07/12/2025
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AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO
1ª Leitura: Isaías 11,1-10
Salmo 71(72) - R- Nos seus dias a justiça florirá
2ª Leitura: Romanos 15,4-9
Evangelho Mateus 3,1-12
"Naqueles dias, apareceu João Batista, pregando no deserto da Judeia 2.Dizia ele: “Fazei penitência porque está próximo o Reino dos Céus.” 3.Este é aquele de quem falou o profeta Isaías, quando disse: Uma voz clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas (Is 40,3). 4.João usava uma vestimenta de pelos de camelo e um cinto de couro em volta dos rins. Alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. 5.Pessoas de Jerusalém, de toda a Judeia e de toda a circunvizinhança do Jordão vinham a ele. 6.Confessavam seus pecados e eram batizadas por ele nas águas do Jordão. 7.Ao ver, porém, que muitos dos fariseus e dos saduceus vinham ao seu batismo, disse-lhes: “Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da cólera vindoura?* 8.Dai, pois, frutos de verdadeira penitência. 9.Não digais dentro de vós: Nós temos a Abraão por pai! Pois eu vos digo: Deus é poderoso para suscitar destas pedras filhos a Abraão. 10.O machado já está posto à raiz das árvores: toda árvore que não produzir bons frutos será cortada e lançada ao fogo. 11.Eu vos batizo com água, em sinal de penitência, mas aquele que virá depois de mim é mais poderoso do que eu e nem sou digno de carregar seus calçados. Ele vos batizará no Espírito Santo e em fogo. 12.Tem na mão a pá, limpará sua eira e recolherá o trigo ao celeiro. As palhas, porém, serão queimadas num fogo inextinguível”."
Mt 3,1-12
A conversão a Deus não é um tema moderno ou na moda. Diante dos problemas da fome, dos refugiados, das guerras, da destruição da natureza, da inflação, as pessoas mobilizam as forças para as mudanças de vida. É uma conversão do homem para si mesmo. Mas a conversão a Deus não entra na pauta das mudanças necessárias de nossa vida. O cristão tem consciência de que deve contribuir para a solução dos problemas atuais, dando o melhor de si mesmo. Mas, em tudo isso, onde se encontra a conversão a Deus? Se o cristão perder o senso da conversão a Deus, privará o mundo de um dom divino.
Por isso a pregação de João Batista é tão atual. Converter-se a Deus significa: preparar os caminhos do Senhor, endireitar suas veredas; aterrar o vale; rebaixar toda montanha e colina; endireitar os caminhos tortuosos e aplainar os caminhos acidentados.
A pregação de João Batista no deserto é chamado à conversão a Deus. Trata-se de não se iludir com práticas religiosas puramente exteriores, mas de conversão do coração. Trata-se de renúncia de toda forma de orgulho e de obedecer a Deus. Trata-se de se encontrar com Cristo e mais concretamente de viver esse encontro na eucaristia. Participar da eucaristia significa fazer tornar-se pão para os outros, como Cristo o é para nós. significa dar a vida para fazer crescer o amor e a justiça, o sorriso e a esperança.
2º DomAdvento - Mt 3,1-12-AnoA-07-12-25
“É dele que falou o profeta Isaías: ‘Voz de quem clama no deserto...’” (Mt 3,3).
Segundo a revelação bíblica, o novo está na margem. João Batista e Jesus foram “homens de margem”.
João Batista, por tradição familiar, deveria ter sido sacerdote do Templo, mas ele constrói sua vida e sua missão no deserto e a partir do deserto.
O templo é o espaço dos sacerdotes. O deserto é o lugar dos profetas. Os sacerdotes são os encarregados por manter firmes as estruturas religiosas e o cumprimento da lei. Os profetas têm a missão de despertar as consciências e anunciar a novidade de Deus; eles dificilmente se encaixam nas estruturas religiosas centradas na lei e no templo. O profeta é o homem da liberdade de espírito; é aquele que fala, tanto ao povo como aos sacerdotes, fariseus e letrados, todos apegados ao templo.
As instituições religiosas e o poder político não querem profetas em suas fileiras, pois são homens que pensam, que anunciam, que denunciam a corrupção, que alimentam o ânimo no povo... As instituições querem funcionários que cumpram e transmitam as ordens que emanam do poder, que estejam preocupados com o funcionamento da estrutura religiosa: seus ritos, suas leis, sua doutrina.
O evangelho deste domingo nos apresenta um personagem curioso; veste-se de um modo que chama a atenção e recorda o profeta Elias. Cada um dos quatro evangelistas nos fala de João Batista, destacando aspectos diferentes segundo a finalidade de seu evangelho, porque o Batista teve uma multidão de seguidores e uma importância extraordinária em seu tempo.
O evangelista Mateus dá um salto cronológico, da infância de Jesus à aparição do Batista. E faz isso através da expressão: “por esse tempo apresentou-se João Batista no deserto...”. Tal expressão deixa transparecer a continuidade da História da salvação. Em seguida nos oferece alguns traços característicos para que possamos reconhecer João Batista como um profeta.
“João usava uma roupa feita de pelos de camelo e um cinturão de couro em torno dos rins; alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre”. No tempo de Jesus o modo de vestir era expressão da identidade da pessoa com mais claridade que hoje; sua figura era já um reflexo do que será sua mensagem: desnuda e sem adornos, pura essência.
João Batista não foi um funcionário do Templo; foi profeta, homem audaz, valente, rigoroso, pouco convencional, que no deserto geográfico e pessoal evocava a escravidão do Egito, a liberdade, a austeridade, o caminho, as buscas... O deserto recordava a Palavra que fora dada ao povo no caminho, o maná, a água viva...
“No deserto”: a realidade nova anunciada, aparece fora das instituições e do templo, que seria o lugar mais lógico, sobretudo sabendo que João era filho de um sacerdote. E isto é afirmado com toda intenção, ou seja, antes de falar do conteúdo da pregação de João, o relato deste domingo está nos dizendo que sua pregação tem muito pouco a ver com a religião oficial, que se havia afastado do verdadeiro Deus.
A conversão, a vida em sintonia com o Evangelho, não acontece no êxito, no centro da religião, no poder, mas no deserto da marginalidade, na pobreza, na austeridade. As periferias, a simplicidade, a austeridade são lugares de pregação e evangelização, não no “centro e nem no poder”.
A conversão, a vida em sintonia com o Evangelho, não acontece no êxito, no centro da religião, no poder, mas no deserto da marginalidade, na pobreza, na austeridade – Adroaldo Paloro
João era um inconformista que não se encaixava em nada na maneira religiosa de viver das pessoas normais: nem comia, nem vestia, nem vivia, nem prestava culto a Deus como os outros.
“Muitos vinham ao encontro de João”. São propostas duas ofertas de salvação: a oficial, no templo de Jerusalém e a nova, no deserto. As pessoas se afastavam do templo e buscavam a salvação no deserto, junto ao profeta. A religião oficial havia se tornado inútil: em vez de salvar, escravizava.
Mais tarde, o evangelista conduzirá toda essa multidão a Jesus, em quem encontrará a salvação definitiva.
João Batista grita pela conversão, para confiar e esperar no Senhor. Esperar não é um seguro de vida. A esperança não é ter segurança, mas confiança no futuro de Deus. Converter-se significa desviar o olhar dos centros de poder para a “margem” de João Batista e de Jesus.
Essa foi a missão de João. Apareceu no deserto não como um sacerdote que convida ao culto, mas como profeta que proclama a mudança, a conversão, a abertura à novidade de Quem está chegando.
É uma voz que clama no deserto. Mas João é muito mais que uma palavra: é toda uma vida que se faz palavra. Ou melhor, é a palavra feita vida, revestida de vida. Ele é o homem que vai na frente na vida.
Nos profetas fala a voz, mas sobretudo fala a vida.
João Batista grita pela conversão, para confiar e esperar no Senhor. Esperar não é um seguro de vida. A esperança não é ter segurança, mas confiança no futuro de Deus – Adroaldo Paloro
O curioso em João está no fato de que é o profeta que não fala aos de “fora”, aos que não creem, aos pagãos, aos que estão longe. Pelo contrário, João é daqueles que fala aos “de dentro”, aos que se consideravam bons, aos que diziam que cumprem a lei, aos que atribuíam a si mesmos o título de “filhos de Abraão”.
É fácil ser profeta para os que estão fora, para os religiosamente marginalizados, para os que não creem.
O difícil é ser profeta para os de dentro, para os de casa, para os que se dizem “filhos de Abraão”. O difícil é anunciar aos de cima a necessidade de mudança e deixar-se conduzir pelo Espírito que move a ir além da religião, a comprometer-se com as vítimas, muitas vezes da própria religião.
Também é difícil ser profeta dentro da própria Igreja; é difícil anunciar a mudança na Igreja; é difícil proclamar as transformações que o Espírito está pedindo à Igreja.
Parece que todos se sentem profetas frente ao Povo de Deus, desde que seja para manter as coisas como sempre foram. Quem se atreve a proclamar que é preciso uma Igreja diferente, mais evangélica, mais compassiva e samaritana, mais sensível e aberta às margens, mais comprometida com aqueles que se foram ou resistem entrar porque não veem nela a verdade que buscam e que precisam?
Quem se atreve hoje a ser profeta da mudança? Quem se atreve a denunciar uma estrutura religiosa pesada, carregada de legalismos e moralismos, correndo o risco de ser declarado “persona non grata” ou simplesmente “suspeita”, como foi o próprio João.
Neste tempo de Advento, a figura de João Batista vem nos dizer que a Igreja precisa de profetas dentro da própria Igreja. A Igreja precisa de profetas que escutem a voz de Deus nos “sinais dos tempos”; precisa de profetas que, em nome de Deus, falem da necessidade de mudança de mentalidade, de conversão profunda e de transformação da realidade, tão injusta e violenta.
