DIA DO PAPA
29/06/2025
AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO
Primeira Leitura: Atos dos Apóstolos 12,1-11
Salmo Responsorial-33(34)-R- De todos os temores me livrou o Senhor Deus.
Segunda Leitura: 2 Timóteo 4,6-8.17-18
Evangelho: Mateus 16,13-19 (Tu és Pedro...)
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, 13Jesus foi à região de Cesareia de Filipe e ali perguntou aos seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do homem?” 14Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros, que é Elias; outros, ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas”. 15Então Jesus lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” 16Simão Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. 17Respondendo, Jesus lhe disse: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. 18Por isso eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. 19Eu te darei as chaves do reino dos céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”. – Palavra da salvação.
Mt 16,13-19
Celebramos hoje o martírio dos apóstolos Pedro e Paulo. Eles foram mortos na perseguição de Nero mais ou menos no ano 64. Através desses dois apóstolos, a Igreja celebra hoje a sua apostolicidade: a Igreja de Cristo, a verdadeira Igreja é una, santa, católica e apostólica.
O que significa que a Igreja é apostólica?
Dizer que a Igreja é apostólica significa que sua origem está relacionada aos apóstolos. Ela não começou no século passado, não foi fundada por qualquer um. Significa também que, para chegar a ter comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito Santo não há outro caminho a não ser aceitar o testemunho daqueles que, desde o princípio viram o Senhor e conviveram com Ele. Dizer que a Igreja é apostólica é dizer que a Igreja católica está fundada sobre os apóstolos e reconhecer com gratidão que vivemos na Igreja que tem sua origem na Igreja dos Apóstolos.
Por que os apóstolos são importantes para a Igreja?
Isso se deve à originalidade da revelação cristã. A revelação não se fundamenta, em primeira instância, sobre um texto sagrado. Isso acontece, por exemplo, com o Islã que tem uma “Escritura que desceu de Deus”, que disse ao profeta: “Fizemos descer sobre ti a Escritura” (Corão, Sura 39,1-2). No Islã, é o texto e não Maomé o lugar próprio da Palavra de Deus.
No cristianismo, pelo contrário, a revelação de Deus não é primeiramente um livro, mas a pessoa e a vida histórica de Jesus de Nazaré. Jesus, porém, não escreveu, não ditou, nem trouxe consigo um documento sagrado: Ele nada escreveu nem nos entregou um “livro vindo do céu”.
A revelação divina é realizada na pessoa e na história de Jesus e tal revelação pôde chegar até nós somente porque existiram homens que viveram com Ele e que testemunharam para nós tudo o que Ele disse e fez: como viveu, como morreu, como apareceu para eles, depois da morte, ressuscitado. Esses homens que receberam o Evangelho diretamente de Jesus são os Apóstolos. A Igreja atual, a Igreja na qual vivemos, descende da Igreja dos Apóstolos: nós estamos unidos a Jesus Cristo, ao Pai e ao Espírito Santo pela cadeia ininterrupta de testemunho que se origina nos Apóstolos e chega até nós pelos sucessores dos apóstolos que são os bispos.
Por que é tão importante essa transmissão pela sucessão apostólica? Porque a transmissão da fé não é um processo mecânico de comunicação. A fé apostólica é uma vida que só pode ser transmitida por meios vivos e não por meros meios mecânicos ou virtuais.
O texto de hoje fala da confissão de Pedro em Cesaréia de Filipe. Mais ainda, fala da confissão de Jesus. Pedro confessa que Jesus é o Messias, o Filho de Deus; Jesus confessa que Simão é Pedro, pedra sobre a qual edificará a sua Igreja. A Igreja não é uma sociedade de pessoas que decidiram se associar por iniciativa própria para um determinado fim. A Igreja é fundada sobre a fé de Pedro: tu és o Messias, o Filho de Deus. É essa adesão a Cristo que cria entre as pessoas uma nova relação.
Jesus confessa que a fé de Pedro não provém dos homens, mas é uma revelação de Deus. Assim a Igreja fundada sobre Pedro é uma convocação para a fé de Pedro.
A função de Pedro não é meramente honorífica, não é a recompensa de Jesus pela sua confissão de fé. A função de Pedro é um serviço que inclui ligar e desligar. Jesus promete a Pedro que ele terá as chaves de acesso ao Reino de Deus e terá o poder de julgar, perdoar e condenar. Tudo isso será ratificado por Deus: o que ligares na terra será ligado nos céus, o que desligares na terra será desligado nos céus.
Pedro e Paulo foram chamados por Jesus para levar o Evangelho a todas as nações. Mas esse evangelho não é um primeiramente um livro, é o próprio Jesus vivo. E Jesus vivo só pode ser levado por pessoas vivas, que vivem a vida de Jesus. Assim é o bispo para a Igreja: ele não é um mero comunicador de uma mensagem bonita. Ele leva Cristo, sendo Cristo para as pessoas. Evidentemente ele nunca deve ter a pretensão de se substituir a Cristo, mas não há outro meio de ser portador do evangelho a não ser tornando presente Cristo.
Admirável dom! Dom maravilhoso esse! Ao mesmo tempo, quanta responsabilidade! Pois se o recebemos, podemos também tratar esse dom com relaxo e desprezo: é como atirar as pérolas aos porcos, ou dar as coisas santas para os cães. Fazemos isso toda vez que não empenhamos tempo, esforço e energia para corresponder ao dom recebido. Não há como exercer o ministério sacerdotal (ser o Cristo para os outros) sem santidade pessoal (ter os mesmos sentimentos de Cristo e identificar-se com Ele). A identidade do bispo consiste no dom de Jesus: no dom de ser Jesus para os outros, e no dom de se empenhar de verdade em se identificar com Cristo ao longo de toda a vida.
Solenidade de São Pedro e São Paulo – Mt 16,13-19 - Ano C –
“E vós, quem dizeis que eu sou? (Mt 16,15)
A liturgia deste domingo nos situa diante de duas revelações feitas a dois grandes e marcantes personagens que deram uma contribuição decisiva para a identidade da nova comunidade inaugurada por Jesus: uma revelação dirigida a Pedro e outra a Paulo. Mas as duas revelações são profundamente inseparáveis, pois se referem a duas dimensões significativas na vida e na consciência da Igreja, como comunidade seguidora de Jesus.
Uma dimensão centrada na experiência e missão de Paulo, que recebeu o encargo de expandir a Boa Nova do Evangelho para além das fronteiras judaicas; outra, centrada na liderança e ministério de Pedro, que recebeu de Jesus a missão de servir e cuidar dos seguidores e seguidoras d’Ele.
As duas revelações (a Pedro e a Paulo) abrem um espaço e um caminho de universalidade “não excludente”, de maneira que podem vincular-se e enriquecer-se entre si, embora, posteriormente, algumas comunidades tenham dado primazia a Pedro e outras tenham insistido mais no personagem Paulo.
Mas os dois devem ser considerados na sua relação e identificação com Jesus Cristo.
De fato, a Igreja como instituição foi sendo formada ao longo do tempo, inspirando-se nos carismas de Pedro e Paulo. Eles não são os “fundadores” da Igreja; esta nasce da Páscoa, da fé no Senhor ressuscitado; a Igreja nasce a partir do mandato missional dirigido a todos: “ide e anunciai”; a Igreja nasce do lava-pés: “vós deveis lavar os pés uns aos outros”; a Igreja nasce quando se deixa conduzir pelo Espírito de Jesus; a Igreja nasce como sacramento de Cristo, porque, após sua Ascenção, continua presente na história através dos seus seguidores.
