivem com a sensação de serem eternas.
Diz a carta aos Hebreus que quem tem medo da morte passa a vida sujeito à escravidão (Heb. 2,15): escravo diante de um “deus amo” com quem é preciso passar a vida negociando a existência, porque esta não é vivida como dom gratuito; e escravo do próprio ego que se inchou até níveis insuportáveis.
Nos Evangelhos, encontramos diversas exortações, parábolas e chamados que só tem um objetivo: manter viva a responsabilidade do seguidor de Jesus. Uma das advertências mais conhecidas é a que encontramos no Evangelho indicado para este “dia de Finados”: “Tende cingido vossos rins e suas lâmpadas acesas”.
As duas imagens são muito expressivas. Indicam a atitude que os empregados devem ter quando, à noite, estão esperando que regresse seu senhor para abrir-lhe a porta da casa quando ele os chamar. Devem estar com a “cintura cingida”, ou seja, com a túnica presa à cintura para poder mover-se e atuar com agilidade; devem estar com as “lâmpadas acesas” para ter a casa iluminada e manter-se despertos.
Nos Evangelhos, encontramos diversas exortações, parábolas e chamados que só tem um objetivo: manter viva a responsabilidade do seguidor de Jesus. Uma das advertências mais conhecidas é a que encontramos no Evangelho indicado para este “dia de Finados”: “Tende cingido vossos rins e suas lâmpadas acesas” – Adroaldo Palaoro
A vida do seguidor de Jesus é um contínuo estar em alerta, estar sempre despertos, estar sempre em espera, estar sempre dispostos. Ele precisa viver com os olhos abertos às vindas surpreendentes de Deus; precisa estar com os ouvidos atentos para escutar seus passos; precisa viver sempre em prontidão para abrir a porta de seu coração.
As palavras de Jesus não contêm nada de ameaça nem de cobrança; não alimentam um ego fechado nem sustentam nenhuma ideia de mérito. São palavras de sabedoria que convidam, ao contrário, a despertar para a Realidade que somos.
Despertar é uma das palavras básicas de todas as tradições de sabedoria. Todas elas nos alertam que facilmente nos submergimos no sono da ignorância, crendo ser o que não somos e desconectados do que realmente somos; e esta é a fonte de muitos sofrimentos.
A revelação central de Jesus é que “Deus é Vida” e quer que vivamos intensamente, agora e na eternidade. Procedemos da Vida, vivemos na Vida e retornaremos ao seio da Vida. Todos morremos para o interior de Deus. O Sopro de vida que recebemos retorna à Fonte: todos seremos “aspirados” para dentro do Deus da Vida.
A partir desta realidade revelada, o mais adequado para considerar a morte é vê-la como um “despertar”. Assim como ao sair do sonho emerge uma nova identidade, muito diferente do sujeito onírico, ao morrer amanhecemos para a nossa identidade mais profunda, na qual o ego (falso eu) encontra também seu final. Não é que ele morra, mas é porque descobrimos que ele nunca existiu; é uma ilusão alimentada pela nossa mente.
As palavras de Jesus não contêm nada de ameaça nem de cobrança; não alimentam um ego fechado nem sustentam nenhuma ideia de mérito. São palavras de sabedoria que convidam, ao contrário, a despertar para a Realidade que somos – Adroaldo Palaoro
Os místicos sufis nos ensinaram que quando vivemos, estamos adormecidos, e quando morremos, despertamos. A que despertamos? Sem dúvida nenhuma, à Vida, ao que sempre fomos e somos, embora não o tivéssemos visto antes. Precisamente por isso não precisamos “alcançar” nada que não tivéssemos, senão cair na conta (despertar) daquilo que sempre somos: envolvidos pela Vida, sustentados e protegidos pela Vida, iluminados pela Vida...
Assim, morrer é o processo pelo qual nos “re-integramos” na Vida que sempre fomos. Com o termo “Vida” aludimos à mesma Realidade que as religiões nomeiam como “Deus”.
Ao despertarmos, descobriremos o que sempre tínhamos sido e que tínhamos esquecido, ou seja, vivíamos a unidade com o Todo e com todos
A melhor metáfora para falar do silêncio que a morte impõe é a do rio que desemboca no mar. O rio perde seu nome e sua forma, treme de medo diante da imensidão do mar que se abre diante dele; mas é justamente, ao entregar-se, quando o rio se descobre como água. Torna-se oceano; morreu a “forma” de rio, permanece a água. E é nessa mesma “Água” onde todos nos encontramos, porque constitui nossa identidade mais profunda. Para além do “rio” único de cada um – de nossa personalidade -, nos reconhecemos “uno” na “Água” – nossa identidade comum e compartilhada, que transcende todas as formas.
Com a morte começa a vida para sempre, na presença do Deus Amor. E, por isso, se a morte é capaz de privar-nos do dom da vida, o Amor tem poder de nos devolvê-lo. Aqueles que em sua vida aprofundam e vivem o sentido do amor de Deus, começam a experimentar a eternidade e as bem-aventuranças que esse amor confere à vida. Na morte, seremos abraçados plenamente por esse Amor. É caminhar ao encontro da Fonte para beber da vida eterna; é entrar em um alegre amanhecer. Podemos afirmar, e com razão, que a “morte é um amanhecer” (Elisabeth Kubler-Ross). Morrer então, é viver mais e melhor (cf. L. Boff)
A melhor metáfora para falar do silêncio que a morte impõe é a do rio que desemboca no mar. O rio perde seu nome e sua forma, treme de medo diante da imensidão do mar que se abre diante dele; mas é justamente, ao entregar-se, quando o rio se descobre como água. Torna-se oceano; morreu a “forma” de rio, permanece a água – Adroaldo Palaoro
Os sábios veem a morte como parte da vida; dão-se conta que a vida é mortal, que somos, por essência, seres mortais. Vamos morrendo devagar, lentamente, a prestações, desde o primeiro momento até acabar de morrer. Segundo José Marti “morrer é fechar os olhos para ver melhor”.
