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AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO
1ª Leitura: Êxodo 32,7-11.13-14
Salmo Responsorial 50(51) R- Vou agora levantar-me, volto à casa do meu pai.
2ª Leitura: 1 Timóteo 1,12-17
Evangelho Lucas 15,1-32
"1.Aproximavam-se de Jesus os publicanos e os pecadores para ouvi-lo. " "2.Os fariseus e os escribas murmuravam: “Este homem recebe e come com pessoas de má vida!”. 3.Então, lhes propôs a seguinte parábola: 4.“Quem de vós que, tendo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la? 5.E, depois de encontrá-la, a põe nos ombros, cheio de júbilo" "6.e, voltando para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Regozijai-vos comigo, achei a minha ovelha que se havia perdido. 7.Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu por um só pecador que fizer penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento”.* 8.“Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas e, perdendo uma delas, não acende a lâmpada, varre a casa e a busca diligentemente, até encontrá-la? 9.E tendo-a encontrado, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Regozijai-vos comigo, achei a dracma que tinha perdido. 10.Digo-vos que haverá júbilo entre os anjos de Deus por um só pecador que se arrepende.” 11.Disse também: “Um homem tinha dois filhos. 12.O mais moço disse a seu pai: Meu pai, dá-me a parte da herança que me toca. O pai então repartiu entre eles os haveres. 13.Poucos dias depois, ajuntando tudo o que lhe pertencia, partiu o filho mais moço para um país muito distante, e lá dissipou a sua fortuna, vivendo dissolutamente. 14.Depois de ter esbanjado tudo, sobreveio àquela região uma grande fome e ele começou a passar penúria. 15.Foi pôr-se a serviço de um dos habitantes daquela região, que o mandou para os seus campos guardar os porcos. 16.Desejava ele fartar-se das vagens que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. 17.Entrou então em si e refletiu: Quantos empregados há na casa de meu pai que têm pão em abundância... e eu, aqui, estou a morrer de fome! 18.Vou me levantar e irei a meu pai, e lhe direi: Meu pai, pequei contra o céu e contra ti; 19.já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados. 20.Levantou-se, pois, e foi ter com seu pai. Estava ainda longe, quando seu pai o viu e, movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, o abraçou e o beijou. 21.O filho lhe disse, então: Meu pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. 22.Mas o pai falou aos servos: Trazei-me depressa a melhor veste e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e calçado nos pés. 23.Trazei também um novilho gordo e matai-o; comamos e façamos uma festa. 24.Este meu filho estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado. E começaram a festa. 25.O filho mais velho estava no campo. Ao voltar e aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. 26.Chamou um servo e perguntou-lhe o que havia. 27.Ele lhe explicou: Voltou teu irmão. E teu pai mandou matar um novilho gordo, porque o reencontrou são e salvo. 28.Encolerizou-se ele e não queria entrar, mas seu pai saiu e insistiu com ele. 29.Ele, então, respondeu ao pai: Há tantos anos que te sirvo, sem jamais transgredir ordem alguma tua, e nunca me deste um cabrito para festejar com os meus amigos. 30.E agora, que voltou este teu filho, que gastou os teus bens com as meretrizes, logo lhe mandaste matar um novilho gordo! 31.Explicou-lhe o pai: Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. 32.Convinha, porém, fazermos festa, pois este teu irmão estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado”."
Dives in Misericordia 5-6
Aquele filho, “depois de ter esbanjado tudo..., começou a passar privações”. Com efeito, sobreveio grande carestia “naquela terra” para onde ele tinha ido depois de abandonar a casa paterna. Em tal situação, “desejava matar a fome” com qualquer coisa, até mesmo “com a comida que os porcos comiam. Mas até isso lhe era recusado”.
A herança que o jovem tinha recebido do pai era constituída por certa quantidade de bens materiais. Mas, mais importante do que esses bens era a sua dignidade de filho na casa paterna. Quando se viu sem os bens materiais, também caiu na conta perda dessa dignidade. Quando pediu ao pai que lhe desse a parte de herança que lhe tocava, para se ausentar para longe, não refletiu nisso.
Parece que nem mesmo agora está bem consciente dessa realidade, quando diz para si próprio: “Quantos empregados na casa de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morrendo de fome!”. Avalia-se a si mesmo pela medida dos bens que tinha perdido e que já não possui, enquanto os criados na casa de seu pai continuam a possuí-los. Estas palavras exprimem principalmente a sua atitude perante os bens materiais. No entanto, por detrás delas esconde-se também o drama da dignidade perdida, a consciência da condição de filho perdida.
É então que toma a decisão: “Vou-me embora, vou voltar para meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra Deus e contra ti; já não mereço ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados”. Tais palavras permitem descobrir que amadureceu nele o sentido da dignidade perdida. Quando tomou a decisão de voltar para a casa paterna e de pedir ao pai para ser recebido, não já gozando dos direitos de filho, mas na condição de assalariado, o jovem parece à primeira vista agir por motivo da fome e da miséria em que caiu. No âmago da consciência do filho pródigo, se manifesta o sentido da dignidade perdida, daquela dignidade que brota da relação do filho com o pai. Com essa decisão empreendeu o caminho de regresso.
O filho pródigo, depois de ter gasto os bens recebidos do pai, ao regressar merece apenas ganhar para viver, trabalhando na casa paterna como empregado e, eventualmente, ir amealhando, pouco a pouco, certa quantidade de bens materiais, mas sem dúvida nunca em quantidade igual aos que tinha esbanjado. Tal seria a exigência da ordem da justiça, até porque aquele filho, com o seu comportamento, não tinha somente dissipado a parte de herança que lhe competia, mas tinha também magoado profundamente e ofendido o pai.
