1ª Leitura: Isaías 6,1-2a.3-8
Salmo 137 (138) R- Vou cantar-vos ante os anjos, ó Senhor, e ante o vosso templo vou prostrar-me.
2ª leitura:- 1 Coríntios 15,1-11
Evangelho de Lucas 5,1-11
"Estando Jesus um dia à margem do lago de Genesaré, o povo se comprimia em redor dele para ouvir a Palavra de Deus. 2.Vendo duas barcas estacionadas à beira do lago –, pois os pescadores haviam descido delas para consertar as redes –, 3.subiu a uma das barcas que era de Simão e pediu-lhe que a afastasse um pouco da terra; e sentado, ensinava da barca o povo. 4.Quando acabou de falar, disse a Simão: “Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar”. 5.Simão respondeu-lhe: “Mestre, trabalhamos a noite inteira e nada apanhamos; mas, por causa de tua palavra, lançarei a rede”. 6.Feito isto, apanharam peixes em tanta quantidade, que a rede se lhes rompia. 7.Acenaram aos companheiros, que estavam na outra barca, para que viessem ajudar. Eles vieram e encheram ambas as barcas, de modo que quase iam ao fundo. 8.Vendo isso, Simão Pedro caiu aos pés de Jesus e exclamou: “Retira-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador”. 9.É que tanto ele como seus companheiros estavam assombrados por causa da pesca que haviam feito. 10.O mesmo acontecera a Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram seus companheiros. Então, Jesus disse a Simão: “Não temas; doravante serás pescador de homens”. 11.E, atracando as barcas à terra, deixaram tudo e o seguiram."
Lc 5,1-11
Deus não quer agir sozinho. Ele quer e procura colaboradores ativos e conscientes.
Ao chegar à margem do lago de Genesaré, Jesus viveu uma experiência muito diferente da que tinha vivido na Sinagoga de Nazaré. As pessoas não o rejeitam, mas “se comprimia ao redor dele”; as pessoas não exigem milagres inúteis, mas estão sedentas de “ouvir a Palavra de Deus”; as pessoas não querem precipitá-lo do alto do precipício, mas reconhecem que a palavra de Jesus é Palavra de Deus.
A cena é cativante: Jesus não está dentro de uma Sinagoga, mas em ambiente aberto, à beira do lago e, depois, sobre a barca de Pedro. Jesus está na barca um pouco para dentro da água do lago, as multidões permanecem na margem e ouvem o ensinamento de Jesus. As águas estão calmas; Jesus está sentado numa barca; essa é a sua humilde “cátedra”.
As multidões se comprimem porque querem ouvir a “Palavra de Deus”. Reconhecem que Jesus não repete teorias, mas as põe em contato com Deus. Intuem, ainda que não com clareza, que estão diante de alguém que mais do que um mero porta-voz de Deus; percebem que Jesus é mais do que um profeta. Pelo seu modo de falar, pelo que ele fala, Jesus é a própria Palavra de Deus. Em Jesus, as pessoas percebem que Deus vem ao encontro e lhes fala como a amigos. Ouvindo Jesus, as multidões ouvem Deus.
As pessoas não querem ouvir uma palavra qualquer; desejam a Palavra, que nasce de Deus, que é o próprio Deus. Desejam a Palavra que cura, perdoa, converte e salva. Tudo isso as multidões encontram em Jesus.
Observemos uma diferença fundamental entre a vocação de Pedro e de Isaías. O chamado não se dá no mistério de uma teofania. O chamado se dá através do rosto humano e de uma voz humana que Deus assumiu na encarnação. A vocação acontece quase de “homem para homem”. A reação de Pedro, porém, é idêntica a de Isaías: “Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um pecador”! Em Jesus, Pedro faz a experiência da manifestação da santidade e da majestade de Deus. Ele se reconhece pecador, mas a Palavra que é Jesus o purifica: “Não temas! Doravante serás pescador de homens!”
Sempre pensamos que a pesca abundante tenha sido o milagre. No entanto, é preciso reconhecer que o milagre maior e verdadeiro é esse: a vocação dos discípulos. Eles foram pescados pelo Divino pescador, e foram transformados em pescadores de homens. foram pescados de maneira delicada e irresistível e foram profundamente transformados. De agora em diante eles o seguirão para ser pescadores de homens, isto é, irão partilhar sua missão e serão colaboradores de Jesus na pesca de homens.
5°DomTComum - Lucas 5,1-11 - Ciclo C –
“... lançai vossas redes para a pesca em águas mais profundas” (Lc 5,4)
Neste 5º. dom. do Tempo Comum a liturgia nos situa no início do cap. 5 de S. Lucas; encontramo-nos diante de um episódio com múltiplos atos: a multidão que se comprime em torno a Jesus para escutar a Palavra de Deus; o ensinamento a partir da barca; o convite a remar mar adentro e lançar as redes; a pesca surpreendente; a confissão da indignidade de Pedro; o chamado dos discípulos e o imediato seguimento.
O relato não nos diz sobre o que Jesus falava, mas o que segue nos dá a verdadeira pista para descobrir do que se trata; tal relato abre um horizonte novo na vida das pessoas e nos convida a conhecer Jesus mais profundamente e a conhecer-nos a nós mesmos; só assim o seguimento se revela mais inspirado.
No evangelho deste domingo Lucas dá um destaque ao chamado dos primeiros discípulos. Marcos e Mateus situam este chamado no início da vida pública de Jesus. Lucas o narra de uma forma mais compreensível, mais lógica, depois de apresentar Jesus como Mestre nas sinagogas, como o libertador de um endemoniado, como presença terapêutica na cura da sogra de Pedro e dos doentes com diversas enfermidades. Assim, ele nos transmite que o seguimento significa identificação com Jesus e o prolongamento de suas obras.
A primeira parte do relato nos convida a contemplar Jesus ensinando, junto ao lago de Genesaré. Diante da crescente multidão, sobe à barca de Simão e lhe pede para que a afastasse um pouco da terra. Sua presença muda o significado da barca: não é só instrumento de pesca, mas torna-se o “novo púlpito” a partir de onde Ele passa a ter uma visão mais ampla da multidão que o escuta. Pastoral nos espaços amplos ou no descampado, à margem da “sinagoga”, fora dos espaços sagrados.
Jesus se deixa conduzir pela criatividade do Espírito, que rompe os lugares estreitos e controlados. Seu “templo” é a vida, o lugar cotidiano das pessoas. Ali, o anúncio da Boa Notícia do Reino encontra muito mais ressonância no coração das pessoas, sobretudo aquelas que não tinham “lugar” nos templos.
A segunda parte do relato descreve a pesca abundante e surpreendente; os pescadores retornam ao trabalho por iniciativa de Jesus: “remai mar adentro e lançai vossas redes para a pesca” (literalmente: “voltai para a profundidade e fazei descer vossas redes para a pesca”)
A tradução oficial da CNBB diz: “Avançai mais para o fundo, e ali lançai vossas redes para a pesca”, destacando o esforço pessoal dos pescadores. Pedro e seus companheiros revelam-se ser pessoas “arrisca-das”, inclusive ousados, por acreditarem em Jesus na realização de sua tarefa. Jesus lhes pede um novo esforço, os leva a novos mares, e eles assumem a atividade sem resistência.