A Igreja não nasce como uma “sociedade anônima”, mas como um “movimento de vida”, desencadeado por Jesus. Somos todos a grande assembleia daqueles que creem n’Ele: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. Por isso, a fé torna bem-aventurada a vida. Ditoso Pedro, ditoso Paulo, ditosos e bem-aventurados somos todos nós. Se não somos felizes, se não vivemos na serenidade e na alegria, talvez não tenhamos chegado ainda a crer profundamente no Senhor.
Uma Igreja, uma comunidade onde predominam intransigências, legalismos, tensões e tristezas, está longe de ser a comunidade dos seguidores que se encheram de alegria ao verem o Senhor (Jo 20,20). O mesmo Jesus que disse a Pedro – “feliz és tu” – também continua dizendo o mesmo a cada um de nós.
A fé não é um peso que alimenta culpa, mas uma libertação, um prazer profundo e um horizonte de sentido. Nem sempre podemos estar contentes, mas sempre podemos viver na paz do Senhor.
Nas leituras bíblicas indicadas para esta festa, a revelação de Paulo aparece como fundamento e princípio da missão cristã junto a outros povos e fora do ambiente judaico. Conforme a tradição paulina, a Igreja se fundamenta na grande abertura missionária, prolongando a missão do próprio Jesus que foi alargando as fronteiras geográficas, religiosas, culturais. Assim, houve na Igreja primitiva, uma grande revelação paulina, vinculada à abertura do Evangelho de Jesus para além-fronteiras.
Por sua vez, a revelação petrina, fundada não só na Páscoa, mas na vida história de Jesus, aparece em Mateus como princípio e justificação da abertura também universal da Igreja judeu-cristã. Nesse contexto, a Igreja de Mateus refletiu sobre o sentido do nome Cefas/Pedro/Pedra/Rocha, dado a Simão.
O evangelista Mateus, ao referir-se à identidade de Pedro, deixa transparecer um jogo de palavras: petros-petra. Quando Jesus diz: Tu és “petros”, Ele está afirmando que Simão, em si mesmo, é simplesmente uma pedra, um pedregulho, um cascalho que não tem consistência. Mas Simão recebeu uma revelação especial de Deus, de tal forma que por ela, ele se transforma em alguém diferente, em mediador e garantidor da “Petra”/Rocha firme da fé, fundamento seguro da Igreja de Jesus.
Mateus vincula a palavra masculina Petros com Petra, no feminino, que significa rocha ou fundamento firme, palavra que o próprio Paulo relacionou a Cristo, desde os tempos antigos (1Cor 10,4).
A Rocha não é a pessoa de Pedro, mas a fé de Pedro. Sobre esta Rocha-fé de Pedro, Jesus edifica sua comunidade. Do mesmo modo, Jesus continua construindo sua comunidade sobre a rocha-fé de todos os seus seguidores e seguidoras.
Nesse sentido, a afirmação de Jesus a Pedro - “Tu és ‘petros’ e sobre esta ‘petra’ edificarei minha igreja” – tem uma ressonância no interior de cada seguidor(a) d’Ele. Há, em todos nós, uma solidez, uma nobreza interior, uma identidade iluminada pela identidade do próprio Jesus.
A pregunta de Jesus – “e vós, quem dizeis que eu sou?” – desvela o “eu sou” de Pedro, de Paulo e de cada um de nós. Na realidade, “nossa identidade está escondida com Cristo em Deus” (Col 3,3).
Nosso coração se encontra diante da revelação do “eu original”, porque está enraizada na própria identidade de Jesus Cristo.
É na vivência do seguimento de Jesus que “descobrimos a nós mesmos”. Começamos a descobrir o nosso ser (único, original, sagrado...) quando “mergulhamos” no misterioso relacionamento com Ele e quando permitimos que o “mistério experimentado” se torne fonte de nossa identidade. Mais ainda, saberemos melhor “quem somos nós”, esquecendo-nos e esvaziando-nos de nós mesmos, aceitando perder-nos, deixando que o amor nos liberte de nosso pequeno e limitado “ego”.
No Evangelho deste domingo descobrimos uma peculiar sintonia entre nosso “eu profundo” e a experiência de encontro com Jesus Cristo. É como se uma misteriosa atração nos levasse a descobrir a nossa nova identidade. O encontro e a contemplação d’Ele é também revelação do nosso “eu” verdadeiro, “escondido com Cristo em Deus”, ou seja, revelação da verdade do nosso “eu”, onde descobrimos os traços de nossa própria fisionomia.
Assim, “Petros” é o que em nós é fragilidade, incoerência, vulnerabilidade, limitação... “Petra”, ao contrário, é o que é sólido, firme, consistente, sobre o qual fundamentamos a vida. “Carregamos um tesouro em vaso de barro” (2Cor. 4,7). Como cristãos somos a integração de “petros” e “petra”.
Nossa própria interioridade é a rocha consistente e firme, bem talhada e preciosa que temos, para encontrar segurança e caminhar na vida superando as dificuldades e os inevitáveis golpes na luta pela vida. O “eu profundo” constitui-se como um centro sólido, consistente e estável de nosso ser, radicalmente diferente das experiências fluidas que o atravessam. Existem camadas sólidas da experiência do “eu” que devem contrapor-se às experiências passageiras de sentimentos vazios, desejos periféricos, sonhos sem paixão.
Somos ainda, em grande parte, uma “terra desconhecida” para nós mesmos, e a viagem de descoberta é como a viagem imaginária a uma nova terra, estranha e bela, que nos prende aos seus encantos e à novidade de suas mil maravilhas. Percebemos, depois, com surpresa e alegria, que a bela terra nova a que chegamos sem saber é nosso próprio país natal esquecido, subestimado e abandonado.
A redescoberta de nós mesmos é a maior e, sem dúvida, a mais gratificante aventura de nossa vida. Redescobrindo a nós mesmos, vamos encontrar o nosso lugar e missão na história. Quanto mais conhecemos o nosso verdadeiro ser, melhor será o valor de nossa vida para os outros.
Para meditar na oração:
O que em você é “petros” e o que é “petra”?
- Deixe que a verdadeira identidade de Jesus des-vele sua verdadeira identidade, ou seja, seu “eu” original é livre, criativo, transparente, iluminado...
"Seguir" a Jesus é uma metáfora que os discípulos aprenderam pelas estradas da Galileia. Para eles, significava especificamente: não perder Jesus de vista; não ficar parado longe dele; caminhar, mover-se e dar passos atrás dele. Seguir a Jesus exige uma dinâmica de movimento. Por isso, o imobilismo dentro da Igreja é uma doença mortal: ele mata a paixão de seguir Jesus, compartilhando sua vida, sua causa e seu destino.
As primeiras gerações cristãs nunca esqueceram que ser cristão é "seguir" Jesus e viver como ele. Isso é o fundamental. Por essa razão, Lucas dá tanta importância a três ditos de Jesus.
O primeiro dito de Jesus, dirigido a alguém que se aproximou decidido a segui-lo, é um alerta: "O Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça". Nosso instinto de sobrevivência na sociedade moderna tem levado os cristãos a buscar segurança. A hierarquia se esforça para recuperar um apoio social que diminui. As comunidades cristãs perdem peso e força para influenciar o ambiente. Não sabemos "onde reclinar a cabeça". Este é o momento de aprender a seguir Jesus de forma mais humilde e vulnerável, mas também mais autêntica e real.