O pai do filho pródigo é fiel à sua paternidade, fiel ao amor que desde sempre tinha dedicado ao seu filho. Tal fidelidade manifesta-se na parábola não apenas na prontidão em recebê-lo em casa, mas sobretudo na alegria e no clima de festa tão generoso para com o esbanjador que regressa. Esta atitude provoca até a inveja do irmão mais velho, que nunca se tinha afastado do pai, nem abandonado a casa paterna.
A fidelidade a si próprio por parte do pai (hesed) exprime-se de modo particularmente denso de afeto. Lemos, com efeito, que, ao ver o filho pródigo regressar a casa, o pai, « “Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e sentiu compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o, e cobriu-o de beijos”. Procede deste modo levado certamente por profundo afeto; e assim se explica também a sua generosidade para com o filho, generosidade que causará tanta indignação no irmão mais velho.
Todavia, as causas da sua comoção devem ser procuradas em algo mais profundo. O pai sabe que o que se salvou foi um bem fundamental: o bem da vida de seu filho. Embora tenha esbanjado a herança, a verdade é que a sua vida está salva. Mais ainda, esta, de algum modo, foi reencontrada. É o sentido das palavras dirigidas pelo próprio pai ao filho mais velho: “Era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado”.
A misericórdia apresentada por Cristo na parábola do filho pródigo tem a característica do amor-agape. Este amor é capaz de se debruçar sobre todos os filhos pródigos, sobre qualquer miséria humana e, especialmente, sobre toda miséria moral, sobre o pecado. Quando isto acontece, aquele que é objeto da misericórdia não se sente humilhado, mas como que reencontrado e revalorizado. O pai manifesta-lhe alegria, antes de mais por ele ter sido reencontrado e por ter voltado à vida. Esta alegria indica um bem que não foi destruído: o filho, embora pecador, não deixa de ser realmente filho de seu pai. Indica ainda um bem reencontrado: no caso do filho pródigo, o regresso à verdade sobre si próprio.
Muitos acham que a misericórdia degrada aquele que a recebe e ofende a dignidade do homem. A parábola do filho pródigo nos persuade que a realidade é diferente: a relação de misericórdia baseia-se na experiência daquele bem que é o homem, na experiência comum da dignidade que lhe é própria. Esta experiência comum faz com que o filho pródigo comece a ver-se a si próprio e às suas ações com toda a verdade. Graças a uma misteriosa comunicação da verdade e do amor, o pai vê com tal clareza o bem operado, que parece esquecer todo o mal que o filho tinha cometido.
Sem dúvida, a parábola mais cativante de Jesus é a do "bom pai", erroneamente chamada de "parábola do filho pródigo". Esse "filho mais novo" quase sempre atraiu a atenção de comentaristas e pregadores. Seu retorno ao lar e a incrível acolhida de seu pai comoveram todas as gerações cristãs.
No entanto, a parábola também fala do "filho mais velho", um homem que permanece com o pai sem imitar a vida desordenada do irmão fora de casa. Quando lhe contam sobre a festa que o pai está organizando para acolher o filho perdido, ele fica perplexo. O retorno do irmão não lhe traz alegria, como aconteceu com o pai, mas sim raiva: "Ele fica indignado e se recusa a entrar" na festa. Ele nunca saiu de casa, mas agora se sente um estranho entre os seus.
O pai sai para convidá-lo com o mesmo carinho com que acolheu o irmão. Não grita nem lhe dá ordens. Com amor humilde, "tenta persuadi-lo" a entrar na festa de boas-vindas. É então que o filho explode, revelando todo o seu ressentimento. Passou a vida inteira seguindo as ordens do pai, mas não aprendeu a amar como ele o ama. Só sabe exigir seus direitos e denegrir o irmão.
Esta é a tragédia do filho mais velho. Ele nunca saiu de casa, mas seu coração sempre esteve longe - José Antonio Pagola
Esta é a tragédia do filho mais velho. Ele nunca saiu de casa, mas seu coração sempre esteve longe. Ele sabe guardar os mandamentos, mas não sabe amar. Ele não compreende o amor do pai por aquele filho perdido. Ele não acolhe nem perdoa; não quer ter nada a ver com o irmão. Jesus conclui sua parábola sem satisfazer nossa curiosidade: ele entrou na festa ou ficou de fora?
Apanhados pela crise religiosa da sociedade moderna, habituamo-nos a falar de crentes e descrentes, praticantes e separados, casamentos abençoados pela Igreja e casais em situação irregular... Enquanto continuamos a classificar os seus filhos e filhas, Deus continua a esperar por todos nós, pois Ele não é propriedade dos bons nem dos praticantes. Ele é o Pai de todos.
O que estamos fazendo, nós que não abandonamos a Igreja? Estamos garantindo nossa sobrevivência religiosa observando as regras da melhor forma possível, ou somos testemunhas do grande amor de Deus por todos os seus filhos e filhas? - José Antonio Pagola
O "filho mais velho" desafia aqueles de nós que acreditam viver ao seu lado. O que estamos fazendo, nós que não abandonamos a Igreja? Estamos garantindo nossa sobrevivência religiosa observando os preceitos da melhor maneira possível, ou somos testemunhas do grande amor de Deus por todos os seus filhos e filhas? Estamos construindo comunidades abertas que compreendem, acolhem e acompanham aqueles que buscam a Deus em meio a dúvidas e questionamentos? Estamos levantando barreiras ou construindo pontes? Estamos oferecendo-lhes amizade ou os encarando com desconfiança?
No texto de hoje, vamos refletir sobre uma parábola que Jesus contou para ajudar as pessoas a terem uma ideia de Deus como Pai cheio de ternura. No tempo de Jesus, a ideia que o povo fazia de Deus era de alguém muito distante, severo, como um juiz que ameaçava com castigo. Jesus revela uma nova imagem de Deus.