O Papa Francisco nos indicou as mudanças de atitudes que precisamos; podemos indicar algumas de grande importância:
- Colocar Jesus no centro da Igreja: “Uma Igreja que não leva a Jesus é uma Igreja morta”.
- Não viver numa Igreja fechada e autorreferencial: “Uma Igreja que se fecha no passado trai sua própria identidade”.
- Atuar sempre movidos pela misericórdia de Deus para com todos os seus filhos; não cultivar “um cristianismo restauracionista e legalista que quer tudo claro e seguro”.
- Buscar uma Igreja pobre e dos pobres; ancorar nossa vida na esperança, não “em nossas regras, nossos comportamentos eclesiásticos, nossos clericalismos”.
O Papa Francisco nos indicou as mudanças de atitudes que precisamos: colocar Jesus no centro da Igreja; não viver numa Igreja fechada e autorreferencial; atuar sempre movidos pela misericórdia de Deus; buscar uma Igreja pobre e dos pobres – Adroaldo Paloro
Celebrar o Advento é construir a esperança comum. Sempre é tempo de esperança, mas Advento o é de maneira especial. A esperança abre os olhos, a desesperança os fecha. Podemos estar vivendo muito tempo sem perceber o que realmente está acontecendo ao nosso redor, as maravilhas, os pequenos milagres que nos envolvem na vida cotidiana, nas relações humanas, na história da salvação.
A esperança é a onda na qual podemos nos sintonizar com a essência do Evangelho.
Para meditar na oração:
Ancorado no seu coração e no coração da realidade, que novas “vozes” você está captando? Para onde elas apontam? São vozes de vida? São vozes provocativas, ousadas...?
- Como viver em sua comunidade cristã a missão de ser profeta, prolongando a missão de João Batista?
- Em seu interior e na sua comunidade há lugar para o “novo”, uma nova esperança, uma transformação...?
- Em sua comunidade predomina a estrutura do templo (centralidade do sacerdote) ou a inspiração do deserto?
É muito fácil se encontrar na vida "sem um caminho" para Deus. Você não precisa ser ateu. Não precisa rejeitar Deus conscientemente. Basta seguir a tendência geral dos nossos tempos e se acomodar na indiferença religiosa. Aos poucos, Deus desaparece do horizonte. Ele se torna cada vez menos relevante. Será possível redescobrir caminhos para Deus hoje?
Talvez o primeiro passo seja resgatar a "humanidade da religião". Abandonar caminhos ambíguos que levam a um Deus egoísta e dominador, zeloso apenas de sua glória e poder, e abrir-nos a um Deus que busca e deseja, agora e para sempre, o que é melhor para nós. Deus não é o Ser Supremo que esmaga e humilha, mas o Amor Sagrado que atrai e dá vida. As pessoas hoje retornarão a Deus não movidas pelo medo, mas atraídas por seu amor.
Ao mesmo tempo, precisamos ampliar os horizontes de nossas vidas. Estamos preenchendo nossa existência com coisas, mas nos sentimos vazios por dentro. Vivemos informados sobre tudo, mas já não sabemos para onde direcionar nossas vidas. Acreditamos ser a geração mais inteligente e progressista da história, mas não sabemos como acessar nossos corações para adorar ou agradecer. Nos aproximamos de Deus quando buscamos um novo espaço para existir.
Também é importante buscar uma "base sólida" para a vida. Em que podemos confiar em meio a tanta incerteza e confusão? A vida é como uma casa: precisamos cuidar da fachada e do telhado, mas o importante é construir sobre uma base segura. No fim, sempre precisamos depositar nossa confiança suprema em algo ou alguém. Será que precisamos de Deus?
Para redescobrirmos o caminho que nos leva a Ele, precisamos aprender a silenciar. Atingimos a essência mais profunda da nossa existência não quando vivemos agitados e cheios de medo, mas sim quando permanecemos em silêncio. Se uma pessoa se recolhe e permanece em silêncio diante de Deus, mais cedo ou mais tarde seu coração começa a se abrir.
É possível viver isolado em si mesmo, sem caminhos que levem ao novo ou à criatividade. Mas também é possível buscar novos caminhos para Deus. É isso que João Batista nos convida a fazer.
Estamos vivendo o tempo do Advento, caminho de espera e esperança, que nos introduz no mistério de Deus feito homem, solidário com nossa fragilidade. O Natal é tão imenso que corre o risco de se perder em celebrações superficiais, onde o “Feliz Natal” soa vazio ou disperso e com sentimentos contraditórios.
Estas semanas nos chamam a uma preparação autêntica, pessoal e comunitária, para acolher o Deus que se aproxima de nossa vida cotidiana, mas que muitas vezes não vemos, distraídos por espiritualidades intimistas ou restritas a determinados grupos.
Não podemos esquecer que "O Advento é um tempo de esperança. Um tempo para nos prepararmos para a vinda de Jesus, que celebraremos no Natal. Mas 'esperança' não é uma atitude passiva, de inação e piedade; é um tempo ativo, dinâmico e combativo. Não se trata de virar as costas à história e fechar os olhos à realidade". Advento de 2025: Haverá uma casa para o Jesus que virá?
"Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo".
Na segunda semana do Advento, somos chamados à conversão: deixar que Deus transforme nossa vida.
Converter-se é mudar, é abrir-se a uma realidade nova. Perguntamo-nos: o que precisa ser transformado em nós — atitudes, olhares, relações com os outros, conosco mesmos, com Deus? O Advento não é apenas um tempo marcado no calendário; é um tempo de graça. Mesmo que, no sul, coincida com dezembro, encerramento de atividades e desejo de descanso, ele nos convida a despertar para a novidade de Deus que vem. Este tempo é um chamado a não reduzir o Natal a uma pausa social, e sim a acolher a Deus que se aproxima de nossa história.
Na segunda semana do Advento, somos chamados à conversão: deixar que Deus transforme nossa vida – Ana Casarotti
O término das atividades nos provoca a avaliar o que não ajudou a construir relações e projetos, o que nos manteve indiferentes às realidades próximas. Ao mesmo tempo, é oportunidade de reconhecer o que favoreceu crescimento e novas possibilidades. O Advento nos desafia a mudar nossa perspectiva, tornando-nos mais abertos ao Reino de Deus que já se anuncia. Essa conversão exige coragem: coragem de questionar nossa vida, nossas atitudes e de enfrentar os desafios que surgem. E tempo de transformação: de ampliar o olhar, de abrir o coração a presença do Reino que já está no meio de nos. Converter-se é ousar fazer perguntas que nos desinstalam e nos lançam em novos caminhos.
"Esta é a voz daquele que grita no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas!"
Na segunda etapa do Advento, encontramos João Batista, que proclama com força as palavras do profeta Isaías: “Preparai o caminho do Senhor”. Sua voz ressoa no deserto, lugar de silêncio e encontro com Deus. Hoje, em meio ao ruído das cidades e às distrações constantes, somos convidados a buscar nosso próprio deserto — espaço de recolhimento e escuta — para acolher o chamado à conversão. Nosso deserto não é geográfico, mas interior: um espaço de silêncio, de desapego, onde possamos ouvir o grito que nos abre ao Reino.
Conversão exige coragem: coragem de questionar nossa vida, nossas atitudes e de enfrentar os desafios que surgem – Ana Casarotti
O Advento nos chama a preparar o caminho e endireitar as veredas. Preparar é dispor o coração com propósito, é condicionar o terreno da vida para acolher o Reino que já vem. Essa preparação exige perguntas sinceras: como nos dispomos a receber o Senhor? Onde investimos nosso tempo, nossas capacidades, nossa criatividade? Muitas vezes, o esforço vai para um Natal consumista, cheio de atividades e gastos, mas distante da acolhida de Cristo. Converter-se é redirecionar nossos investimentos para aquilo que gera vida, comunidade e esperança: a presença de Jesus que já se aproxima. Somos convidados a desacelerar e investir naquilo que realmente importa: acolher Jesus, presença amorosa que dá sentido à nossa existência.
Em um terceiro momento, somos chamados a preparar o caminho e endireitar as veredas. Preparar é prevenir, “dispor ou fazer algo com algum propósito” e, neste tempo do Advento, pensamos em como condicionar o terreno de nossa vida para acolher o Reino de Deus que já vem. Mais uma vez, voltamos a nos fazer perguntas que nos ajudam a nos converter, a ouvir a voz que clama e, assim, a “preparar o caminho”. Como nos preparamos para receber o Senhor? Toda preparação traz consigo um investimento, um “gasto” para alcançar o fim que desejamos. Em que vamos investir nosso tempo, nossas capacidades, nossa criatividade, nossos recursos? Fazer essa pergunta nos ajuda a parar e desacelerar o ritmo acelerado deste período, em que já investimos nosso tempo na “preparação” de um Natal repleto de atividades, gastos e investimentos, mas que pouco têm a ver com a acolhida de Jesus, que vem à nossa vida e ao nosso mundo com sua presença amorosa e cheia de vida.
Nosso deserto não é geográfico, mas interior: um espaço de silêncio, de desapego, onde possamos ouvir o grito que nos abre ao Reino – Ana Casarotti
Todo nascimento é precedido por um tempo de espera e preparação: desde a gestação até o momento do parto, quando tudo se organiza para acolher a nova vida. É um tempo de sonhos, de esperança, de alegria e também de incertezas. Assim também é o Advento: um convite a preparar o coração para que o nascimento de Jesus seja um verdadeiro Natal, capaz de trazer consolo e vida onde há tristeza e desesperança. Um Natal que seja esperança, vida e alegria para tantas realidades que o precisam em nosso tempo. Como recorda o Papa Francisco, não deixemos que nos roubem a alegria de ser discípulos e a esperança de viver junto com Ele.