Segundo dito. A um que lhe pede para ir antes enterrar seu pai, Jesus diz: "Deixa que os mortos enterrem os seus mortos; tu, porém, vai anunciar o Reino de Deus". Na Igreja, frequentemente vivemos distraídos por costumes e obrigações que vêm do passado, mas não ajudam a gerar hoje vida evangélica. Há pastores que se sentem como "mortos que se dedicam a enterrar mortos". É o momento de voltar a Jesus e buscar primeiro o Reino de Deus. Só assim nos colocaremos na verdadeira perspectiva para entender e viver a fé como Ele queria.
Terceiro dito. A outro, Ele diz: "Aquele que põe a mão no arado e continua a olhar para trás não é apto para o Reino de Deus". Olhando apenas para trás não é possível anunciar o Reino de Deus. Quando a criatividade é sufocada ou a imaginação evangélica é morta, quando toda novidade é controlada como perigosa e se promove uma religião estática, estamos impedindo o seguimento vivo a Jesus. É o momento de buscar, mais uma vez, "vinho novo em odres novos". Jesus pedia isso.
Pedra de Apoio ou Pedra de Tropeço
Neste texto, aparecem muitas opiniões sobre Jesus e várias maneiras de se expressar a fé. Pedro, por exemplo, tem opiniões e atitudes tão opostas entre si que parece não caberem na vida de uma mesma pessoa. Hoje, também existem muitas opiniões diferentes sobre Jesus e também várias maneiras de viver a fé, tanto dentro da gente como dentro da comunidade. Vamos conversar sobre isso.
Situando
Estamos na parte da narrativa entre o Sermão das Parábolas (Mt 13) e o Sermão da Comunidade (Mt 18). Geralmente, nestas partes narrativas que ligam entre si os cinco sermões, Mateus costuma seguir a sequência do Evangelho de Marcos. De vez em quando, cita outras informações, também conhecidas por Lucas. E aqui e acolá, traz textos que só aparecem no Evangelho de Mateus, como é o caso da conversa entre Jesus e Pedro no texto de hoje. Este texto recebe interpretações diversas e até opostas nas várias igrejas cristãs.
Naquele tempo, as comunidades cultivavam uma ligação afetiva muito forte com as lideranças que tinham dado origem a elas. Por exemplo, as comunidades de Antioquia na Síria cultivavam a sua ligação com Pedro. As da Grécia, com Paulo. Algumas comunidades da Ásia, com o Discípulo Amado. Outras, com o profeta João do Apocalipse. Uma identificação com estes líderes da sua origem ajudava as comunidades a cultivar melhor a sua identidade e espiritualidade. Mas também podia ser motivo de briga, como no caso da comunidade de Corinto (1Cor 1,11-12).
Comentando
Mt 16,13-16: As opiniões do povo e dos discípulos a respeito de Jesus
Jesus faz um levantamento da opinião do povo a seu respeito. As respostas são variadas: João Batista, Elias, Jeremias, algum dos profetas. Quando pergunta pela opinião dos discípulos, Pedro se torna porta-voz e diz: “Tu és Cristo, o Filho do Deus vivo!” A resposta não é nova. Anteriormente, os discípulos já tinham dito a mesma coisa (Mt 14,33). No Evangelho de João, a mesma profissão de fé é feita por Marta (Jo 11,27). Ela significa que Jesus realiza as esperanças proféticas do Antigo Testamento.
Mt 16,17: A resposta de Jesus a Pedro: “Feliz é você, Pedro!”
Jesus proclama Pedro “feliz”, porque recebeu uma revelação do Pai. Aqui também, a resposta de Jesus não é nova. Anteriormente, Jesus tinha louvado o Pai por ele ter revelado o Filho aos pequenos e não aos sábios (Mt 11,25-27) e tinha feito a mesma proclamação de felicidade aos discípulos por estarem vendo e ouvindo coisas que antes ninguém conhecia (Mt 13,16).
Mt 16,18-19: As atribuições de Pedro: ser pedra e tomar conta das chaves do Reino
Ser pedra: Pedro deve ser pedra, isto é, deve ser fundamento firme para a igreja a ponto de ela poder resistir contra as portas do inferno. Com estas palavras de Jesus a Pedro, Mateus anima as comunidades perseguidas da Síria e da Palestina que viam em Pedro a liderança marcante da sua origem. Apesar de fraca e perseguida, a comunidade tem fundamento firme, garantido pela palavra de Jesus.
Ser pedra como fundamento da fé evoca a palavra de Deus ao povo no exílio: “Vocês que buscam a Deus e procuram a justiça, olhem para a rocha (pedra) de onde foram talhados, olhem para a pedreira de onde foram extraídos. Olhem para Abraão seu pai e para Sara sua mãe. Quando os chamei, eles eram um só, mas se multiplicaram por causa da minha bênção” (Is 51,1-2).
Indica um novo começo do povo de Deus. Em outros textos, Jesus é a pedra fundamental que os construtores rejeitaram (Mt 21,42; cf. Sl 118,22; 1Cor 3,10-11).
As chaves do Reino: Pedro recebe as chaves do Reino. O mesmo que confere o poder de ligar e desligar também diz: “É necessário que o Messias sofra e seja morto em Jerusalém” (v. 21). Dizendo que “é necessário”, Jesus indica que o sofrimento fazia parte da vida dos profetas. Não só o triunfo da glória, também o caminho da cruz. Se os discípulos aceitam Jesus como Messias e Filho de Deus, devem aceitá-lo também como Messias Servo que será morto. Porém, Pedro não aceita a correção de Jesus e procura dissuadi-lo.
Alargando
Igreja, Assembleia
A Palavra Igreja, em grego ekklésia, aparece 105 vezes no Novo Testamento, quase exclusivamente nos Atos dos Apóstolos e nas Cartas. Nos Evangelhos aparece três vezes, só em Mateus. A palavra significa literalmente “convocada” ou “escolhida”. Ela indica o povo que se reúne convocado pela Palavra de Deus e procura viver a mensagem do Reino que Jesus trouxe. A Igreja ou a comunidade não é o Reino de Deus, mas sim um instrumento e uma amostra do Reino. O Reino é maior. Na Igreja, na comunidade deve ou deveria aparecer aos olhos de todos aquilo que acontece quando um grupo humano deixa Deus reinar e tomar conta de suas vidas.
Pedro, Pedra
Jesus deu a Simão o apelido de pedra (Pedro). Pedro era fraco na fé, duvidou, tentou desviar Jesus, teve medo no horto, dormiu e fugiu, não entendia o que Jesus falava. Ele era como os pequenos que Jesus proclamou felizes. Pedro era apenas um dos doze e deles se fazia porta-voz. Mais tarde, depois da morte e ressurreição de Jesus, a sua figura cresceu e se tornou símbolo da comunidade.
Hoje, junto com toda a Igreja celebramos a festa dos apóstolos Pedro e Paulo. Ambos são considerados as duas grandes colunas da Igreja.
Provindo de realidades diferentes, Pedro é pescador pobre da Galileia, Paulo é um judeu culto de origem romana. Os dois são conquistados por Jesus Cristo e fazem de sua vida uma paixão pelo reino como seu Mestre, até dar a vida no martírio.