SITUANDO
O capítulo 15 do Evangelho de Lucas é um ponto central na longa caminhada de Jesus para Jerusalém. É como o alto da serra, de onde se vê o caminho percorrido e se enxerga o caminho que ainda falta. É o capítulo da ternura e da misericórdia acolhedora de Deus, que está no centro das preocupações de Lucas. As comunidades devem ser a revelação do rosto deste Deus para a humanidade.
Todo o capítulo 15 está pendurado na seguinte informação inicial de Lucas: “Todos os publicanos e pecadores se aproximavam para ouvir Jesus. Os fariseus e os escribas, porém, murmuravam: Esse homem recebe os pecadores e come com eles!” (Lucas 15,1-2).
Era isto que estava acontecendo na época de Lucas. Os pagãos se aproximavam das comunidades, querendo entrar e participar. Muitos irmãos judeus murmuravam, achando que acolhê-los era contra o ensinamento de Jesus. Em seguida, Lucas traz três parábolas ligadas entre si pelo assunto:
1. a ovelha perdida (Lucas 15,4-7);
2. a moeda perdida (Lucas 15,8-10);
3. o filho perdido (Lucas 15,11-32).
A última parábola é o assunto deste texto. Geralmente é chamada “A parábola do Filho Pródigo”. Como veremos, é melhor chamá-la “A parábola do Pai com seus dois filhos”.
COMENTANDO
1. Lucas 15,11-13: A decisão do filho mais novo
Um homem tinha dois filhos. O mais novo pede a parte da herança que lhe toca. O pai divide tudo entre os dois. Tanto o mais velho como o mais novo recebem a sua parte. Receber herança não é mérito. É um dom gratuito. A herança dos dons de Deus está distribuída entre todos os seres humanos, tanto judeus como pagãos, tanto cristãos como não-cristãos. Todos têm algo da herança do Pai. Mas nem todos cuidam da mesma maneira. Assim, o filho mais novo parte para longe e gasta a sua herança numa vida dissipada, esquecendo-se do pai. No tempo de Lucas, o mais velho representava as comunidades vindas do judaísmo, e o mais novo, as comunidades vindas do paganismo. Hoje, o mais velho representa aqueles que sempre foram fiéis e praticantes e, por isso, pensam ter algum privilégio diante de Deus. O mais novo representa os que nunca se preocuparam com a religião e agora recebem toda a atenção.
2. Lucas 15,14-19: A desilusão e a vontade de voltar para a casa do Pai
A necessidade de ter o que comer faz com que o mais novo perca a sua liberdade e se torne escravo para cuidar dos porcos. Recebe tratamento pior que os porcos. Esta era a condição de vida de milhões de escravos no império romano no tempo de Lucas. A situação em que está faz o mais novo cair em si e lembrar-se da casa do pai. Ele faz uma revisão de vida e decide voltar para casa. Prepara até as palavras que vai dizer ao Pai: “Já não mereço ser teu filho! Trata-me como um dos teus empregados!” Empregado executa ordens, cumpre a lei da servidão. O filho mais novo quer ser cumpridor da lei, como o queriam os fariseus e escribas no tempo de Jesus (Lucas 15,1-2). Era isto que os missionários dos fariseus impunham aos pagãos que se convertiam ao Deus de Abraão (Mateus 23,15). No tempo de Lucas, cristãos vindos do judaísmo conseguiram que alguns cristãos convertidos do paganismo se submetessem ao jugo da lei (Gálatas 1,6-10).
3. Lucas 15,20-24: A alegria do Pai ao reencontrar o filho mais novo
A parábola diz que o filho mais novo ainda está longe da casa e o Pai já o vê, corre ao seu encontro e o cumula de beijos. A impressão que Jesus nos dá é que o Pai ficou o tempo todo na janela olhando a estrada para ver o filho apontar lá longe da esquina! Conforme o nosso modo humano de pensar e de sentir, a alegria do Pai parece exagerada! Nem deixa o filho terminar as palavras que tinha preparado. Nem escuta! O Pai não quer que o filho seja seu escravo. Quer que seja seu filho! Esta é a grande boa-nova que Jesus nos trouxe! Túnica nova, sandálias novas, anel no dedo, churrasco, festa! Nesta alegria imensa do reencontro, Jesus deixa transparecer como era grande a tristeza do Pai pela perda do filho. Deus estava muito triste e isto a gente só fica sabendo agora, vendo o tamanho da alegria do Pai quando reencontra o filho! E é uma alegria partilhada com todo o mundo na festa que ele manda preparar.
4. Lucas 15,25-28: A reação do filho mais velho
O filho mais velho volta do serviço do campo e encontra a casa em festa. Não entra. Quer saber de que se trata. Quando sabe do motivo da festa, fica com muita raiva e não quer entrar. Fechado em si mesmo, ele pensa ter o seu dinheiro. Não gosta da festa e não entende a alegria do Pai. Sinal de que não tinha intimidade com o Pai, apesar de viver na mesma casa. Pois, se tivesse, teria notado a imensa tristeza do pai pela perda do filho mais novo e teria entendido a alegria dele pela volta do filho. Quem fica muito preocupado em observar a lei de Deus corre o perigo de esquecer o próprio Deus! O filho mais novo, mesmo longe de casa, parecia conhecer o pai melhor que o filho mais velho, que morava com ele na mesma casa! Pois o mais novo teve a coragem de voltar para a casa do pai, enquanto o mais velho não quer mais entrar na casa do pai! Ele não se dá conta de que o pai, sem ele, vai perder a alegria. Pois também ele, o mais velho, é filho do mesmo jeito que o novo
5. Lucas 14,28-30: A atitude do pai e a resposta do filho mais velho
O pai sai de casa e suplica ao filho mais velho que entre. Mas este responde: “Pai, tantos anos que eu sirvo o senhor. Jamais transgredi um só dos teus mandamentos, e o senhor nunca me deu um cabrito para festejar com meus amigos. E vem esse seu filho, que devorou seus bens com prostitutas e o senhor manda matar até o novilho gordo”. O mais velho também quer festa e alegria, mas só com os amigos. Não com o irmão, nem com o pai. Ele nem sequer chama o mais novo de irmão, mas “esse seu filho”, como se não fosse mais irmão dele. E é ele, o mais velho, que fala em prostitutas. É a malícia dele que interpretou assim a vida do irmão mais novo! Quantas vezes nós interpretamos mal a vida e a religião dos outros! A atitude do pai é outra. Ele acolheu o filho mais novo, mas não que perder o filho mais velho. Os dois fazem parte da família. Um não pode excluir o outro.