Quando queremos nos concentrar e ir fundo no pensamento, fechamos naturalmente os olhos. Ao morrer, fechamos os olhos para ver melhor o coração do universo, para ver os espaços infinitos do mundo e os segredos mais escondidos da vida.
Pensadores mais antigos nos lembram da interdependência entre vida e morte.
Eles nos ensinaram que aprender a viver bem é aprender a morrer bem, e que, reciprocamente, aprender a morrer bem é aprender a viver bem. Quanto mais mal vivida é a vida, maior é a angústia da morte; quanto mais se fracassa em viver plenamente, mais se teme a morte.
Diz o refrão que “a morte, menos temida, dá mais vida”. Ao desvelar a precariedade de nossa existência, a morte nos faz reingressar na vida de uma maneira mais rica e apaixonada; ela aumenta a consciência de que esta vida, nossa única vida, deve ser vivida intensa e plenamente. Ao compreendermos, de verdade, nossa condição humana – nossa finitude, nossa fragilidade, nosso breve período de tempo -, não só passamos a saborear a preciosidade de cada momento e o simples prazer de existir, como também intensificamos nossa compaixão por nós mesmos e por todos os outros seres humanos.
Encarar a morte, com serenidade, não só nos pacifica como também torna a existência mais leve, mais preciosa, mais vital – Adroaldo Palaoro
Encarar a morte, com serenidade, não só nos pacifica como também torna a existência mais leve, mais preciosa, mais vital. Situar-nos serenamente no horizonte da morte ajuda a dar conteúdo à nossa própria vida.
Para meditar na oração:
Finados de silêncio: cala a palavra, mas fala o coração; cala a palavra mas o coração sente a voz daqueles(as) que já estão no silêncio do coração de Deus. É o silêncio do coração que espera o momento, que escuta o mistério por dentro; é o silêncio do coração que medita e guarda dentro o mistério, que espera a nova palavra pascal. É o sábado das esperanças que começam a verdejar.
- No silêncio, faça memória e entre em comunhão com aquelas pessoas que foram presenças inspiradoras em sua vida e que deixaram “marcas” saudosas.
Vale a pena fazer no dia de hoje uma “memória agradecida”.
A liturgia comemora neste domingo o Dia dos Finados. Uma celebração que a Igreja instituiu oficialmente no dia seguinte à Celebração de Todos os Santos, em 2 de novembro, a partir do século XIII. A prática de rezar por aqueles que já partiram era um costume com raízes ancestrais e que o cristianismo primitivo também adotou, como expressão de comunhão espiritual e intercessão por aqueles que já partiram “para que descansem em paz”. Como cristãos, seguidores de Jesus, Morto e Ressuscitado, acreditamos que a morte não tem a última palavra, mas que a morte é o passo para o encontro definitivo com o Senhor, será a nossa Páscoa definitiva, onde nos espera o abraço definitivo do Pai.
No cristianismo, em algumas ocasiões, foi destacado que a dor, o sacrifício, a renúncia e a privação eram caminhos para alcançar a salvação definitiva. Isso acabou levando, em muitas ocasiões a uma espiritualidade que valoriza o sofrimento como fim em si mesmo. No entanto, Jesus veio para dar um significado à dor que todos nós enfrentamos na vida, dificuldades que fazem parte da experiência de cada pessoa e das comunidades.
Acreditamos que a morte não tem a última palavra, mas que a morte é o passo para o encontro definitivo com o Senhor, será a nossa Páscoa definitiva, onde nos espera o abraço definitivo do Pai – Ana Casarotti
Jesus, com sua Páscoa, abre um caminho de transformação interior, onde, mesmo em meio à mais profunda escuridão, sua Ressurreição desperta uma nova esperança! É um caminho que nos ajuda e nos permite conhecer a verdadeira dignidade de cada pessoa em meio à fragilidade e vulnerabilidade e traz consigo uma profunda compaixão por aqueles que se encontram em situações de extrema vulnerabilidade e fragilidade. Desta forma, Jesus enche de esperança o nosso caminho marcado pelo sofrimento, pelas injustiças sociais e estruturais. A sua Páscoa ilumina a nossa vida, dá sentido ao nosso sofrimento e convida-nos a redescobrir a vida que ainda se encontra oculta nas cinzas da “morte”.
Que vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas. Sede como homens que estão esperando seu senhor voltar de uma festa de casamento, para lhe abrir, imediatamente, a porta, logo que ele chegar e bater.
Neste domingo, o evangelho apresenta uma parábola na qual Jesus fala aos seus discípulos, convidando-os a manter uma atitude de esperança e confiança. Ele nos incentiva a estar sempre preparados, com as lâmpadas acesas, para receber o dono da casa que volta de uma festa de casamento. Essa história nos faz refletir sobre a importância de estar vigilantes, vivendo nossa rotina com essa “espera consciente”. É preciso estar atento para reconhecer a presença de Deus no nosso dia a dia, que se manifesta de várias formas. Ele nos chama a ficar atentos para essa “vinda”, que pode acontecer a qualquer momento, mesmo sem aviso prévio, para que possamos acolhê-la e permitir que sua presença transforme nossas vidas.
Assim, Jesus nos convida a viver cada dia com propósito e profundidade. Isso não significa se isolar do mundo ou se fechar em si mesmo, mas sim manter os sentidos atentos para perceber e vibrar com essa presença que está mais próxima do que às vezes imaginamos. O trecho fala de uma atitude constante, que vai além do aspecto individual ou da preocupação com a morte física.
É um chamado para reconhecer Jesus que já está no meio de nós e, para isso, recomenda estar vigilantes, atentos, com os sentidos despertos e o coração inquieto.
