AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO
1ª Leitura: Deuteronômio 30,10-14
Salmo Responsorial 68 (69) Humildes, buscai a Deus e alegrai-vos; o vosso coração reviverá!
2ª Leitura: Colossenses 1,15-20
Evangelho Lucas 10, 25-37
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 25um mestre da lei se levantou e, querendo pôr Jesus em dificuldade, perguntou: “Mestre, que devo fazer para receber em herança a vida eterna?” 26Jesus lhe disse: “O que está escrito na lei? Como lês?” 27Ele então respondeu: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma, com toda a tua força e com toda a tua inteligência; e ao teu próximo como a ti mesmo!” 28Jesus lhe disse: “Tu respondeste corretamente. Faze isso e viverás”. 29Ele, porém, querendo justificar-se, disse a Jesus: “E quem é o meu próximo?” 30Jesus respondeu: “Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos de assaltantes. Estes arrancaram-lhe tudo, espancaram-no e foram-se embora, deixando-o quase morto. 31Por acaso, um sacerdote estava descendo por aquele caminho. Quando viu o homem, seguiu adiante, pelo outro lado. 32O mesmo aconteceu com um levita: chegou ao lugar, viu o homem e seguiu adiante, pelo outro lado. 33Mas um samaritano, que estava viajando, chegou perto dele, viu e sentiu compaixão. 34Aproximou-se dele e fez curativos, derramando óleo e vinho nas feridas. Depois colocou o homem em seu próprio animal e levou-o a uma pensão, onde cuidou dele. 35No dia seguinte, pegou duas moedas de prata e entregou-as ao dono da pensão, recomendando: ‘Toma conta dele! Quando eu voltar, vou pagar o que tiveres gasto a mais’”. E Jesus perguntou: 36“Na tua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” 37Ele respondeu: “Aquele que usou de misericórdia para com ele”. Então Jesus lhe disse: “Vai e faze a mesma coisa”. – Palavra da salvação.
Lc 10,25-37
Um mestre da lei pergunta como pode receber em herança a vida eterna. É significativo que ele “se levantou” para perguntar. Trata-se de se por em uma postura de alguém que quer discursar e argumentar. De fato, ele se levantou para pôr Jesus em dificuldade. Mesmo que se dirija a Jesus chamando-o de “mestre”, o seu comportamento não é o do discípulo. Ele tem a intenção de pôr em dúvida a autoridade de Jesus.
Jesus tinha declarado aos 72, que tinham voltado da missão, que os nomes deles estavam escritos nos céus. O mestre da lei quer saber como pode também escrever o seu nome nos céus: “o que devo fazer para receber em herança a vida eterna?”
Jesus responde à pergunta com outra pergunta: “o que está escrito na lei?” Jesus deseja saber se o mestre da lei conhece de fato a Lei. Ele responde corretamente: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e com toda a tua alma, com toda a tua força e com toda a tua inteligência; e ao teu próximo com a ti mesmo”. A resposta é correta, mas fraca, pois o mestre da lei sabe amar a Deus, mas desconhece o conteúdo do amor ao próximo. Conhece a doutrina, mas não tem a prática. A pergunta: “quem é meu próximo” revela exatamente que para o mestre da lei o amor é uma bela teoria, mas não é a sua vida.
A parábola do bom samaritano revela que o amor é a vida de Jesus; e é a vida eterna para quem deseja recebê-la em herança.
Um homem foi vítima de um assalto e está abandonado meio morto à beira do caminho. Este homem é, na verdade, qualquer pessoa que padece, justa ou injustamente, com ou sem razão. Por isso, ele, assim como o sacerdote, o levita e o samaritano não têm nome.
Jesus é o bom samaritano que não quer saber das razões dos sofrimentos: se são merecidos ou não. Ele simplesmente oferece a sua ajuda quando constata a miséria e o sofrimento. Ele é bom samaritano porque a lei que o governa é a da necessidade do outro: se o outro está em dificuldade, ele o ajuda, independente de seus merecimentos.
O sacerdote e o levita são os profissionais do “amor a Deus”. Eles viram o homem quase morto à beira do caminho, constataram a urgência do socorro, mas, indiferentes, seguiram adiante pelo outro lado. Esse comportamento revela que o “amor a Deus” deles era, na verdade, falso. A vida religiosa sem misericórdia concreta não passa de engano e autocomplacência.
Jesus não vê a humanidade como nós. Ele não divide entre os que merecem e os que não merecem ser amados. O nosso Bom Samaritano superou todas as barreiras que separam a nossa humanidade: as barreiras da religião e da nação, de bom e maus. O que importa para ele é o amor comprometido com o necessitado, o amor que gera comunhão entre as pessoas. É nesse campo das relações pessoais que deve penetrar o amor a Deus.
Em nosso Bom Samaritano o amor de Deus penetrou tanto nas relações pessoais que as transformou completamente: “sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso”; “ele faz chover sobre justos e injustos; faz nascer o sol sobre bons e maus”. O amor de Deus se torna amor a Deus no amor ao próximo.
O amor de Jesus manifesta e revela o grande amor que Deus tem pelos seres humanos. Assim o amor de Jesus pelas pessoas é continuação do amor que Deus pelos homens. Toda vez que nós amamos como o nosso Bom Samaritano, vencemos Satanás e “trazemos” Cristo para o nosso mundo.
15º DTComum - Lc 10,25-37 – Ano C –
“Mas um samaritano estava viajando, chegou perto, viu e sentiu compaixão” (Lc 10,36)
O cristão é um pobre que ama e cuida de outros pobres, um ferido que se faz presente junto a outros feridos.
Há um ponto de partida comum: a experiência da pobreza radical de todos que se encontram.
Somos seres de relação; é a nossa essência. Nós nos definimos pela maneira como nos fazemos próximos junto aos outros. Esta relação essencial se manifesta como presença que acolhe, cuida, reforça laços, alimenta a comunhão... Há presenças impositivas, indiferentes, manipuladoras e geradoras de conflitos. E há presenças “cristificadas”, carregadas de compaixão.
Uma das páginas mais belas e provocativas do Evangelho é a parábola do “bom samaritano". Um desconhecido exemplar que nos oferece algumas chaves interessantes de leitura sobre o que significa atender as pessoas que estão em situação de exclusão e dor. Nesta parábola, Jesus destaca uma imagem que deve inspirar uma presença comprometida de todo(a) seguidor(a) seu(sua).
O relato começa com uma situação dramática: um homem “ferido de morte” à beira de um caminho. Várias pessoas passam por ele: um sacerdote, “ponte” entre os homens e Deus, e um levita, dedicado ao serviço do Templo. São incapazes de atendê-lo. Dão meia-volta e se vão.
Por profissão, ambos conheciam bem a Lei de Deus, a cujo serviço estavam. E, nela, está contida a exigência de humanidade no trato com o semelhante.
Nada disto os moveu a vir em socorro do homem semimorto, caído no caminho. O encontro com Deus no templo não os movia à comunhão com o semelhante em extrema necessidade. Daí terem se desviado do homem semimorto, passando pelo outro lado do caminho.
Fugir do sofrimento é, certamente, quase um ato reflexo em todos nós. Mas o samaritano, pelo contrário, se deteve, talvez porque sabia o que era ser desprezado (em seu caso, por ser estrangeiro e herege). A experiência da própria dor desperta nele uma grande sensibilidade, ativa um “radar” especial que detecta a dor alheia e o anima a “inclinar-se”, de maneira quase “natural”, para o mais necessitado. Era um dos seus.
A redação de Lucas reforça insistentemente os verbos “viu”, “sentiu compaixão” e “cuidou dele”.
Foi suficiente ver o ferido para que se reacendesse a sua compaixão, ou seja, se enternecesse diante da triste situação daquele homem ferido, à beira da estrada. Essa comoção primeira é decisiva porque desperta o desejo de atuar. O que se revela realmente pernicioso é a indiferença, a frieza, e não o sentimento de tristeza e empatia que faz emergir uma corrente de afeto para com o sofredor.
O samaritano ficou “afetado” ao contemplar o drama do outro.
A sequência na maneira de agir do samaritano é preciosa e fica perfeitamente refletida na narração através dos verbos: olhar, aproximar-se, enfaixar as feridas, colocar o ferido sobre sua cavalgadura, levar, cuidar, retornar. Uma progressiva implicação que termina alterando seu caminho e sua vida. Seus planos foram mudados. Alguém ferido cruzou seu caminho e já não pode viver à margem desse encontro. Por isso, depois de cumprir com suas obrigações, retorna. Esse homem ferido “permanece” em seu coração.
As vítimas da injustiça estão clamando a nós a “responsabilidade de ter olhos quando outros os perderam” (J. Saramago). Trata-se de educar o olhar que desvela a mentira da realidade e ao mesmo tempo revela suas oportunidades históricas.
Educar a visão é deixar-nos olhar pelo outro, pelo pobre, pela vítima do sistema. A honestidade com a realidade reclama de nós uma alteração de nossa visão, um movimento sutil de nossos olhos que nos conduzem a nos colocar-nos “na mira do outro”.
Mais ainda, o olhar do outro manifesta que “fora dos pobres não há salvação”.
“Há um corpo caído no chão”: todo corpo é lugar de comunicação, de comunhão, é apelo à proximidade e ternura. Dele brota uma voz provocativa que, quando acolhida, nos introduz na trilha da “vida eterna”, do horizonte do Sentido; ao passo que, se rejeitada, como aconteceu ao sacerdote e ao levita, os exclui do espaço da vida.
Mas não basta o olhar; é preciso a “conversão das mãos”.