6. Lucas 15,31-32: A resposta final do Pai
Da mesma maneira como pai não deu atenção aos argumentos do filho mais novo, assim também não dá atenção aos argumentos do mais velho e diz: “Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu! Mas este teu irmão estava morto e tornou a viver. Estava perdido e foi reencontrado!” Será que o mais velho tinha realmente consciência de estar sempre com o pai e de encontrar nesta presença a causa da sua alegria? A expressão do pai “Tudo que é meu é teu!” inclui também o filho mais novo que voltou! O mais velho não tem o direito de fazer distinção. Se ele quer ser mesmo filho do pai, terá que aceitá-lo do jeito que ele é e não do jeito que ele gostaria que o pai fosse! A parábola não diz qual foi a resposta final do irmão mais velho. Isto fica por conta do próprio irmão mais velho que somos nós!
ALARGANDO
Quem experimenta a gratuita e surpreendente entrada do amor de Deus em sua vida torna-se alegria e quer comunicar esta alegria aos outros. A ação salvadora de Deus é fonte de alegria: “Alegrem-se comigo!” (Lucas 15,6.9). É desta experiência da gratuidade de Deus que nasce o sentido da festa e da alegria (Lucas 15,32). No fim da parábola, o pai manda ser alegre e fazer festa. A alegria fica ameaçada por causa do filho mais velho que se recusa a entrar. Ele pensa ter direito a uma alegria só com os seus amigos e não quer a alegria com todos da mesma família humana. Ele representa os que se consideram justos e observantes e acham que não precisam de conversão.
* Texto extraído do livro “O avesso é o lado certo”, de Carlos Mesters e Mercedes Lopes.
Dehonianos
A liturgia deste domingo centra a nossa reflexão na lógica do amor de Deus. Sugere que Deus ama o homem, infinita e incondicionalmente; e que nem o pecado nos afasta desse amor...
A primeira leitura apresenta-nos a atitude misericordiosa de Jahwéh face à infidelidade do Povo. Neste episódio - situado no Sinai, no espaço geográfico da aliança - Deus assume uma atitude que se vai repetir vezes sem conta ao longo da história da salvação: deixa que o amor se sobreponha à vontade de punir o pecador.
Na segunda leitura, Paulo recorda algo que nunca deixou de o espantar: o amor de Deus manifestado em Jesus Cristo. Esse amor derrama-se incondicionalmente sobre os pecadores, transforma-os e torna-os pessoas novas. Paulo é um exemplo concreto dessa lógica de Deus; por isso, não deixará de testemunhar o amor de Deus e de Lhe agradecer.
O Evangelho apresenta-nos o Deus que ama todos os homens e que, de forma especial, Se preocupa com os pecadores, com os excluídos, com os marginalizados. A parábola do "filho pródigo", em especial, apresenta Deus como um pai que espera ansiosamente o regresso do filho rebelde, que o abraça quando o avista, que o faz reentrar em sua casa e que faz uma grande festa para celebrar o reencontro.
Paulo tem consciência do seu passado de perseguidor violento da Igreja de Cristo. É verdade que Paulo atuou dessa forma por ignorância; no entanto, isso não o exime de culpa... Apesar desse passado duvidoso, Deus, na sua bondade, cumulou-o da sua graça.
No "caminho para Jerusalém" aparece, em dado momento, uma catequese sobre a misericórdia de Deus... Com efeito, todo o capítulo 15 de Lucas é preenchido com as chamadas "parábolas da misericórdia".
Trata-se de um tema caro a Lucas. Para este evangelista, Jesus é o Deus que veio ao encontro dos homens para lhes oferecer, em gestos concretos, a salvação. As parábolas da misericórdia expressam, de forma privilegiada, o amor de Deus que se derrama sobre os pecadores.
A parábola da ovelha perdida - a primeira que o Evangelho de hoje nos propõe - é comum a Lucas e Mateus (cf. Mt 18,12-14), embora em Mateus apareça em contexto diverso: trata-se de material que provém, provavelmente, da "fonte Q" (colecção de "ditos" de Jesus, que Mateus e Lucas utilizaram na composição dos respectivos evangelhos). As parábolas da dracma perdida e do filho pródigo (as outras duas parábolas que completam este capítulo) são exclusivas de Lucas.
O discurso de Jesus apresentado em Lc 15 é enquadrado, pelo evangelista, numa situação concreta. Ao ver que alguns infratores notórios da moral pública (como os cobradores de impostos) se aproximavam de Jesus e eram acolhidos por Ele, os fariseus e os escribas (que não admitiam qualquer contacto com os pecadores e os desclassificados e até mudavam de passeio para não se cruzar com eles) expressaram a sua admiração por Jesus os acolher e por (atitude inaudita!) Se sentar à mesa com eles (o sentar-se à mesa expressava familiaridade, comunhão de vida e de destinos). É essa crítica que vai provocar o discurso de Jesus sobre a atitude misericordiosa de Deus.
As três parábolas da misericórdia pretendem, portanto, justificar o comportamento de Jesus para com os publicanos e pecadores. Elas definem a "lógica de Deus" em relação a esta questão.