O texto sobre o qual hoje somos convidados a refletir é fundamental no evangelho de Mateus. Depois de sua missão na Judeia, Jesus parte para terras estrangeiras, Cesareia de Filipe, no meio de uma confusão crescente e com aceitação discutida.
Leva seus discípulos e discípulas para fazer um balanço de sua missão neste momento crítico. Jesus surpreende aos seus com a pergunta: “Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?” (Mt 16,13b)
Por que Jesus quer saber isso? Mera curiosidade?
Por que Jesus quer saber isso? Mera curiosidade? Como o diz Lucas em seu evangelho, Jesus cresce em sabedoria e graça, em consciência de sua identidade de ser Filho de Deus e Messias.
Primeiro cresceu com seus pais, com as leituras da lei e dos profetas, com a oração dos salmos; depois com João no deserto, mais sobretudo na intimidade de sua comunhão com o Pai e guiado interiormente pelo Espírito.
Na relação com as pessoas, especialmente com os mais pobres, foi compreendendo o amor infinito do Pai por cada um deles, e sua consciência foi adquirindo a sabedoria do Reino e sua responsabilidade por ele.
E agora Jesus percebe que circula entre o povo diferentes expectativas sobre sua missão e uma imagem um pouco distorcida dele. Então se submete ao humilde e necessário ato de discernimento, mais um passo no crescimento de sua consciência, de sua responsabilidade diante do amor e da salvação que o Pai colocava em suas mãos.
Pela resposta que dão os discípulos, podemos concluir que, no dizer geral do povo, Jesus era um profeta, o profeta de Nazaré.
Se a primeira pergunta os surpreendeu, imaginem o que terá ocasionado neles esta segunda: “E vocês, quem dizem que eu sou?”
Antes de continuar lendo, peçamos luz ao Espírito Santo e respondamos a Jesus quem é Ele para nós?
Pedro em nome dos demais responde rapidamente: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”.
Esta confissão de fé em Jesus Cristo é semelhante àquela que Marta faz para Jesus por ocasião da morte de Lázaro: “Eu acredito que tu és o Messias, o Filho de Deus que devia vir a este mundo” (Jo 11,27).
As duas confissões são inspiradas pelo Espírito Santo, por isso Jesus parabeniza Pedro, porque foi o Pai quem lhe deu a conhecer a verdade sobre Jesus.
Essa confissão é forte como a rocha e por isso Jesus lhe concede as chaves do Reino. Coloca-o à frente para que junto com os outros seguidores/as de Jesus continuem o projeto do Pai.
O Reino de agora em diante é dos homens e as mulheres. O impossível converteu-se em nosso dote, em nosso tesouro. A Igreja está a serviço do Reino. Ressalta o Papa Francisco: O verdadeiro poder é o serviço. Ele também lembra que "O caminho do Senhor é o Seu serviço: assim como Ele fez o Seu serviço, nós devemos ir atrás dele, o caminho do serviço. Esse é o verdadeiro poder na Igreja. Eu gostaria hoje de rezar por todos nós para que o Senhor nos dê a graça de entender que o verdadeiro poder na Igreja é o serviço”.
Agora Jesus abre os olhos de sua comunidade, alertando-a das dificuldades pelas quais vão passar. Adverte-os de que na vida cristã comprometida com o Reino haverá lutas, oposições, mas nada hão de temer, porque “o poder da morte não poderá sobre ela”!
Desta maneira Jesus antecipa sua vitória, não afasta o sofrimento, nem da sua vida nem da vida da sua comunidade, mas oferece a esperança da vitória, de que a morte não terá a última palavra nem sobre o Cristo, nem sobre seu Corpo! Seria uma contradição.
Fundada numa fé forte como a rocha e confiante nestas palavras de Jesus, as comunidades cristãs caminham entre luzes e sombras, buscando servir os homens e mulheres de todos os tempos como aprendeu de seu Mestre e Senhor, para que todos tenham vida, e vida em abundância.
Nesta festa lembramos todas aquelas discípulas e discípulos de Jesus que deram a vida em fidelidade ao Projeto do Pai: “Deixemos de lado tudo o que nos atrapalha e o pecado que se agarra a nós. Corramos com perseverança, mantendo os olhos fixos em Jesus, autor e consumador da fé. Levantem as mãos cansadas e fortaleçam os joelhos enfraquecidos. Endireitem os caminhos por onde terão que passar, a fim de que o aleijado não manque, mas seja curado” (Hb 12,1-2.12- 13).
Como evangelho deste domingo, escolheu-se a história do caminho de Cesareia de Felipe. O relato mais antigo está em Marcos 8,27-38, que se tornou o pivô de todo aquele Evangelho. A estrutura de Mateus é diferente. Porém, o relato tem a mesma finalidade, ou seja, clarificar quem é Jesus e o que significa ser seu discípulo.
A pedagogia do relato é interessante. Primeiro Jesus faz uma pergunta aparentemente inócua: “Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?” Assim recebe diversas respostas, pois esta pergunta não compromete, uma vez que tem a ver a compreensão de terceiros.
Mas, a segunda pergunta traz a facada: “E vocês, quem dizem que eu sou?” Agora, não vêm muitas respostas, pois quem responde em nome pessoal, e não dos outros, se compromete com as consequências. Pedro, representante dos Doze, se arrisca e proclama a verdade sobre Jesus: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. Aparentemente, Pedro acertou. E realmente, em Mateus, Jesus confirma a verdade do que Pedro proclamou. Jesus afirmou que foi através de uma revelação do Pai que Pedro fez a sua profissão de fé. Mas, para que entendamos bem o trecho, é necessário que continuemos a leitura pelo menos até v. 25. Pois, o assunto é mais complexo do que possa parecer.
Após afirmar que Pedro tinha falado a verdade, Jesus logo explica o que significa ser o Messias. Não era ser glorioso, triunfante e poderoso, conforme os critérios deste mundo. Muito pelo contrário, era ser fiel à sua vocação como Servo de Javé. As consequências dessa fidelidade ao Pai eram prisão, a tortura e o assassinato, dando a vida em favor de muitos. Jesus confirmou que, de fato, era o Messias, mas não do jeito que Pedro quis. Ele, conforme as expectativas do povo do seu tempo, esperava um Messias forte e dominador. Não um que pudesse ir e levar os seus seguidores com ele até a cruz. Por isso, Pedro tenta demover Jesus, pedindo que nada disso acontecesse.
Como recompensa, ganha uma das frases mais duras da Bíblia: “Fique atrás de mim, satanás, você é uma pedra de tropeço para mim, pois não pensa as coisas de Deus, mas dos homens!” (v. 23). Pedro, cuja proclamação de fé em Jesus como filho de Deus e cujo reconhecimento de Jesus como pedra angular da Igreja (vv. 16.18), é agora chamado de Satanás – o Tentador por excelência – e “pedra de tropeço” para Jesus. Pedro tinha os títulos certos para Jesus, mas a prática errada.
Assim, Jesus usa o equívoco de Pedro para explicar o que significa ser seguidor dele: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me” (v. 24). Ter fé em Jesus não é, em primeiro lugar, um exercício intelectual ou teológico, mas uma prática: o seguimento dele na construção do seu projeto, até as últimas consequências.
Hoje, a segunda pergunta de Jesus ainda ressoa forte para nós: quem é Jesus para vocês, para cada um de nós pessoalmente?