No fundo, eram homens “aventados” (com o sopro do bom Espírito), pois foram capazes da arriscar, lançando as redes em um horário impróprio (de manhã); sabemos que os pescadores armam as redes ao cair da tarde e as recolhe na manhã do dia seguinte.
“Nós trabalhamos a noite inteira e nada pescamos”. O fato de que a pesca abundante seja precedida de um total fracasso, tem um significado existencial muito profundo. Quem nunca teve a sensação de ter trabalhado em vão durante décadas? Só teremos êxito quando nosso trabalho se situa no horizonte do sentido: para quem trabalhamos? É para o Reino? É para o bem dos outros...? Isto quer dizer que devemos agir de acordo com a atitude vital de Jesus, para além de nossas posições raquíticas e rasteiras. O que o relato nos pede é algo muito diferente: deixar Jesus Cristo entrar na barca de nossa vida. “Confiando em tua palavra, lançarei as redes”.
Simão já havia presenciado a cura de sua sogra. Sua confiança em Jesus aumenta com a quantidade de peixes que apanharam. A pesca abundante, ao meio-dia, depois do fracasso noturno, é um presente, um sinal da benção divina. Pedro não se considera digno de tal benção, mas reconhece a força de Jesus que tivera a iniciava de mover os pescadores a uma nova tentativa de pesca.
A reação dos pescadores é de assombro e reconhecimento que, talvez, não mereciam tanto. Mesmo assim, superado o primeiro impacto emocional, eles encontram um sentido novo e uma direção diferente para avançar na vida. Jesus os chama explicitamente – “eu vos farei pescadores do humano” – ou seja, “eu os convido a que me ajudeis a situar as pessoas em uma posição diferente para recuperar a verdadeira essência da vida”.
Lucas usa a expressão “dsogrón”: reanimador ou despertador de pessoas. Jesus reanima, desperta aqueles rudes pescadores com seu Espírito; tira-os de sua cotidianidade repetitiva, sem criatividade, sem sonhos maiores; abre os olhos deles e os reaviva para prolongar Seu caminho, ou seja, dedicarem-se a despertar o melhor em cada pessoa.
O apelo a lançar “redes em águas mais profundas” é ocasião para motivar e buscar a inspiração no oceano interior. Jesus convida aqueles pescadores, instalados numa maneira tradicional de pescar, a serem criativos na arte de lançar redes: sair da rotina, buscar o novo e o diferente nas profundezas do mar...
Isso dá medo, mas os impulsiona a se deslocarem para o desconhecido, saírem das margens conhecidas, seguras e mergulharem na aventura do próprio Jesus.
Jesus sempre se revelou como o homem integrado que, livremente, teve acesso ao seu oceano interior e deixou emergir as ricas possibilidades, recursos, criatividades, inspirações... Movido pelo Espírito, Ele trouxe o “novo” das profundezas do seu próprio ser: novo ensinamento, novo olhar sobre a vida, nova atitude, novo compromisso...
Ao mesmo tempo, com sua presença instigante, Ele despertou, ativou e fez vir à tona o que havia de mais humano nas pessoas. Com sua sensibilidade, Jesus foi capaz de tocar naquilo que as pessoas mais amavam (mundo das esperanças, impulsos para uma vida plena...) e o potencializou.
No caso dos pescadores, homens rudes, mas que carregavam uma nobreza interior, Jesus os desafiou a serem mais humanos. “Farei de vós pescadores do humano”.
“Pescar o humano” é trazer à tona o que de humanidade está escondido ou atrofiado em cada um. Debaixo das cinzas do cotidiano, encontra-se as brasas da paixão, dos desejos mobilizadores, dos sonhos...
Do mar da Galiléia ao mar da vida: este é o movimento que Jesus desencadeia em todos nós. Ele nos desafia a descer no mais profundo no oceano do nosso coração e ali buscar o humano que está escondido: novos sonhos, novas possibilidades, nova inspiração, novo sentido para a existência...
Para isso é preciso vencer o medo que atrofia tudo o que é humano em nós. Alargar nossos espaços interiores, sermos mais ousados e sonhadores, romper com o “normótico” e tradicional, ativar e des-velar o que está escondido. Assim, com nossa presença humanizadora, seremos capazes de pescar o “humano” que também está presente no outro.
Sejamos pessoas que, saindo ao campo da vida, tenhamos a oportunidade de também tornar melhores os outros com quem nos encontramos!
O episódio de uma pesca surpreendente e inesperada no lago da Galileia foi relatado pelo evangelista Lucas para encorajar a Igreja quando sente que todos os seus esforços para comunicar sua mensagem falham. O que nos é dito é muito claro: devemos colocar nossa esperança na força e atratividade do Evangelho.
A história começa com uma cena insólita. Jesus está em pé na margem do lago, e as pessoas vão-se aglomerando à volta Dele para ouvir a Palavra de Deus. Não veem movidas pela curiosidade. Não se aproximam para ver prodígios. Eles só querem ouvir de Jesus a Palavra de Deus.
Não é sábado. Eles não estão reunidos na sinagoga próxima de Cafarnaum para ouvir as leituras que são lidas às pessoas durante todo o ano. Eles não subiram a Jerusalém para ouvir os sacerdotes do Templo. O que os atrai tanto é o Evangelho do Profeta Jesus, rejeitado pelos vizinhos de Nazaré.
Também a cena da pesca é insólita. Quando à noite, na hora mais favorável para pescar, Pedro e seus companheiros trabalham por sua conta, não obtêm resultados. Quando, de dia, eles lançam suas redes confiando apenas na palavra de Jesus que guia seu trabalho, produz-se uma pesca abundante, contra todas as suas expectativas.
Na análise dos dados que mostram cada vez mais evidente a crise do cristianismo entre nós, há um facto inegável: a Igreja está perdendo de forma imparável o poder de atração e de credibilidade que ela tinha apenas alguns anos atrás. Não nos devemos enganar.
Nós, cristãos, temos verificado que nossa capacidade de transmitir a fé às novas gerações diminui constantemente. Não tem havido falta de esforços e iniciativas. Mas, aparentemente, não se trata apenas nem primordialmente de inventar novas estratégias.
Chegou o momento de lembrar que no Evangelho de Jesus há uma força de atração que não há em nós. Esta é a questão mais decisiva: continuamos a «fazer as coisas» a partir de uma Igreja que está a perder a atratividade e a credibilidade, ou colocamos todas as nossas energias na recuperação do Evangelho como a única força capaz de gerar fé nos homens e mulheres de hoje?
Não deveríamos colocar o Evangelho no primeiro plano de tudo? O mais importante nestes momentos críticos não são as doutrinas elaboradas ao longo dos séculos, mas a vida e a pessoa de Jesus. O decisivo não é que as pessoas venham participar das nossas coisas, mas que possam entrar em contato com Ele. A fé cristã só se desperta quando as pessoas encontram testemunhas que irradiam o fogo de Jesus.