A primeira parábola (vers. 4-7) é a da ovelha perdida. Trata-se de uma parábola que, lida à luz da razão, é ilógica e incoerente, pois não é normal abandonar noventa e nove ovelhas por causa de uma; também não faz sentido todo o espalhafato criado à volta de um facto banal como é o reencontro com uma ovelha que se extraviou... Nesses exageros e nessas reações desproporcionadas revela-se, contudo, a mensagem essencial da parábola... O "deixar as noventa e nove ovelhas para ir ao encontro da que estava perdida" mostra a preocupação de Deus com cada homem que se afasta da comunidade da salvação; o "pôr a ovelha aos ombros" significa o cuidado e a solicitude de Deus, que trata com cuidado e com amor os filhos que se afastaram e que necessitam de cuidados especiais; a alegria desproporcionada do pastor que encontrou a ovelha mostra a alegria de Deus, sempre que encontra um filho que se afastou da comunhão com Ele.
A segunda parábola (vers. 8-10) reafirma o ensinamento da primeira. O amor misericordioso e constante de Deus busca aquele que se perdeu e alegra-se quando o encontra. A imagem da mulher preocupada, que varre a casa de cima a baixo, ilustra a preocupação de Deus em reencontrar aqueles que se afastaram da comunhão com Ele. Também aqui há, como na parábola anterior, a referência à alegria do reencontro: essa alegria manifesta a felicidade de Deus diante do pecador que volta.
A terceira parábola (vers. 11-32) apresenta o quadro de um pai (Deus), em cujo coração triunfa sempre o amor pelo filho, aconteça o que acontecer. Ele continua a amar o filho rebelde e ingrato, apesar da sua ausência, do seu orgulho e da sua autossuficiência; e esse amor acaba por revelar-se na forma emocionada como recebe o filho, quando ele resolve voltar para a casa paterna. Esta parábola apresenta a lógica de Deus, que respeita absolutamente a liberdade e as decisões dos seus filhos, mesmo que eles usem essa liberdade para buscar a felicidade em caminhos errados; e, aconteça o que acontecer, continua a amar, a esperar ansiosamente o regresso do filho, preparado para o acolher com alegria e amor. É essa a lógica que Jesus quer propor aos fariseus e escribas (os "filhos mais velhos") que, a propósito dos pecadores que tinham abandonado a "casa do Pai", professavam uma atitude de intolerância e de exclusão.
O que está, portanto, em causa nas três parábolas da misericórdia é a justificação da atitude de Jesus para com os pecadores. Jesus deixa claro que a sua atitude se insere na lógica de Deus em relação aos filhos afastados. Deus não os rejeita, não os marginaliza, mas ama-os com amor de Pai... Preocupa-se com eles, vai ao seu encontro, solidariza-Se com eles, estabelece com eles laços de familiaridade, abraça-os com emoção, cuida deles com solicitude, alegra-Se e faz festa quando eles voltam à casa do Pai. Esta é a forma de Deus atuar em relação aos seus filhos, sem excepção; e é essa atitude de Deus que Jesus revela ao acolher os pecadores e ao sentar-Se com eles à mesa. Por muito que isso custe aos fariseus, essa é a lógica de Deus; e todos os "filhos de Deus" devem acolher esta lógica e atuar da mesma forma.
A parábola do filho pródigo é a mais conhecida das três "parábolas da misericórdia". Mas as duas primeiras dão-nos também uma grande luz. Recordemos que as ovelhas tinham grande importância para o pastor. Não se pode aceitar que ele perdesse uma. Quanto à dracma, era uma soma importante. Basta pensar que uma família inteira podia viver um dia com duas dracmas. Compreende-se que a mulher que a perdeu, tudo faça para a encontrar. Jesus precisa: o pastor procura a sua ovelha perdida "até a encontrar"; a mulher procura a dracma perdida "até a encontrar". Através destas duas personagens, é o Pai que Jesus nos quer mostrar. Eis como o nosso Pai age: diante dos homens que se afastam d'Ele, que vão por caminhos de perdição, Ele parte à sua procura, mas nunca para esta procura. Quando há um naufrágio, efetuam-se procuras para encontrar as vítimas. Mas, ao fim de um certo tempo, acabam-se estas procuras: já não há mais esperança! Mas não para Deus. Ele vai até ao fim, Ele encontrará de qualquer modo a sua criatura perdida. Mas onde? É na morte, consequência última da recusa do amor, que cai o homem. É na morte que Jesus irá para encontrar a humanidade perdida. E aí, no fundo das nossas trevas, que faz o pastor? Enche-se de cólera, bate na sua ovelha infiel, obriga-a a subir todo o caminho pelos seus próprios meios? Não! Nada disso! Quando a encontra, leva-a aos ombros. Jesus pega o homem aos ombros, poupa-lhe a dificuldade da subida para a luz. Como dizer mais explicitamente a gratuidade da salvação que Ele nos vem trazer? É a mesma luz do Pai que acolhe o seu filho sem nada lhe pedir, que lhe dá gratuitamente a sua dignidade de homem livre o seu lugar de filho, como se nada se tivesse passado. Como não transbordar de alegria diante de um tal Deus?
DOMINGO XXIV DURANTE EL AÑO – CICLO "C"
1ra. Lectura (Ex 32,7-11.13-14):
El texto de la primera lectura de hoy forma parte de una unidad literaria integrada por los capítulos 32-34 del libro del Éxodo. Esta sección nos narra cómo Israel en lugar de respetar las tablas de la ley con el mandato principal de no tener otros dioses, se fabricó un becerro de oro, considerado como una divinidad rival de Yavé (cf. Ex 20,3; 32,1.8). Y con esta acción provocó una grave crisis que puso en peligro la misma existencia de Israel como pueblo de Dios. Una cuestión domina estos capítulos: después del episodio del becerro de oro, ¿continuará Yavé a habitar en medio de su pueblo y a guiarlo en el desierto? La gravedad del pecado cometido por el pueblo justificaba la "retirada" de Yavé; pero Moisés intercede y finalmente Yavé cede, perdona, tiene misericordia (Ex 32,13-14; 33,14.17).