No Dia dos Mortos, somos convidados a nos levantar e a não deixar que as tradições do ambiente, do “sempre foi assim”, fiquem enraizadas dentro de nós e adormeçam sentidos – Ana Casarotti
O Papa Leão, em sua exortação apostólica Dilexi te, nos diz que "não devemos baixar a guarda em relação à pobreza" (DT 12) e deve ser afirmado com toda a clareza necessária que "Os pobres não existem por acaso ou por um destino cego e amargo. Muito menos a pobreza é, para a maioria deles, uma escolha. E, no entanto, ainda há alguns que ousam afirmar isso, demonstrando cegueira e crueldade" (DT 14). Dilexi te: “Não é caridade, mas Revelação.” Leão XIV e o 'magisterium pauperum'. Artigo de Andrea Grillo
No Dia dos Mortos, somos convidados a nos levantar e a não deixar que as tradições do ambiente, do “sempre foi assim”, fiquem enraizadas dentro de nós e adormecam sentidos. Celebrar a lembrança e fazer orações por quem já partiu nos ajuda a renovar o significado da nossa vida, a reafirmar aquilo que é duradouro, para que possamos construir juntos uma sociedade mais solidária e justa.
"Cada um, à sua maneira, descobriu que os mais pobres não são apenas objetos da nossa compaixão, mas mestres do Evangelho. Não se trata de "levar" Deus até eles, mas de encontrá-lo neles... A Igreja, portanto, quando se inclina para cuidar dos pobres, assume a sua postura mais elevada" (DT 79)
Morrer é preparar a última festa
Morrer é preparar a última festa
Recordamos tantos que partiram
e, sabendo que se dirigem ao seu abraço,
não nos resta outro canto que o silêncio.
Talvez a sua ausência agora nos invada.
Os olhos brilham ao evocar os seus gestos.
A gratidão e a nostalgia dançam
por tudo o que alguma vez nos deram.
Choramos, porque assim anseia quem ama.
Porque dói a morte, esse mistério
que nos abre o caminho para outra vida,
enquanto fecha este ciclo que é o tempo.
Nossa finitude é uma promessa,
e também é uma luta com o luto.
Sinto falta deste horizonte de esperança,
quando o “adeus” envolve um “nos veremos”.
Sua partida nos desperta algumas dúvidas,
nos confronta com o fim, como um espelho,
pois todos atravessaremos essa porta
e, ao passar esse limiar, descobriremos
que você já estava nos esperando,
que a vida era o pórtico do céu.
Cantaremos novamente, e para sempre,
com aqueles que hoje nos deixam sua lembrança.
José María Rodríguez Olaizola
COMEMORAÇÃO DOS FIÉIS FALECIDOS
“Esta comemoração teve origem entre os monges em meados do século IX, como uma extensão da solenidade do dia anterior: em alguns mosteiros, orações eram oferecidas neste dia pelos cristãos que ainda não haviam alcançado a glória celestial […] Na Idade Média, toda a liturgia pelos mortos adquiriu um caráter sombrio, no qual prevalecia a ideia do temor da danação e da morte eterna. O Concílio Vaticano II decidiu que o significado pascal que esta liturgia tinha nos primeiros tempos da Igreja deveria ser restaurado” (LH Rivas).
Primeira leitura (Ap 21,1-7)
O autor do Apocalipse, após o triunfo final de Jesus Cristo, tem uma visão do futuro: “os novos céus e a nova terra… a cidade santa, a nova Jerusalém, que desce do céu, da parte de Deus, preparada como uma noiva adornada para o seu esposo” (21,2). O que é, então, a “novidade” do céu e da terra? Emilio Aliaga Girbés¹ explica : “Ora, o Filho, após a ressurreição, já está presente em Deus com toda a sua humanidade e até mesmo com a sua corporeidade. Além disso, a humanidade, cidadã da cidade/noiva, entra no céu com pleno direito e para lá permanecer para sempre. O céu, portanto, já não é o mesmo, porque já não é apenas a casa de Deus, mas tornou-se também a casa da humanidade.”
Então, a nova Jerusalém é apresentada como a noiva adornada que desce ao encontro do noivo, o Cordeiro. Nesse sentido, Jerusalém é a cidade que traz o céu à terra, onde a participação no divino é oferecida à humanidade como um dom. É o lugar onde Deus e a humanidade vivem em comunhão, em Aliança.
Além disso, a nova Jerusalém é o lugar de consolo universal porque o Noivo venceu a morte com suas consequências de choro, luto e dor.
Aquele que está no trono fala novamente, dizendo que “faz novas todas as coisas” e se apresenta como “o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim”. Então, ele faz duas promessas: a primeira é uma dádiva gratuita, oferecendo-lhes a oportunidade de beber da fonte da água da vida, ou seja, da imortalidade. A segunda é para os vencedores e consiste em finalmente viver a Aliança prometida: “Eu serei o seu Deus, e eles serão meus filhos”.
Em resumo, “O mundo renovado significará um mundo inteiramente do homem e inteiramente de Deus. A antiga fórmula da aliança (‘Eu sou o vosso Deus, vós sois o meu povo’) é retomada e levada a outro nível: a simples reciprocidade de pertencimento torna-se agora uma reciprocidade de vida e amor.” ²
Segunda leitura (1 Coríntios 15:20-23)
Este texto faz parte da subseção que abrange 1 Coríntios 15:12-34, onde São Paulo busca demonstrar a unidade intrínseca que existe entre a ressurreição de Cristo, afirmada como o cerne do querigma, e a ressurreição dos mortos, uma situação que pode ser elucidada pela fé recebida.