Neste texto, Lucas conta como Pedro foi chamado por Jesus e como ele entrou na caminhada. Primeiro, escutou as palavras de Jesus ao povo. Em seguida, presenciou a pesca milagrosa. Foi só depois desta dupla experiência surpreendente que veio o chamado de Jesus. Pedro atendeu, largou tudo e se tornou "pescador de gente".
SITUANDO
No capítulo 4, Jesus iniciou sua missão e, até agora, era só ele que anunciava a Boa Nova do Reino. Agora, neste terceiro bloco, outras pessoas vão sendo chamadas e envolvidas na missão junto com Jesus. Esse jeito de Jesus trabalhar em equipe é também uma Boa Nova para o povo. Assim, pela força do Espírito, o Novo vai abrindo caminho e a transformação vai acontecendo.
O Evangelho de Marcos situa o chamado dos primeiros discípulos logo no início do ministério público de Jesus (Mc 1,16-20). Lucas o situa depois que a fama de Jesus já se havia espalhado por toda a regi"ao (Lc 4,24). Jesus já havia curado muita gente e pregado nas sinagogas de todo o país. O povo já o procurava em massa e a multidão o apertava por todos os lados para ouvir a Palavra de Deus. Lucas torna o chamado mais compreensível.
COMENTANDO
1. Lucas 5,1-3: Jesus ensina a partir da barca
O povo busca Jesus para ouvir a Palavra de Deus. É tanta gente que se junta ao redor, que ele fica comprimido. Jesus busca ajuda com Simão Pedro e mais alguns companheiros que acabavam de voltar de uma pescaria. Ele entra no barco deles e, de lã, responde à expectativa do povo, comunicando-lhe a Palavra de Deus. Sentado, Jesus tem a postura e a autoridade de um mestre, mas ele fala a partir da barca de um pescador. A novidade consiste no fato de ele ensinar não só na sinagoga para um público selecionado, mas em qualquer lugar onde tenha gente que queria escutá-lo, até mesmo na praia.
2. Lucas 5,4-5: Pela tua palavra lançarei as redes!
Termina a instrução ao povo, Jesus se direge a Simão e o anima a pescar de novo. Na resposta de Simão transparecem frustração, cansaço e desânimo: "Mestre, pelejamos a noite toda e não pescamos nada!" Mas, confiantes na palavra de Jesus, eles voltam a pescar e continuam a peleja. A palavra de Jesus teve mais força do que a experiência frustrante da noite! É o que estava acontecendo nas comunidades do tempo de Lucas, e acontece conosco, até hoje.
3. Lucas 5, 6-7: O resultado é surpreendente
A pesca é tão abundante que as redes quase se rompem e as barcas ameaçam afundar. Simão precisa da ajuda de João e Tiago, que estão na outra barca. Ninguém consegue ser completo sozinho. Uma comunidade deve ajudar a outra. O conflito entre as comunidades, tanto no tempo de Lucas como hoje, deve ser superado em vista do objetivo comum, que é a missão. A experiência da força transformadora da Palavra de Jesus é o eixo em torno do qual as diferenças se abraçam e se superam.
4. Lucas 5, 8-11: Sejam pescadores de gente!
A experiência da proximidade de Deus em Jesus faz Simão perceber que ele é: Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um pecador! Diante de Deus somos todos pecadores! Pedro e os companheiros sentem medo e, ao mesmo tempo, se sentem atraídos. Deus é um mistério fascinante: mete medo e atrai, ao mesmo tempo. Jesus afasta o medo: "Não tenham medo!" e os chama; "Venham!" Ele os compromete na missão e manda que sejam pescadores de gente. Eles experimentam, bem concretamente, que a Palavra de Jesus é como a Palavra de Deus. Ele é capaz de fazer acontecer o que diz. Em Jesus aqueles rudes trabalhadores fizeram uma experiência de poder, de coragem e de confiança. Então, " deixaram tudo e seguiram a Jesus!".
Texto extraído do livro O AVESSO É O LADO CERTO – Círculos Bíblicos sobre o Evangelho de Lucas. Carlos Mesters e Mercedes Lopes. CEBI e Paulinas.
Neste domingo, o texto do Evangelho de Lucas que nos é oferecido na liturgia coloca a cena em um lugar onde muitas pessoas se reúnem, por causa do trabalho dos pescadores, por causa da necessidade de água, por causa da possibilidade de troca com outras pessoas. Jesus está lá, cercado por pessoas que estão tentando ouvir a Palavra de Deus. “A multidão apertava-se ao seu redor para ouvir a palavra de Deus.” É um grupo que o segue, que veio de diferentes lugares e que quer ouvir sua mensagem, quer ouvir a Palavra de Deus de sua boca. Eles querem estar bem perto de Jesus e é por isso que se aglomeram ao redor dele para ouvir a Palavra de Deus que ele tem a proclamar! O texto deixa claro que as palavras de Jesus, o que ele diz, sua mensagem, seu ensino é considerado a Palavra de Deus.
Se recriarmos a cena que esse texto nos oferece, podemos imaginar mulheres, crianças, homens, de diferentes idades, com diferentes situações de vida, que precisam estar perto dele para ouvi-lo, porque em sua palavra há uma resposta, há uma mensagem que traz esperança, que dá conforto. Em Jesus, vemos um Deus que está próximo das pessoas, que está ao lado delas e vive suas vidas. E suas palavras são recebidas como palavras de vida. Jesus é conhecido e apreciado pelas pessoas que tentam se aproximar dele.
“Jesus viu duas barcas paradas na margem do lago”.
Cercado pelas pessoas que o procuravam e estavam ansiosas para receber sua palavra, Jesus olha para cima para ver a melhor maneira de responder a esse grupo crescente e vê dois barcos. Ele já conhece os pescadores e sua rotina. De acordo com o historiador Flavius Josephus, naquela época havia cerca de 230 barcos de pesca trabalhando no lago de Genesaré. A pesca geralmente era feita à noite, porque era mais abundante. Alguns barcos, como possivelmente era o caso de Pedro e André, além de Tiago e João, trabalhavam juntos. Eles estendiam uma rede entre os barcos para pegar o maior número possível de peixes. Depois, ao amanhecer, voltavam para a praia para fazer o trabalho que se seguia à pesca: desembaraçar as redes, lavá-las, separar, limpar e classificar os peixes. Um trabalho que exigia muita organização e várias pessoas realizando tarefas diferentes.
“Os pescadores haviam desembarcado e lavavam as redes”. Em seu olhar Jesus já observa que não pegaram muitos peixes, supomos mal-estar, diálogos entre eles ou discussões, não foi uma boa “pescaria”. Os pescadores, talvez cansados, também percebem que há um grande grupo de pessoas tentando ouvir Jesus. Ele abre caminho entre a multidão e sobe em um dos barcos, “que era de Simão, pediu que se afastasse um pouco da margem”. Jesus escolhe o barco de Pedro e entra nele para que o maior número possível de pessoas possa receber sua mensagem, possa ouvir a Palavra de Deus. Jesus entra no espaço sagrado de um pescador, que é o seu barco, com seus segredos e sua história. E pede a Pedro que se afaste um pouco da terra “depois sentou-se e, da barca, ensinava as multidões”.