Foi preciso mais que uma mão. Também o dono da hospedaria, possivelmente um judeu, também foi desafiado a superar o preconceito, acreditar no samaritano e aceitar colaborar com ele.
O samaritano conta com a ajuda do dono da hospedaria. Este se torna parceiro na solidariedade quando aceita fazer o que lhe fora pedido. Ele prolonga os gestos humanizadores do samaritano, manifestando seu compromisso com a vida frente ao ferido que aparece inesperadamente em sua pensão.
Depois de apresentada a situação concreta, através de uma parábola, Jesus relança a questão para o mestre da lei: “qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?”
A resposta brota límpida: não é possível escolher o próximo. Este, na perspectiva de Jesus, irrompe no caminho das pessoas, sem aviso prévio, na condição de vítima, do outro sofredor, carente de socorro.
Quem é capaz de romper esquemas e se transformar em servidor, com total generosidade, faz a experiência de “próximo”, no sentido do discipulado cristão.
Por conseguinte, “próximo” tem um sentido bem preciso. Não é qualquer pessoa! É o outro necessitado de ajuda. Por outro lado, só quem tem uma correta imagem de Deus, terá uma correta imagem de próximo. A indiferença do sacerdote e do levita deveu-se a uma falsa concepção de Deus, separado dos seus prediletos. Já o samaritano foi aquele que possuía uma fé verdadeira, expressa em atitudes de elevado padrão de misericórdia.
O verdadeiro seguimento de Jesus nos faz “virar a cabeça” e dirigir nosso olhar para as “margens”, para as “periferias” da história... comprometendo-nos com os prediletos de Deus. Para Jesus, o centro está nas margens; os marginalizados e excluídos são trazidos por Ele ao centro.
Por isso, Jesus derruba as barreiras de religião e raça. Para Ele, o verdadeiro culto a Deus acontece nas “margens” e não nos templos.
Na perspectiva cristã, a opção pelos pobres não está vinculada a um voluntarismo ascético-moral, mas a um caminho no qual o ser humano se desvela como pessoa guiada pelo princípio compaixão, sensível ao sofrimento dos outros e feliz por compartilhar seu ser e seus bens com os despossuídos. É preciso abrir os olhos para ver, dispor o coração para comover-se e estender as mãos para ajudar.
Solidariedade é vestir o coração com as roupas do excluído.
- Examinando a sociedade, sentindo de perto os seus problemas e desafios, que esperança você carrega?
- Você tem experiências de voluntariado, de solidariedade e de compromisso com os mais excluídos?
- Como ser “presença samaritana” no cotidiano de sua vida?
Este domingo, a liturgia nos convida a meditar sobre um dos textos mais conhecidos e, ao mesmo tempo, desafiadores do evangelho de Lucas. É a resposta de Jesus para um “mestre da Lei que querendo pôr Jesus em dificuldade, lhe pregunta que deve fazer para receber em herança a vida eterna”. O jurista ou mestre da Lei é alguém que a conhece, mas com sua pergunta tenta armar uma armadilha para Jesus. Mas Jesus não lhe responde diretamente, recorrendo ao seu conhecimento: o que está escrito na Lei? O que você lê? O mestre da Lei responde perfeitamente e Jesus simplesmente lhe diz: "Tu respondeste corretamente. Faze isso e viverás". De alguma forma, sua própria resposta o deixa ridículo e, por isso, ele faz uma nova pergunta: Ele, porém, querendo justificar-se, disse a Jesus: "E quem é o meu próximo?"
Neste breve e significativo diálogo, recolhemos esta sabedoria de Jesus que se relaciona com cada um a partir da sua realidade e da sua experiência. Aos camponeses, ele falará da terra, das sementes, do semeador generoso que espalha sementes gratuitamente, sem mesquinhez, mas, pelo contrário, com uma generosidade que pode ser considerada excessiva... Com os pescadores, ele dialoga a partir de sua própria sabedoria, a partir do que eles sabem, mas convidando-os a sair de si mesmos, de sua própria experiência: voltar a pescar apesar de não terem pescado nada, confiar diante do mar revolto e, assim, a partir de sua realidade, convida-os a olhar para um horizonte mais amplo. Ele dialoga com as mulheres a partir de sua realidade como mães, valorizando a amizade e o acompanhamento mútuo – por exemplo, quando Maria visita Isabel –, quebra as concepções da mulher como impura, como acontece com a mulher que sofre há doze anos por um sangramento que não pode curar, nos presenteia com atitudes de mulheres que estão ao seu lado, como Marta, Maria e aqueles que o acompanham durante todo o seu caminho. E quando se relaciona com as pessoas que o seguem, todo o povo, como às vezes é mencionado, que se senta para ouvi-lo, ele fala com uma linguagem simples para que entendam, não é uma mensagem fechada, cura, multiplica, sana, dá a conhecer a boa nova em parábolas, como também lemos nesta passagem. Jesus geralmente fala em linguagem simples, não são respostas categóricas ou uma lista de normas a cumprir. Seus exemplos são abertos para dar espaço a compreensões variadas, sua mensagem oferece liberdade, amplia perspectivas, convida à renovação interna, sua Palavra renova, cura, purifica, liberta das tradições que escravizam e dá espaço para acolher a Boa Nova do Reino.
"E quem é o meu próximo”. A resposta a essa segunda pergunta é uma parábola muito rica, na qual são apresentadas diferentes atitudes diante de uma pessoa ferida. Os protagonistas são três pessoas conhecidas pelo mestre da lei: um sacerdote, um levita e um homem proveniente da Samaria. O sacerdote e o levita agem da mesma maneira diante do homem que foi atacado e deixado quase morto. Eles dão uma volta e seguem seu caminho. Não são egoístas ou mal-intencionados, mas seguem a Lei que diz: O sacerdote não se contaminará com o cadáver de um parente, a não ser de parente próximo: mãe, pai, filho, filha, irmão ou sua própria irmã solteira. Ele fica profanado (Lv 21,2-4).
Por seguirem essa norma de conduta, eles dão uma volta e seguem em frente pelo risco de se contaminarem com essa pessoa que possivelmente está morta. E assim deixam o homem que foi assaltado e que está quase morto, jogado à beira da estrada. Eles vivem uma Lei que não conhece a compaixão pelo outro, a menos que seja um parente próximo, como diz a Lei. O mestre da Lei compreende e tem elementos suficientes para justificar as atitudes do sacerdote e do levita.
O terceiro protagonista, o homem que parou, pertence a Samaria, povo desprezado pelos judeus e entre os quais havia grande inimizade e desprezo. Lucas relata que este homem, que também estava viajando, “chegou perto dele, viu e sentiu compaixão. Aproximou-se dele e fez curativos, derramando óleo e vinho nas feridas. Depois colocou o homem em seu próprio animal e levou-o a uma pensão, onde cuidou dele. No dia seguinte, pegou duas moedas de prata e entregou-as ao dono da pensão”.
Diante da atitude dos conhecedores da Lei, Lucas nos traz a atitude de outro homem, proveniente da Samaria: ele se aproxima, vê e sente compaixão. Em seguida, descreve de maneira simples e muito clara sua atitude: ele se aproxima, derrama óleo e vinho em suas feridas, as enfaixa, o coloca em seu animal e o leva a uma pensão, onde cuida dele. São várias atitudes movidas pelo sentimento de compaixão pelo qual o samaritano se deixou interpelar. Ele não colocou barreiras nem justificativas, mas agiu diante da situação que tinha diante de si. Diante da realidade que se apresenta no caminho, o samaritano age com compaixão, e o evangelho nos oferece vários verbos que descrevem progressivamente sua atitude. Não sabemos seu nome, nem sua profissão, é um homem que soube ver quem estava caído quase morto e sentiu compaixão por ele.
E Jesus perguntou: "Na tua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?"
Depois de contar essa parábola, Jesus pergunta diretamente ao mestre da lei quem foi o próximo desse homem que havia sido assaltado e espancado. Não há discussão ou discurso sobre a parábola que acabou de contar, nem sobre o motivo da atitude do sacerdote ou do levita, mas Jesus retoma o diálogo e pergunta ao mestre da lei: quem foi o próximo desse homem?
“Aquele que usou de misericórdia para com ele”.
A resposta do mestre da lei traz uma atitude que é usou de misericórdia. Ele não pergunta mais sobre o próximo que, segundo sua lei, já estava “determinado”, mas reconhece que o mais importante é comportar-se como próximo, usar de misericórdia para com ele. “A parábola parte do tema do próximo porque Jesus foi questionado sobre esse tema e responde que o próximo não é aquele que está ao seu lado; o próximo é você. Proximidade não é ‘estar perto’, compaixão nesse sentido é o movimento, a dinâmica com a qual, superando qualquer obstáculo – e vemos o obstáculo que o samaritano deve superar – você se aproxima o máximo possível até entrar no corpo do outro. O termo grego para “misericórdia” (éleos) significa precisamente a ruptura das próprias entranhas. As entranhas se rompem, se torcem diante da visão do outro no chão, massacrado” (A compaixão paradoxal do Evangelho: o exemplo do Bom Samaritano e de Maria).
Nos deixamos interpelar também pelas palavras do Papa Prevost: “A prática do culto não leva automaticamente a ter compaixão”, e continua “na verdade, antes de ser uma questão religiosa, a compaixão é uma questão de humanidade! Antes de sermos crentes, somos chamados a ser humanos”.