“O Advento é o tempo de preparação para receber a graça do Natal, e a única maneira pela qual nós, cristãos, podemos nos preparar verdadeiramente é nos apegando à cruz e implorando misericórdia pelos nossos pecados. Podemos enfeitar as casas com ramos de azevinho, mas devemos enfeitar nossas almas com contrição.
A única maneira pela qual nós, cristãos, podemos nos preparar verdadeiramente é nos apegando à cruz e implorando misericórdia pelos nossos pecados – Ana Casarotti
Fazemos nossa a oração do Papa Francisco para este tempo de Advento
“Vem, Senhor Jesus, precisamos de ti. Venha até nós. Tu és a luz: desperta-nos do sonho da mediocridade, desperta-nos da escuridão da indiferença. Vinde, Senhor Jesus, tornai vigilantes os nossos corações, agora distraídos: fazei-nos sentir o desejo de rezar e a necessidade de amar”.
a que mudemos nosso coração e convertamo-nos à misericórdia, no serviço de acolher...
Somente assim podemos preparar os caminhos do Senhor.
Tradução Francisco O. Lara, João Bosco Lara e José J. Lara.
1ª leitura: “Ele não julgará pelas aparências, mas trará justiça para os humildes.” (Isaías 11,1-10)
Salmo: Sl 71(72) - R/ Nos seus dias, a justiça florirá.
2ª leitura: O Cristo salva todos os homens. (Romanos 15,4-9)
Evangelho: “Convertei-vos, porque o reino dos Céus está próximo.” (Mateus 3,1-12)
Com a vida pela frente
Quando a idade vai chegando (atenção, jovens: este comentário é também para vocês), costumamos falar em "ter a vida pelas costas".A esta constatação, podemos acrescentar que, se formos lúcidos, uma retrospectiva rápida sobre a nossa vida não nos despertaria nenhum desejo de festejar.Aliás, há momentos em que, olhando o passado, só vemos o que foi bom, e outros momentos em que só percebemos fracassos e insuficiências.
No fundo, não importa porque, qualquer que seja a nossa idade ou estado de saúde, a nossa vida não está para trás, no passado, mas, sim, diante de nós, à nossa frente. Estamos indo em direção à vida, no que nem sempre é fácil acreditar. Pois eis que estamos, aqui e agora, num ponto preciso da nossa existência.
O passado está inscrito em nosso corpo e em nosso espírito como se fossem camadas geológicas, mas ativas, para o melhor e para o pior. É grande a tentação de imaginar que o passado nos enclausura numa espécie de destino. Mas não é nada disso, pois, onde quer que estejamos, estamos sob o domínio de um apelo que nos vem dum outro lugar, dum "ainda não aí".
Estamos em processo de criação: estamos ainda “por vir”. Por isso, as três leituras deste domingo, cada uma a seu modo, nos colocam numa posição de espera, de expectativa, ou seja, de esperança (palavra tirada da segunda leitura, onde é dada como sinônimo de perseverança e coragem).A plenitude da vida está diante de nós, no final da nossa estrada.
O que estamos esperando?
A primeira leitura tem a resposta: “Um ramo sairá do tronco de Jessé, um rebento brotará de suas raízes.” O Novo Testamento vê esta promessa cumprida na pessoa de Jesus Cristo. Seria, portanto, o final desta espera? Não, porque a imagem do rebento, ou do broto, sugere um crescimento.
O nosso conhecimento de Cristo, como diz Paulo, por ora é imperfeito. E mais, há o crescimento deste corpo de Cristo que é nossa comunhão na unidade. E que, portanto, em certo sentido, é o crescimento do próprio Cristo, que só atingirá todo o seu porte na hora de “sua vinda, na glória”, o que para nós permanece um mistério.
Em 1 João 3,1-2, ficamos sabendo que o nosso próprio crescimento e o ATINGIR A PERFEIÇÃO DA NOSSA CRIAÇÃO coincidirá com a revelação do Cristo tal qual Ele é. Seremos então "participantes da natureza divina" (2 Pedro 1,4.) Quanto ao evangelho de hoje, que relata a pregação de João Batista, está todo ele voltado para "Aquele que vem".
Cuidemos, no entanto, de não situar a vinda de Cristo num futuro indeterminado: o "Ele virá" ganha permanentemente a forma do "Ele vem". As Escrituras dão testemunho deste duplo aspecto: o Reino de Deus é para o final dos tempos; e, no entanto, "está próximo", "já está aí, no meio de vós" (ou "entre vós", que incorpora o Reino de Deus ao amor).
Em nós, a esperança já é de fato a presença e a posse do que esperamos (numa tradução abrangente de Hebreus 11,1).
O fim do futuro
Aqui estamos, pois, começando sempre a viver uma história, na qual cada instante já vem carregado com a presença do futuro. E esta é uma presença ativa e criadora, uma vez que se trata da Presença divina. Se fôssemos condicionados somente por nosso passado, estaríamos -é preciso repetir- enclausurados na prisão do destino.
O nosso passado é de fato assumido e reconstruído ao se desenvolver a nossa aliança com Deus, aliança que faz gerar o novo, pois Deus é sempre novo. Pensemos numa criança, em seu nascimento: há todo um passado dentro dela, no DNA da sua herança. E, no entanto, ela é nova, imprevisível e única.
Ser filho de Abraão é uma boa herança, mas, por Deus ser livre, ou seja, detentor do poder de fazer surgir o novo (as crianças nascidas "destas pedras"), ser aliados d’Ele nos torna participantes da sua liberdade absoluta. Mas João Batista nos anuncia o final deste percurso e a hora do balanço.
Ele vê em perspectiva a vinda do Cristo, que veio já em Belém, mas que, agora, com a sua última vinda, está na vigília de nascer para o cumprimento da sua missão: proferir a palavra cortante que opera a triagem entre o bem e o mal, entre o que vale e o que nada vale.
Atemorizante? Não, pois somos todos portadores de palha e do bom grão: a triagem final libertará cada um de nós "do homem iníquo e fraudulento" (Salmo 43) que, em nós, que somos imagem de Deus, vive como uma parasita. Tudo virá à luz, mas tudo o que vem à luz, até mesmo as nossas trevas, se torna luz (Efésios 5,13 e Salmo 139,12).
mas a sabedoria da Igreja nos oferece tempos especiais para que retomemos esperançosos nossa caminhada, o tempo de Advento é um deles”.
Naqueles dias, apareceu João Batista, pregando no deserto da Judéia: «Convertam-se, porque o Reino do Céu está próximo.» João foi anunciado pelo profeta Isaías, que disse: «Esta é a voz daquele que grita no deserto: Preparem o caminho do Senhor, endireitem suas estradas!»
João usava roupa feita de pelos de camelo, e cinto de couro na cintura; comia gafanhotos e mel silvestre. Os moradores de Jerusalém, de toda a Judéia, e de todos os lugares em volta do rio Jordão, iam ao encontro de João. Confessavam os próprios pecados, e João os batizava no rio Jordão. Quando viu muitos fariseus e saduceus vindo para o batismo, João disse-lhes: «Raça de cobras venenosas, quem lhes ensinou a fugir da ira que vai chegar? Façam coisas que provem que vocês se converteram. Não pensem que basta dizer: ‘Abraão é nosso pai’.
Porque eu lhes digo: até destas pedras Deus pode fazer nascer filhos de Abraão. O machado já está posto na raiz das árvores. E toda árvore que não der bom fruto, será cortada e jogada no fogo. Eu batizo vocês com água para a conversão. Mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. E eu não sou digno nem de tirar-lhe as sandálias. Ele é quem batizará vocês com o Espírito Santo e com fogo. Ele terá na mão uma pá: vai limpar sua eira, e recolher seu trigo no celeiro; mas a palha ele vai queimar no fogo que não se apaga.»
Neste segundo domingo de Advento a Igreja faz ecoar até os dias de hoje as palavras de João Batista: «Convertam-se, porque o Reino do Céu está próximo.»
Esta exortação está presente em toda a Bíblia, de modo particular na pregação dos profetas que continuamente convidam ao povo a “voltar para Deus”, para pedir-lhe perdão e mudar seu estilo de vida.
Converter-se, significa mudar de direção e dirigir-se novamente ao Senhor, na certeza de que Ele nos ama e o seu amor é sempre fiel. Para acolher a ternura de Deus que nos traz o menino Jesus no próximo Natal, precisamos aceitar hoje o convite à conversão que nos faz o Batista.
O passo seguinte neste processo de volta a Deus, é dar-se conta onde cada um/a de nós está, por quais caminhos está indo a nossa vida?
Respondamos estas perguntas desde o olhar misericordioso de Deus que “sabe ler no coração de cada pessoa incluindo o seu desejo mais profundo e que deve ter primazia sobre tudo” (Misericordia et Misera 1).
E continuando com as palavras da carta do Papa Francisco podemos afirmar que a Misericórdia ajuda a olhar para o futuro com esperança, prontos para recomeçar nossa vida, a partir de agora se quisermos, poderemos proceder no amor (Ef 5,2).
Estas últimas palavras da carta aos Efesios, “proceder no amor” é a exigência que o Batista coloca aos fariseus que o escutavam: “Façam coisas que provem que vocês se converteram”.
Ou seja a conversão não é mágica e não acontece da boca para fora, a mesma é um processo, um caminho marcado pela graça de Deus que se manifesta num estilo de vida pautado pelo amor, pela compaixão diante as necessidades de nossos irmãos e irmãs.