Jesus continua a ensinar, mas agora o faz a partir do barco, que se tornou a nova “montanha” de onde Jesus comunica a Palavra de Deus às multidões. O espaço da vida cotidiana de um pescador é agora o novo púlpito de onde a Palavra é proclamada. Jesus é acompanhado por Pedro e, possivelmente, por aqueles que também estavam pescando com ele. Eles também recebem as palavras de Jesus e olham para as pessoas de seu barco, que não é mais apenas um veículo de pesca, mas o lugar que Jesus escolheu para se relacionar com a multidão.
Quando acabou de falar, disse a Simão: "Avança para águas mais profundas, e lançai vossas redes para a pesca". Simão respondeu: "Mestre, nós trabalhamos a noite inteira e nada pescamos. Mas, em atenção à tua palavra, vou lançar as redes".
A partir desse momento, Jesus assume o leme do barco de Pedro, o que lhe apresenta um novo desafio. Pedro, um grande conhecedor do mar e de seus segredos, reconhece a inutilidade de seu trabalho noturno, mas, confiando na palavra de Jesus, ele “lança as redes novamente”. Pedro também recebe as palavras de Jesus como a Palavra de Deus e, assim, aceita o milagre de uma pesca abundante.
“Mas, em atenção à tua palavra, vou lançar as redes".
Assim como as pessoas se aglomeravam em torno de Jesus para ouvir sua Palavra, Pedro também aceita essa ordem de Jesus com total abertura e, a partir dessa convicção, ele age: lança as redes apesar de sua experiência de fracasso total na noite anterior. Ele faz isso com base em sua Palavra, que é o fundamento de sua ação. Mais uma vez enfatizamos o papel de liderança dessa palavra salvadora, que não é reservada a espaços específicos, mas que circula e é comunicada na vida cotidiana, no espaço sagrado que é a vida de cada pessoa e de cada comunidade. Pedro não permaneceu na amargura de uma pesca infrutífera, mas deixou que Jesus entrasse em seu barco e assumisse o controle de sua vida. Ele aceitou o desafio de pescar porque confiava nele, embora sua experiência noturna tivesse sido um fracasso.
Neste domingo, somos chamados a deixar que a palavra de Jesus seja a verdadeira Palavra de Deus em nós, para nos transformar, para nos incentivar a contradizer nossa “sabedoria de pescador” e, mais uma vez, entregar o leme de nosso barco a Ele. Só então ouviremos, como Pedro, o convite para segui-lo! A palavra de Deus apresenta desafios que envolvem nossas vidas, como ouvimos há alguns dias da Bispa Episcopal Mariann Edgar Budde no em seu discurso com o Presidente Trump na Catedral Nacional de Washington: “Em nome do nosso Deus, peço-lhe que tenha misericórdia das pessoas do nosso país que estão com medo agora” E as pessoas que colhem nossas colheitas e limpam nossos prédios de escritórios, que trabalham em granjas e frigoríficos, que lavam pratos depois de comer em restaurantes e trabalham em turnos noturnos em hospitais. Podem não ser cidadãos ou não ter a documentação adequada, mas a grande maioria dos imigrantes não são criminosos" “Peço-lhe que tenha misericórdia, Senhor Presidente, daqueles nas nossas comunidades cujos filhos temem que os seus pais sejam levados embora, e que ajude aqueles que fogem das zonas de guerra e da perseguição nas suas próprias terras a encontrarem compaixão e serem bem-vindos aqui”. “Nosso Deus nos ensina que devemos ser misericordiosos com o estrangeiro, porque éramos todos estrangeiros nesta terra”, continuou Budde do púlpito. “Tenha piedade das pessoas que estão com medo agora”: o sermão sobre imigrantes e crianças LGBT que incomodou Trump
1. Naquela manhã de há dois mil anos algo de extraordinário aconteceu para que alguns pescadores do lago da Galileia – o Evangelho de Lucas 5,1-11 destaca os nomes de Pedro, Tiago e João – tenham abandonado as barcas, as redes, os peixes acabados de pescar em grande quantidade, enfim, tudo, para seguirem mais de perto Jesus.
2. Pedro, sempre ele, diz-nos o porquê da revolução operada na sua vida: «Por causa da tua Palavra, Mestre, lançarei as redes» (Lucas 5,5). Por causa da tua Palavra. Naquela manhã, Jesus ensinava as multidões, sentado na barca de Pedro, que Jesus tinha pedido a Pedro para afastar um pouco da praia para a água. Bela forma encontrada por Jesus de obrigar Pedro a ter de escutar todo o seu ensinamento!
E ensinava de forma continuada. Sentado: é a posição do Mestre que ensina na cátedra. É ainda sentado como Mestre na barca que Jesus ordena agora a Pedro: «Afasta (a barca) para o mar profundo, e lançai as vossas redes para a pesca» (5,4). Pedro mostrou a sua surpresa de pescador experimentado: tinham trabalhado toda a noite e nada tinham pescado! Quanto mais agora, de dia, seria inútil fazê-lo! Lançou, porém, as redes, e pouco depois caiu de joelhos aos pés de Jesus, sempre sentado como Mestre na barca, e avançou um pedido: «Distancia-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador» (5,8). Mas Jesus diz para Pedro: «Não tenhas medo! Doravante serás pescador de homens» (5,10). E o narrador anota a fechar o episódio que «Tendo conduzido as barcas para terra, tendo deixado tudo, seguiram-no» (5,11).
3. Entenda-se bem que Pedro lançou as redes para a pesca, não baseado nas suas capacidades de pescador experimentado, mas por causa da Palavra de Jesus ou sobre a Palavra de Jesus. Palavra aqui que tem o significado fortíssimo de «Palavra que acontece» ou de «Acontecimento que fala». Entenda-se também então que a nova missão de pescador de homens que Jesus lhe confia terá de ser também somente assente nesta Palavra de Jesus. A missão de Pedro e a nossa!
4. Notem-se os sucessivos «afastamentos» que são, na verdade, «aproximações». Primeiro é Jesus que pede a Pedro que afaste a sua barca um pouco da terra (5,3), para poder, dessa cátedra improvisada, ensinar melhor as multidões. Note-se, todavia, que, com este recurso, Jesus põe Pedro bem junto dele! Quando Jesus pronuncia, pela segunda vez, o verbo afastar, dirigido ainda a Pedro (5,4), e é para aquela pesca milagrosa que aproximará ainda mais Pedro de Jesus! A terceira vez é a vez de Pedro. E é para fazer uma profissão de fé, reconhecendo em Jesus o Senhor, isto é, Deus. E decorre deste reconhecimento que Pedro se reconheça como pecador, que não pode estar na presença do Deus Santo. Daí, o grito: «Distancia-te de mim, Senhor… (5,8). A última palavra é, como tinha de ser, de Jesus, que dá uma nova identidade a Pedro: «pescador de homens» (5,10). E o episódio termina com o narrador a vincular radicalmente Pedro e os companheiros a Jesus com aquele dizer: tendo deixado tudo, seguiram-no (5,11)».