«Sejam compassivos como Vosso Pai é compassivo». Essa é a herança que Jesus deixou à humanidade. Para compreender a revolução que quer introduzir na história, temos de ler com atenção Seu relato do «bom samaritano». Nele se descreve a atitude que temos de promover, para além das nossas crenças e posições ideológicas ou religiosas, para construir um mundo mais humano.
Na sarjeta de uma estrada solitária, jaz um ser humano, roubado, agredido, despojado de tudo, meio morto, abandonado à sua sorte. Neste ferido sem nome e sem pátria, Jesus resume a situação de tantas vítimas inocentes maltratadas injustamente e abandonadas nas sarjetas de tantos caminhos da história.
No horizonte aparecem dois viajantes: primeiro um sacerdote, depois um levita.Ambos pertencem ao mundo respeitado da religião oficial de Jerusalém. Os dois agem de forma idêntica: «veem o ferido, dão a volta e passam ao lado». Os dois fecham os seus olhos e os seus corações, aquele homem não existe para eles, passam sem parar. Esta é a crítica radical de Jesus a toda a religião incapaz de gerar nos seus membros um coração compassivo. Que sentido tem uma religião tão pouco humana?
Pelo caminho vem um terceiro personagem. Não é sacerdote nem levita. Nem sequer pertence à religião do templo. No entanto, ao chegar, vê o ferido, comove-se e aproxima-se. Então faz por aquele desconhecido tudo o que pode para resgatá-lo com vida e restaurar sua dignidade. Esta é a dinâmica que Jesus quer introduzir no mundo.
O primeiro é não fechar os olhos. Saber «olhar» de forma atenta e responsável para os que sofrem. Esse olhar pode libertar-nos do egoísmo e da indiferença que nos permite viver com a consciência tranquila e a ilusão de inocência no meio de tantas vítimas inocentes. Ao mesmo tempo, «comover-nos» e deixar que o seu sofrimento nos doa também a nós.
Mas o decisivo é reagir e «aproximar-nos» do que sofre, não para nos perguntarmos se tenho ou não alguma obrigação de ajudá-lo, mas para descobrir que é um necessitado que precisa de nós por perto. A nossa ação concreta revelará a nossa qualidade humana. Tudo isso não é teoria. O samaritano do relato não se sente obrigado a cumprir um determinado código religioso ou moral.
Simplesmente responde à situação do ferido, criando todo o tipo de gestos práticos destinados a aliviar o seu sofrimento e a restaurar a sua vida e a sua dignidade. Jesus conclui com estas palavras: «Vai e faz tu o mesmo».
O texto que Lucas nos convida a refletir nesse próximo domingo, fala do Bom Samaritano. Naquele tempo, havia muito preconceito contra os samaritanos. Eles eram mal vistos. Dizia-se deles que tinham uma doutrina errada e que não faziam parte do povo de Deus. Alguns diziam que ser samaritano era coisa do diabo. Mesmo assim, Jesus coloca os samaritanos como exemplo e modelo para os outros. Acompanhe!
1. Situando
Ao descrever a longa viagem de Jesus a Jerusalém, Lucas ajuda as comunidades a entender melhor em que consiste a Boa Nova do Reino. Ele faz isto apresentando pessoas que vêm falar com Jesus e lhe fazem perguntas. São perguntas reais do povo do tempo de Jesus e são também perguntas reais das comunidades do tempo de Lucas. Por exemplo, no texto de hoje, um doutor da Lei pergunta: "O que devo fazer para obter a vida eterna?" A resposta, tanto do doutor como de Jesus, ajuda a entender melhor o objetivo da Lei de Deus. Lendo o Evangelho de Lucas, as comunidades devem ter dito muitas vezes o mesmo que nós dizemos quando lemos o evangelho: "É que nem hoje!"
O texto traz a tão conhecida parábola do Bom Samaritano. Toda vez que Jesus tem uma coisa importante para comunicar, ele conta uma história, faz uma parábola, uma comparação, para ajudar as pessoas a pensar e a descobrir a mensagem. Meditar uma parábola é o mesmo que aprofundar a vida, a fim de descobrir dentro dela os apelos de Deus.
2. Comentando
Lucas 10,25-26: "O que devo fazer para herdar a vida eterna?"
Um doutor, conhecedor da lei, quer provocar Jesus e pergunta: "O que devo fazer para herdar a vida eterna?" O doutor acha que deve fazer algo para poder herdar. Ele quer garantir a herança pelo seu próprio esforço. Mas uma herança não se merece. Herança a gente recebe, pelo fato de ser filho ou filha. Como filhos e filhas não podemos fazer nada para merecer a herança. Podemos é perdê-la!
Lucas 10,27-28: A resposta do doutor
Jesus responde com uma nova pergunta: "O que diz a lei?" O doutor responde corretamente. Juntando duas frases da Lei, ele diz: "Amar a Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, com toda a tua força e com todo o teu entendimento e ao próximo como a ti mesmo!" A frase vem do Deuteronômio e do Levítico. Jesus aprova a resposta e diz: "Faz isto e viverás!" O importante, o principal, é amar a Deus! Mas Deus vem até mim no próximo. O próximo é a revelação de Deus para mim. Por isso, devo amar também o próximo de todo o coração, de toda a alma, com toda a força e com todo o entendimento!
Lucas 10,29: "E quem é o meu próximo?"
Querendo justificar-se, o doutor pergunta: "E quem é o meu próximo?" Ele quer saber: "Em que próximo Deus vem até mim?" Ou seja, qual é a pessoa humana próxima de mim que é revelação de Deus para mim? Para os judeus, a expressão próxima estava ligada ao clã. Quem não era do clã, não era próximo. A proximidade era baseada nos laços de raça e de sangue. Jesus tem outra maneira de ver. Ele conta a parábola do Bom Samaritano para nos comunicar este seu novo modo de ver o próximo. Vejamos:
Lucas 10,30-36: A parábola
a) Lucas 10,30: O assalto na estrada de Jerusalém para Jericó
Entre Jerusalém e Jericó encontra-se o deserto de Judá, refúgio de marginais e assaltantes. Jesus conta um caso real que deve ter acontecido muitas vezes. "Um homem ia descendo de Jerusalém a Jericó e caiu na mão de assaltantes, que lhe arrancaram tudo e o espancaram. Depois foram embora, e o deixaram quase morto".
b) Lucas 10,31-32: Passagem de um sacerdote e de um levita
Casualmente, passa um sacerdote e, em seguida, um levita. São funcionários do Templo, da religião oficial. Os dois viram o assaltado, mas passaram adiante. Não fizeram nada. Por que não fizeram nada? Jesus não o diz. Ele deixa você supor ou se identificar. Deve ter acontecido muitas vezes, tanto no tempo de Jesus como no tempo de Lucas e hoje, uma pessoa de igreja passar perto de um pobre sem dar-lhe ajuda. Pode até ser que os dois tenham tido a justificativa: "Ele não é meu próximo!" ou "Ele está impuro e, se eu tocar nele, ficarei impuro também!" Ou: "Se eu ajudar, perco a missa do domingo e faço pecado mortal!"
c) Lucas 10,33-35: Passagem de um samaritano
Em seguida, chega um samaritano em viagem. Ele vê, move-se de compaixão, aproxima-se, cuida das chagas, coloca o homem no seu próprio animal, leva-o até a hospedaria, cuida dele durante a noite e, no dia seguinte, dá ao dono da hospedaria o salário de dois dias dizendo: "Cuida dele e o que gastares a mais no meu regresso te pago!" É ação concreta e eficiente. É ação progressiva: chegar, ver, mover-se de compaixão, aproximar-se e partir para a ação. Não é sem motivo que a parábola diz "um samaritano em viagem". Jesus também estava em viagem. Jesus é o bom samaritano. As comunidades devem ser o bom samaritano.
Lucas 10,36-37: Quem dos três foi o próximo do homem assaltado?
No início, o doutor tinha perguntado: "Quem é o meu próximo?" Por trás da pergunta estava a preocupação consigo mesmo. Ele queria saber: "A quem Deus me manda amar, para que eu possa ter a consciência em paz e dizer: Fiz tudo que Deus pede de mim?" No fim, Jesus traz outra pergunta: "Quem dos três foi o próximo do homem assaltado?" A condição de próximo não depende da raça, do parentesco, da simpatia, da vizinhança ou da religião. A humanidade não está dividida em próximos e não-próximos. Para você saber quem é o seu próximo, isto depende de você chegar, ver, mover-se de compaixão e se aproximar. Se você se aproximar, o outro será o seu próximo! Depende de você e não do outro! Jesus inverteu tudo e tirou a segurança que a observância da lei poderia dar ao doutor.
3. Alargando
1. A raiz da solidariedade. Jesus disse que os dois mandamentos do amor a Deus e do amor
ao próximo são o resumo de toda a lei e dos profetas (Mt 22,40). De fato, se Deus é Pai, todos nós temos que ser irmão e irmã uns dos outros. Aí, já não é possível amar a Deus sem amar o próximo. Deus vem a nós no próximo. Jesus não só ensinava que Deus é Pai de todos, mas ele se colocava do lado daqueles que, em nome da lei de Deus, eram excluídos da participação na comunidade. Ele os acolhia na sua comunidade. Jesus era a encarnação daquilo que ensinava, e os pobres o percebiam e se alegravam.