O argumento de Paulo começa afirmando claramente a verdade da ressurreição de Cristo e como ela garante a futura ressurreição dos cristãos. Para demonstrar essa relação entre a ressurreição de Cristo e a dos cristãos, que alguns coríntios negavam, ele usa a comparação antitética entre Adão e Cristo (um tema que ele desenvolve em Romanos 5). Por meio de Adão veio a morte para toda a humanidade; por meio de Cristo vem a vida, também para todas as pessoas. Mas com uma ordem progressiva: primeiro Cristo, já ressuscitado, depois, na Parusia, aqueles que pertencem a Cristo, aqueles que estão unidos a Ele.
Evangelho (Lc 24:1-8)
O capítulo anterior (Lc 23,55-56) terminou dizendo que as mulheres tinham ido ao túmulo e visto como o corpo de Jesus foi colocado no sepulcro; que depois voltaram para preparar os aromas e a mirra; e que no sábado descansaram conforme o mandamento. É interessante notar que o tema da observância da lei já havia aparecido frequentemente no relato do nascimento de Jesus (cf. 1,6.8-9; 2,21-25.37.39.41-42), indicando que, do início ao fim da vida de Jesus, não houve ruptura com a lei de Israel .
Este capítulo 24 começa indicando que já é manhã cedo no primeiro dia da semana. É então que as mulheres, ainda não identificadas (serão identificadas em 24:10), chegam ao túmulo para tratar o corpo de Jesus com os unguentos que haviam preparado. Aqui, o evangelista repete o verbo " encontrar" (εὑρίσκω) numa espécie de jogo paradoxal: elas encontram a pedra removida, mas não encontram o corpo do Senhor Jesus.
A situação do túmulo vazio mergulha as mulheres em um estado de perplexidade e confusão, sem saberem como agir (significado do verbo apore, w – aporéō ). Nessa situação, dois homens vestidos de branco deslumbrante, isto é, anjos, aparecem para elas (cf. Lc 24,23). Essa aparição angelical aumenta a perplexidade das mulheres com tanto medo que elas olham para o chão. Essa situação é esclarecida pelas palavras dos anjos: "Por que vocês procuram entre os mortos aquele que está vivo? Ele não está aqui; ressuscitou (οὐκ ἔστιν ὧδε, ἀλλ᾽ ἠγέρθη)". Portanto, os sinais da pedra removida e do túmulo vazio, para conduzirem à fé, exigiam o anúncio explícito que lhes foi feito pelos anjos. Vale ressaltar que o mal-entendido que as levou à confusão surgiu da busca no lugar errado. De fato, as mulheres procuravam um cadáver, e os anjos lhes anunciaram que não deveriam procurar Jesus entre os mortos, pois ele estava vivo, pois havia ressuscitado. Este é, sem dúvida, o querigma pascal: o Senhor ressuscitou! ( praeconium paschale ). E a resposta ao querigma é a fé. Como bem afirma R. Brown : "Que Jesus não está lá, as mulheres podem ver com seus próprios olhos; que isso se deve à ressurreição de Jesus por Deus dentre os mortos, elas devem crer com fé."
Para ajudar as mulheres a crerem, os anjos as convidam a recordar as palavras de Jesus que haviam predito esses eventos: "É necessário que o Filho do Homem seja entregue nas mãos de pecadores, seja crucificado e ressuscite ao terceiro dia". A expressão "é necessário" (Dei), frequente em Lucas, indica que tudo isso acontece segundo o plano de Deus. E o diálogo conclui observando que as mulheres se lembraram das palavras de Jesus.
Em suma, como J. Fitzmyer corretamente aponta , ⁵ “o propósito da narrativa, cujo centro é a festa pré-pascal, é apresentar Jesus como o vencedor da morte. Através de seu sofrimento, sua ‘paixão’, ele se tornou o Cristo ressuscitado, ‘o Senhor’ (cf. Atos 2:36); ele passou de sua condição de mestre terreno, de realizador de milagres e curas, para sua nova condição de Filho glorificado, que derramará do Pai a promessa do Espírito Santo (Atos 1:4; 2:33) sobre todos os que o reconhecerem na fração do pão. A morte não foi capaz — nem jamais será — de retê-lo em seu poder. Neste episódio, testemunhamos como foi difícil, mesmo para os seguidores mais próximos de Jesus, compreender sua vitória sobre a morte.”
Algumas reflexões:
Certamente, todos nós nos fazemos perguntas fundamentais em algum momento: “Por que vivemos e qual é o nosso propósito? Por que, afinal, morremos? Existe algo após a morte?” Os crentes e aqueles que buscam a verdade também fazem essas perguntas a Deus. Portanto, a fé cristã responde à busca pelo sentido da vida com uma revelação oferecida por Jesus Cristo. Assim, o verdadeiro sentido da vida nos é revelado na Palavra que Deus nos deixou como guia e que está contida nas Sagradas Escrituras.
As Sagradas Escrituras revelam que o homem foi criado por Deus para a vida e que a morte entra no mundo como consequência do pecado do homem. A morte, então, aparece como um mal que limita o desejo de viver. E a causa ou raiz desse mal não está em Deus, mas no abuso da liberdade por parte do homem.
Mas o Evangelho também revela que Cristo ressuscitou, vencendo a morte e abrindo o caminho para a Vida Eterna para a humanidade. Afirmar isso não significa perder de vista todo o drama e angústia inerentes à morte. Na cruz, não há glorificação da morte que substitua a antiga alegria da vida. A afirmação da vida e o julgamento da morte como antidivina também aparecem no Novo Testamento. Assim, São Paulo define a morte como o último inimigo a ser vencido (1 Coríntios 15:26). Essa vitória implica vencer o vazio, a solidão infinita que a morte traz ao nos separar de todos os nossos laços fundamentais, especialmente nossa relação com o Deus que dá a vida.