5. Entenda-se ainda bem que este seguimento de Jesus a que Pedro e nós somos convidados, não se destina a aprender uma doutrina ou uma ideia, mas a seguir de perto uma Pessoa, Jesus de Nazaré, e a sua maneira concreta de viver. É a adesão a uma Pessoa que está em causa para Pedro e para nós.
6. De Pedro e dos seus companheiros é dito que deixaram barcas, redes, peixes, tudo, para seguirem Jesus (5,11), decisão radical que o Evangelho de Lucas continuará a salientar noutras passagens: «Se alguém quiser seguir-me, diga não a si mesmo, tome a sua cruz todos os dias, e siga-me» (9,23); «Vendei tudo o que tendes e dai-o em esmola» (12,33); «Aquele de vós que não renunciar a todos os seus bens não pode ser meu discípulo» (14,33); «Vende tudo o que tens e distribui-o aos pobres» (18,21).
7. Em perfeita consonância com a cena do Evangelho, relatando-nos o verdadeiro encontro de Pedro com o Deus Santo, o Antigo Testamento oferece-nos, neste Domingo V do Tempo Comum, o majestoso texto da vocação e missão de Isaías (6,1-8). No decurso de uma liturgia no Templo de Jerusalém, Isaías é investido como Profeta. Estamos por volta de 736 a.C., época provável da morte do rei Ozias, referida em Isaías 6,1. Perante a manifestação do Deus três vezes Santo, sentado no trono da graça que é o propiciatório da Arca da Aliança que ocupa o centro do Santo dos Santos do Templo, Isaías não tinha evasivas. Quando o Deus Santo se manifesta ao homem, provoca nele o mais intenso movimento de relação, movimento mortal, fulminante (Êxodo 33,20; Jeremias 30,21). Assim, Isaías, que tinha sido arrastado para um tão intenso movimento relacional, constata que devia estar morto, e, todavia, está vivo, bem vivo, vivificado! Milagre! E Isaías soube receber-se como dado, como filho da Palavra criadora de Deus e não já apenas dos seus pais ou da sua pátria, e doar-se, por sua vez, a Deus de acordo com a sua nova identidade, vocação e missão de Profeta. Como Pedro no Evangelho de hoje.
11. O Salmo 138, que hoje cantamos, é «o canto do chamamento universal», como o define S.to Atanásio (séc. IV). O orante, voltado para o Templo (v. 2), como era usual fazer-se no judaísmo tardio (o islamismo fá-lo-á mais tarde em relação a Meca), sente e sabe que a sua oração não esbarra contra um céu cerrado, surdo e mudo, mas é registada e repercute-se no coração de Deus, que em caso algum abandona a obra das suas mãos (v. 8). Grande Ação de Graças deste orante (v. 1) e dos reis de toda a terra (v. 4). Nossa também.
Neste texto, Lucas conta como Pedro foi chamado por Jesus e como ele entrou na caminhada. Primeiro, ele escutou as palavras de Jesus ao povo. Em seguida, presenciou a pesca milagrosa. Foi só depois desta dupla experiência surpreendente que veio o chamado de Jesus. Pedro atendeu, largou tudo e se tornou "pescador de gente".
SITUANDO
Primeiro Jesus faz seu retiro no deserto, definindo com certeza a vontade do Pai para ele. Em seguida ele entra na Sinagoga e proclama a sua missão, usando as palavras do profeta Isaias (Cap. 61). Com essa certeza na cabeça e no coração Jesus iniciou sua missão agindo sozinho. Agora outras pessoas vão sendo chamadas e envolvidas na missão junto com Jesus. Esse jeito de Jesus trabalhar em equipe é também uma Boa Nova para o povo. Assim, pela força do Espírito, o Novo vai abrindo caminho e a transformação vai acontecendo.
O Evangelho de Marcos situa o chamado dos primeiros discípulos logo no início do ministério público de Jesus (Mc 1,16-20). Lucas o situa depois que a fama de Jesus já se havia espalhado por toda a região (Lc 4,24). Jesus já havia curado muita gente e pregado nas sinagogas de todo o país. O povo já o procurava em massa e a multidão o apertava por todos os lados para ouvir a Palavra de Deus.
COMENTANDO
1. Lucas 5,1-3: Jesus ensina a partir da barca
O povo busca Jesus para ouvir a Palavra de Deus. É tanta gente que se junta ao redor, que ele fica comprimido. Jesus busca ajuda com Simão Pedro e mais alguns companheiros que acabavam de voltar de uma pescaria. Ele entra no barco deles e, de lã, responde à expectativa do povo, comunicando-lhe a Palavra de Deus. Sentado, Jesus tem a postura e a autoridade de um mestre, mas ele fala a partir da canoa de um pescador.
Devemos reparar que a grande novidade de Lucas consiste no fato de Jesus ensinar não só na sinagoga para um público selecionado, mas em qualquer lugar onde tenha gente que queria escutá-lo, até mesmo na praia.
2. Lucas 5,4-5: Pela tua palavra lançarei as redes!
Terminando a sua conversa com o povo, Jesus se dirige a Simão e o anima a pescar de novo. Na resposta de Simão transparecem frustração, cansaço e desânimo: "Mestre, pelejamos a noite toda e não pescamos nada!" Mas, confiantes na palavra de Jesus, eles voltam a pescar e continuam a peleja. A palavra de Jesus teve mais força do que a experiência frustrante da noite!
Lucas está escrevendo por volta do ano 85 depois a Ressurreição, e o desanimo (vivido por Pedro e os colegas) é o mesmo desanimo que predominava nas comunidades do tempo de Lucas. As Comunidades haviam perdidas e esquecidas o entusiasmo do “primeiro Amor” que levou os membros a entrar na Comunidade. Será que a mesma coisa não está predominando as nossas Comunidades hoje?
3. Lucas 5, 6-7: O resultado é surpreendente
A pesca é tão abundante que as redes quase se rompem e as barcas ameaçam afundar. Simão precisa da ajuda de João e Tiago, que estão na outra barca.
Ninguém consegue ser completo sozinho. Uma comunidade deve ajudar a outra. O conflito entre as comunidades, tanto no tempo de Lucas como hoje, deve ser superado em vista do objetivo comum, que é a missão.
A experiência da força transformadora da Palavra de Jesus é o eixo em torno do qual as diferenças se abraçam e se superam. Será que perdemos de vista o eixo da missão?
4. Lucas 5, 8-11: Sejam pescadores de gente!
A experiência da proximidade de Deus em Jesus faz Simão perceber quem ele é: Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um pecador! Pedro e os companheiros sentem medo e, ao mesmo tempo, se sentem atraídos. Deus é um mistério fascinante: mete medo e atrai, ao mesmo tempo. Jesus afasta o medo: "Não tenham medo!" e os chama; "Venham!" Ele os compromete na missão e manda que sejam pescadores de gente. Eles experimentam, concretamente, que a Palavra de Jesus é a Palavra de Deus. Jesus é capaz de fazer acontecer o que diz. Em Jesus aqueles rudes pescadores fizeram uma experiência de poder, de coragem e de confiança. Então, " deixaram tudo e seguiram a Jesus!".
5. Alargando o assunto
Vocação na Bíblia – Carlos Mesters.