2. A palavra "samaritano" vem de Samaria, capital do reino de Israel no Norte. Depois da morte de Salomão, em 931 antes de Cristo, as dez tribos do Norte se separaram do reino de Judá no Sul e formaram um reino independente (1Rs 12,1-33). O Reino do Norte sobreviveu durante uns 200 anos. Em 722, o seu território foi invadido pela Assíria. Grande parte da sua população foi deportada (2Rs 17,5-6) e gente de outros povos foi trazida para Samaria (2Rs 17,24). Houve mistura de raça e de religião (2Rs 17,25-33). Desta mistura nasceram os samaritanos. Os judeus do Sul desprezavam os samaritanos como infiéis e adoradores de falsos deuses (2Rs 17,34-41). Chegaram ao ponto de dizer que ser samaritano era coisa do diabo (Jo 8,48). Muito provavelmente, a causa deste ódio não eram só a raça e a religião. Era também um problema político-econômico, ligado à posse da terra. Esta rivalidade perdurava até o tempo de Jesus.
Texto extraído do livro O aveso é o lado certo – Círculos Bíblicos sobre o Evangelho de Lucas, de Carlos Mesters e Mercedes Lopes. Informações: vendas@cebi.org.br
"Amar a Deus é uma das constantes características de todo o corpo deuteronomístico e está intimamente interligada com amar o próximo. Não existe um amor integral a Deus se falta amor ao próximo a partir do outro mais injustiçado. O caminho que leva a Deuspassa necessariamente pelo próximo", escreve Gilvander Luís Moreira, padre da Ordem dos carmelitas, professor de Teologia Bíblica e assessor da Comissão Pastoral da Terra – CPT, do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos – CEBI, do Serviço de Animação Bíblica - SAB - e da Via Campesina em Minas Gerais, 19-08-2013.
Eis o artigo.
Para uma interpretação sensata e libertadora do episódio-parábola do Bom Samaritano (Lc 10,25-37) é preciso, entre vários exercícios, fazer um estudo literário do texto. Eis o que segue.
1 - Estudo literário do texto
O texto de Lc 10,25-37 está organizado em duas partes de tamanhos diferentes com estruturas literárias com várias equivalências, conforme se segue:
1a parte (Lc 10,25-28) - 2a parte (Lc 10,29-37)
Pergunta do escrib - Pergunta do escriba
Contrapergunta de Jesus - Jesus narra um episódio paradigmático
O escriba cita a lei - Contrapergunta de Jesus e Resposta do escriba
Diretiva de Jesus - Diretiva de Jesus.
As palavras “próximo” e “fazer” são duas colunas-mestras no texto. Percebe-se uma ênfase sobre o outro, um desinstalar-se de si mesmo e uma defesa forte de uma prática libertadora, de ação concreta. Sinalizam que uma postura misericordiosa implica um sair de si mesmo, um arregaçar as mangas e colocar mãos à obra. Não basta ter boas intenções.
Na segunda parte (Lc 10,29-37) temos o episódio-parábola propriamente dito (Lc 10,30-35) e a sua aplicação (Lc 10,36-37). Nos versículos 25-27 encontramos a primeira questão levantada pelo escriba e alguns textos bíblicos do Primeiro Testamento que apareceram para iluminar a questão, em um diálogo profundamente educativo (Dt 6,5 e Lv 19,18).
No versículo 28, Jesus responde citando, implicitamente, um texto de Lv 18,5: “Faça isso e viverás”. Importante observar que Jesus não diz “terá vida eterna”, mas diz “viverás”. Em outros termos, o Jesus de Lucas quer provocar conversão nos discípulos e discípulas que estavam olhando para o céu esquecendo-se de abraçar os desafios do aqui e do agora, na terra. Olhe para o “aqui e agora!” Eis o caminho que leva à vida em plenitude.
2 - Introdução (Lc 10,25-28)
Nos evangelhos encontramos basicamente dois tipos de perguntas dirigidas a Jesus. Uma é a pergunta feita pelos marginalizados e excluídos, que pedem para andar, para voltar a enxergar, para serem curados, para serem saciados. Com a vida ameaçada aqui e agora, eles clamam por vida aqui e agora. O outro tipo de pergunta dirigida a Jesus nos evangelhos é aquela feita por pessoas ricas, as quais já têm o aqui e agora assegurados e estão preocupadas com o pós-morte. Nesse grupo se insere a pergunta de Lc 10,25: “Mestre, que coisa devo fazer para herdar a vida eterna?”
A pergunta sobre o caminho para alcançar a “vida eterna”, feita por um “escriba”, aparece também em Lc 18,18 na boca de um rico notável. O evangelista tem a finalidade de reforçar a importância do decálogo como caminho para a vida plena. À primeira vista, parece que estamos diante de duas tradições diferentes ou em face de episódios distintos do ministério de Jesus.
“Amar a Deus” é uma das constantes características de todo o corpo deuteronomístico e está intimamente interligada com “amar o próximo”. Não existe um amor integral a Deus se falta amor ao próximo a partir do outro mais injustiçado. O caminho que leva a Deus passa necessariamente pelo próximo. Dedicar-se a Deus e ao próximo são duas faces da mesma medalha e é significativo que Dt 6,5 e Lv 19,18 estejam em Lc 10,27 como uma “leitura” da lei que revela a íntima ligação entre amar a Deus e amar o próximo: “O que está escrito na lei? Como tu lês?” (Lc 10,26).
3 - Episódio-parábola do bom samaritano (Lc 10,29-35)
A própria forma estilística do episódio-parábola é profundamente relevante. Com repetição progressiva, somente na terceira vez chega-se a um desfecho favorável. Isso cria um suspense e prende a atenção do leitor. E é de fácil memorização, o que se revela tremendamente pedagógico em uma cultura com um alto índice de iletrados, onde predominava a oralidade.
Em Lc 10,29, com a pergunta do escriba “Quem é meu próximo?”, estabelece-se a conexão de Lc 10,25-28 com Lc 10,29-37. Na segunda parte (Lc 10,29-37), Jesus não responde imediatamente, mas acrescenta o episódio-parábola e indica a importância que deu ao escriba, que lhe perguntou. A lei apresenta uma resposta mais direta, enquanto o episódio-parábola interroga e interpela, o que é muito mais incômodo. Jesus não dava respostas prontas. Ao não responder diretamente e ao contar um episódio-parábola,Jesus agiu pedagogicamente, visando tornar o escriba um próximo. Jesus não o excluiu a priori, mas empreendeu uma caminhada pedagógica que visava promover a conversão do escriba.
4 - Conclusão do relato (Lc 10,36-37)
Jesus, depois de contar o episódio-parábola, retomou o diálogo com o escriba redimensionando completamente a pergunta feita no versículo 29: “Quem é o meu próximo?” Jesus perguntou: “Em sua opinião, qual dos três foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” (Lc 10,36). Essa nova pergunta redimensiona completamente a forma de entender a relação com o próximo. A relação se dará não mais a partir de mim mesmo, mas sim a partir do outro, e principalmente do outro que sofre por ser injustiçado.
Para o sacerdote e o levita, o homem semimorto havia-se transformado em um obstáculo, enquanto para o samaritano esse mesmo homem caído à beira do caminho transformou-se em motivo para proximidade. O sacerdote e o levita não apenas ignoraram o homem semimorto, mas foram-lhe indiferentes, distanciaram-se e contornaram o “obstáculo”. De outro modo, o escriba, mesmo evitando pronunciar a palavra samaritano, reconhece o samaritano como referência a seguir (Lc 10,37). Jesus, com dois imperativos — Vá e faça!—, convida o escriba a ser um discípulo do “bom samaritano”, o que pode causar desconforto, pois normalmente pensa-se que só se pode ser discípulo de Jesus.
Ao acrescentar a parábola do Bom Samaritano ao anúncio do mandamento maior (Lc 10,29-37), Lucas deixa claro que a vivência do amor não é algo abstrato, teórico, mas se traduz em práticas bem concretas. Antes de procurar um próximo para amar, importa tornar-nos próximos através da misericórdia, do amor solidário (Lc 10,29.36-37).
Depois de lembrar que a segunda parte do grande mandamento é amarás o teu próximo como a ti mesmo (Cf. Lc 10,27), o escriba volta com outra pergunta: E quem é meu próximo? (Lc 10,29). Ele pretende colocar limites, fronteiras para o amor, isto é, escolher alguém para amar. Então, em vez de teorizar sobre quem é o próximo, Jesus conta a parábola do Bom Samaritano e, no final, novamente devolve a pergunta ao doutor da lei.
O sacerdote e o levita (auxiliar dos sacerdotes nas celebrações do templo), ao se depararem com uma pessoa assaltada e ferida gravemente, observam-na e seguem adiante, passando pelo outro lado do caminho (Lc 10,31-32).
Chega, então, um samaritano que estava de viagem. Samaritano é quem vivia na Samaria, que ficava entre a Galiléia e a Judéia. O desprezo pelos samaritanos por parte dos judeus é antigo e se deve a razões políticas, étnicas e religiosas. Os judeus consideravam-se mais fiéis a Deus do que os samaritanos, a quem acusavam de idólatras e impuros. O fato é que a religião oficial dos judeus foi se estruturando em torno do templo, da lei, dos sacrifícios, tornando-se um ritualismo formal, sem uma prática conseqüente. Enquanto isso, os samaritanos tinham o êxodo como um dos centros de sua teologia. Era muito forte a experiência com o Deus libertador, cuja espiritualidade dava mais importância à justiça e à misericórdia. Esperavam, inclusive, um messias como o profeta Moisés e não um descendente do rei Davi, como era esperança dos judeus. A vida das pessoas é o que mais importa. Por isso, a atitude do samaritano é tão diferente da dos outros dois.