O justo desceu ao Sheol, onde Deus não é louvado. Com essa descida de Jesus, é o próprio Deus quem desce ao Sheol : graças a isso, a morte deixa de ser a terra das trevas, do abandono de Deus, o reino de sua distância e ausência. Em Cristo, é o próprio Deus quem penetrou o reino da morte, transformando o espaço da incomunicabilidade em um espaço de sua presença. Isso não implica uma glorificação da morte, mas sim a abolição de seu caráter como morte, como a derrota definitiva da vida humana.
A ressurreição que nós, cristãos, aguardamos é uma transformação e glorificação que é pura e exclusivamente obra de Deus. É um milagre, uma obra do Seu poder divino, uma nova criação. É muito mais do que a imortalidade ou a sobrevivência da alma como mera substância espiritual. Penso que precisamos enfatizar este ponto novamente porque, em conjunto com a pseudorreligião, perdemos de vista a verdade.
A espiritualidade da Nova Era promove a ideia da vida eterna, apresentada como o destino natural de todas as pessoas, seja como vida após a morte ou como um processo contínuo de reencarnação. Essa atitude "leve" em relação à morte leva a uma atitude "leve" em relação à própria vida. Como J. Ratzinger bem observou : "A atitude em relação à morte implica a atitude que se toma em relação à vida. Consequentemente, a morte torna-se a chave para a questão do que o homem é, em última análise [...] O cristão morre na morte de Cristo. A morte, enquanto morte, é vencida em Cristo porque ele não permitiu que sua vida lhe fosse tirada, mas a entregou por amor e confiança no amor do Pai. O homem amadurece para a vida verdadeira e eterna graças à aceitação transformadora da morte, que está continuamente presente em toda a sua vida."
O que queremos enfatizar é que a morte é uma questão vital para a humanidade, por mais paradoxal que possa parecer. Não é algo que necessariamente acontecerá no fim de nossas vidas; pelo contrário, carregamos sua marca desde o momento em que nascemos. E é importante reconhecer isso, encontrar um significado nela para que possamos viver a vida de forma mais plena. O Papa Bento XVI explicou isso muito bem: “Morrer, na realidade, faz parte da vida, não apenas do seu fim, mas também, se prestarmos atenção, de cada momento . Apesar de todas as distrações, a perda de um ente querido nos faz descobrir o ‘problema’, fazendo-nos sentir a morte como uma presença radicalmente hostil, contrária à nossa vocação natural para a vida e a felicidade. Jesus revolucionou o significado da morte. Ele o fez com seus ensinamentos, mas sobretudo ao enfrentar a morte pessoalmente. ‘Morrendo, ele destruiu a morte’, diz a liturgia do Tempo Pascal. ‘Com o Espírito que não podia morrer’, escreve um Padre da Igreja, ‘Cristo venceu a morte que matava o homem’ (Melito de Sardes, ‘Na Páscoa’, 66). O Filho de Deus quis, assim, compartilhar plenamente a nossa condição humana, abri-la à esperança. Em última análise, ele nasceu para que pudesse morrer e, assim, nos libertar da escravidão da morte. A Carta aos Hebreus diz: ‘Ele sofreu a morte por todos’ (2,9). A partir daí, A morte, porém, já não é a mesma: foi, por assim dizer, desprovida de seu “veneno”. O amor de Deus, agindo em Jesus, deu um novo significado a toda a existência humana e, assim, transformou também a morte. Se em Cristo a vida humana é uma passagem “deste mundo para o Pai” (João 13:1), a hora da morte é o momento em que essa passagem se concretiza e se torna definitiva.
A respeito disso, o Papa Leão XIV disse em sua audiência de 15 de outubro de 2025: “Jesus, por meio de sua Ressurreição, nos assegurou uma fonte permanente de vida: Ele é o Vivente (cf. At 1,18), o amante da vida, o vencedor de toda a morte. Portanto, Ele é capaz de nos oferecer alívio em nossa jornada terrena e nos assegurar a paz perfeita na eternidade. Somente Jesus, que morreu e ressuscitou, responde às perguntas mais profundas de nossos corações: Existe realmente um destino para nós? Nossa existência tem sentido? E como pode ser redimido o sofrimento de tantas pessoas inocentes?”
O Jesus Ressuscitado não nos dá uma resposta "lá de cima", mas torna-se nosso companheiro nesta jornada muitas vezes cansativa, dolorosa e misteriosa. Só Ele pode preencher nosso vazio quando nossa sede se torna insuportável. E Ele é também o destino da nossa peregrinação. Sem o Seu amor, a jornada da vida se tornaria uma peregrinação sem rumo, um erro trágico com um destino perdido. Somos criaturas frágeis. O erro faz parte da nossa humanidade; é a ferida do pecado que nos faz cair, desistir e desesperar. Ressuscitar, porém, significa levantar e ficar de pé novamente. O Ressuscitado garante a nossa chegada; Ele nos conduz para casa, onde somos esperados, amados e salvos. Fazer a jornada com Ele ao nosso lado significa experimentar ser sustentado apesar de tudo, satisfeito e fortalecido nas provações e tribulações que, como pedras pesadas, ameaçam bloquear ou desviar a nossa história.
Amados, da Ressurreição de Cristo brota a esperança que nos permite saborear antecipadamente, apesar do cansaço da vida, uma profunda e jubilosa quietude: aquela paz que só Ele pode nos dar no fim, sem fim.
PARA ORAÇÃO (RESSONÂNCIAS DO EVANGELHO EM UMA ORAÇÃO):
Tribunal Divino
Um dia o Senhor virá, e esperamos que isso aconteça.
A justiça reinará em seu trono.
Será finalmente a vitória do coração enlutado.
Muitos entendem e estão se preparando.
Outros andam por aí distraídos.
Buscando entre outros mistérios
Ele falou claramente sobre justiça.
Novo e abençoado, que dividirá
Ele dará a cada um o seu lugar.
Eis ovelhas domesticadas pelo sofrimento.
E ali… Cabras rebeldes
Detidos nestes tempos
Ele não fará mais perguntas.