El Antiguo Testamento, en varias oportunidades, habla de la cólera de Dios. Incluso más, atribuye a esta irritación de Dios muchas de las desgracias o calamidades que sufre el pueblo (cf. Nm 11,1-33; 25,3.9; Jos 7; Jue 2,14.20; 3,8; 2Sam 15,26; 24,1-15). Ahora bien, la cólera divina es la reacción de Yavé ante el pecado de los hombres, no se trata de una mera explosión de mal humor o de una reacción caprichosa. Hay que vincularla con la justicia divina, como hacen algunos textos proféticos (por ej.: Miq 5,14; Jer 11,20; Ez 25,12-14).
Vale decir que en nuestro texto la ira de Dios está justificada por el grave pecado del pueblo ("se han apartado rápidamente del camino"). Ahora bien, el hecho de que Yavé le cuente su plan de castigo a Moisés supone que deja la puerta abierta para la intercesión . Y esta termina siendo eficaz pues "el Señor se arrepintió del mal con que había amenazado a su pueblo".
La misericordia y el perdón triunfan sobre la justicia, la cual no es anulada sino mitigada. Esta es la suprema experiencia de Dios que tiene Moisés cuando vuelve a subir al monte: "El Señor pasó delante de él y exclamó: "El Señor es un Dios compasivo y bondadoso, lento para enojarse, y pródigo en amor y fidelidad. El mantiene su amor a lo largo de mil generaciones y perdona la culpa, la rebeldía y el pecado; sin embargo, no los deja impunes (Ex 34,6-7).
Segunda Lectura (1Tim 1,12-17):
Esta carta de la tradición paulina muestra a San Pablo ya anciano y maduro, quien recorre con la mirada su pasado y, descubriéndose pecador, reconoce cómo sobreabundó la gracia y la misericordia de Dios en su vida.
Evangelio (Lc 15, 1-32):
En relación a la parábola del hijo pródigo es probable que, de tanto escucharla, haya perdido para nosotros parte de la fuerza de su mensaje, por ello es importante redescubrir su sentido original para luego darle una correcta aplicación a nuestra vida cristiana.
Las tres parábolas del capítulo 15 de San Lucas se referían originalmente a una situación particular pues como nos dice la introducción del capítulo: “recaudadores de impuestos y pecadores” se acercaban a Jesús para escucharlo; lo cual genera una dura crítica por parte de los fariseos y doctores de la Ley que escandalizados decían: “recibe a los pecadores y come con ellos” (cf. Lc 15,2). Como bien nota L. Rivas, hay que tener en cuenta que “para los orientales, compartir la mesa no sólo era un acto de hospitalidad sino que también creaba parentesco entre los que participaban. Por eso los maestros y los piadosos en general evitaban el contacto con los pecadores y jamás los admitían en su mesa” .
Entonces, con la intención de responder a los fariseos y escribas que lo criticaban y murmuraban, Jesús narra tres parábolas. Las dos primeras, la oveja perdida y la moneda extraviada, reciben al final una clara transposición al orden de la fe insistiendo en la alegría de Dios (el cielo; los ángeles) por la conversión de los pecadores (Lc 15,7.10).
La parábola del hijo pródigo, por su parte, permanece sin aplicación explícita, pero, por el contexto, es fácil deducir que el padre representa a Dios; el hijo menor a los pecadores; y el hijo mayor a los fariseos y escribas que se creían justos.
Acerca de esta última parábola, la más extensa de las tres, la interpretación de las parábolas en cuanto relato dinámico invita a considerar la historia global más que los detalles y, entonces, descubrimos que el centro o hilo conductor de la misma es la relación del Padre con sus dos hijos. Por esto tal vez sería mejor llamarla "parábola de los dos hijos" o del “Padre misericordioso”, protagonista principal del relato.
Al inicio la parábola nos describe en detalle el itinerario del hijo menor desde que se va de la casa paterna hasta que regresa y se reencuentra con su Padre. El hecho de pedir la herencia en vida de su padre es ya una ofensa grave para el padre. A esto se suma como agravante que decide abandonarlo, dejar la casa familiar. Al respecto dice B. Malina : “Al solicitar no sólo su herencia, sino el derecho a disponer de ella en vida de su padre, el joven rompe violentamente con su padre, su hermano y la comunidad en la que viven. La hostilidad sería manifiesta tras su regreso, especialmente cuando supiese su familia que había disipado su parte de la propiedad familiar con no-israelitas. Las familias del pueblo tendrían miedo de que a sus hijos jóvenes se les ocurrieran semejantes ideas.”
Luego el relato nos narra la progresiva decadencia del hijo menor, quien dilapidando toda la herencia recibida llega hasta tocar fondo pues pasa hambre y tiene que cuidar cerdos, lo cual es de lo más humillante para un judío, que los considera animales impuros. La opinión de F. Bovon es que “el error del hijo menor radica menos en su petición o su partida que en la dilapidación de la herencia paterna”. Y de hecho es lo que más le recrimina el hermano mayor, el haberse gastado los bienes del padre con prostitutas (cf. 15,30).
En particular se resalta el punto de quiebre que se da cuando el hijo menor toma conciencia de su miserable situación actual en comparación con vivir en la casa de su padre y “recapacita” (“entró en sí mismo” - εἰς ἑαυτὸν δὲ ἐλθὼν -, dice literalmente el texto griego en 15,17). Entonces se arrepiente, reconoce ante sí mismo su pecado y decide volver. Como bien nota F. Bovon en relación a la auto confesión del hijo menor en 15,18-19: “el hijo no quiere hablar de su situación jurídica: sabe muy que no tiene derecho filial alguno a los bienes de su padre. Declara que ha perdido su honor, su identidad, y hasta su nombre de hijo”.