Ao agir dessa forma, o sacerdote e o levita pretendiam garantir sua proximidade com Deus, pois eram funcionários no templo. Preocupavam-se com sua pureza ritual, conforme exigia a lei, os dogmas e a tradição, em função dos serviços do culto e dos sacrifícios, embora estivessem saindo de Jerusalém e não indo para o templo. O samaritano, ao contrário, nem no templo dos judeus podia entrar. E Jesus colocou justamente este samaritano como exemplo de quem se torna próximo (Lc 10,33-34). Ao apresentar o samaritano, que sequer perguntou quem era a vítima do assalto, fazendo tudo o que ela precisava, Jesus quer ensinar que o amor não pode ter limites, nem fronteiras.
Parábolas são narrativas figuradas e também querem transmitir uma mensagem através de comparações a partir de situações do cotidiano. Nesta parábola, o bom samaritano também é uma figura de Jesus cheio de compaixão e de misericórdia. Nele, Deus se encarna para libertar de toda opressão. O preço, já pago com sua vida doada na cruz, nos leva a viver um amor gratuito e desinteressado. A vítima no assalto são os doentes, pobres, cegos, todas as pessoas excluídas. A pensão representa a comunidade a quem Jesus pede para ter a mesma prática libertadora que ele: chegar perto, ver, mover-se de compaixão, aproximar-se, tratar as feridas, acolher, cuidar, tornar-se próximo...
Agora, fica o convite para nós: Toma conta dele! (Lc 10,35). Vai e faze tu a mesma coisa (Lc 10,37). Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso com quem tem suas vidas ameaçadas, ainda hoje, à beira dos caminhos (Cf. Lc 6,36).
A parábola do “Bom Samaritano” talvez seja, junto com a do “Filho Pródigo”, a mais conhecida de todas as parábolas de Jesus. Por isso mesmo corre o risco de ser banalizada, de não ser levada muito a sério, de ser relegada quase ao nível de folclore religioso. Merece uma atenção mais minuciosa.
A parábola situa-se logo após Jesus ter louvado o Pai por ter “escondido essas coisas (as coisas do Reino) aos sábios e inteligentes e revelado aos pequeninos” (cf. Lc 10,21). Realmente, o primeiro a tentar atrapalhar Jesus é um “sábio e inteligente” – um especialista em leis. Lucas salienta que ele fez a pergunta “O que devo fazer para receber em herança a vida eterna” (v. 25), não porque ele se interessasse pela verdade, mas “para tentar Jesus”. Devolvendo-lhe a pergunta, Jesus deixa claro que o legista já sabia a resposta: “Ame o Senhor, seu Deus, com todo o seu coração, com toda a sua alma, como toda a sua força e com toda a sua mente; e ao seu próximo como a si mesmo.” Jesus simplesmente diz: “Você respondeu certo. Faça isso e viverá” (v.28).
Mas com a petulância típica do pseudo-intelectual, ele insiste, “para se justificar”, com uma segunda pergunta: “E quem é o meu próximo?” (v.29). Jesus, porém não cai na cilada de fazer uma discussão teórica e estéril sobre quem seja o próximo – ele logo traz o debate para o nível prático da vivência. Ele conta a parábola do “Bom Samaritano”. Vejamos.
Depois do assalto, passou pela vítima um sacerdote que “viu o homem e passou adiante pelo outro lado” (v.31). A mesma coisa aconteceu com um levita. Porque será que esses homens – ligados ao culto judaico – agiram assim? A resposta está nas leis de pureza daquela época. O contato com um defunto, ou com sangue, deixava a pessoa ritualmente impura, isto é, inapta para participar do culto. Como o homem estava coberto de sangue, e talvez morto, os dois não se arriscavam a tocar nele, pois para eles o culto religioso era mais importante do que a misericórdia para com uma pessoa sofrida. Não era, em si, uma atitude somente pessoal de duas pessoas maldosas, mas demonstra uma tentação permanente de pessoas ligadas ao culto e ao mundo tido como “sagrado” – o perigo de viver alienadas do mundo real, onde as pessoas vivem, sofrem, e lutam todos os dias. Também é bom notar que ambos estavam seguindo o mesmo caminho – voltando de Jerusalém, ou seja, voltando do lugar principal do culto. Assim Jesus enfatiza que, embora participassem corretamente do culto, não deixaram que o mesmo tivesse efeito sobre o seu comportamento, pois se fecharam diante do sofrimento do ferido. Culto sem misericórdia é vazio, como bradava Oséias e Amós séculos antes (Os 6,6; Am 5,21-25).
Entra em cena um samaritano. A religião dele era considerada como cheia de deformações e ignorância pelo judaísmo oficial, pois desde a invasão da Assíria em 721 a.C. a prática religiosa do povo samaritano tinha sido contaminada por religiões pagãs (cf. II Rs 17,24-31). Mas quando ele vê o sofrimento alheio, ele não pensa em discussões teológicas sobre pureza, mas parte para uma ajuda prática, com misericórdia.
Terminando a história, Jesus devolve a pergunta ao especialista em leis – mas faz uma mudança fundamental! Não faz a pergunta teórica “quem é o meu próximo”, mas uma pergunta prática “quem se fez próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” A primeira pergunta só levaria a uma discussão vazia; a de Jesus leva a uma mudança de prática vivencial.
Forçado a reconhecer que quem se fez próximo do sofredor era o samaritano, o legista ouviu da boca de Jesus a conclusão: “Vá e faça a mesma coisa” (v. 37).
Com esta parábola, Jesus quer ensinar que nada, nem o culto, têm prioridade sobre a ajuda a uma pessoa necessitada. A religião de Jesus não é teoria, é prática de misericórdia, pois Deus é misericordioso. Como diz o Evangelho de Mateus, baseando-se em Oséias 6,6: “Aprendam, pois, o que significa: ‘Eu quero a misericórdia e não o sacrifício’. Por que eu não vim chamar justos, e sim pecadores” (Mt 9,13). O legista já sabia a orientação da Escritura, mas tentava escapar das suas consequências, criando discussões inúteis. Nós também sabemos o que diz a Bíblia, – não tentemos esvaziá-la com debates estéreis sobre quem é “o pobre”, “o aflito”, “o próximo”, “o bom”. Façamos o que Jesus ensina nesta parábola “e viveremos”.
(Traduzido automaticamente pelo Tradutor Google sem a nossa correção. Acesse o texto original em espanhol logo após o texto em português)
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DOMINGO XV DO ANO – CICLO “C”
1ª Leitura (Deuteronômio 30,9-14):
Este texto faz parte de uma unidade literária maior que abrange Dt 30,1-14, e só pode ser devidamente compreendido neste contexto. Em suma, o remanescente de Israel encontra-se no exílio e sente-se abandonado, longe do seu Deus. Então, a proximidade de Deus lhe é anunciada , convidando-o a retornar a Ele (o verbo shûb (retornar) está presente em toda a seção de 30,1-14). Mas, para que um retorno a Deus e à terra seja possível (30,2-5), é necessária uma transformação ou circuncisão do coração (Dt 30,6: "O Senhor, teu Deus, circuncidará o teu coração e o coração da tua descendência, para que ames o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração e de toda a tua alma, e vivas"). Este coração purificado, capaz de amar, será então um coração que ouve a voz do Senhor e a põe em prática (30,8).
O texto deste domingo continua, começando com a promessa divina de abençoar novamente o seu povo com todos os tipos de frutos. É interessante notar que, quando ele diz: "Porque o Senhor tornará a ter prazer na vossa prosperidade", ele também está usando o verbo hebraico (shûb), que tem um significado ético, de conversão, de voltar-se para [ ou para] [ou para] . Portanto, Deus se volta favoravelmente para o seu povo e pede que o povo se volte (shûb) favoravelmente para ele de todo o coração e alma, ouvindo e cumprindo os seus mandamentos. A desculpa de não poder cumpri-los, seja por falta de força ou por ignorância, não é válida. Pelo contrário, Deus lembra ao seu povo que se revelou a eles como [ou para] próximo [ou para], que colocou a sua palavra nos lábios e nos corações do seu povo. Ele já havia dito em Deuteronômio 29:28: "As coisas encobertas pertencem ao Senhor, nosso Deus, mas as reveladas pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que possamos pôr em prática todas as palavras desta Lei." Assim como em Dt 4:7 Deus se apresentou como próximo do seu povo (“Existe alguma nação tão grande que tenha deuses tão próximos como o Senhor, nosso Deus, quando o invocamos?”), aqui a Sua Palavra é apresentada como muito próxima .
Evangelho (Lc 10,25-37):
O texto começa com um diálogo entre Jesus e um doutor da lei. Este último começa perguntando o que se deve fazer para herdar a vida eterna (τί ποιήσας ζωὴν αἰώνιον κληρονομήσω). Jesus o remete à Lei ou Torá. O doutor da lei então responde citando dois textos dela (Dt 6:5 e Lv 19:18): "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu espírito, e ao teu próximo como a ti mesmo." Jesus aprova a resposta do doutor da Lei e o exorta a cumprir estes dois mandamentos essenciais para a vida: "Faze isto e viverás" (τοῦτο ποίει καὶ ζήσῃ). É uma questão de vida ou morte!
Então, o doutor da Lei pergunta novamente, em justificação: "E quem é o meu próximo?" (τίς ἐστίν μου πλησίον;). A questão fundamental é determinar em que medida alguém é um próximo, visto que, estritamente falando, "próximo" significa próximo, próximo, vizinho .
O termo hebraico usado em Lv 19:18, traduzido como "próximo" (r¢a±), tem a conotação de amigo ou companheiro. Assim, de acordo com a interpretação rabínica mais comum, o "próximo" a ser amado é alguém que pertence ao mesmo povo de Israel. Outros rabinos, de forma um pouco mais ampla, estendem o termo aos estrangeiros que habitam a terra (cf. Lv 19:33-34); enquanto outros, mais estritamente, o restringem apenas aos israelitas piedosos e observantes.