Por isso toda nossa vida é um processo de conversão permanente, mas a sabedoria da Igreja nos oferece tempos especiais para que retomemos esperançosos nossa caminhada, o tempo de Advento é um deles.
E tem sua lógica porque que nos precede no Amor, É a quem esperamos ansiosamente, nas palavras do Profeta: “Ele é quem batizará vocês com o Espírito Santo e com fogo”.
Semelhante promessa requer de nós uma preparação amorosa, uma vida coerente, que anuncie desde já a beleza, a ternura e a força do Emmanuel, Deus conosco.
A continuação um trecho do texto de Cecilia Meireles, Primavera, pode ajudar a compreender desde outra linguagem o tempo de advento, tempo de conversão e esperança:
“A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.
Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores”.
Naqueles dias, apareceu João Batista, pregando no deserto da Judeia: “Convertam-se, porque o Reino do Céu está próximo”. João foi anunciado pelo profeta Isaías, que disse: “Esta é a voz daquele que grita no deserto: Preparem o caminho do Senhor, endireitem suas estradas!”. João usava roupa feita de pelos de camelo, e cinto de couro na cintura; comia gafanhotos e mel silvestre.
Os moradores de Jerusalém, de toda a Judeia, e de todos os lugares em volta do rio Jordão, iam ao encontro de João. Confessavam os próprios pecados, e João os batizava no rio Jordão.
Quando viu muitos fariseus e saduceus vindo para o batismo, João disse-lhes: “Raça de cobras venenosas, quem lhes ensinou a fugir da ira que vai chegar? Façam coisas que provem que vocês se converteram. Não pensem que basta dizer: 'Abraão é nosso pai’. Porque eu lhes digo: até destas pedras Deus pode fazer nascer filhos de Abraão. O machado já está posto na raiz das árvores. E toda árvore que não der bom fruto, será cortada e jogada no fogo. Eu batizo vocês com água para a conversão. Mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. E eu não sou digno nem de tirar-lhe as sandálias. Ele é quem batizará vocês com o Espírito Santo e com fogo. Ele terá na mão uma pá: vai limpar sua eira, e recolher seu trigo no celeiro; mas a palha ele vai queimar no fogo que não se apaga”.
1. O texto do Evangelho deste Domingo II do Advento (Mateus 3,1-12) apresenta algumas notas salientes:
1) É notória a sintonia de João com Jesus, dado que ambos abrem o seu ministério, dizendo as mesmas palavras: «Convertei-vos, porque se fez próximo o Reino dos Céus» (Mateus 3,2; cf. Mateus 4,17);
2) ambos colocam o seu ministério com referência a Isaías (Mateus 3,3; cf. Isaías 40,3; 4,14-15; 8,23-9,1);
3) ambos abrem no deserto a sua missão, evocando o Êxodo do Egito, o novo Êxodo da Babilónia (Ezequiel 20,33-38) e o Êxodo do noivado de Deus com Israel (Oseias 2,16-23), mas também a febre messiânica que situava no deserto o princípio da renovação escatológica;
4) a indumentária de João Batista (Mateus 3,4) evoca a de Elias (2 Reis 1,8), com o qual é, de resto, identificado por Jesus (Mateus 11,14; 17,12-13).
2. Se é evocada a continuidade dos ministérios de João e de Jesus, não deixa também de ser bem acentuado o confronto entre os dois:
1) vê-se bem que João Batista anuncia um Messias juiz, que traz na mão o machado e a pá de joeirar (3,10-12), enquanto que Jesus assumirá a figura de Servo do Senhor manso e humilde (12,17-21);
2) o apelo à conversão que João faz não é dirigido aos pagãos, mas aos israelitas piedosos (3,7-10): portanto, face ao Messias juiz que vem aí, também os justos se devem converter; não é a raça de Abraão que conta, mas a fé;
3) a conversão manifesta-se em fazer fruto, uma ideia recorrente em Mateus (cf. 7,16-20; 12,33; 13,8; 21,41 e 43; 25,40 e 45…);
4) a conversão, aqui expressa pelo verbo metanoéô, não deve ser vista apenas pelo seu significado etimológico: mudar de mentalidade; seria uma maneira de ver muito intimista, mostraria o homem debruçado sobre si mesmo, sobre os seus pecados; ora, a raiz hebraica shûb, sobretudo depois de Jeremias (Isaías 31,6; 45,22; 55,7; Jeremias 3,7.10.14.22; 4,1; 8,5; 18,11; 24,7; 25,5; 26,3; 35,15; 36,7; 44,5; Lamentações 3,40; Ezequiel 13,22; 14,6; 18,23 e 30; 33,9 e 11; Oseias 11,5; 12,6; 14,1-2; Joel 2,12-13; Zacarias 1,3-4; Malaquias 3,7), não implica o dobrar-se do homem sobre si mesmo, mas o orientar-se para ALGUÉM, para Deus, com quem o ser humano cortou relações, distanciando-se e quebrando a aliança. Esta ideia de conversão como caminho de regresso a Deus estava muito disseminada no judaísmo primitivo, mas era desconhecida na religião grega;
5) à vista de Jesus que vem no meio da multidão, como verdadeiro Servo do Senhor (3,13-14), que assume as faltas da multidão, João fica confuso; na verdade, esperava um Juiz, e não um Servo solidário com o povo no pecado (por isso, vem, no meio do povo, a este batismo de penitência);
6) além disso, e contra todas as expectativas de João, Jesus não vem para batizar, mas para ser batizado (3,11.13-14); 7) o diálogo travado entre João Baptista e Jesus (3,14-15) é exclusivo de Mateus (nenhum outro Evangelho o descreve).
3. Faz-se notório o sonho de um Deus que desce ao nosso meio, não para nos condenar ou derrubar, mas para se tornar solidário conosco.
4. Isaías 11,1-10, que serve hoje de ressonância ao Evangelho, mostra muito mais o tom manso e suave do Servo do Senhor que Jesus incarna do que o martelo do Juiz que João Batista prenuncia. Isaías abre diante de nós um mundo novo, tenro e terno, que, visto desde este nosso mundo escuro e tantas vezes desumano, soa a sonho. Ei-lo desenhado nestes versos imensos: «Então o lobo habitará com o cordeiro, o leopardo deitar-se-á com o cabrito, o bezerro e o leãozinho andarão juntos, e um menino pequeno os conduzirá. A vaca e o urso pastarão juntos, juntas se deitarão as suas crias, o leão comerá feno com o boi, e a criança de peito brincará com a víbora» (Isaías 11,6-8).
5. Avista-se daqui o Menino de Belém. Uma paz a perder de vista, sem princípio e sem fim. Um mundo novo governado por um menino pequeno. Vê-se bem que este mundo belo e manso não se parece nada com o nosso, cheio de raivas e de ódios, invejas, mentiras, manhas, astúcias, violências e guerras. Nenhum menino poderia governar um mundo assim. E o problema que nos assalta não está no menino; está neste nosso mundo mentiroso, fraudulento e violento.
6. Contra este mundo empedernido e embrutecido embate a ternura do Menino de Belém. Entenda-se bem outra vez: não é o menino que está errado; somos nós que estamos completamente errados. É por isso que somos convidados à conversão.
7. O mundo novo e saboroso que emerge dos textos de hoje é também sublinhado por S. Paulo nas exortações que nos dirige na Carta endereçada aos Romanos 15,4-9. Como seria belo um mundo pautado por uma verdadeira fraternidade em que todos vivêssemos sob o impulso e o alento carinhoso e criador de Deus. Na verdade, todos respiramos o mesmo alento, que o texto grego diz com o belo termo composto homothymadón (Romanos 15,6), que junta homós [= mesma] e thymós [= alma], sendo que thymós deriva de thýô [= soprar]. E que mundo maravilhoso surgiria, rompendo a crosta do egoísmo e da dureza de coração, se «nos acolhêssemos uns aos outros, como Cristo nos acolheu a nós» (Romanos 15,7). Aí está então a comunidade humana irmanada e reunida, porque todos recebemos de Deus o mesmo alento, o mesmo sopro criador (Génesis 2,7), e com uma só boca (en henì stómati) e a uma só voz cantamos os louvores do nosso Deus (Romanos 15,6). Esta linguagem e esta harmonia enchem por inteiro a comunidade primitiva (Atos 1,14; 2,46; 5,12).
8. Também os versos sublimes do Salmo Real 72 cantam a mesma melodia de alegria que se insinua nas pregas do coração da inteira humanidade maravilhada com a presença de Rei tão carinhoso. Também aqui encontramos a hiperbólica «idade do ouro», o grão que cresce mesmo no cimo das colinas, e a felicidade dos pobres, que serão sempre os melhores «clientes» de Deus. Extraordinária condensação da esperança da nossa humanidade à deriv.
(Se desejar confira a tradução do Tradutor Google com o original em espanhol logo após este texto traduzido)
SEGUNDO DOMINGO DO CICLO DO ADVENTO "A"
CONVERSÃO PARA PREPARAR-SE PARA O ENCONTRO COM O SENHOR QUE HÁ DE VIR
Primeira Leitura (Is 11,1-10):
Esta profecia anuncia o nascimento de um descendente de Jessé, pai de Davi. Este descendente, portanto, será cheio do Espírito do Senhor e incorporará os atributos de grandes figuras do passado: sábio como Salomão, forte como Davi e temente a Deus como Moisés . Para melhor compreender isso como um cumprimento da promessa davídica, é útil compará-lo com o testamento de Davi em 2 Samuel 23:1-7.