Frei Carlos reflete sobre a “vocação de Deus” e os conhecidos/as do Antigo e do Novo Testamento. Uma palestra que vale assistir. Nos ajuda entender o papel do da Religião e das Igrejas numa realidade marcada pelo ódio e divisão.
Outra reflexão de 7 minutos sobre o tema Vocação, também por Frei Carlos:
*Baseado nas reflexões do Carlos Mesters e Mercedes Lopes
(Traduzido diretamente do Tradutor Google sem nossa correção. Português de Portugal)
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DOMINGO DIA 5 DO ANO – CICLO “C”
1º Leitura (Is 6,1-2ª.3-8):
Isaías é um modelo de homem religioso que, a partir de uma experiência profunda e intensa, interpreta a partir daí toda a sua vida e também a vida da sociedade do seu tempo. Esta experiência de Deus é a sua vocação, que dará orientação própria a toda a sua “pregação profética”. Esta história vocacional segue a estrutura clássica, a saber: visão (6,1-4); reação do profeta (6, 5-7) e missão ou envio (6, 8-11). Hoje lemos apenas Is 6,1-8.-
O visão Parece acontecer no templo, mas transcende o cenário terreno porque é uma visão do próprio Deus elevado acima do trono. Desde a sua vocação o profeta foi marcado pelo fogo a santidade de Deus (6,3); que domina toda a sua mensagem. Deus se revela como santo pela sua justiça (5,16) e é assim que os homens devem tratá-lo, reconhecendo a sua santidade transcendente com atitude humilde e reverente (5,15; 8,13); e fazer justiça na terra (1,17; 29,19-24)1.
O reação Diante da visão ele sublinha a impureza do próprio profeta e das pessoas com quem convive; e na necessidade de purificação. Com efeito, cada nova intuição do mistério divino torna-nos mais sensíveis às exigências de Deus. Em Isaías a maior consciência da santidade de Deus leva a um maior senso de pecado. A manifestação da glória de Deus revela a Isaías a sua própria impureza e a sujeira do seu povo (6:5).
Siga o ação de Deus que purificar do seu pecado. A experiência pessoal ensina ao profeta que o pecado pode ser purificado pelo fogo (6:7), assim como a escória é removida do metal (1:25). Graças a esta purificação pequeno descanso pode ser salvo (10:17-19).
A história de hoje termina com um chamado genérico de Deus: “Quem devo enviar?"; que é seguida pela disponibilidade e oferta do profeta: "Aqui estou, envie-me". Assim, a partir do visão para o missão, e partindo do confissão da santidade de Deus e do próprio pecado o purificação, temos o itinerário vocacional completo do profeta Isaías.
2º. Leitura (1Cor 15,1-11):
Paulo inicia esta nova parte da sua carta de modo solene, recordando o Evangelho pregado aos coríntios e por eles acolhido. O tema do evangelho como boas novas é central nestes dois primeiros versículos onde o Apóstolo destaca que se alguém não permanecer fiel ao evangelho tal como o recebeu de Paulo - com ênfase em seu conteúdo - até mesmo a primeira fé dos coríntios seria vã.
Então em 15:3-10 ele repete a Kerigma anunciado. O texto de 1Cor 15,3-8 está claramente estruturado para destacar o seu conteúdo; e nela podemos notar que o sujeito de todos os verbos é Cristo. A primeira coisa dita sobre Ele é que Ele morreu pelos nossos pecados. O morte de cristo É apresentado como um fato histórico; a interpretação salvífica desta morte – pelos nossos pecados – já pertence à fé. É por isso que recorremos às Escrituras como prova de que esta morte ocorreu de acordo com o plano salvador de Deus. Acompanhe a afirmação de que foi enterrado, que para os judeus da época tinha o significado de uma certidão de óbito. Ele morreu mesmo, desceu ao lugar dos mortos.
Em conjunto com o sepultamento afirma-se, imediatamente a seguir, que foi ressuscitado. A forma verbal é passiva, que para muitos é uma passiva teológica: A ressurreição é a obra de Deus em nome de Jesus. Siga os dados cronológicos (no terceiro dia, de acordo com a forma judaica de contar
1“A santidade do Senhor não se define como o caráter consagrado de um objeto ou pessoa, de um lugar ou tempo, como nas leis sacerdotais de Levítico... mas como uma verdadeira força, energia que vem de Deus, e o torna infinitamente atraente, digno de respeito e ao mesmo tempo perigoso”, H. Simian-Yofre, Isaías. Texto e Comentário (Estela 1995), 61 dias) e, novamente, a referência às Escrituras. Esta última expressão tem o mesmo significado do versículo anterior: a ressurreição também ocorreu segundo o plano salvífico de Deus. O anúncio solene da ressurreição de Cristo é então desenvolvido através da referência a seis aparições que confirmam o acontecimento e qualificam os destinatários desta visão como testemunhas oculares. Paulo fala da aparição do Jesus ressuscitado que ele finalmente recebeu. A expressão “como fruto de um aborto” é uma metáfora que se refere ao carácter prematuro e anómalo da sua vocação, algo fora do tempo, não esperado, mas abruptamente antecipado. Nos versículos 9-10 comenta esta sua experiência, destacando tanto a sua absoluta gratuidade, que considera imerecida por ter sido um perseguidor da Igreja, como a sua generosa cooperação com a graça através da qual, sendo o último dos apóstolos, é aquele que mais trabalhou por Cristo.
Evangelho (Lucas 5:1-11):
Para além do facto de Jesus não ter feito a sua primeira “aparição pública” na sua cidade de Nazaré (cf. Lc 4, 21-30), o texto de hoje começa por dar-nos a notícia de uma multidão que o rodeia junto ao lago de Genesaré”.ouvir a Palavra de Deus" (eles ouvem a palavra de Deus). Não é pouca indicação de que a própria Palavra de Deus é encontrada na boca de Jesus..
Vendo-se rodeado pela multidão, Jesus decide entrar no barco de Simão (Pedro) que estava com outros pescadores limpando as redes. Ele se afasta um pouco da margem e, desse “púlpito” improvisado, começa a ensinar a multidão. Notemos o valor simbólico que Jesus usa do “barco de Pedro”, ou seja, da Igreja, como cadeira para ensinar as pessoas.. E notemos também que Jesus não restringe o seu ensino à sinagoga ou ao templo, como se fossem os únicos espaços sagrados. O espaço e o tempo pertencem a Deus e, portanto, todo lugar e momento são propícios para que Deus comunique sua Palavra.
Terminado o ensinamento, Jesus dirige-se agora a Simão ordenando-lhe: “navegar para o mar e lançar as redes para pescar". A primeira expressão diz literalmente: "volte ou jogue-se nas profundezas (reproduzido em profundidade)", que alguns traduzem: “Entre, vá em direção às águas profundas”. Pelo contexto, vale a tradução: “navegar para o mar" (“vá alto”na Vulgata).