Neste contexto, devemos entender a parábola do Bom Samaritano, por meio da qual Jesus responde à pergunta do doutor da lei: "Quem é o meu próximo?". Esta parábola é tão rica em conteúdo que merece uma análise detalhada, mas, por uma questão de brevidade, vamos nos concentrar em seus elementos -chave .
A história começa descrevendo o que aconteceu com "um homem" (ἄνθρωπός τις) que descia de Jerusalém para Jericó e foi atacado por ladrões que o roubaram de tudo, o espancaram e o deixaram meio morto. Observe que esse "homem" permanece completamente anônimo; ele é referido apenas por pronomes. Além disso, por ter sido roubado de tudo, não é possível atribuir-lhe qualquer tipo de identidade social, étnica ou religiosa. Ele é simplesmente um homem; e também é, em certo sentido, todo homem . Apenas sua situação importa: ele foi roubado, ferido e meio morto. Ele está em um estado de extrema necessidade. Ele precisa desesperadamente da ajuda de outros para sobreviver.
Um sacerdote então aparece em cena, retornando de Jerusalém, possivelmente após cumprir seus deveres litúrgicos no templo. Dois verbos descrevem sua atitude: ele o vê (ἰδὼν) e atravessa para o outro lado da estrada (ἀντιπαρῆλθεν). Em outras palavras, ele passa direto, sem ajudá-lo.
Então um levita , um clérigo de nível inferior, passa. Os mesmos verbos descrevem sua atitude: ele olha e atravessa para o outro lado da estrada . Em outras palavras, ele também passa e não ajuda. A razão para essa atitude nos é explicada por B. Malina 2 : “No ‘mapa’ de pessoas que encontramos na Torá, os sacerdotes e os levitas encabeçavam a lista de pureza. Os samaritanos nem sequer estavam incluídos. O sacerdote e o levita deveriam evitar todo contato com um corpo nu e, portanto, provavelmente morto. Um sacerdote só podia tocar no cadáver de um parente próximo para o sepultamento (ver Ez 44:25).”
Para grande surpresa dos ouvintes judeus, o terceiro personagem da parábola é um samaritano , que para os judeus era considerado membro de uma comunidade desprezada e hostil; alguém impuro e certamente não um "próximo". F. Bovon 3 faz um comentário perspicaz: "O bem é feito por aquele que estava associado ao mal". Dois verbos também são usados para descrever sua atitude: o primeiro é comum aos outros dois personagens ( veando ); o segundo faz uma grande diferença: ele foi movido de compaixão, ele teve compaixão . Este último verbo ( splagjnizomai ) é usado nos Evangelhos de uma maneira particular para expressar a atitude compassiva e misericordiosa de Jesus para com o homem sofredor ou perplexo (cf. Mt 9:36; 14:14; 15:32; 20:34; Mc 1:41; 6:34; 9:22). Em Lucas, ele também aparece aqui, expressando os sentimentos de Jesus em relação a uma viúva que perdeu seu único filho (cf. Lc 7,13); e os do pai na parábola sobre o retorno do filho pródigo (cf. Lc 15,20).
Todas as ações que se seguem descrevem as consequências práticas da compaixão e misericórdia do samaritano: ele se aproximou , enfaixou suas feridas, ungindo-as com vinho e óleo; colocou-o em sua montaria, levou-o para uma hospedaria onde cuidou dele e, ao deixá-lo, pagou ao hospedeiro para continuar cuidando dele .
Terminada a parábola, Jesus convida o doutor da lei a se posicionar sobre ela, perguntando: "Qual dos três, na sua opinião, se tornou o próximo (πλησίον δοκεῖ σοι γεγονέναι) do homem atacado pelos assaltantes?". Notamos que Jesus inverte o significado do termo "próximo" em relação ao uso do termo pelo doutor da lei em sua pergunta, visto que não se trata mais de definir quem deve ser considerado próximo para poder ajudá-lo (sentido passivo), mas sim de saber quem se tornou próximo para poder ajudar o necessitado (sentido ativo) . Essa mudança de significado é possível porque "ser próximo" é uma "relação", pressupõe duas pessoas que se aproximam, que se aproximam. Assim, Jesus, embora mantendo a realidade da relação de “proximidade”, desloca o foco da atenção e da valorização para o sujeito que busca se tornar “próximo” aproximando-se do necessitado.
Assim, neste texto, a misericórdia não é apresentada apenas como uma exigência do mandamento de amar o próximo; ao contrário, o escopo desse amor misericordioso é ampliado para coincidir com a própria misericórdia de Deus, que ajuda os necessitados e perdoa os pecadores não porque eles merecem, mas porque precisam.
A resposta dada pelo letrista é a correta: “Aquele que praticou misericórdia com ele (ὁ ποιήσας τὸ ἔλεος μετ᾽ αὐτοῦ)”. Jesus então encerra o debate com o convite a agir assim: “Vá e proceda da mesma maneira” (πορεύου καὶ σὺ ποίει ὁμοίως).
Vale destacar o uso frequente do verbo “fazer” (ποιέω) por se tratar de algo muito prático e em consonância com a pergunta do doutor da lei: “o que fazer?”; “fazer isto”, “ter misericórdia”, “fazer o mesmo” (Lc 10,25.27.37 2 ).
A estratégia da parábola utilizada por Jesus visava levar o doutor da lei a se colocar no lugar do homem necessitado de ajuda e a descobrir, a partir daí, o que significa ser próximo . Não se trata mais de uma categoria passiva limitada a um grupo ou etnia, mas sim de uma categoria ativa e universal : trata-se de tornar-se próximo, isto é, próximo ou próximo, para ajudar todo homem necessitado .
ALGUMAS REFLEXÕES:
Descobre-se um tema comum entre a primeira leitura e o Evangelho de hoje: a proximidade . O livro de Deuteronômio nos revela um Deus próximo que fala ao seu povo e cuja Palavra não está fora do alcance de quem busca obedecê-la e cumpri-la.
Na mesma linha, no Evangelho, Jesus interpreta o mandamento de amar o próximo como a exigência, fruto do amor, de se tornar próximo , próximo , do necessitado. Além disso, numa visão mais ampla, podemos levar em conta a interpretação cristológica da parábola feita por muitos Padres da Igreja, que veem nas atitudes e gestos do Bom Samaritano Jesus que se aproxima do homem ferido pelo pecado e o cura. Segundo os Santos Padres, a lei e o culto antigo nada podem fazer por ele; somente Jesus pode salvar o homem. H. U. von Balthasar comenta sobre isso : "A parábola do Bom Samaritano é aparentemente uma história na qual Jesus não aparece. E, no entanto, ela claramente traz sua marca; ninguém além dele poderia contá-la nesses termos [...] Somente Jesus pode contá-la assim, não por causa de seus sentimentos humanitários, mas porque o que o estrangeiro faz pelo homem ferido, ele mesmo fez por todos, sem medida."
A mesma liturgia ecoa essa interpretação patrística no belo Prefácio Comum VIII, que seria altamente recomendado para uso neste domingo.
O Evangelho de hoje nos convida a examinar como vivemos nossos relacionamentos com os outros, com nossos "próximos" ou "próximos". Para isso, o primeiro e fundamental é ter em mente que isso faz parte do nosso relacionamento com o Senhor e do nosso ser cristão, visto que Jesus vincula inseparavelmente o amor a Deus com o amor ao próximo. Podemos dizer que a qualidade do nosso amor ao próximo é como um termômetro para o calor do nosso amor a Deus. O amor a Deus e o amor ao próximo sempre andam juntos e se alimentam mutuamente.
A segunda coisa a ter em mente é que, na parábola do Bom Samaritano, Jesus nos apresenta uma grande novidade em nosso relacionamento com o próximo. De fato, Jesus dá uma nova interpretação ao eterno mandamento de amar o próximo, segundo o qual a questão fundamental não é saber quem é o meu próximo para amá-lo, mas sim amar tornando-se próximo de qualquer pessoa necessitada .
Agora, é importante ir além das ações concretas (necessárias, é claro) para a atitude fundamental que Jesus nos pede. E a parábola é clara neste ponto: os três viajantes viram a mesma realidade: um homem gravemente ferido, meio morto e, portanto, necessitado de ajuda. Mas somente aquele que teve compaixão se tornou próximo . Portanto, a verdadeira " vizinhança " não surge da mera visão ou reflexão intelectual sobre a realidade, às vezes tingida de ideologia, mas de uma atitude compassiva. Somente de um coração compassivo podemos compreender a noção cristã de próximo . Ou seja, para ver o necessitado como próximo, devo primeiro ter o amor de Deus em meu coração . E será esse amor que me levará a ajudá-lo, a assisti-lo, independentemente de sua "categoria" de pessoa. De uma perspectiva que brota de um "coração que vê" ou de um "amor que conhece", emerge um conceito diferente de "próximo", universal e concreto ao mesmo tempo.
Como disse o Papa Francisco no Angelus de 10 de julho de 2022: “O Evangelho nos ensina a ver: guia cada um de nós para uma compreensão correta da realidade, superando dia após dia preconceitos e dogmas. Muitos fiéis se refugiam em dogmas para se defender da realidade. E, além disso, seguir Jesus nos ensina a ter compaixão: a olhar para os outros, especialmente para os que sofrem, para os mais necessitados, e a intervir como o samaritano: não passar ao lado, mas parar... Esta é uma graça, devemos pedi-la ao Senhor: ‘Senhor, que eu veja, que eu tenha compaixão, como Tu me vês e tens compaixão de mim’”.