Em Isaías 11:3-5, vemos como essa plenitude e estabilidade de espírito nesse "ramo que brotou do tronco de Jessé" conduz a um governo justo. Esse descendente de Davi será um juiz justo porque seu julgamento não se baseará em aparências ou boatos. Isso indica que seu julgamento será à semelhança do julgamento de Deus , pois o Antigo Testamento afirma que Deus vê e conhece o coração humano, não as aparências exteriores, e que, portanto, seu olhar é diferente do dos homens . Esse olhar profundo e verdadeiro de Deus é o fundamento de seu justo julgamento. Portanto, a missão desse descendente de Davi será estabelecer o julgamento de Deus entre a humanidade, por meio do qual os fracos e os pobres serão defendidos dos violentos e ímpios, que sofrerão o castigo merecido.
Isaías 11:6-10, por sua vez, descreve os efeitos sociais e cósmicos dessa ação, pois ela criará um estado de paz, um retorno ao paraíso, um mundo sem violência onde até mesmo os animais poderão viver pacificamente juntos (observe os pares de animais: domésticos e selvagens) e com os humanos (no final, menciona-se a criança). Ali, no monte santo, todos conhecerão o Senhor, e as nações serão reunidas. Este poema é paralelo e complementar a Isaías 9:1-6, e a partir daí se conecta com Isaías 7:10-17, que contém a promessa do nascimento de Emanuel .
O profeta insiste que a futura intervenção de Deus na história está centrada no nascimento de uma criança, um descendente de Davi . Mas esse novo Davi possuirá a plenitude do espírito do Senhor e, portanto, sua apresentação escatológica é fortemente enfatizada, apontando-nos para seu cumprimento na pessoa de Jesus.
Segunda Lectura (Rom 15,4-9):
São Paulo lembra aos romanos que tudo o que está escrito na Sagrada Escritura se dirige aos cristãos de todas as épocas para sua instrução, para que dela recebam constância e consolação e, assim, mantenham a esperança . Constância ou perseverança (em grego , παράκλησις ) e consolação (em grego, παράκλησις ) aparecem, então, como as causas da Esperança (em grego , ἐλπίς ), conferindo à afirmação um sutil horizonte escatológico . Há um certo paralelismo formal entre a esperança judaica e a cristã, visto que ambas olham para o passado e ambas esperam no futuro . A lembrança do passado, tornada presente pelas Escrituras , é um convite constante à esperança no futuro, na vitória final de Deus (cf. Ap 12,10-11; 15,2-4).
A seguir, Paulo apresenta essas virtudes como atributos divinos (“Deus de paciência e conforto”: θεὸς τῆς ὑπομονῆς καὶ τῆς παρακλήσεως) a quem ele pede unidade e concórdia em nome dos romanos para a glória de Deus.
Em seguida, São Paulo pede a Deus que lhes conceda, seguindo o exemplo de Cristo Jesus, sentimentos de paz e unidade para com todos. Uma vez que Deus, em Cristo, nos acolheu a todos, somos convidados a “receber ou aceitar uns aos outros”. Isto é, receber o dom de Deus, que é o próprio Cristo, nos levará à aceitação fraterna dos outros e à glorificação de Deus por sua misericórdia. Para muitos estudiosos, o princípio proposto nos versículos 7-9 é como um resumo de toda a Carta aos Romanos. De fato, “a aceitação mútua, o acolhimento mútuo, seria a característica, a lei fundamental, de toda a convivência cristã. É assim que ‘a Igreja é edificada’”<sup> 4 </sup>. É um convite a imitar as ações concretas de Jesus, na medida em que ele cumpriu as promessas de Deus ao seu povo, os judeus, “para confirmar a fidelidade de Deus”; e, no excesso de sua misericórdia, também concedeu seus dons aos gentios com a intenção de que toda a humanidade se unisse no louvor divino.
Evangelho (Mt 3,1-12):
O texto começa sem muitos preâmbulos, apresentando João Batista pregando no deserto da Judeia. Essa indicação geográfica — no deserto — é importante porque cumpre a profecia de Isaías citada abaixo.
Após a apresentação de João Batista, Mateus, sempre atento às Escrituras, considera que nele se cumpre a profecia de Isaías 40:3, aquela que fala da voz que clama no deserto: “Preparem o caminho do Senhor, endireitem as suas veredas”. Aqui, define-se a sua missão como precursor no cumprimento das Escrituras. Mas observemos que Isaías se refere ao Senhor Javé, enquanto Mateus, ao dizer “endireitar as suas veredas ”, refere-se aos caminhos de Jesus. Portanto, ele tomou um texto profético referente a Deus e o aplicou a Jesus.
As vestes e as refeições frugais do Batista são então descritas, demonstrando seu estilo de vida ascético e reforçando sua pregação de juízo. Mas, como suas vestes (“uma túnica de pelos de camelo e um cinto de couro” 3:4) coincidem com as de Elias (cf. 2 Reis 1:8), e porque Mateus mais tarde identifica João Batista com Elias (cf. Mateus 17:10-13), a profecia de Malaquias 3:23-24 também se cumpre, segundo a qual, antes da chegada do dia do Senhor, Deus enviaria o profeta Elias para reconciliar os pais com os filhos.
Quanto à sua pregação, ela tem duas partes. A primeira aponta para o início da manifestação do Reino: “Arrependam-se, porque o Reino de Deus está próximo” (μετανοεῖτε· ἤγγικεν γὰρ ἡ βασιλεία τῶν οὐρανῶν). Esta é a mesma expressão que aparecerá nos lábios de Jesus (4:17) e dos apóstolos (10:7) mais tarde. João Batista nos deixa, assim, às portas do Reino de Deus, que Jesus instaurará e que já está próximo. Agora, pelo que se segue, presumimos que João Batista compreendeu esta vinda do Reino como a manifestação final e definitiva de Deus, da ira de Deus (3:7), identificando-a com a Parusia, com o juízo de Deus no fim dos tempos . Como A. Levoratti observa corretamente 5 , a mensagem profética de João Batista surge do ambiente do apocalipticismo judaico, cujo tema predominante é o anúncio do juízo final que põe fim ao mundo presente e submete as forças do mal à soberania de Deus.
A presença e as ações de João Batista provaram ser eficazes, pois muitas pessoas de vários lugares vieram até ele para serem batizadas, confessando seus pecados. O anúncio da vinda do Reino foi um convite ao povo, que simplesmente se preparou para recebê-lo confessando seus pecados .
Os fariseus e saduceus tinham uma atitude diferente, e por isso João Batista dedicou um segundo sermão a eles, dizendo-lhes que a verdadeira pertença aos descendentes de Abraão se demonstra vivendo de acordo com a Lei ; que a pertença étnica à linhagem do patriarca não é suficiente. Isso prenuncia o confronto com os fariseus que Jesus teria mais tarde (a invectiva de 3:7 reaparecerá em 23:33).
Para João Batista, a proclamação do Reino dos Céus é a proclamação do Juízo . E o critério para esse juízo de Deus são as obras, os “frutos” que uma conversão sincera deve produzir. No final de seu discurso (3:10-12), que inclui o anúncio do Messias, João Batista utiliza simbolismo apocalíptico que evoca a imagem do juiz escatológico . Essa ênfase é uma novidade em Mateus (e Lucas), claramente expressa quando ele afirma que “Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo ” (3:11; cf. Lucas 3:16), onde o fogo é um acréscimo em comparação com Marcos 1:8. Em Mateus, a imagem do fogo está ligada ao juízo, mais especificamente à punição divina, ao fogo eterno ou à Geena. Portanto, como afirma U. Luz 6 : “A pregação no Evangelho de Mateus começa com o julgamento do Filho do Homem e termina com esse mesmo julgamento (Mt 24). Fogo é a palavra central dos primeiros e últimos anúncios no Evangelho de Mateus (25,41). O futuro julgamento aniquilador é fundamental para a teologia de Mateus; quem critica isso critica o cerne da teologia mateana.” Mas também devemos observar que as ações de Jesus não se conformarão totalmente a essa expectativa messiânica, e isso desafiará até mesmo o próprio João, como veremos no próximo domingo (cf. Mt 11,1-6).
Em resumo — e dentro do contexto litúrgico do Advento — podemos ver que João Batista anuncia a vinda de três realidades que exigem uma resposta da humanidade . Primeiro, ele anuncia a vinda do Reino de Deus , de Sua soberania ou senhorio. Isso requer conversão, uma mudança de coração, arrependimento e confissão dos pecados. Segundo, ele anuncia aos escribas e fariseus a vinda da ira de Deus , Seu julgamento. E os exorta a produzirem "frutos dignos de arrependimento". Pelo que se segue — e pelo restante do Evangelho — entendemos essa expressão como um chamado à conversão do coração, uma conversão interior, com obras feitas para agradar ao Pai e não para aparências ou ostentação . Além disso, exige um reconhecimento sincero do pecado e da necessidade da graça e do perdão de Deus.
Em terceiro lugar , ele anuncia a vinda do Messias , "aquele que vem depois de mim... Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo" (Mt 3,11). Pelo que se segue (Mt 3,12) e pelo que veremos no próximo domingo (Mt 11,2-6), parece claro que João Batista esperava que o Messias fosse o juiz supremo da humanidade , isto é, que viesse recompensar os justos e punir os pecadores. A imagem do fogo teria essa conotação judicial, típica do Antigo Testamento. Mas ele será surpreendido , como São Paulo, pela infinita misericórdia de Deus.
Orientações para a homilia: "conversão".
A primeira leitura do profeta Isaías, assim como a do domingo passado, busca alimentar nossa esperança em um futuro melhor, quando o Senhor levantar seu escolhido para restaurar a paz paradisíaca . Uma criança nascerá, descendente de Davi, e ele levará adiante o plano de paz, justiça e felicidade que Deus tem para as nações e que todos nós desejamos de todo o coração.