No fundo, a resposta se dá, não com palavras, mas pela maneira como vivemos e nos comprometemos com o seu projeto – Ele que veio para que todas as pessoas “tivessem a vida e a vida plenamente” (Jo 10,10). Cuidemos para que não caiamos na tentação do equívoco de Pedro, a de termos a doutrina certa, mas a prática errada; de cairmos na tentação de substituir o caminho humilde e serviçal da cruz pela pompa e ritual; de esquecermos os valores do Reino de Deus para substituí-los com os valores da sociedade vigente. Pedro aprendeu ao longo da vida o que é ser discípulo, pois terminou crucificado também, mas não foi fácil a mudança de mentalidade.
Paulo também teve que despojar-se de toda a sua formação farisaica, quando descobriu que a Lei não salva ninguém, mas somente a graça de Deus mediante a fidelidade de Jesus.
Esta opção é pedra de toque para a nossa fidelidade como cristãos. Torna-se, portanto, importante lembrar o ensinamento de Jesus sobre o discipulado: Ele não veio para ser servido, mas para servir (Mt 20,28).
As Igrejas do Oriente e do Ocidente contemplam no dia 29 de junho [no Brasil, neste ano, a solenidade é celebrada no domingo seguinte, 1º de julho] o abraço dos santos Pedro e Paulo, os “corifeus” dos apóstolos, um termo que designava os líderes do antigo coro grego e que sugere, portanto, uma imagem coral da Igreja, chamada à unidade sinfônica, ao acordo das vozes e dos corações – uma meta para a qual sempre estamos a caminho…
Pedro e Paulo foram testemunhas e anunciadores do Cristo crucificado e ressuscitado, cada um com sua própria originalidade, sem abdicar do próprio “estilo” muito pessoal, da própria índole, dos próprios impulsos na fé e no amor, assim como sem calar as próprias quedas, as próprias contradições, os próprios passos em falso.
Duas histórias que narram, na concretude situada de uma biografia humana, o dom e o mistério do chamado, da fé, da conversão: quem negará o Cristo é também aquele que tem a graça de confessá-lo como Senhor e Filho do Deus vivo, enquanto o perseguidor da Igreja se tornará seu “paraninfo” – é assim que a tradição oriental designa Paulo, que apresenta “a Igreja como esposa ao Cristo esposo”.
Em caminhos diferentes que seguiram as pegadas de Cristo, para levar seu Evangelho até as extremidades da terra, como canta a liturgia bizantina: “Eles são as asas do conhecimento de Deus que percorreram voando os confins da terra e se levantaram até o céu; são as mãos do evangelho da graça, os pés da verdade do anúncio, os rios da sabedoria, os braços da cruz”.
E seu testemunho encontrou uma convergência definitiva no martírio, na morte sofrida em Roma: assim, “o Ocidente oferecerá a Cristo duas coroas resplandecentes, cujo perfume se espalhou por toda a parte. O Ocidente no qual entraram em declínio os dois astros, os dois apóstolos sepultados, que lá fazem resplandecer raios que nunca entram em declínio. Eis: Simão superou o sol, e o Apóstolo eclipsou a lua” (Efrém, o Sírio).
“E vós, quem dizeis que eu sou?” A pergunta de Cristo encontrou nas palavras, nas escolhas, na vida e na morte de Pedro e Paulo uma resposta convicta e convincente. Mas essa pergunta continua vibrando, hoje, para cada cristão e para toda a Igreja: quem é Cristo para nós?
E a resposta, inevitavelmente, não pode se limitar a uma mera profissão de fé em palavras, a uma fórmula teológica, mas pede para ser traduzida em palavras capazes de vida, em gestos carregados de esperança, em ações capazes de contar o amor.
Paulo pergunta aos cristãos de Roma e a nós com eles: “Quem nos poderá separar do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada?”. O Apóstolo mesmo, na companhia de Pedro, nos sugere a resposta, embebida em uma confiança inquebrantável naquele que “morreu ou, melhor, ressuscitou”: “Estou convencido de que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem os poderes nem as forças das alturas ou das profundidades, nem qualquer outra criatura, nada nos poderá separar do amor de Deus, manifestado em Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 8, 35-39; trad. Bíblia Pastoral).
Que essa seja a palavra da fé, também para nós, daquela fé que repousa sobre a rocha de um fundamento inabalável (cf. Mt 16, 18), daquela fé que confirma os irmãos (cf. Lc 22, 32).
A liturgia deste final de semana nos convida à solenidade de dois grandes nomes na história da Igreja: São Pedro e São Paulo. A tradição nos conta que eles são duas colunas de nossa Igreja e ao celebrá-los estaremos fazendo memória de suas vidas e martírios. Em Roma, já nos idos dos anos 60 d.C, Pedro é crucificado e Paulo é decapitado.
Em Atos dos Apóstolos, encontramos um relato no mínimo intrigante se contextualizarmos para os dias atuais. Na passagem, a igreja primitiva, os/as seguidores/as de Jesus de Nazaré, o Ressuscitado, já começam a incomodar o Império Romano, a vivência da proposta do Reino pregado por Jesus de certa forma se contrapõe ao modelo vigente. Tiago, um dos apóstolos, uma das lideranças, já fora morto a golpes de espada (At 12, 1-2). E como isso agradava aos judeus (v. 3), Pedro agora também estava preso e seria apresentado ao “povo”. Mas eis que um anjo do Senhor vem ao seu auxílio e o liberta das correntes, dos soldados, da prisão. Enquanto Pedro estava preso a Igreja-Comunidade estava unida em oração. Mas o fato é que terminamos esta leitura com um Pedro, liberto das mãos de Herodes e de tudo o que o povo judeu queria fazer com ele (v. 11), ou seja, fugitivo da condição de preso do Império Romano. Podemos nos perguntar quem hoje é Pedro, quem é Herodes e quem são os judeus, mas voltando ao período bíblico, a garra do opressor não deixa Pedro em paz, e anos depois, ele sofre seu martírio.
Pedro, que era discípulo de Jesus teve alguns deslizes², contudo entendeu seu papel na construção do Reino, e assim o protagonizou, inclusive sendo a pedra na qual Cristo construiria sua Igreja (Mc 16,18a). Esta autoridade e reconhecimento de Jesus a Pedro se dá depois que este, professa sua fé em Jesus como sendo o Messias, filho do Deus vivo. Mas nos atentemos ao fato de que a Igreja é de Cristo, Pedro é apenas instrumento para a edificação da Igreja.
Também Paulo, que era (Saulo) um perseguidor dos cristãos, se converte transformando-se em uma das figuras mais importantes da igreja primitiva, sendo responsável por animar comunidades cristãs em diferentes localidades e realidades, vai também sofrer as consequências de ser fiel ao Evangelho de Jesus Cristo, de ter combatido o bom combate e de ter conservado a fé (2Tm 4, 7).
Estas duas figuras conviveram juntas: a vida doada para continuar o anúncio da Boa Nova e o fazer missão levando a pessoa e a proposta de Jesus os aproximou, o que não significou que a relação entre os dois não tenha tido tensões, como exemplificado no relato do Concílio de Jerusalém³ .
Os modelos de igrejas representados por Pedro e Paulo têm muito a nos dizer hoje, mas devemos tomar cuidado para que nossas leituras não sejam mais excludentes que inclusivas. Muitos/as usam o texto do Evangelho deste domingo, para fundamentar que esta Igreja é melhor que aquela. Ora, o termo bíblico original – eklesia, do grego, seria melhor traduzido por assembleia do que por igreja. Assim, Pedro é aquele que deve dar estabilidade e firmeza a comunidade dos/as seguidores/as de Jesus. A Igreja enquanto instituição religiosa só vai aparecer depois da consolidação das primeiras comunidades cristãs, por volta dos anos 80.