Ele apenas pronunciará a sentença.
O amor... será a prova.
Os bem-aventurados desfrutarão do paraíso.
e uma nova terra,
vestes limpas, lavadas por sua devoção
Acorda, irmão, escuta
É hora de ficarmos vigilantes.
Não sabemos quando será esse momento.
Tribunal Divino do Juiz Supremo
Aguardamos ansiosamente para contemplar Sua Glória e Majestade.
Porque vimos a Cruz
Dá-nos o teu Espírito Santo, Pai.
Para ser fiel a ti em Cristo, teu Filho.
Aquele que reina contigo para sempre.
Amém.
1 O Apocalipse de São João. Leitura teológico-litúrgica , Estella, Verbo Divino, 2013,
2 Vanni, Ugo: Apocalipse: Uma assembleia litúrgica interpreta a história . Estella, Verbo Divino, 1998, 131.
3 Cf. R. Brown, Um Cristo Ressuscitado no Tempo da Páscoa (San Pablo; Buenos Aires 1991) 61-62. 4 Um Cristo Ressuscitado no Tempo da Páscoa (San Pablo; Buenos Aires 1991) 63.
5 O Evangelho Segundo Lucas IV (Cristianismo; Madrid 2005) 554.
6 Escatologia (Herder; Madrid 2007) 91.
CONMEMORACIÓN DE LOS FIELES DIFUNTOS
“Esta conmemoración se originó entre los monjes a mediados del siglo IX, como una extensión de la solemnidad del día precedente: en algunos monasterios se rezaban en este día por los cristianos que todavía no habían llegado a la gloria celestial […] En la edad media, toda la liturgia de difuntos adquirió un carácter tétrico, en el que primaba la idea del temor de la condenación y la muerte eterna. El Concilio Vaticano II decidió que se volviera al sentido pascual que esta liturgia había tenido en los primeros tiempos de la Iglesia” (L. H. Rivas).
Primera lectura (Ap 21,1-7)
El autor del Apocalipsis, después del triunfo final de Jesucristo, tiene una visión sobre el futuro: “el cielo nuevo y la tierra nueva… la Ciudad santa, la nueva Jerusalén, que descendía del cielo y venía de Dios, embellecida como una novia preparada para recibir a su esposo” (21,2). ¿Cuál es entonces la “novedad” de cielo y la tierra? Al respecto Emilio Aliaga Girbés1: “Ahora, el Hijo, después de la resurrección, está ya presente en Dios con toda su humanidad e incluso con su corporeidad. Por lo demás, los hombres, ciudadanos de la ciudad/esposa, entran en el cielo con pleno derecho y para permanecer establemente allí. El cielo, pues, ya no es lo mismo, porque ya no es solo la casa de Dios, sino que se ha convertido también en la casa de los hombres”.
Luego la nueva Jerusalén es presentada como la novia embellecida que desciende al encuentro del esposo, del Cordero. En este sentido, Jerusalén es la ciudad que trae el cielo a la tierra, en la que la participación en la divinidad es ofrecida a los hombres como un don. Es el lugar donde Dios y el hombre viven en comunión, en Alianza.
Además, la nueva Jerusalén, es el lugar de la consolación universal porque el Esposo ha derrotado la muerte con sus consecuencias de llanto, luto y dolor.
El que está en el trono vuelve a hablar diciendo que “hace nuevas todas las cosas” y se presenta como “el Alfa y la Omega, el Principio y el Fin”. Y luego hace dos promesas: la primera es gratuita y consiste en dar de beber de la fuente del agua de la vida, o sea la inmortalidad. La segunda es para los vencedores y consiste en vivir finalmente la Alianza prometida: “yo seré su Dios y él será mi hijo”.
En fin, “El mundo renovado significará un mundo totalmente del hombre y totalmente de Dios. La antigua fórmula de la alianza («Yo soy vuestro Dios, vosotros sois mi pueblo») queda recogida y trasladada a otro nivel: la simple reciprocidad de pertenencia se convierte ahora en una reciprocidad de vida y de amor.”2
Segunda lectura (1Cor 15,20-23)
Este texto forma parte de la sub-sección que abarca 1Cor 15,12-34 donde San Pablo busca demostrar la intrínseca unidad que existe entre la resurrección de Cristo, afirmada como núcleo del kerigma, y la resurrección de los muertos, situación que es posible iluminar a partir de la fe recibida.
La argumentación paulina comienza afirmando claramente la verdad de la resurrección de Cristo y cómo la misma es la garantía de la resurrección futura de los cristianos. Para demostrar esta relación entre la resurrección de Cristo y la de los cristianos, que negaban algunos corintios, recurre a la comparación antitética entre Adán y Cristo (tema que desarrollará en Rom 5). Por Adán vino la muerte para todo hombre, por Cristo viene la vida, también para todos los hombres. Pero con un orden progresivo: primero Cristo, ya resucitado, luego, en la parusía, los que son de Cristo, los que estén unidos a Él.
Evangelio (Lc 24,1-8)
El capítulo anterior (Lc 23,55-56) terminaba diciendo que las mujeres habían ido hasta la tumba y habían visto cómo era colocado el cuerpo de Jesús en el sepulcro; que luego regresaron a preparar los aromas y la mirra; y que el sábado descansaron según el precepto. Es interesante notar que el tema de la observancia de la ley ya había aparecido con frecuencia en el relato del nacimiento de Jesús (cf. 1,6.8-9; 2,21-25.37.39.41-42) denotando que del principio al fin de la vida de Jesús no hubo ruptura con la ley de Israel3.
Este capítulo 24 comienza indicando que nos encontramos ya en la madrugada del primer día de la semana. Es entonces cuando las mujeres, que siguen sin ser identificadas (lo serán en 24,10), se llegan hasta el sepulcro para tratar el cadáver de Jesús con los ungüentos que habían preparado. Aquí el evangelista repite el verbo encontrar (εὑρίσκω) en una especie de juego paradójico: encuentran la piedra removida y no encuentran el cuerpo del Señor Jesús.