As profecias do Antigo Testamento são relevantes para nós hoje porque a vida cristã também está sempre em transição rumo à sua plena realização. Como bem observa Rabi Cantalamessa : “A profecia de Isaías foi confirmada, mas num plano superior, espiritual e universal. Não apenas para um povo, mas para todos os povos. A partir de Jesus, a paz, se não uma realidade de facto e generalizada, é pelo menos uma ‘possibilidade’ real oferecida a todas as ‘pessoas de boa vontade’ (Lucas 2:14). A paz de Jesus é uma paz que o mundo não pode dar e, portanto, nem mesmo pode impedir […] Esta paz de coração, ou paz interior, é a única que pode também fomentar a outra paz, a exterior. Pelo contrário, é mesmo a sua condição e a sua raiz.”
São Paulo reforça essa ideia na segunda leitura, afirmando que “tudo o que foi escrito no passado foi escrito para nos ensinar, para que, por meio da perseverança e do consolo das Escrituras, tenhamos esperança” (Rm 15,4). Ele também apresenta a fidelidade de Deus, que em Cristo cumpriu as promessas feitas aos nossos antepassados, como fundamento da nossa esperança. De fato, “na esperança fomos salvos”, diz São Paulo aos Romanos e também a nós (Rm 8,24). Segundo a fé cristã, a “redenção”, a salvação, não é simplesmente um fato consumado. A salvação nos é oferecida no sentido de que nos foi dada a esperança, uma esperança segura, graças à qual podemos enfrentar o nosso presente: o presente, mesmo que seja cansativo, pode ser vivido e aceito se nos conduz a um objetivo, se pudermos ter certeza desse objetivo e se esse objetivo for tão grande que justifique o esforço da jornada” (Spe Salvi, n. 1).
Portanto, a primeira e a segunda leituras nos convidam a manter viva a esperança, a sonhar com todas as coisas boas que a vinda do Senhor nos trará no fim dos tempos .
Em relação ao Evangelho , enquanto no domingo passado ele direcionava o olhar dos fiéis para o futuro, para o Senhor que vem no fim dos tempos, agora ele se volta para o passado, para a vinda histórica de Jesus. É precisamente esta primeira vinda do Senhor que nos permite aguardar com confiança a sua segunda e última vinda . Olhamos para o que já aconteceu para saber como aguardar no presente o que está por vir .
O Evangelho deste domingo começa por nos apresentar João Batista, chamado de "o precursor" porque historicamente teve a missão de anunciar e preparar a vinda de Jesus. Portanto, é apropriado que ele seja também uma das figuras principais da liturgia do Advento e que nos ajude a preparar para o Natal. Especificamente, somos convidados a ouvir a pregação do Batista, que anuncia a chegada do Reino de Deus e nos chama a prepararmo-nos através de uma conversão sincera . Como A. Nocent observa acertadamente: "Esta voz que clama no deserto ressoará até o fim dos tempos. Sempre haverá necessidade de conversão; a obra da conversão nunca termina. Não basta pertencer a uma raça cristã, assim como não bastava ter Abraão como pai. É preciso dar o fruto que a conversão exige. Essa conversão para o perdão dos pecados está intimamente ligada ao batismo, o batismo de João que leva à conversão e o batismo de Cristo que é um batismo de fogo e do Espírito Santo, um batismo que nos faz renascer segundo Deus e que nos reúne ao povo de Deus . " 8
A conversão é explicitamente definida como "preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas". Dada a certeza de que o Senhor virá ao nosso encontro, o primeiro passo foi despertar ( no domingo passado); agora cabe a nós convertermo-nos , preparar o caminho, endireitá-lo, remover os obstáculos para que nada impeça a sua vinda. E sabemos que, como enfatizou o Evangelho do domingo passado, o nosso estilo de vida pode ser um obstáculo. E também podemos resistir à sua vinda, tal como os fariseus que resistiram à conversão sincera, razão pela qual João Batista foi tão severo com eles.
A conversão que este tempo do Advento exige é uma mudança existencial . Somos convidados a examinar nossas atitudes em relação ao presente, ao futuro e ao que é definitivo. Diante da possibilidade real do julgamento de Deus, do que é final, somos convidados a reordenar nossa escala de valores, a distinguir entre o essencial e o secundário, entre o importante e o urgente.
Neste segundo domingo, os aspectos esperançosos e ameaçadores inerentes à visão cristã do futuro ainda permanecem . Enquanto o profeta Isaías continua a nos abrir para a esperança de um mundo melhor, João Batista anuncia a vinda do Messias como um juiz escatológico para quem raça, títulos, posições ou cargos eclesiásticos pouco significam, pois ele nos responsabilizará por nossos atos, por "frutos dignos de arrependimento".
Se quisermos chegar ao ponto mais prático e concreto: primeiro , o Senhor nos pede conversão, arrependimento e confissão dos nossos pecados. As pessoas simples entendem isso muito bem. O pecado não é um problema insolúvel, pois existe a possibilidade de arrependimento e perdão de Deus. O verdadeiro problema é a autossuficiência e a hipocrisia dos escribas e fariseus, pois com essa atitude eles não se preparam, mas sim fecham o caminho para o Senhor que está por vir. Como bem disse o Padre Molinié : "O problema é o mesmo para todos: a luta entre o orgulho e a humildade. Obviamente, a vida nos leva a enfrentar muitas outras dificuldades; mas do ponto de vista da salvação e da santidade, não há outras, pois Deus cuida de tudo e muda o que acontece (até mesmo os pecados) para o bem daqueles que são humildes. Nada pode nos separar do amor de Cristo, exceto o orgulho."
A respeito disso, o Papa Francisco disse em 4 de dezembro de 2022: “O Advento é um tempo de graça para tirarmos as nossas máscaras — cada um de nós tem uma — e nos unirmos às fileiras dos humildes; para nos libertarmos da presunção de autossuficiência, para irmos confessar os nossos pecados, os ocultos, e recebermos o perdão de Deus, para pedirmos perdão àqueles a quem ofendemos. Assim começa uma nova vida. E só há um caminho, o caminho da humildade: purificarmo-nos do sentimento de superioridade, do formalismo e da hipocrisia, ver nos outros irmãos e irmãs, pecadores como nós, e ver em Jesus o Salvador que vem por nós, não pelos outros, mas por nós; tal como somos, com a nossa pobreza, misérias e defeitos, sobretudo com a nossa necessidade de sermos erguidos, perdoados e salvos. E lembremo-nos mais uma coisa: com Jesus, a possibilidade de recomeçar sempre existe. Nunca é tarde demais; há sempre a possibilidade de recomeçar. Tenham coragem, Ele está perto.”
Em segundo lugar , observemos que a conversão do Advento é um convite a examinar como usamos nosso tempo: para o que temos tempo e para o que nunca temos tempo . Temos tempo para Deus? E para o nosso próximo, especialmente os necessitados? E para nós mesmos, para nossa vida interior, cuidando da nossa saúde e cultivando nossos relacionamentos familiares? De fato, no Juízo Final, prestaremos contas do que fizemos com nossas vidas, ou com nosso tempo, o que é quase a mesma coisa.
Contudo, essa conversão não se limita à esfera individual, mas deve estender-se ao nível comunitário. Assim, São Paulo nos exorta a acolher os outros, assim como Cristo nos acolhe a todos. A abertura ao nosso próximo como irmão ou irmã é tanto a causa quanto a condição para acolher Cristo que vem ao nosso encontro.
PARA ORAÇÃO (RESSONÂNCIAS DO EVANGELHO EM UMA ORAÇÃO):
Profetas do Deserto
Senhor,
Vejam, estamos caminhando como o profeta.
Por este deserto
E também retornamos àquele momento.
Você ainda é desconhecido para nós.
Venha nos conhecer!
Aguardamos um único dia sagrado.
Aquela com a qual você nasceu.
Encarnado em Maria, você se torna um entre muitos.
O silêncio é a única opção nestes tempos.
De dor e lágrimas
Traga-nos a alegria do parto.
Ternura de Deus
Contemplemos o milagre com admiração.
E o Amor trará justiça, trará o que é necessário.
Alegria e felicidade
Faze-nos renascer contigo, permite-nos receber o teu batismo.
Pequeninos em seus braços
Cantaremos hinos inspirados
Céus e terra se unirão em um portal humilde.
Para dar glória ao Filho. Amém.
1 Is 61,1 retoma o tema do espírito sobre o Messias, de onde passa para o NT em Lc 4,18.
2 Cf. 1 Sam 16,7.
3 Cf. R. Penna, Carta aos Romanos , Verbo Divino, Estella, 2013, p. 1073.
4 X. Alegre Santamaría, Carta aos Romanos (Palavra Divina; Estella 2012) 332.
5 Evangelho segundo São Mateus (Guadalupe; Buenos Aires 1999) 58.
6 O Evangelho segundo São Mateus. Vol. I (Sígueme; Salamanca 1993) 210
7 Lançai as redes. Reflexões sobre os Evangelhos. Ciclo A (EDICEP; Valência 2002) 25.
8 A. Nocent, O Ano Litúrgico. Celebrando Jesus Cristo. I. Introdução e Advento , Santander 1987, 113-114. 9 A coragem de ter medo. Variações sobre a espiritualidade (San Pablo; Madrid 1979) 92.
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SEGUNDO DOMINGO DE ADVIENTO CICLO "A"
CONVERTIRSE PARA PREPARAR EL ENCUENTRO CON EL SEÑOR QUE VIENE
Primera Lectura (Is 11,1-10):
En esta profecía se anuncia el nacimiento de un vástago del tronco de Jesé, quien fuera el padre de David. Se trata, por tanto, de un descendiente de David quien estará lleno del espíritu del Señor1y que sintetiza por sus atributos los grandes personajes del pasado: sabio como Salomón, fuerte como David y lleno de temor de Dios como Moisés. Para apreciarlo más como actualización de la promesa davídica es interesante compararlo con el testamento de David en 2 Sam 23,1-7.