Ao receber as chaves do Reino dos Céus, Pedro pode ligar e desligar (Mc 16, 19). Dar liga, é algo que nossas mães e avós sabem muito bem o que significa. Pedro podia então, dentro da proposta de Reino instaurado por Jesus, dar liga, acrescentando ou não ingredientes à comunidade: fraternidade, partilha, vida eram bem vindos; opressão, injustiça, segregação não; os primeiros estavam ligados, estes últimos desligados.
Assim por dar liga ao reino, e serem fermentos na massa, Pedro e Paulo foram martirizados. Estamos às vésperas da Romaria dos/as Mártires da Caminhada, na Prelazia de São Félix do Araguaia (16 e 17/07 em Ribeirão Cascalheira/MT). Como a história dos mártires de nossa época nos inspira? Como dar liga em nossas comunidades hoje, para fazermos delas verdadeiros lugares de profecias contra os impérios e sistemas vigentes? Como vivemos nossa missionariedade, nos desafiando a sairmos de nosso lugar de conforto e segurança para irmos onde haja a necessidade da Boa Notícia?
Por fim, vale lembrar que hoje temos como papa, sucessor de Pedro, Francisco. Valeria muito conversarmos como ele hoje nos inspira a viver e a buscar o Reino de Deus, dando liga à humanidade e sendo alicerce para mudanças inclusive na própria Igreja Católica Romana que deixa esta casa mais segura, sendo construída na rocha e não na areia.
[1] Pedro Caixeta: CEBI GO / Coordenador Nacional da PJ (2006 – 2009)
[2] Analise as atitudes de Pedro nas seguintes passagens: Mc 8, 27-33; Mc 9, 2-13; Jo 13, 1-11; Mt 26, 69-75;.
[3] Veja em At 15.
(Traduzido automaticamente pelo Tradutor Google. Para conferir, veja o original em espanhol logo após o texto em português)
SOLENIDADE DOS SANTOS PEDRO E PAULO
Primeira Leitura: Atos 12,1-11
Este episódio narra a perseguição sofrida pela Igreja primitiva de Jerusalém pelas mãos da autoridade política, o Rei Herodes Agripa I, que reinou de 41 d.C. até sua morte em 44 d.C. Essa perseguição incluiu a morte de Tiago (o mais velho, filho de Zebedeu e irmão de João) e a prisão de Pedro. Tudo isso foi feito para agradar ao povo judeu. Ao mesmo tempo, narra a transição da autoridade sobre a Igreja Mãe de Jerusalém do Apóstolo Tiago para o Apóstolo Pedro. De fato, a oração de toda a comunidade em favor de Pedro é comovente: "a Igreja não cessava de orar por ele" (Atos 12:1). Essa oração foi ouvida, e Pedro foi milagrosamente libertado da prisão. Ele termina confessando a proteção especial do Senhor sobre ele. Assim, como J. Fitzmyer observa 1 , "para Lucas, o episódio é importante não apenas porque revela o poder da fé e da oração cristãs, mas também a fidelidade de Deus que nunca abandona seus agentes escolhidos".
Segunda Leitura: 1 Tim 4,6-8.17-18
Paulo está ciente de que está se aproximando do fim de sua vida e expressa seus sentimentos antes de entrar na presença do Senhor. Ele reconhece que teve que lutar muito em sua vida, mas venceu, manteve a fé e agora aguarda a recompensa, a coroa, do Senhor a quem serviu tão fielmente. Ao mesmo tempo, ele está muito ciente da presença e da ação do Senhor em sua vida, a quem, em última análise, atribui o triunfo. Essa "lembrança grata" o encoraja a continuar esperando e confiando no Senhor.
Evangelho: Mt 16,13-19
A Confissão de Fé de Pedro em Cesareia inaugura uma nova etapa no ministério messiânico de Jesus, pois a partir daquele momento ele começa a revelar algo novo, algo que não havia ensinado anteriormente: a proclamação de sua Paixão (cf. Mt 16,21). Além disso, esse ato de fé no caráter messiânico de Jesus marca uma clara reviravolta teológica no Evangelho. De fato, pela primeira vez Jesus questiona seus discípulos sobre si mesmo e recebe uma confissão muito clara de seu caráter messiânico. De tudo isso, conclui-se que essa passagem é central para o Evangelho , pois aborda os temas da identidade de Jesus e da Igreja .
Jesus pergunta aos seus discípulos sobre a opinião do povo a respeito do "Filho do Homem", isto é, sobre si mesmo. Os discípulos compartilham suas opiniões sobre quem é Jesus: João Batista; Elias; Jeremias; ou um dos profetas . É inegável que Jesus foi ganhando prestígio crescente durante seu ministério na Galileia e que ele deve ter sido um grande ponto de interrogação tanto para o povo quanto para as autoridades e, portanto, uma figura cuja identidade eles buscavam descobrir. Entre as respostas do povo, destaca-se a identificação com Elias, que viria preparar a chegada do Messias. Como bem aponta U. Luz 3 , além das diversas opiniões, o importante é que as pessoas não determinam corretamente a verdadeira identidade de Jesus porque, embora reconheçam nele uma dimensão profética, não descobriram seu caráter messiânico ou divino.
Segue-se a mesma pergunta dirigida a todos os seus discípulos, mas respondida apenas por Pedro: "Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo". Assim, Pedro confessa a identidade de Jesus, sua messianidade e sua divindade; isto é, Jesus é mais do que um profeta ou precursor do Messias. Ele é o próprio Messias; de fato, ele é o Filho do Deus vivo.
Após esta confissão de fé, Jesus dirige algumas palavras exclusivamente a Pedro. Primeiro, declara-o bem-aventurado, feliz (μακάριος), porque chegou a este conhecimento de si mesmo por meio de uma revelação do Pai (cf. Mt 11,25-30), não como fruto da natureza humana ("carne e sangue"). Em seguida, confia-lhe uma missão especial ligada ao "sobrenome" ou apelido que lhe dá: ser a rocha sobre a qual a Igreja será construída (o nome Pedro está ligado ao de pedra, segundo a origem grega deste termo: pe, tra).
petra). Já em Jo 1,42, faz-se referência a este novo nome para Pedro: "Então, o levou a Jesus, e Jesus, olhando para ele, disse: 'Tu és Simão, filho de João; serás chamado Cefas' (Κηφᾶς), que traduzido significa Pedro (Πέτρος)." Em João, o aramaico original usado por Jesus é preservado, onde ele literalmente chama Simão de "rocha" (kηφᾶς). Em Mateus 16,18, Jesus lhe diz: 'Tu és Pedro (Πέτρος), e sobre esta pedra (πέτρᾳ) edificarei a minha igreja'. Já no Antigo Testamento, a pedra simboliza o lugar que permite apoio firme e segurança (cf. Sl 62,3: 'Só ele é a minha rocha, a minha salvação, a minha fortaleza; não serei abalado'). Por sua vez, no Sermão da Montanha, Jesus compara aquele que escuta e obedece à sua palavra com alguém que constrói a sua casa sobre a rocha (pe,tra) para mostrar a sua solidez (cf. Mt 7, 24-25).