Agora, para "exercer a misericórdia" como o Pai, é necessário mudar a nossa perspectiva sobre o mal dos outros (e o nosso próprio). E essa nova perspectiva só pode brotar de um coração compassivo; de alguém que tem um coração misericordioso. A esse respeito, temos a bela expressão do Papa Bento XVI: "O programa cristão — o programa do Bom Samaritano, o programa de Jesus — é um 'coração que vê'. Este coração vê onde o amor é necessário e age de acordo" (Deus é Amor, n. 31).
Seguindo essa proposta, o Papa Francisco fala da necessidade de ser uma “Igreja Samaritana”, no sentido de uma Igreja que vai ao encontro das necessidades das pessoas. De fato, “a credibilidade da Igreja também advém, de forma convincente, do vosso serviço às crianças abandonadas, aos doentes, aos pobres sem comida nem trabalho, aos idosos, aos sem-teto, aos presos, aos refugiados e migrantes, bem como a todos os atingidos por catástrofes naturais... Em suma, onde quer que haja um grito de socorro, chega o vosso testemunho ativo e altruísta” (Papa Francisco, 3 de setembro de 2016).
PARA ORAÇÃO (RESSONÂNCIAS DO EVANGELHO EM UMA ORAÇÃO):
Faça a mesma coisa à sua maneira
A Vida Eterna é a nossa esperança
O lugar que o próprio Deus preparou
Para cada um dos seus filhos, pensar
Onde todas as ansiedades serão acalmadas
O Senhor marcou o caminho
Para finalmente chegar àquele lar definitivo
Onde habitar em louvor contínuo
Celebrando Seu Amor, Honra e Glória
O vizinho é o sinal que guia
É preciso parar, com cautela
Caminhe pelos caminhos sinuosos
De irmãos e da própria existência
Deus exige isso porque Ele mesmo dará a força
Completará a fragilidade humana
Perseverar até atingir a meta
Quando finalmente chegamos a uma conta
Oração incessante: nossa ferramenta
O Pai está nos esperando ali para abraçá-lo.
O Filho nos mostrou o seu rosto
O Espírito Santo fará o resto, à Sua maneira. Amém.
1 Um estudo excelente e interessante pode ser encontrado na Comissão Episcopal para o Grande Jubileu, "Eu vim trazer fogo à terra!" Diretrizes para homilias do 14º ao 20º domingo do ano.
(CEA; Buenos Aires 1998) 25-37. Acompanharemos de perto.
2 Os Evangelhos e a cultura mediterrânea do primeiro século. Comentário das Ciências Sociais (Verbo Divino; Estella 1996) 262.
3 Evangelho segundo São Lucas II (Segue-me; Salamanca 2002) 118.
4 Luz da Palavra. Comentários às Leituras Dominicais (Encuentro; Madri 1998) 270.
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DOMINGO XV DURANTE EL AÑO – CICLO "C"
1ra. Lectura (Dt 30,9-14):
Este texto integra una unidad literaria mayor que abarca Dt 30,1-14 y sólo en este contexto puede comprenderse bien. En breve: el resto de Israel se encuentra en el exilio y se siente abandonado, lejos de su Dios. Entonces se le anuncia la cercanía-proximidad de Dios, quien lo invita a volverse a Él (el verbo shûb (volver-convertirse) está muy presente en toda la sección de 30,1-14). Pero para que sea posible el regreso a Dios y a la tierra (30,2-5), es necesaria una transformación o circuncisión del corazón (Dt 30,6: "Yahveh tu Dios circuncidará tu corazón y el corazón de tu descendencia, a fin de que ames a Yahveh tu Dios con todo tu corazón y con toda tu alma, para que vivas"). Este corazón purificado y capaz de amar, será entonces un corazón que escuche la voz del Señor y la ponga en práctica (30,8).
Sigue el texto de este domingo que comienza con la promesa divina de volver a bendecir a su pueblo con toda clase de frutos. Interesa notar que cuando dice "Porque el Señor volverá a complacerse en tu prosperidad" está utilizando también el verbo hebreo (shûb) que tiene un sentido ético, de conversión, de volverse hacia. Por tanto, Dios se vuelve favorablemente hacia su pueblo y pide al pueblo que se vuelva (shûb) favorablemente hacia Él con todo el corazón y con toda su alma, escuchando y cumpliendo sus mandamientos. No vale la excusa de la imposibilidad de cumplirlos, sea por falta de fuerzas, sea por desconocimiento. Al contrario, Dios le recuerda a su pueblo que se le ha revelado como cercano, que ha puesto Su palabra en los labios y el corazón de su pueblo. Ya en Dt 29,28 había dicho: "Las cosas secretas pertenecen a Yahvé nuestro Dios, pero las cosas reveladas nos pertenecen a nosotros y a nuestros hijos para siempre, a fin de que pongamos en práctica todas las palabras de esta Ley". Así como en Dt 4,7 Dios se presentaba como cercano a su pueblo ("¿hay alguna nación tan grande que tenga los dioses tan cerca como lo está Yahveh nuestro Dios siempre que le invocamos?"), aquí se presenta Su Palabra como muy cercana.
Evangelio (Lc 10,25-37):
El texto comienza con un diálogo entre Jesús y un doctor de la ley. Éste último lo inicia preguntando sobre lo que hay que hacer para heredar la vida eterna (τί ποιήσας ζωὴν αἰώνιον κληρονομήσω). Jesús lo remite a la Ley o Torá. El legista le responde entonces citando dos textos de la misma (Dt 6,5 y Lev 19,18): "Amarás al Señor, tu Dios, con todo tu corazón, con toda tu alma, con todas tus fuerzas y con todo tu espíritu, y a tu prójimo como a ti mismo". Jesús aprueba la respuesta del doctor de la Ley y lo exhorta a cumplir estos dos mandamientos esenciales para vivir: "haz esto y vivirás" (τοῦτο ποίει καὶ ζήσῃ). Se trata de una cuestión de vida o muerte!
Entonces el doctor de la Ley vuelve a preguntar para justificarse: "¿Y quién es mi prójimo?" (τίς ἐστίν μου πλησίον;). La cuestión de fondo es determinar hasta dónde alguien es prójimo por cuanto estrictamente “prójimo” significa próximo, cercano, vecino.
El término hebreo utilizado por Lev 19,18 que se traduce por “prójimo” )r¢a± ) tiene el matiz de amigo o compañero. Entonces, según la interpretación rabínica más común el “prójimo” al que hay que amar es alguien que pertenece al mismo pueblo de Israel. Otros rabinos, un poco más amplios, lo extienden a los extranjeros que habitan la tierra (cf. Lev 19,33-34); mientras que otros, más estrictos, lo restringían sólo a los israelitas piadosos y observantes.
En este contexto hay que entender la parábola del buen samaritano mediante la cual Jesús responde a la pregunta del doctor de la ley: "¿quién es mi prójimo?". Esta parábola es tan rica de contenido que merecería un detallado análisis, pero por razones de brevedad nos focalizaremos en los elementos claves de la misma1.
El relato comienza describiendo lo sucedido a “un hombre” (ἄνθρωπός τις) que bajaba de Jerusalén a Jericó y es atacado por ladrones quienes lo despojan de todo, lo golpean y lo dejan tirado y medio muerto. Notemos que este "hombre" permanece del todo anónimo, sólo se habla de él por pronombres. Además, por el hecho de haber sido despojado de todo, no es posible atribuirle ningún tipo de identificación social, étnica o religiosa. Es simplemente un hombre; y es también, en cierto modo, todo hombre. Sólo importa su situación: quedó despojado, herido y medio muerto. Está en estado de extrema necesidad. Necesita imperiosamente de la ayuda de los demás para poder sobrevivir.
Aparece entonces en escena un sacerdote que volvía de Jerusalén, posiblemente después de cumplir sus funciones litúrgicas en el templo. Dos verbos describen su actitud: lo ve (ἰδὼν) y se cruza al otro lado del camino (ἀντιπαρῆλθεν). O sea, pasa de largo, no lo ayuda.
Luego pasa un levita, que era un clérigo de rango inferior. Los mismos verbos describen su actitud: mira y se cruza al otro lado del camino. O sea que también pasa de largo y no socorre. El motivo de esta actitud nos la explica B. Malina2: “En el «mapa» de las personas que encontramos en la Torá los sacerdotes y los levitas encabezaban la lista de pureza. Los samaritanos ni siquiera estaban incluidos. El sacerdote y el levita debían evitar todo contacto con un cuerpo desnudo y, por tanto, probablemente muerto. Un sacerdote sólo podía tocar el cadáver de un familiar próximo para enterrarlo (ver Ez 44,25).”
Para gran sorpresa de los oyentes judíos, el tercer personaje de la parábola es un samaritano, que para los judíos era considerado miembro de una comunidad despreciada, enemiga; alguien impuro y no ciertamente "prójimo". F. Bovon3hace un agudo comentario: "El bien es practicado por aquel a quien se asociaba con el mal". También se utilizan dos verbos para describir su actitud: el primero es común con los otros dos personajes (viendo); el segundo hace la gran diferencia: se conmovió, tuvo entrañas de compasión. Este último verbo (splagjnizomai) se utiliza en los evangelios de modo particular para expresar la actitud compasiva y misericordiosa de Jesús ante el hombre que sufre o que está desorientado (cf. Mt 9,36; 14,14; 15,32; 20:34; Mc 1,41; 6,34; 9,22). En Lucas aparece, además de aquí, expresando los sentimientos de Jesús ante una viuda que ha perdido a su único hijo (cf. Lc 7,13); y los del padre de la parábola ante el regreso del hijo pródigo (cf. Lc 15,20).