En Is 11,3-5 vemos cómo esta plenitud y estabilidad del espíritu en este "retoño del tronco de Jesé" desemboca en un gobierno justo. Este descendiente de David será un justo juez pues su juicio no se basará en la apariencia o en el comentario. Con esto se indica que su juicio será al modo del juicio de Dios, pues en el Antiguo Testamento se tiene la certeza de que Dios ve y conoce el corazón humano, no la apariencia, y que por esto su mirar es diverso al de los hombres2. Y este mirar profundo y verdadero de Dios es el fundamento de su justo juicio. Por tanto, la misión de este descendiente de David será establecer el juicio de Dios entre los hombres, por lo cual los débiles y los pobres serán defendidos de los violentos y malvados, que sufrirán su merecido castigo.
Por su parte Is 11,6-10 describe los efectos sociales y cósmicos de esta acción pues creará una situación de paz, será como una vuelta al paraíso, un mundo sin violencia donde hasta los animales podrán convivir pacíficamente entre sí (notemos los pares de animales: doméstico y salvaje) y con los hombres (al final menciona al niño). Allí, en la montaña santa, todos conocerán al Señor y las naciones se reunirán. Este poema es paralelo y complementario de Is 9,1-6 y desde allí se vincula con Is 7,10-17 que contiene la promesa del nacimiento del Enmanuel.
El profeta insiste en que la intervención futura de Dios en la historia se concentra en el nacimiento de un niño, de un descendiente de David. Pero este nuevo David poseerá una plenitud del espíritu del Señor y, por tanto, su presentación escatológica está muy acentuada y nos remite a su cumplimiento en la persona de Jesús.
Segunda Lectura (Rom 15,4-9):
San Pablo les recuerda a los romanos que todo lo escrito en la Sagrada Escritura está dirigido a los cristianos de cada tiempo para su instrucción con el fin de que reciban de ella constancia y consolación y, de este modo, mantengan la esperanza. Aparecen entonces la constancia o perseverancia (en griego hupomoné: u `pomonh,) y la consolación (en griego paráklesis: παράκλησις) como causantes de la Esperanza (en griego élpis: ἐλπίς) dándole a la afirmación un discreto horizonte escatológico3. Existe un cierto paralelismo formal entre la esperanza judía y la cristiana pues ambas miran al pasado y ambas esperan en el futuro. El recuerdo del pasado, presente a través de las Escrituras, es una constante invitación a esperar en el futuro la victoria final de Dios (cf. Ap 12,10-11; 15,2-4).
A continuación, Pablo presenta estas virtudes como atributos divinos (“Dios de la paciencia y el consuelo”: θεὸς τῆς ὑπομονῆς καὶ τῆς παρακλήσεως) a quien le pide en favor de los Romanos la unidad y concordia para gloria de Dios.
Luego san Pablo pide a Dios les conceda tener, a ejemplo de Cristo Jesús, sentimientos de paz y unidad para con todos. Ya que Dios, en Cristo, nos ha recibido a todos, somos invitados a "recibirnos o aceptarnos unos a otros". Es decir, la recepción del don de Dios que es el mismo Cristo nos llevará a la aceptación fraterna de los demás y a glorificar a Dios por su misericordia. Para muchos estudiosos el principio propuesto en los versículos 7-9 es como un compendio de toda la carta a los Romanos. Lo cierto es que “la mutua aceptación, la mutua acogida, sería la característica, la ley fundamental, de toda convivencia cristiana. Así «se construye Iglesia»”4. Es una invitación a imitar la acción concreta de Jesús por cuanto ha cumplido las promesas de Dios para con su pueblo, los judíos, "para confirmar la fidelidad de Dios"; y en el exceso de su misericordia ha dado sus dones también a los paganos con la intención de que toda la humanidad se una en la alabanza divina.
Evangelio (Mt 3,1-12):
El texto comienza sin muchos preámbulos presentando a Juan Bautista predicando en el desierto de Judea. Esta indicación geográfica – en el desierto – es importante porque cumple la profecía de Isaías que se cita a continuación.
Luego de la presentación del Bautista, Mateo, siempre atento a las Escrituras, considera que en él se cumple la profecía de Isaías 40,3 acerca de la voz que grita en el desierto para que preparen el camino del Señor, que allanen los senderos. Aquí se define su misión de precursor en cumplimiento de las Escrituras. Pero notemos que Isaías se refiere al Señor Yavé, mientras Mateo al decir: “enderezad sus caminos”, se refiere a los caminos de Jesús. Por tanto, ha tomado un texto profético referido a Dios y se lo aplica a Jesús.
Luego se describen las vestiduras y la frugal comida del Bautista que demuestran su condición ascética y refuerzan su predicación del juicio. Pero como su vestimenta (“una túnica de pelos de camello y un cinturón de cuero” 3,4) coincide con la de Elías (cf. 2Re 1,8) y porque más adelante Mateo hace esta identificación de Juan Bautista con Elías (cf. Mt 17,10-13); se cumple también la profecía de Malaquías 3,23-24 según la cual, antes de la llegada del día del Señor, Dios enviaría al profeta Elías para reconciliar a los padres con los hijos.
En cuanto a su predicación, tiene dos partes. La primera señala el comienzo de la manifestación del Reino: “Conviértanse porque el Reino de Dios está cerca” (μετανοεῖτε· ἤγγικεν γὰρ ἡ βασιλεία τῶν οὐρανῶν). Es la misma expresión que aparecerá en boca de Jesús (4,17) y de los apóstoles (10,7) más adelante. Juan Bautista nos deja entonces a las puertas del Reino de Dios que Jesús hará presente y que ya está cerca. Ahora bien, por lo que sigue suponemos que Juan Bautista entendía esta venida del Reino como la última y definitiva manifestación de Dios, de la ira de Dios (3,7), identificándola con la parusía, con el juicio de Dios al final de los tiempos. Como bien nota A. Levoratti5, el mensaje profético de Juan el Bautista surge del ambiente de la apocalíptica judía cuyo tema predominante es el anuncio del juicio final que pone fin al mundo presente y somete las fuerzas del mal a la soberanía de Dios.
La presencia y acción de Juan Bautista resulta eficaz por cuanto muchos y de varias partes acuden a él para ser bautizados confesando sus pecados. El anuncio de la llegada del Reino es una invitación al pueblo que sencillamente se prepara para recibirlo confesando sus pecados.
Distinta es la actitud de los fariseos y saduceos y, por eso, Juan Bautista les dedica una segunda prédica que consiste en decirles que la verdadera pertenencia a la descendencia de Abrahám se manifiesta en vivir según la Ley; y que no alcanza con la pertenencia étnica a la descendencia del patriarca. Se anticipa así el choque con los fariseos que tendrá Jesús más adelante (la invectiva de 3,7 reaparecerá en 23,33).
Para Juan Bautista el anuncio del Reino de los cielos es anuncio del Juicio. Y el criterio de este juicio de Dios son las obras, los “frutos” que debe dar una sincera conversión. Al final de su discurso (3,10-12), que incluye el anuncio del Mesías, Juan Bautista utiliza una simbología de corte apocalíptico que nos remite a la imagen del juez escatológico. Esta acentuación es una novedad de Mt (y de Lc) expresada claramente al señalar que “Él los bautizará con Espíritu Santo y con fuego” (3,11; cf. Lc 3,16) donde el fuego es un añadido en comparación con Mc 1,8. En Mateo la imagen del fuego está vinculada al juicio, más concretamente al castigo divino o fuego eterno o gehena. Por tanto, como dice U. Luz6: "Con el juicio del Hijo del hombre empieza la predicación en el evangelio de Mateo y con ese mismo juicio concluirá (Mt 24). Fuego es la palabra central del primero y del último anuncio en el evangelio de Mateo (25,41). El futuro juicio aniquilador es una clave en la teología de Mateo; el que critica eso, critica el núcleo de la teología mateana". Pero debemos notar también que el obrar de Jesús no se conformará plenamente con esta expectativa mesiánica y esto pondrá en crisis al mismo Juan, tal como lo veremos el próximo domingo (cf. Mt 11,1-6).
En breve - y en el marco litúrgico del adviento - podemos ver que Juan Bautista anuncia la venida de tres realidades que exigen una respuesta por parte de los hombres. Primero anuncia la venida del Reino de Dios, de su soberanía o señorío. Esto exige de parte de los hombres la conversión, cambio de mentalidad, arrepentimiento y confesión de los pecados. Segundo les anuncia a los escribas y fariseos la venida de la ira de Dios, de su juicio. Y a ellos les reclama "frutos dignos de conversión". Por lo que sigue - y por el resto del evangelio - entendemos esta expresión como el reclamo a una conversión del corazón, interior, con obras hechas para agradar al Padre y no por apariencia u ostentación. Más aún, reconocimiento sincero del pecado y de la necesidad de la Gracia y del Perdón de Dios.
En tercer lugar, anuncia la venida del Mesías, de "aquel que viene detrás de mí… El los bautizará en el Espíritu Santo y en el fuego" (Mt 3,11). Por lo que sigue (Mt 3,12) y por lo que veremos el próximo domingo (Mt 11,2-6), parece claro que Juan Bautista esperaba que el Mesías fuera el juez definitivo de los hombres, o sea que venga a premiar a los justos y castigar a los pecadores. La imagen del fuego tendría esta connotación judicial propia del Antiguo Testamento. Pero será sorprendido, como San Pablo, por la infinita misericordia de Dios.
Orientaciones para la homilía: "convertirse".