Esta situación del sepulcro vacío sume a las mujeres en un estado de perplejidad y desconcierto, de no saber cómo actuar (sentido del verbo apore ,w –aporéō). En esta situación se les aparecen entonces dos hombres vestidos de un blanco resplandeciente, o sea ángeles (cf. Lc 24,23). Esta aparición angélica añade a la perplejidad de las mujeres un temor tal (e ;mfobwj) que las hace mirar al suelo. Esta situación es iluminada por las palabras de los ángeles: "¿Por qué buscan al que está vivo entre los muertos? No está aquí, ha resucitado (οὐκ ἔστιν ὧδε, ἀλλ᾽ ἠγέρθη)". Por tanto, los signos de la piedra corrida y el sepulcro vacío, para llegar a la fe, necesitaron del anuncio explicito que les llegó de parte de los ángeles. Vale decir que el des-encuentro que las llevó a una situación de confusión se debe a que buscaron mal. En efecto, las mujeres buscaban un cuerpo muerto y los ángeles les anuncian que no deben buscar entre los muertos a Jesús porque está vivo, porque ha resucitado. Se trata, sin lugar a dudas, del kerigma pascual: ¡el Señor ha resucitado! (praeconium paschale). Y la respuesta al kerigma es la fe. Como bien dice R. Brown4: "Que Jesús no está allí, las mujeres pueden verlo con sus propios ojos; que eso sea así porque Dios ha resucitado a Jesús, deben creerlo con fe".
Para ayudar a las mujeres a creer, los ángeles las invitan a hacer memoria de las palabras de Jesús que habían anunciado estos sucesos: "Es necesario que el Hijo del Hombre sea entregado en manos de los pecadores, que sea crucificado y que resucite al tercer día". La expresión "es necesario" (dei /), frecuente en Lucas, indica que todo esto sucede según el plan de Dios. Y se cierra el diálogo señalando que las mujeres recordaron las palabras de Jesús.
En fin, como bien señala J. Fitzmyer5, "la finalidad del relato, cuyo centro es el praeconium paschale, consiste en presentar a Jesús como vencedor de la muerte. Por medio de su sufrimiento, de su «pasión», se ha convertido en Cristo resucitado, en «el Señor» (cf. Hch 2,36); ha pasado de su condición de maestro terrenal, de realizador de prodigios y curaciones, a su nueva condición de Hijo glorificado, que va a derramar de parte del Padre la promesa del Espíritu Santo (Hch 1,4; 2,33) sobre todos los que lo reconozcan al partir el pan. La muerte no ha podido —ni podrá— retenerlo en su poder. En este episodio somos testigos de lo difícil que fue, hasta para los más estrechos seguidores de Jesús, comprender su victoria sobre la muerte".
Algunas reflexiones:
Hay ciertamente preguntas fundamentales que todos nos hacemos en algún momento: “¿por qué y para qué vivimos?; ¿por qué al final morimos?; ¿hay algo después de la muerte?” Ahora bien, el creyente o el que está en búsqueda, hace también estas preguntas a Dios. Entonces, a la búsqueda de sentido de la vida la fe cristiana responde con una revelación ofrecida por Jesucristo. Por tanto, el auténtico sentido de la vida se nos revela en la Palabra que Dios nos dejó como guía y que está contenida en la Sagrada Escritura.
La Sagrada Escritura nos revela que el hombre fue creado por Dios para la vida y que la muerte entra en el mundo como consecuencia del pecado del hombre. Aparece entonces la muerte como un mal que limita el deseo de vivir. Y la causa o raíz de este mal no está en Dios sino en el abuso de la libertad por parte del hombre.
Pero también el evangelio nos revela que Cristo ha resucitado venciendo a la muerte y abriendo para los hombres el camino a la Vida Eterna. Afirmar esto no implica que se pierda de vista toda la dramaticidad y la angustia que encierra la muerte. En la cruz no hay una glorificación de la muerte que sustituye a la antigua alegría por la vida. El sí a la vida y el juicio que se da a la muerte como lo anti-divino aparece también en el Nuevo Testamento. Así, san Pablo define a la muerte como el último enemigo que debe ser vencido (1Cor 15,26). Esta victoria supone superar el vacío, la soledad infinita que conlleva la muerte al alejarnos de todos nuestros vínculos constitutivos, en especial de la relación con el Dios que da la vida.
El justo ha bajado al sheol donde no se alaba a Dios. Con este descendimiento de Jesús es Dios mismo quien baja al sheol: gracias a ello la muerte deja de ser el país de las tinieblas, del abandono de Dios, el ámbito de su lejanía y ausencia. En Cristo es Dios mismo quien ha penetrado en el ámbito de la muerte, convirtiendo el espacio de la incomunicación en espacio de su presencia. Esto no supone una glorificación de la muerte, sino más bien la supresión de su carácter de muerte, de derrota definitiva de la vida del hombre.
La resurrección que esperamos los cristianos es una transformación y glorificación que es pura y exclusivamente obra de Dios. Es un milagro, una obra de su poder divino, una nueva creación. Es mucho más que la inmortalidad o supervivencia del alma en cuanto sustancia espiritual y simple. Pienso que hay que volver a insistir en este aspecto porque de la mano de la pseudo
espiritualidad de la new age se difunde el tema de la vida para siempre, pero como destino natural de todos los hombres, sea como vida después de la muerte, sea como un proceso de reencarnación continua. Y esta actitud "light" ante la muerte conlleva una actitud "light" ante la vida misma. Como bien nos dice J. Ratzinger6: "La postura frente a la muerte implica la que se toma frente a la vida. Consiguientemente, la muerte se convierte en la clave de la cuestión de qué es en definitiva el hombre […] El cristiano muere en la muerte de Cristo. La muerte como muerte está vencida en Cristo por cuanto no se dejó quitar la vida sino que la entregó por amor y confiando en el amor del Padre. El hombre madura para la vida verdadera y eterna gracias a la transformadora aceptación de la muerte, que se encuentra continuamente presente en toda la vida".