Sigue un momento de sorpresa y que es el centro de la parábola: el padre lo ve, se conmueve, corre a su encuentro, lo abraza y lo besa. El verbo griego que expresa los sentimientos del padre cuando ve volver al hijo (splagcni,zomai en 15,20) indica una conmoción visceral, una repercusión en las 'entrañas'. Este verbo Lucas lo utilizó ya antes para referirse a los sentimientos de Jesús ante una madre viuda que ha perdido a su hijo único (7,13), y a los del buen samaritano ante el hombre herido (10,33). Junto a este amor compasivo, es de notar que el padre es fiel a su paternidad siendo fiel al amor por su hijo rebelde; un amor que se transforma en misericordia cuando supera la norma precisa de la justicia.
Las órdenes del padre en relación a darle el mejor vestido, a ponerle el anillo (signo de poder) y el calzado (15,22) indican claramente la intención del padre de devolverle plenamente la condición de hijo y de reintegrarlo a la familia como si nada hubiera pasado.
Por tanto, nos queda claro que la parábola del hijo pródigo busca revelar la predisposición de Dios para con los pecadores y, de este modo, justificar la actitud de Jesús para con ellos pues no hace más que 'encarnar' los sentimientos del Padre.
No podemos olvidar que la parábola nos presenta también un anti-ejemplo porque hay alguien que se enoja mucho por el regreso del hijo menor: el hijo mayor. Y notemos que el padre sale a buscarlo y a suplicarle que se una a la fiesta; pero él se niega a hacerlo y sus palabras revelan un corazón de siervo, no de hijo ni de hermano. De hecho, en su respuesta no lo llama nunca “padre”; y evita llamarlo “mi hermano” al que ha regresado y se refiere a él como «ese hijo tuyo» (15,30). Por tanto, el hijo mayor representa a los fariseos y a los maestros de la Ley que le critican a Jesús porque “recibe a los pecadores y come con ellos” (cf. Lc 15,2). En este sentido, la relación del Padre con el hijo mayor nos revela, por contraste, un aspecto esencial de la condición de hijos de Dios: no basta el mero pertenecer al pueblo elegido ni el mero cumplimiento externo de los mandamientos para estar en comunión con el Padre. Quedarse en esto sería seguir el camino erróneo de los fariseos. El hijo mayor se había conformado con una pertenencia meramente externa a la casa paterna sin estar en comunión con los sentimientos del padre. Por eso no tiene compasión de su hermano y asume el rol de juez.
Notemos que la parábola termina con un final abierto porque no se precisa si el hermano mayor entró o no al banquete. De este modo hay en el relato un llamado a la conversión, a cambiar de mentalidad.
Las palabras finales del padre refuerzan el mensaje de la parábola: “Es justo que haya fiesta y alegría, porque tu hermano estaba muerto y ha vuelto a la vida, estaba perdido y ha sido encontrado” (15,32). Aquí el uso de los términos “muerte y perdición”; “vida y encuentro” tienen un claro sentido religioso y hacen referencia a la reconciliación con Dios; y vinculan esta parábola con las dos anteriores.
ALGUNAS REFLEXIONES:
La parábola del Hijo pródigo ya fue proclamada en el cuarto domingo de cuaresma de este ciclo, en el contexto de la llamada a la conversión y a la reconciliación propia de ese tiempo litúrgico. Hoy la leemos desde la perspectiva del discipulado que marca todo el camino de Jesús hacia Jerusalén y nos orienta en su aplicación.
Recordemos que los evangelios de los últimos tres domingos nos han presentado las serias exigencias del seguimiento de Cristo: pasar por la puerta estrecha, buscar el último lugar y el cargar con la cruz renunciando a todo. La dureza de estas exigencias puede hacernos volver a la cuestión del comienzo, no ya como pregunta sino como afirmación: ¡son pocos los que se salvan! Todo parece tan difícil y exigente; y nosotros nos sentimos tan flojos, que puede cundir el desánimo. Por esto es muy oportuno detenerse un tiempo en esta especie de oasis en el camino a Jerusalén que es el capítulo 15 de Lucas: “En estas parábolas, Dios es presentado siempre lleno de alegría, sobre todo cuando perdona. En ellas encontramos el núcleo del Evangelio y de nuestra fe, porque la misericordia se muestra como la fuerza que todo vence, que llena de amor el corazón y que consuela con el perdón” (Francisco, M. V. n°9)
La invitación es a dirigir la mirada a Dios para descubrir su corazón de padre. Al respecto dice H. U. von Balthasar: “La parábola del hijo pródigo es quizá la más emotiva y sublime de todas las parábolas de Jesús en el evangelio. El destino y la esencia de los dos hijos sirve únicamente para revelar el corazón del padre. Nunca describió Jesús al Padre celeste de una manera más viva, clara e impresionante que aquí” . Nadie quiere tanto la salvación de los hombres como Él. Por eso Jesús compara a Dios con el pastor que sale en búsqueda de la oveja perdida y se llena de alegría al encontrarla. Y lo mismo con la mujer que perdió su moneda. "Les aseguro que de la misma manera se alegran los cielos y los ángeles (o sea Dios) por un solo pecador que se convierte".
Cada persona, individualmente, es muy valiosa para Dios y Él desea que entre al Reino, que alcance la salvación prometida. Las dos primeras parábolas, con la limitación propia de este lenguaje figurado que no puede ni quiere decirlo todo, si bien dejan en la sombra la respuesta libre del hombre, acentúan el amor decidido de Dios de llevar de vuelta a los perdidos a su casa. Pero a veces los hombres no somos tan dóciles como las ovejas o las monedas.