O termo ekklesía (igreja) traduz o hebraico qahal , que significa "convocação". Refere-se ao grupo de pessoas que se reuniram porque foram chamadas por Deus. Mateus se refere ao novo povo de Deus, a Igreja, que surgiu para substituir Israel como um sinal histórico e sociológico da presença do Reino de Deus .
A fé de Pedro é, portanto, a rocha que dará tal solidez ou firmeza à Igreja que o reino da morte ( Hades ) não prevalecerá contra ela. Ou seja, garante a permanência da fé da Igreja além da morte . Nesta Igreja, Jesus concede a Pedro o poder (simbolizado pelas chaves) de ligar e desligar, isto é, de admitir e excomungar; de permitir e proibir; de perdoar e condenar, de aprovar ou desaprovar interpretações do Evangelho.
O lugar preeminente de Pedro nos Evangelhos e em alguns outros escritos do Novo Testamento é inegável. Isso é reconhecido não apenas pela tradição exegética católica, mas também pela tradição protestante. A este respeito, vale a pena citar "in extenso" U. Luz, que pertence à tradição evangélica 5 : "Finalmente, é claro que Pedro tem uma função inalienável a exercer na Igreja: ele é o fundamento, diferente de tudo o que depois é construído sobre ele. De forma não explícita, mas alusiva, também aparece a ideia da unidade da Igreja, que se apoia sobre um fundamento. […] As portas do Hades como paradigma do reino dos mortos, invencível para os humanos, não serão mais fortes do que a Igreja construída sobre a rocha. Isso significa para a Igreja a promessa de perenidade enquanto durar este tempo terreno, pois seu Senhor estará com ela sempre, até o fim do mundo (Mt 28,20) […] Agora é indicado onde reside a função de Pedro como rocha. Não se trata mais da construção da Igreja, mas das chaves do Reino dos Céus… A missão de Pedro é abrir o Reino dos Céus aos homens, especificamente com sua interpretação autorizada da Lei; Ele deve expor a vontade de Deus à luz de Jesus para conduzir os homens por esse caminho estreito, no fim do qual se abre a porta estreita para o reino dos céus (cf. 7,13ss). As chaves do céu são, portanto, os preceitos de Jesus que Pedro proclama e expõe. Simão é o porteiro e a rocha, a garantia e o fiador dos ensinamentos de Jesus.
A preeminência de Pedro parece ligada ao seu temperamento e à sua fé . Ao seu temperamento , pois Pedro parece ser um homem empreendedor, um líder que toma iniciativas quando seus irmãos ficam para trás e, às vezes, até parece imprudentemente impulsivo. Ele é o Pedro que pede a Jesus que ande sobre as águas em sua direção; que demonstra grande coragem, mas no momento da verdade é vencido pelo medo e renega Jesus; que fala quando Jesus desafia seus discípulos a irem embora... Mas essa iniciativa, ligada ao seu temperamento, fica em segundo plano em relação ao conteúdo de sua confissão de fé. De fato, é ele quem confessa a natureza messiânica de Jesus no episódio de Cesareia de Filipe e, por isso mesmo, Simão precede seus irmãos na fé.
Algumas reflexões:
Acima de tudo, este Evangelho nos ensina que o verdadeiro conhecimento de Cristo vem do próprio Deus, do Pai; é uma revelação, uma graça, um dom celestial. É o Pai quem revela aos discípulos a verdadeira identidade de Jesus . Por isso, é necessário acolher e fazer nossa a oração insistente recomendada por Santo Inácio para a segunda semana dos Exercícios: "Peçam um conhecimento interior do Senhor, que por mim se fez homem, para que eu possa amá-lo mais e segui-lo mais" (EE n.º 104). Peçam ao Pai que nos conceda o verdadeiro conhecimento de Jesus.
O outro ensinamento do Evangelho, desta vez em chave eclesial, é que é necessário integrar o grupo dos discípulos, unir-se à comunidade, à Igreja, para conhecer Jesus em profundidade . E isso porque o Pai revelou a Pedro e aos outros discípulos a identidade de Jesus. A Igreja é a destinatária e fiel guardiã dessa Revelação, desse "depósito" da fé. Como H. U. von Balthasar 6 corretamente observa , o atributo ou propriedade de ser uma "rocha" que dá confiabilidade à fé é próprio de Deus no Antigo Testamento e de Cristo no Novo; mas Ele escolheu compartilhar essa propriedade com Pedro e seus sucessores. E o mesmo pode ser dito do poder das chaves, que também é "compartilhado" com indivíduos específicos.
Surge aqui a questão da necessidade da Igreja como mediação humana do mistério de Cristo. Desde o início, sempre houve tendências gnósticas que buscavam "contornar" essa mediação da Igreja. Essas tendências gozam de grande relevância e cobertura midiática hoje. Mas isso nega tanto o testemunho do Evangelho quanto o próprio realismo da Encarnação, levando ao extremo uma pedagogia de Deus que vem do Antigo Testamento. De fato, o Reino de Deus que Jesus torna presente é essencialmente comunitário e se refere a um povo específico para o qual é destinado e que é chamado a acolhê-lo e torná-lo visível. Como bem diz R. Aguirre 7 : "Se Deus intervém na história com um projeto para a humanidade, essa transformação deve começar em algum ponto específico no tempo e no espaço. O Reino de Deus não se identifica simplesmente com um povo específico, mas implica a dinâmica de encarnar-se em um povo específico. A responsabilidade de Israel no Antigo Testamento e da Igreja no Novo Testamento é aceitar o Reino de Deus e tornar visível a transformação humanizadora que a aceitação dessa soberania de Deus acarreta."
E o mesmo se aplica à missão de "rocha" confiada a Pedro. J. Ratzinger afirma a esse respeito : "Abraão, o pai de todos os crentes, é com sua fé a rocha que sustenta a criação, rejeitando o caos, o dilúvio original que tudo ataca e ameaça destruir. Simão, o primeiro a confessar Jesus como o Cristo e a primeira testemunha da ressurreição, torna-se agora, com sua fé cristologicamente renovada, a rocha que se opõe à maré vil da incredulidade e à sua força destrutiva da humanidade."
Quanto ao poder das chaves, podemos complementar o que foi dito acima com a seguinte reflexão: “Se prestarmos atenção aos paralelos no dito de Jesus ressuscitado, citado em Jo 20,23, torna-se evidente que a autoridade de ligar e desligar é essencialmente entendida como o poder de perdoar os pecados confiado a Pedro para a Igreja (cf. também Mt 18,15-18). No próprio cerne do novo ministério, que priva as forças da destruição da sua energia, está a graça do perdão. É esta graça que constitui a Igreja. A Igreja é fundada no perdão. A Igreja, na sua essência íntima, é o lugar do perdão, onde o caos é banido […] A Igreja só pode surgir onde o homem chega à sua verdade, e esta verdade consiste precisamente na sua necessidade da graça. Onde o orgulho o priva deste conhecimento, ele não encontra o caminho que o conduz a Jesus. As chaves do Reino dos Céus são as palavras do perdão, que só o poder de Deus garante” 9 .
Concluamos com a reflexão do nosso Pedro de hoje, o Papa Leão XIV, na homilia da celebração eucarística por ocasião do início do ministério petrino, em 18 de maio de 2025:
“Fui escolhido sem mérito algum e, com temor e trepidação, venho a vós como um irmão que deseja tornar-se servo da vossa fé e da vossa alegria, caminhando convosco no caminho do amor de Deus, que nos quer todos unidos numa só família. Amor e unidade: estas são as duas dimensões da missão que Jesus confiou a Pedro […] Irmãos e irmãs, gostaria que este fosse o nosso primeiro grande desejo: uma Igreja unida, sinal de unidade e comunhão, que se torne fermento para um mundo reconciliado .”