La primera lectura del profeta Isaías busca, al igual que el domingo pasado, alimentar nuestra esperanza de un futuro mejor cuando el Señor haga nacer a su elegido para restablecer la paz paradisíaca. Un niño nacerá, un descendiente de David, y llevará a cabo el proyecto de paz, justicia y felicidad que Dios tiene para las naciones y que todos deseamos de corazón.
Las profecías del Antiguo Testamento son actuales para nosotros hoy pues la vida del cristiano está también siempre en transición hacia la plena realización. Como bien nota R. Cantalamessa7: “La profecía de Isaías se ha confirmado; pero, en un plano superior, espiritual y universal. No a favor de un solo pueblo sino de todos los pueblos. A partir de Jesús, la paz, si no es una realidad de hecho y generalizada, es sin embargo al menos una «posibilidad» real ofrecida a todos «los hombres de buena voluntad» (Lucas 2,14). La de Jesús es una paz, que el mundo no puede dar, y por ello ni siquiera impedir […] Esta paz del corazón o interior es la única que puede favorecer también la otra paz, la exterior. Antes, al contrario, es hasta su condición y su raíz”.
San Pablo refuerza esta idea en la segunda lectura al afirmar que "todo lo que ha sido escrito en el pasado, ha sido escrito para nuestra instrucción, a fin de que por la constancia y el consuelo que dan las Escrituras, mantengamos la esperanza" (Rom 15,4). Y también nos presenta como fundamento de nuestra Esperanza la fidelidad de Dios quien en Cristo ha cumplido las promesas hechas a los antepasados. En efecto, "en esperanza fuimos salvados, dice san Pablo a los Romanos y también a nosotros (Rm 8,24). Según la fe cristiana, la «redención», la salvación, no es simplemente un dato de hecho. Se nos ofrece la salvación en el sentido de que se nos ha dado la esperanza, una esperanza fiable, gracias a la cual podemos afrontar nuestro presente: el presente, aunque sea un presente fatigoso, se puede vivir y aceptar si lleva hacia una meta, si podemos estar seguros de esta meta y si esta meta es tan grande que justifique el esfuerzo del camino" (Spe Salvi nº 1).
Por tanto, la primera y la segunda lectura nos invitan a mantener despierta la esperanza, a soñar con lo todo lo bueno que nos traerá la venida del Señor al final de los tiempos.
En cuanto al evangelio, mientras el domingo pasado orientaba la mirada creyente hacia el futuro, al Señor que viene al fin de los tiempos, ahora se vuelve al pasado, a la venida histórica de Jesús. Es que justamente esta primera venida del Señor es la que nos permite esperar confiados su segunda y definitiva venida. Miramos hacia lo que ya pasó para saber cómo esperar en el presente lo que vendrá.
El evangelio de este domingo comienza presentándonos a Juan Bautista quien es llamado “el precursor” por cuanto históricamente tuvo la misión de anunciar y de preparar la venida de Jesús. Por tanto, es lógico que sea también una de las figuras principales de la liturgia del Adviento y que nos ayude a prepararnos para la Navidad. En concreto se nos invita a escuchar la predicación del Bautista, quien anuncia la llegada del Reino de Dios e invita a prepararse con una sincera conversión. Como bien nota A. Nocent: "Esta voz que grita en el desierto resonará hasta el final de los tiempos. Siempre habrá que convertirse, el trabajo de la conversión no acaba nunca. No es suficiente el pertenecer a una raza cristiana, como no era suficiente tener por padre a Abraham. Hay que dar el fruto que pide la conversión. Esta conversión para el perdón de los pecados está íntimamente unida al bautismo, bautismo de Juan que lleva a la conversión y bautismo de Cristo que es bautismo de fuego y Espíritu Santo, bautismo que hace que renazcamos según Dios y que nos reúne en el pueblo de Dios"8.
La conversión viene explicitada como "preparen el camino del Señor, allanen sus senderos". Ante la certeza de que el Señor viene a nuestro encuentro, lo primero era despertarse (el domingo pasado); ahora nos corresponde convertirse, preparar el camino, allanarlo, quitar los obstáculos para que nada impida su venida a nosotros. Y sabemos que, como insistía el evangelio del domingo pasado, nuestro estilo de vida puede ser un obstáculo. Y también podemos poner resistencia a su venida a nosotros al igual que los fariseos que se resistían a una sincera conversión y por eso Juan Bautista es tan duro con ellos.
La conversión que nos pide este tiempo de Adviento consiste en un cambio existencial. Se nos invita a una revisión de nuestras actitudes ante lo presente y ante lo futuro y definitivo. Ante la posibilidad real del juicio de Dios, de lo definitivo, se nos invita a ordenar nuestra escala de valores, a distinguir entre lo esencial y lo secundario, entre lo importante y lo urgente.
También en este segundo domingo todavía perduran los aspectos esperanzadores y amenazadores propios de la visión cristiana del futuro. Mientras el profeta Isaías sigue abriéndonos a la esperanza de un mundo mejor, Juan Bautista anuncia la venida del Mesías como juez escatológico para quien poco valen la raza, los títulos, rangos o cargos eclesiásticos, pues nos pedirá cuenta de nuestras obras, de "frutos dignos de conversión".
Si queremos bajar a lo más práctico y concreto: en primer lugar, el Señor nos pide conversión, arrepentimiento, confesión de los pecados. La gente sencilla lo entiende bien. El pecado no es un problema sin solución, pues existe la posibilidad del arrepentimiento y del perdón de Dios. El verdadero problema es la autosuficiencia e hipocresía de escribas y fariseos pues con esta actitud no preparan, sino que cierran el camino al Señor que viene. Como bien dice el P. Molinié9: "el problema es el mismo para todos: el combate entre el orgullo y la humildad. Evidentemente, la vida nos lleva a afrontar otras muchas dificultades; pero desde el punto de vista de la salvación y de la santidad, no hay rigurosamente otras, pues Dios se encarga de todo y El hace cambiar lo que sucede (incluso los pecados) en bien de los que son humildes. Nada nos puede separar del amor de Cristo sino es el orgullo".
Al respecto decía el Papa Francisco el 4 de diciembre de 2022: “El Adviento es un tiempo de gracia para quitarnos nuestras máscaras —cada uno de nosotros tiene una— y ponernos a la fila con los humildes; para liberarnos de la presunción de creernos autosuficientes, para ir a confesar nuestros pecados, esos escondidos, y acoger el perdón de Dios, para pedir perdón a quien hemos ofendido. Así comienza una nueva vida. Y la vía es una sola, la de la humildad: purificarnos del sentido de superioridad, del formalismo y de la hipocresía, para ver en los demás a hermanos y hermanas, a pecadores como nosotros y ver en Jesús al Salvador que viene por nosotros, no por los demás, por nosotros; así como somos, con nuestras pobrezas, miserias y defectos, sobre todo con nuestra necesidad de ser levantados, perdonados y salvados. Y recordemos de nuevo una cosa: con Jesús la posibilidad de volver a comenzar siempre existe. Nunca es demasiado tarde, siempre está la posibilidad de volver a comenzar, tened valor, Él está cerca de nosotros en este tiempo de conversión”.
En segundo lugar, notemos que la conversión en adviento es una invitación a revisar el uso de nuestro tiempo: para qué tenemos tiempo y para qué no tenemos nunca tiempo. ¿Tenemos tiempo para Dios? ¿Y para el prójimo, especialmente el necesitado? ¿Y para nosotros mismos, para mi vida interior, el cuidado de mi salud y el cultivo de mis vínculos familiares? De hecho, en el juicio final daremos cuenta de lo que hicimos con nuestra vida, o con nuestro tiempo, que es casi lo mismo.
Ahora bien, esta conversión no queda reducida al ámbito individual, sino que debe extenderse al plano comunitario. Así San Pablo nos exhorta a aceptar a los demás, así como Cristo nos acepta a todos. La apertura solidaria al prójimo como hermano es causa y condición para recibir a Cristo que viene a nosotros.
PARA LA ORACIÓN (RESONANCIAS DEL EVANGELIO EN UNA ORANTE):
Profetas del desierto
Señor,
Mira que vamos andando como el profeta
Por este desierto
Y también volvemos a aquel momento
Aún nos eres desconocido
Sal a nuestro encuentro!
Esperamos un único día, sagrado
El de tu nacimiento
Encarnado en María te haces uno entre tantos
Solo cabe el silencio en estos tiempos
De dolor y llanto
Tráenos la alegría del alumbramiento
Ternura de Dios
Contemplemos con asombro el milagro
Y el Amor hará justicia, traerá lo necesario
El gozo y la alegría
Haznos renacer contigo, recibamos tu bautismo
Pequeños en tus brazos
Cantaremos inspirados himnos
El cielo y la tierra se unirán en un pobre portal
Para dar Gloria al Hijo. Amén.
1Is 61,1 recoge el tema del espíritu sobre el Mesías, de dónde pasa al NT en Lc 4,18.
2 Cf. 1 Sam 16,7.
3 Cf. R. Penna, Carta a los Romanos, Verbo Divino, Estella, 2013, pág. 1073.
4 X. Alegre Santamaría, Carta a los Romanos (Verbo Divino; Estella 2012) 332.
5 Evangelio según san Mateo (Guadalupe; Buenos Aires 1999) 58.
6 El evangelio según San Mateo. Vol. I (Sígueme; Salamanca 1993) 210
7 Echad las redes. Reflexiones sobre los Evangelios. Ciclo A (EDICEP; Valencia 2002) 25.
8 A. Nocent, El Año Litúrgico. Celebrar a Jesucristo. I. Introducción y Adviento, Santander 1987, 113-114. 9 El coraje de tener miedo. Variaciones sobre espiritualidad (San Pablo; Madrid 1979) 92.