Lo que queremos acentuar es que la muerte es una cuestión vital para el hombre, aunque parezca paradójico. No es sólo algo que ocurrirá necesariamente al fin de nuestra vida, sino que llevamos su impronta desde que nacemos. Y es importante hacernos cargo de esto, encontrarle un sentido para poder vivir con más intensidad la misma vida. Lo explicaba muy bien el Papa Benedicto XVI: "Morir, en realidad, forma parte de la vida y no sólo de su final, sino también, si prestamos atención, de todo instante. A pesar de todas las distracciones, la pérdida de un ser querido nos hace descubrir el «problema», haciéndonos sentir la muerte como una presencia radicalmente hostil y contraria a nuestra natural vocación a la vida y a la felicidad. Jesús revolucionó el sentido de la muerte. Lo hizo con su enseñanza, pero sobretodo afrontando Él mismo a la muerte. «Muriendo destruyó la muerte», dice la liturgia del tiempo pascual. «Con el Espíritu que no podía morir --escribe un padre de la Iglesia-- Cristo venció a la muerte que mataba al hombre» (Melitón de Sardes, «Sobre la Pascua», 66). El Hijo de Dios quiso de este modo compartir hasta el fondo nuestra condición humana para abrirla a la esperanza. En última instancia, nació para poder morir y de este modo liberarnos de la esclavitud de la muerte. La Carta a los Hebreos dice: «padeció la muerte para bien de todos» (2, 9). A partir de entonces, la muerte ya no es la misma: ha quedado privada por decirlo de algún modo de su «veneno». El amor de Dios, actuando en Jesús, ha dado un nuevo sentido a toda la existencia del hombre y de este modo ha transformado también la muerte. Si en Cristo la vida humana es un paso «de este mundo al Padre» (Juan 13, 1), la hora de la muerte es el momento en el que este paso tiene lugar de manera concreta y definitiva".
Al respecto dijo el Papa León XIV en la audiencia del 15 de octubre de 2025: “Jesús, con su Resurrección, nos ha asegurado una permanente fuente de vida: Él es el Viviente (cfr. Hch 1,18), el amante de la vida, el victorioso sobre toda muerte. Por eso es capaz de ofrecernos alivio en el camino terreno y asegurarnos la quietud perfecta en la eternidad. Solo Jesús muerto y resucitado responde a las preguntas más profundas de nuestro corazón: ¿hay realmente un punto de llegada para nosotros? ¿Tiene sentido nuestra existencia? ¿Y el sufrimiento de tantos inocentes, cómo podrá ser redimido?
Jesús Resucitado no deja caer una respuesta “desde arriba”, sino que se hace nuestro compañero en este viaje a menudo cansado, doloroso, misterioso. Solo Él puede llenar nuestra jarra vacía, cuando la sed se hace insoportable. Y Él es también el punto de llegada de nuestro caminar. Sin su amor, el viaje de la vida se convertiría en un vagar sin meta, un trágico error con un destino perdido. Somos criaturas frágiles. El error forma parte de nuestra humanidad, es la herida del pecado que nos hace caer, renunciar, desesperar. Resurgir significa sin embargo volver a levantarse y ponerse de pie. El Resucitado garantiza la llegada, nos conduce a casa, donde somos esperados, amados, salvados. Hacer el viaje con Él al lado significa experimentar ser sostenidos a pesar de todo, saciados y fortalecidos en las pruebas y en las fatigas que, como piedras pesadas, amenazan con bloquear o desviar nuestra historia.
Queridos, de la Resurrección de Cristo brota la esperanza que nos hace gustar anticipadamente, no obstante las fatigas de la vida, una quietud profunda y gozosa: aquella paz que Él solo nos podrá dar al final, sin fin”.
PARA LA ORACIÓN (RESONANCIAS DEL EVANGELIO EN UNA ORANTE):
Tribunal divino
Un día vendrá el Señor, y esperamos suceda
La Justicia reinará en su trono
Será por fin la victoria del corazón que pena
Muchos entienden y se preparan
Otros van andando distraídos
Buscando entre otros misterios
El habló con claridad de una Justicia
Nueva y bendita, que dividirá
Dará a cada uno su lugar
Acá ovejas amansadas por el sufrimiento
Y allá… Cabras retobadas
Detenidas en estos tiempos
Él no hará más preguntas,
Solo pronunciará la sentencia
El Amor… será la evidencia
Los benditos gozarán de un cielo
y una nueva tierra,
limpias vestiduras, lavadas por su entrega
Despierta hermano, escucha
Es hora de estar atentos
No sabemos cuándo será el momento
Tribunal divino del Juez Supremo
Esperamos ver su Gloria y Majestad
Porque hemos visto el Madero
Danos tu Santo Espíritu, Padre
Para serte fieles en Cristo tu Hijo
Que reina contigo por los siglos de los siglos.
Amén.
1 El Apocalipsis de San Juan. Lectura teológico-litúrgica, Estella, Verbo Divino, 2013,
2 Vanni, Ugo: Apocalipsis: Una asamblea litúrgica interpreta la historia. Estella, Verbo Divino, 1998, 131.
3 Cf. R. Brown, Un Cristo Resucitado en tiempo pascual (San Pablo; Buenos Aires 1991) 61-62. 4 Un Cristo Resucitado en tiempo pascual (San Pablo; Buenos Aires 1991) 63.
5 El evangelio según Lucas IV (Cristiandad; Madrid 2005) 554.
6 Escatología (Herder; Madrid 2007) 91.