Simón responde que trabalharam a noite toda e não conseguiram nada, mas que com a sua palavra lançará as redes.2. O verbo copiar, v aquilo com que Simão expressa o seu “trabalho cansado” encontramos no NT em vários textos referentes ao “cansaço apostólico” (cf. 1Cor 15,10; 16,16; Gl 4,11; Fl 2,16; Col 1,29; 1Ts 5,12; 1Tm 4,10; 5,17). Como observa F. Bovon3Primeiro, fala “Simão, pescador profissional”, garantindo que não é hora de pescar porque não há mordida; Então fala o “discípulo Simão” que confia na Palavra do seu professor ou chefe (e vpista, ta).
Em suma, Simón e os seus companheiros encontram-se numa situação de fracasso, de desânimo devido a uma noite de pesca fracassada. E neste contexto a fé de Simão na Palavra de Jesus torna-se mais explícita: “mas na sua palavra (Mas com sua palavra), vou lançar as redes". Observemos que aqui para “palavra” ele não usa logotipos mas o caminho, que significa “comando” devido ao contexto; Em outras palavras, Pedro, apesar do seu fracasso, fará o que Jesus lhe disser.
Os pescadores trabalham com a sua perícia (experiência mais perícia) e a descrição da pesca corresponde às práticas das regiões mediterrânicas onde são utilizadas redes para cercar ou cercar o peixe (tal é o significado de sim, kleisan em 5,6). Dado o grande número de peixes capturados, eles precisavam da ajuda de outras pessoas para colocá-los nos barcos sem quebrar as redes. E os sinais são porque os gritos teriam assustado os peixes. A pesca é superabundante, fruto de um trabalho alicerçado na fé na Palavra de Jesus. A reação de Simão Pedro nunca deixa de nos surpreender: diante da manifestação do poder de Jesus, ele cai de joelhos e, reconhecendo a sua condição de pecador, pede-lhe que se afaste dele. À luz do Antigo Testamento (Moisés em Ex 3,6 e Isaías na primeira leitura de hoje, por exemplo) podemos compreender que se trata de uma história de revelação. Pedro ele viu (5,8) a “pesca milagrosa ou o milagre da pesca” e diante desta “manifestação sobrenatural” sente-se oprimido pela sua pequenez e limitação pessoal; ele se sente como um "homem pecador" (ἀνὴρ ἁμαρτωλός), necessitado de redenção.
É digno de nota que em 5:5 Pedro chamou Jesus de Mestre ou Chefe (e vpista, ta); enquanto aqui, depois da captura milagrosa, ele o chama de Senhor (você, querido), título que se refere à divindade de Jesus. Em 5:9 o evangelista nos diz que a reação de Pedro foi devido ao medo (chorar, proteger) que se apoderou dele e dos demais devido à pesca superabundante. Este termo é usado apenas por Lucas e sempre para expressar a reação dos homens diante de uma ação portentosa, como a dos discípulos quando Jesus expulsa um demônio com uma ordem (cf. Lc 4,36); ou do povo ao ver caminhar o paralítico de nascença que estava diante da bela porta do templo e que foi curado por Pedro (cf. Hb 3,10). É, portanto, um espanto ou medo religioso. Então o Senhor convida Pedro a não temer (agora com o clássico hum. fobou/) e, além disso, olhando para o futuro, chama-o para ser um “pescador de homens” (ἀνθρώπους ἔσῃ ζωγρῶν literalmente “homem que captura”, onde o verbo zwgre,w em particípio refere-se à captura de seres vivos, peixes ou animais, o que aqui metaforicamente se aplica a pessoas). Notemos o sentido ativo ou metaforicamente missionário da expressão.
Embora o chamado pareça ter sido feito pessoalmente a Pedro, todos que estavam com ele no barco respondem deixando tudo e seguindo Jesus. Esta radicalidade no seguimento do Senhor é sublinhada por Lucas ao longo do caminho para Jerusalém (cf. 9,62; 12,33; 14,26-33).
A história tem como centro a metáfora da pesca, por isso contém um convite à missão, à evangelização nas mãos de Jesus e no barco de Pedro, a Igreja. Ao mesmo tempo, destaca-se que a fecundidade na missão provém da confiança na Palavra do Senhor e exige, ao mesmo tempo, uma radicalidade no seguimento do Senhor.
ALGUNS PENSAMENTOS:
Como H. U. von Balthasar corretamente aponta4“todos os textos hoje falam sobre escolha. Certamente nos são apresentados grandes personagens, mas como exemplos para outros menos vistosos, pois cada crente é escolhido por Deus para uma tarefa específica.”.
Tomado como um todo, o evangelho de hoje é, acima de tudo, um história vocacional que se adapta aos moldes literários da Bíblia, como vemos claramente na primeira leitura de hoje. O paralelismo, com as suas semelhanças e diferenças, entre as histórias sobre a vocação de Isaías e de Pedro é evidente. Na verdade, em ambos temos, antes de tudo, uma manifestação ou “experiência” de Deus. A de Isaías acontece no templo e num contexto aparentemente de culto. Já Pedro tem essa experiência no seu dia a dia, no seu trabalho comum onde acontece um acontecimento extraordinário: a pesca milagrosa. Aqui Deus se manifesta presente em Jesus e na sua Palavra, pois o milagre é sobretudo uma revelação do poder divino da Palavra de Jesus. Mas notemos que Jesus exigiu que Pedro tivesse fé confiante na sua palavra antes de realizar o milagre. Cardeal Martini5comenta que a expressão “na tua palavra” é comum nos salmos quando o homem confia e se abandona a Deus. Essa confiança levou Pedro a correr riscos, a sair dos cálculos e a atirar-se ao fundo. Ele passou no teste, demonstrou sua fé na Palavra do Senhor. Podemos acrescentar a Paulo a manifestação de Jesus ressuscitado que nos diz a segunda leitura. Esta não é uma história vocacional, mas também deixa claro que Paulo só pôde tornar-se apóstolo porque teve uma experiência de encontro com Cristo Ressuscitado. Antes desta manifestação de Deus, o homem descobre sua profunda realidade como pecador, de ser indigno e, de certa forma, refratário ao divino e, portanto, necessitado de redenção. Isto é o que Pedro e Isaías expressam tão claramente. Para isso confissão ou reconhecimento da parte dos chamados, continue envio deles. A questão é que Deus não tem medo da nossa fraqueza e miséria; Pelo contrário, o reconhecimento da própria “pobreza” é condição necessária para receber a missão, para ser enviado por Deus para comunicar a sua Palavra. Pedro obedeceu à palavra do Senhor, transcendendo a sua própria visão da realidade. E então o seu barco e o dos outros discípulos-pescadores encheram-se de peixes. Esta foi uma experiência reveladora para Pedro, ele descobriu que seu professor ou chefe era o Senhor. "Pedro percorreu o percurso que vai do rabino ao Senhor, do mestre ao Filho. Depois desta peregrinação interior, está agora qualificado para receber a vocação"6.
Pedro, como Isaías, conhece Deus que se revela a ele e, ao mesmo tempo, conhece ou se descobre. Pedro conhece Jesus que lhe é revelado como Filho de Deus com poder e, ao mesmo tempo, conhece ou descobre-se como pecador, como indigno da graça de Deus. Então, e só então, a Graça de Deus poderá fecundar plenamente em Pedro, que já não poderá atribuir a si mesmo os frutos ou as realizações da missão; mas principalmente ao poder do Senhor. Depois desta peregrinação interior, Pedro está agora qualificado para receber a vocação de apóstolo e missionário, de pescador de homens.