Todas las acciones que siguen describen las consecuencias prácticas de la compasión misericordia del samaritano: se acercó, vendó sus heridas ungiéndolas con vino y aceite; lo cargó en su montura, lo llevó a una posada donde lo cuidó y al dejarlo pagó al posadero para que lo sigan cuidando.
Terminada la parábola, Jesús invita al doctor de la ley a tomar posición ante la misma mediante la pregunta: "¿Cuál de los tres te parece que llegó a ser prójimo (πλησίον δοκεῖ σοι γεγονέναι) del hombre asaltado por los ladrones?". Notemos que Jesús hace una inversión en el sentido del término prójimo en comparación con la utilización del mismo que hizo el letrado en su pregunta pues ya no se trata de delimitar quién debe ser considerado prójimo para ayudarlo (sentido pasivo) sino de saber quién se hizo prójimo para socorrer al necesitado (sentido activo). Este cambio de sentido es posible por cuanto el "ser prójimo" es una "relación", supone dos personas que se acercan, que se avecinan. Así Jesús, manteniendo la realidad de la relación de "projimidad" desplaza el foco de atención y de valoración al sujeto que busca hacerse “prójimo” al acercarse al necesitado.
Así, en este texto no sólo se presenta la misericordia como exigencia del mandamiento del amor al prójimo; sino que el alcance de este amor misericordioso se amplía hasta coincidir con la misma misericordia de Dios que socorre al necesitado y perdona al pecador no porque se lo merezca sino porque lo necesita.
La respuesta dada por el letrado es la correcta: "El que practicó la misericordia con él (ὁ ποιήσας τὸ ἔλεος μετ᾽ αὐτοῦ)". Entonces Jesús cierra el debate con la invitación a obrar así: "Ve, y procede tú de la misma manera" (πορεύου καὶ σὺ ποίει ὁμοίως).
Es de notar el frecuente uso del verbo “hacer” (ποιέω) pues se trata de algo muy práctico en la línea de la pregunta del letrado: “¿qué hacer?”; “haz esto”, “hizo misericordia”, “haz tú lo mismo” (Lc 10,25.27.372).
La estrategia de la parábola utilizada por Jesús tenía por intención llevar al doctor de la ley a ponerse en el lugar del hombre necesitado de ayuda y a descubrir, desde allí, lo que significa ser prójimo. Ya no se trata de una categoría pasiva y reducida a un grupo o etnia, sino activa y universal: se trata de hacerse prójimo, es decir próximo o cercano, para ayudar a todo hombre que lo necesite.
ALGUNAS REFLEXIONES:
Se descubre un tema común entre la primera lectura y el evangelio de hoy: la cercanía o proximidad. El libro del Deuteronomio nos revela a un Dios cercano que habla a su pueblo y cuya Palabra no está fuera del alcance del hombre que busca obedecerla, cumplirla.
En la misma línea, Jesús en el evangelio interpreta el mandamiento de amar al prójimo como la exigencia, fruto del amor, de hacerse cercano, prójimo, del necesitado. Además, en una visión más amplia, podemos tener en cuenta la interpretación cristológica de la parábola que hacen muchos Padres de la Iglesia viendo en las actitudes y gestos del buen samaritano a Jesús que se hace cercano al hombre herido por el pecado y lo cura. Según los Santos Padres, nada pueden hacer por él la ley y el culto antiguo; sólo Jesús puede salvar al hombre. Al respecto comenta H. U von Balthasar4: "La parábola del buen samaritano es aparentemente una historia donde Jesús no aparece. Y sin embargo lleva claramente su marca, nadie más que él podía contarla en estos términos […] Sólo Jesús puede contar esto así, pero no por sus sentimientos humanitarios, sino porque lo que hace el extranjero con el malherido, él mismo lo ha hecho por todos más allá de toda medida".
La misma liturgia se hace eco de esta interpretación patrística en el hermoso prefacio común VIII, que sería muy recomendable utilizar en este domingo.
El evangelio de hoy nos invita a examinarnos sobre cómo vivimos nuestra relación con los demás, con nuestros “prójimos” o “próximos”. Para hacerlo lo primero y fundamental es tener en cuenta que esto forma parte de nuestra relación con el Señor y con nuestro ser cristianos por cuanto Jesús une inseparablemente el amor a Dios con el amor al prójimo. Podemos decir que la calidad de nuestro amor al prójimo es como el termómetro de la calidez de nuestro amor a Dios. Amor a Dios y amor al prójimo van siempre juntos y se retroalimentan mutuamente.
Lo segundo a tener en cuenta es que Jesús en la parábola del buen samaritano nos presenta una gran novedad en la relación con el prójimo. En efecto, Jesús le da una interpretación nueva al perenne mandamiento de amar al prójimo según la cual la cuestión fundamental no es saber quién es mi prójimo para amarlo, sino amar haciéndose prójimo de cualquier hombre que lo necesite.
Ahora bien, importa ir más allá de las acciones concretas (necesarias, por cierto) a la actitud fundamental que Jesús nos pide tener. Y la parábola es clara al respecto: los tres caminantes vieron la misma realidad, a un hombre malherido, medio muerto y, por tanto, necesitado de ayuda. Pero sólo se hizo prójimo el que tuvo compasión. Por tanto, la verdadera "projimidad" no brota de la mera visión o reflexión intelectual sobre la realidad, a veces teñida de ideología, sino desde una actitud compasiva. Sólo desde un corazón que tiene compasión se puede comprender la noción cristiana de prójimo. Es decir, para ver al necesitado como prójimo tengo que tener primero el amor de Dios en mi corazón. Y será este amor el que me impulse a ayudarlo, a socorrerlo sin importarme la "categoría" de persona que sea. Desde una mirada que brota de un "corazón que ve" o "amor que conoce" surge un concepto distinto del "prójimo", universal y concreto al mismo tiempo.
Como bien decía el Papa Francisco en el Ángelus del 10 de julio de 2022: “El Evangelio nos educa a ver: guía a cada uno de nosotros a comprender rectamente la realidad, superando día tras día ideas preconcebidas y dogmatismos. Muchos creyentes se refugian en dogmatismos para defenderse de la realidad. Y, además, seguir a Jesús nos enseña a tener compasión: a fijarnos en los demás, sobre todo en quien sufre, en el más necesitado, y a intervenir como el samaritano: no pasar de largo sino detenerse… Esta es una gracia, tenemos que pedirla al Señor: “Señor, que yo vea, que yo tenga compasión, como Tú me ves a mí y tienes compasión de mí”.
Ahora bien, para “obrar la misericordia” como la obra el Padre es necesario tener un cambio de mirada ante el mal ajeno (y propio). Y esta mirada nueva sólo puede brotar de un corazón que se compadece; de alguien que tiene entrañas de misericordia. Al respecto tenemos la hermosa expresión del Papa Benedicto XVI: "El programa del cristiano —el programa del buen Samaritano, el programa de Jesús— es un «corazón que ve». Este corazón ve dónde se necesita amor y actúa en consecuencia" (Dios es Amor, nº 31).
Siguiendo esta propuesta el Papa Francisco habla de la necesidad de ser una “Iglesia Samaritana”, en el sentido de una Iglesia en salida para socorrer las necesidades de los hombres. En efecto, “la credibilidad de la Iglesia pasa también de manera convincente a través de vuestro servicio a los niños abandonados, los enfermos, los pobres sin comida ni trabajo, los ancianos, los sintecho, los prisioneros, los refugiados y los emigrantes, así como a todos aquellos que han sido golpeados por las catástrofes naturales... En definitiva, dondequiera que haya una petición de auxilio, allí llega vuestro testimonio activo y desinteresado.” (Papa Francisco, 3 de setiembre de 2016).
PARA LA ORACIÓN (RESONANCIAS DEL EVANGELIO EN UNA ORANTE):
Haz lo mismo y a su modo
La Vida Eterna es nuestra esperanza
El lugar que el mismo Dios ha preparado
Para cada uno de sus hijos, pensando
Donde se calmarán todas las ansias
El Señor ha marcado el camino
Para llegar al fin a esa casa, definitiva
Adonde habitar en alabanza continua
Celebrando su Amor, Honor y Gloria
El prójimo es la señal que conduce
Es preciso detenerse, con prudencia
Andar por los senderos sinuosos
De los hermanos y de la propia existencia
Dios lo exige pues El mismo dará la fuerza
Completará la fragilidad humana
Para perseverar hasta llegar a la meta
Cuando al final rindamos cuentas
La oración incesante: nuestra herramienta
El Padre nos espera allí para el abrazo
El Hijo nos ha enseñado su rostro
El Espíritu Santo hará el resto, a su modo. Amén.
1 Un excelente y jugoso estudio lo encontramos en Comisión Episcopal para el gran Jubileo, ¡Fuego he venido a traer a la tierra! Orientaciones para las homilías desde el domingo XIV hasta el domingo XX durante el año
(CEA; Buenos Aires 1998) 25-37. Lo seguiremos de cerca.
2 Los evangelios y la cultura mediterránea del siglo I. Comentario desde las Ciencias Sociales (Verbo Divino; Estella 1996) 262.
3 El Evangelio según San Lucas II (Sígueme; Salamanca 2002) 118.
4 Luz de la palabra. Comentarios a las lecturas dominicales (Encuentro; Madrid 1998) 270.