La respuesta libre del hombre sí aparece claramente en la parábola del hijo pródigo. Es él quien toma la decisión de volver. Sin duda motivada por las miserables circunstancias en las que vino a terminar su vida licenciosa; pero decisión libre al fin.
Lo extraordinario y emocionante es la actitud del Padre quien lo estaba esperando y lo recibe con un abrazo y como a un hijo. El amor del Padre superó la imagen que el hijo menor se había forjado del mismo en sus reflexiones. Fue sorprendido por un amor misericordioso y siempre fiel. Al respecto decía el Papa Francisco en el ángelus del 15 de setiembre de 2019: “Dios nos espera siempre, no se cansa, no se desanima. Porque somos nosotros, cada uno de nosotros, ese hijo que se vuelve a abrazar, esa moneda encontrada, esa oveja acariciada y puesta sobre sus hombros. Él espera cada día que nos demos cuenta de su amor. Y tú dices: “¡Pero he hecho mal tantas cosas, han sido demasiadas!”. No tengas miedo: Dios te ama, te ama tal como eres y sabe que sólo su amor puede cambiar tu vida”.
Por tanto, importa insistir en que el amor del Padre es más fuerte que nuestro pecado y, por eso mismo, nos devuelve la condición de hijos. Una conciencia formada en la estricta justicia puede tener serias dificultades para aceptar el perdón del Padre pues lo considera algo inmerecido, que no le corresponde. Posiblemente se quede encerrada en su culpa esperando el castigo y, de este modo, se niegue al abrazo del Padre. Ante esta actitud, el mensaje evangélico nos recuerda que la misericordia triunfa sobre el juicio y que el perdón de Dios es un gran regalo que se debe aceptar y valorar. Importa más atender al deseo y a la alegría del Padre por la vuelta del hijo, que al remordimiento del hijo por haberle fallado al Padre.
Sería oportuno también recordar, a partir de las actitudes del hijo mayor, que los “convertidos” también tenemos necesidad de conversión. Es real la tentación de refugiarnos en el caparazón de nuestros méritos eclesiásticos y del cumplimiento externo de nuestras prácticas piadosas, y perdernos el gozo del amor entrañable del Padre.
Dijimos que el núcleo de la parábola está en la relación del padre con los dos hijos. Y justamente esta relación con el Padre Dios y con el otro como hermano es el núcleo de la existencia humana y cristiana. Al respecto dice M. Rupnik : "Parece que el pecado ha dañado tan trágicamente la verdad del hombre, desfigurando la imagen de Dios como Padre, que prácticamente la vida del hombre se puede ver como ese difícil camino de descubrimiento de la propia verdad de hijo, a la luz de la verdad de Dios como Padre. Si miramos la Sagrada Escritura, vemos que toda ella converge hacia el nombre de Dios pronunciado por el Hijo en Getsemaní: Abbá. Al mismo tiempo, toda la Biblia nos hace ver el drama humano, transmitido de generación en generación, causado por el hecho de que el hombre no se ve como hijo. Y nos muestra que la salvación consiste en que el verdadero Hijo de Dios, no creado sino generado del Padre, se hace hombre para vivir como hijo y en él se abre a los hombres el camino de la filiación. Se puede ver toda la Biblia como un lento, progresivo y dramático paso de la esclavitud a la libertad, de ser siervos a ser hijos. Todavía hoy en la Iglesia se diría que para nosotros la dificultad mayor está en descubrir y vivir la libertad de los hijos de Dios […] El hijo menor ha pasado de la vergüenza, del fracaso, de la destrucción al abrazo del padre. Encontrarse vivo tras la muerte significa sentirse acogido por Aquel que nos perdona lo que nosotros mismos hemos combinado con nuestra voluntad y que ha constituido nuestra ruina, nuestra humillación y nuestra muerte. El hijo mayor de la parábola no pasa por esa experiencia. Por eso está anclado en sus juicios sobre situaciones y personas. Quien desea hacer el bien pero no ha experimentado nunca la propia fragilidad, el propio pecado y el perdón gratuito, puede tropezar con facilidad, porque le resulta difícil llegar a ser una persona auténtica de fe, de apertura real y de humildad".
En fin, el que se siente amado por Dios comprende que las exigencias de Cristo a sus discípulos están motivadas por su gran amor y que, si bien la puerta es estrecha, del otro lado nos esperan los brazos del Padre. O mejor aún, que Jesús mismo ha pasado por ella para venir a buscarnos y llevarnos al Padre.
PARA LA ORACIÓN (RESONANCIAS DEL EVANGELIO EN UNA ORANTE):
Estaba perdido
Señor,
Recorro las figuras de tus lecciones, personajes que recrean mi vida
Reviven la esperanza pero también los temores
Perder es parte del misterio, como morir pera encontrar la Vida luego
Es dejar atrás la tibieza y volver a avivar el Fuego
Encontrar la dracma es aprender el valor del tiempo
Descubrir adónde van mis afanes y mis esfuerzos
A veces corro detrás del sonido, del color, del fascinante mundo exterior
También regreso agotado y vacío, necesitado de perdón
Otras veces estoy a tu lado, dedicado a lo que creo fui llamado
Entonces caigo en la rutina del deber, y apenas te alcanzo a ver
Nunca impedirás que me marche y que te pida de la herencia: mi parte
Tal vez lejos, comprenda: ser hijo es sentirse amado por el Padre
Andaré por un tiempo como oveja perdida que si no la cargas
Teme por sí, no encontrar el camino hacia tu Casa
Pero también seré a quien tu celebras y abrazas
Me pondrás entonces el vestido de fiesta y las alhajas
¡Ay de tu alegría Padre, inmensa Gloria para Santos y Ángeles!
El Hijo ha vuelto gozoso, para adorarte y alabarte. Amén.