Para nós, hoje, o evangelho nos ensina qual é o segredo da fecundidade na missão da Igreja, que não é outro senão a Presença e a Palavra do Senhor Jesus. É Ele e só Ele quem pode conceder uma “pesca abundante”, independentemente de experiências anteriores que nos levem a pensar que não há possibilidade de obter frutos.
Todos os autênticos apóstolos de Jesus Cristo tiveram que passar por esta “peregrinação interior” para se tornarem tais. De fato, "Nenhuma missão autêntica pode renunciar à experiência da distância entre mim e Deus – e a missão vem de Deus. Somente neste vazio de distância Jesus dá a Pedro a missão de ser pescador de homens”7.
Trata-se de «respeitar um princípio essencial da visão cristã da vida: a primazia da graça" que São João Paulo II nos disse para evitar "uma tentação que sempre atormenta todo caminho espiritual e a própria ação pastoral: pensar que os resultados dependem da nossa capacidade de fazer e programar. Certamente, Deus nos pede uma colaboração real com a sua graça e, por isso, nos convida a utilizar todos os recursos da nossa inteligência e capacidade operacional no nosso serviço à causa do Reino. Mas não devemos esquecer que, sem Cristo, «nada podemos fazer» (cf. Jn 15,5)... Façamos, então, a experiência dos discípulos no episódio evangélico da pesca milagrosa: “Mestre, trabalhamos a noite toda e não pescamos nada”. Este é o momento da fé, da oração, do diálogo com Deus, para abrir o nosso coração à ação da graça e deixar que a palavra de Cristo passe através de nós com toda a sua força: Vá alto! Naquela ocasião, foi Pedro quem falou com fé: “Segundo a tua palavra, lançarei as redes”. (INM nº 38).
Em suma, o caminho de Pedro, e de cada apóstolo autêntico, termina com as palavras do Senhor que afastam o medo lógico e convidam a missão, a ser seus instrumentos no anúncio da sua salvação. A este respeito, o Papa Francisco disse: “Todos os dias o barco da nossa vida sai da costa da nossa casa para entrar no mar das atividades diárias; Todos os dias procuramos “pescar no fundo”, cultivar sonhos, realizar projetos, viver o amor nas nossas relações. Mas muitas vezes, como Pedro, vivemos a “noite das redes vazias”, a noite das redes vazias… a decepção de nos esforçarmos tanto e não vermos os resultados desejados: “Trabalhámos a noite toda e não apanhámos nada” (v. 5), diz Simão. Quantas vezes também nós ficamos com um sentimento de derrota, à medida que a decepção e a amargura surgem em nossos corações. Dois vermes muito perigosos. O que o Senhor faz então? Escolha entrar em nosso barco. A partir daí ele quer anunciar o Evangelho ao mundo. Precisamente aquele barco vazio, símbolo da nossa incapacidade, torna-se a “cadeira” de Jesus, o púlpito do qual Ele proclama a Palavra. E é isto que o Senhor gosta de fazer: o Senhor é o Senhor das surpresas, dos milagres nas surpresas; entrar no barco da nossa vida quando não temos nada a oferecer; entre em nossos vazios e preencha-os com sua presença; usar a nossa pobreza para proclamar a sua riqueza, as nossas misérias para proclamar a sua misericórdia”(Angelus de 6 de fevereiro de 2022).
A nível eclesial, o Evangelho de hoje mostra-nos o caminho para sermos uma “Igreja na Esperança” que tão bem descreveu o Beato Cardeal Eduardo Pironio.8: “Uma Igreja na esperança é uma Igreja em caminho; conseqüentemente, de atividade e comprometimento. Mas uma Igreja na esperança é, fundamentalmente, uma Igreja de solidez, firmeza e segurança no Espírito. Consequentemente, uma Igreja radicalmente desapegada e pobre: que não depende dos bens materiais, nem dos poderes temporais, nem do talento dos seus homens. Depende apenas do poder do Espírito. Para viver a pobreza é necessário viver na esperança, porque a pobreza nos abre essencialmente aos bens do Reino. Mas a Igreja da esperança é, essencialmente, uma Igreja em caminho; consequentemente, num estado contínuo e radical de distanciamento e pobreza. Insisto num modo de pobreza: o de não confiar excessivamente na capacidade humana dos homens da Igreja, nos talentos ou na sabedoria dos pastores; Certamente nós o desejamos, o povo cristão o espera e nós o pedimos humildemente ao Senhor; Mas, em última análise, a Igreja baseia-se na presença permanente do Cristo ressuscitado e no poder do Espírito. Uma Igreja na esperança é, portanto, essencialmente, uma Igreja na qual o Senhor ressuscitado vive e trabalha.”.
PARA ORAÇÃO (RESSONÂNCIAS DO EVANGELHO EM ORAÇÃO): Quantidade…
Senhor da abundância
Tudo em você transborda em Graça
Prepare nossos corações
Para ouvir sua Palavra
O resto é todo seu
As redes, o barco
Nós apenas colocamos diante de você
O que somos e temos, quase nada
Mas o seu poder e o nosso pequeno
Eles tornam a vida mais humana.
Trabalhe pelo seu Reino
É uma tarefa sagrada.
Muitos ignoram sua chamada
e continuamos indefesos
porque é muito grande
sua causa.
Mas a verdadeira força
Está em você, na sua Pessoa, no seu olhar.
Ensina-nos a segui-lo
E depositar nossa confiança em você. Amém
8 Queremos ver Jesus, pág. 280.
[1] “La santidad del Señor no se define como el carácter consagrado de un objeto o persona, de un lugar o tiempo, como en las leyes sacerdotales del Levítico... sino como una verdadera fuerza, energía que proviene de Dios, y lo hace infinitamente atractivo, digno de respeto y peligroso al mismo tiempo”, H. Simian-Yofre, Isaías. Texto y Comentario (Estella 1995), 61
[2] Nos informa B. Malina que “normalmente se pescaba durante la noche o a primeras horas de la mañana. Después se solían lavar y remendar las redes, tarea que podía llevar varias horas”, Los evangelios y la cultura mediterránea del siglo I. Comentario desde las Ciencias Sociales (Verbo Divino; Estella 1996) 238.
[3] El Evangelio según San Lucas vol. I (Sígueme, Salamanca 1995) 332-333.-
[4] Luz de la palabra. Comentarios a las lecturas dominicales (Encuentro; Madrid 1994) 226.
[5] Cf. El Evangelizador en San Lucas (Paulinas; Bogotá 1992) 56-57.
[6] H. U. von Balthasar, Luz de la palabra. Comentarios a las lecturas dominicales, 227.
[7] J. Ratzinger, Servidor de vuestra alegría (Ágape; Buenos Aires 2005) 93-94.
[8] Servidor de vuestra alegría (Ágape; Buenos Aires 2005) 97-98.
[9] C. M. Martini, El Evangelizador en San Lucas (Paulinas; Bogotá 1992) 58-59.