Em nosso tempo, ainda vemos muita discórdia, muitas feridas causadas pelo ódio, pela violência, pelo preconceito, pelo medo do diferente, por um paradigma econômico que explora os recursos da Terra e marginaliza os mais pobres. E queremos ser, dentro dessa massa, um pequeno fermento de unidade, comunhão e fraternidade. Queremos dizer ao mundo, com humildade e alegria: Olhem para Cristo! Aproximem-se dEle! Acolham a Sua Palavra que ilumina e consola! Escutem a Sua proposta de amor para formar a Sua família única: no único Cristo, somos um . E este é o caminho que devemos percorrer juntos, unidos entre nós, mas também com as nossas Igrejas cristãs irmãs, com aqueles que percorrem outros caminhos religiosos, com aqueles que cultivam a inquietação da busca de Deus, com todas as mulheres e homens de boa vontade, para construir um mundo novo onde reine a paz.
Este é o espírito missionário que deve nos inspirar, sem nos limitarmos ao nosso pequeno grupo nem nos sentirmos superiores ao mundo; somos chamados a oferecer a todos o amor de Deus, para que se alcance a unidade, que não apaga as diferenças, mas valoriza a história pessoal de cada um e a cultura social e religiosa de cada povo.
Irmãos e irmãs, esta é a hora do amor! A caridade de Deus, que nos torna irmãos e irmãs, é o coração do Evangelho. Com o meu predecessor Leão XIII, podemos perguntar-nos hoje: se esta caridade prevalecesse no mundo, «não parece que toda a discórdia se extinguiria em breve onde quer que se enraizasse na sociedade civil?» (Carta Encíclica Rerum Novarum , 20).
Com a luz e a força do Espírito Santo, construamos uma Igreja fundada no amor de Deus e sinal de unidade, uma Igreja missionária que abre os braços ao mundo, anuncia a Palavra, deixa-se desafiar pela história e se torna fermento de harmonia para a humanidade.
Juntos, como um só povo, todos como irmãos, caminhemos em direção a Deus e amemos uns aos outros.”
PARA ORAÇÃO (RESSONÂNCIAS DO EVANGELHO EM UMA ORAÇÃO):
Amigos
Amigo de Jesus, Pedro recebeu sua confiança
A missão atribuída era cheia de esperança:
O futuro do seu Povo, para assimilar a Verdade,
E conduza o rebanho para onde ELE está.
Se o que contemplamos é somente ao seu lado
Isso nos faz exclamar: “Ele é o Filho de Deus”.
O Messias que nos salvará”
A missão é cumprida, até o ponto de dar a vida.
Pablo queria abrir ainda mais as portas
Para outros órfãos deste mundo.
Eles estavam procurando um Pai amoroso
Ele lhes fez conhecer o desconhecido e o único.
E o edifício bem unido foi construído
Para abrigar homens e mulheres
De todos os lugares, idades, nações e direções
E o trabalho continua com nossas mãos vivas
As chaves que nos libertam estão neles
E a Igreja sempre triunfa nas batalhas
Em teus tempos, em tua oração e em teu caminho
Tenha misericórdia dela nestes tempos difíceis.
Bem, tudo parece escuro e os ventos sopram forte
Navegue conosco dormindo ou acordado
Tu és o Rei do Universo, Senhor
Mostra-nos a tua glória, como fizeste com Paulo e Pedro. Amém
1 Atos dos Apóstolos II (Segue-me; Salamanca 2003) 110.
2 Cf. P. Bonnard, O Evangelho segundo São Mateus (Cristianismo; Madrid 1983 2 ) 360.
3 Cf. U. Luz, Evangelho segundo São Mateus, vol. II (Segue-me; Salamanca 2001) 603.
4 "Depois de o evangelista ter narrado, em várias etapas, como Jesus e seus discípulos se "retiraram" de Israel, Jesus agora anuncia, quando fica claro que os discípulos também se separaram do povo, a construção da "sua Igreja". Para Mateus, que narra a história de Jesus de forma transparente à história da sua Igreja, trata-se agora da "fundação" da Igreja", U. Luz, El Evangelio según San Mateo vol. II (Sígueme; Salamanca 2001) 606.
5 O Evangelho segundo São Mateus, Vol. II (Segue-me; Salamanca 2001) 606-610.
6 Luz da Palavra. Comentário às Leituras Dominicais (Encuentro; Madri 1998) 99.
7 Do Movimento de Jesus à Igreja Cristã. Um Ensaio sobre a Exegese Sociológica do Cristianismo Primitivo, Estella 1998, 57-58.
8 J. Ratzinger, A Igreja. Uma Comunidade Sempre em Movimento (San Pablo; Buenos Aires 2005) 52.
9 J. Ratzinger, A Igreja. Uma Comunidade Sempre em Movimento (San Pablo; Buenos Aires 2005) 59-60.
SOLEMNIDAD DE SAN PEDRO Y SAN PABLO
Primera lectura: He 12,1-11
Este episodio narra la persecución sufrida por la primitiva Iglesia de Jerusalén por parte de la autoridad política, el rey Herodes Agripa I, quien reinó desde el año 41 d. C. hasta su muerte en el año 44 d. C. Esta persecución incluyó la muerte de Santiago (el mayor, hijo de Zebedeo y hermano de Juan) y el arresto de Pedro. Y todo esto para congratularse con el pueblo judío. Al mismo tiempo narra la transición de la autoridad sobre la Iglesia madre de Jerusalén que pasa del apóstol Santiago al apóstol Pedro. De hecho, es emotiva la oración de toda la comunidad en favor de Pedro: "la Iglesia no cesaba de orar por él" (He 12,). Y esta oración fue escuchada y Pedro fue liberado de forma milagrosa de su prisión y termina confesando la especial protección del Señor sobre su persona. Por tanto, como nota J. Fitzmyer1, "para Lucas el episodio es importante no sólo porque revela el poder de la fe y la oración cristianas, sino la fidelidad de Dios que nunca abandona a sus agentes elegidos".
Segunda Lectura: 1Tim 4,6-8.17-18
Pablo es consciente de estar llegando al final de su vida y manifiesta sus sentimientos antes de llegar a la presencia del Señor. Reconoce que ha tenido que luchar mucho en su vida, pero ha vencido, ha conservado la fe y ahora espera el premio, la corona, de parte del Señor a quien ha servido tan fielmente. Al mismo tiempo es muy consciente de la presencia y de la acción del Señor en su vida a Quien, en último término, atribuye el triunfo. Esta “memoria agradecida” lo alienta a seguir esperando y confiando en el Señor.
Evangelio: Mt 16,13-19
La Confesión de Fe de Pedro en Cesarea inaugura una etapa nueva del ministerio mesiánico de Jesús, pues a partir de ese momento comienza a manifestar algo nuevo; algo que antes no enseñaba: el anuncio de su pasión (cf. Mt 16,21). Además, este acto de fe en el carácter mesiánico de Jesús marca un claro hito teológico en el evangelio. En efecto, por primera vez Jesús pregunta a sus discípulos respecto de su propia persona y recibe una clarísima confesión de su carácter mesiánico. De todo esto se deduce que este pasaje es medular en el Evangelio pues se abordan los temas de la identidad de Jesús y de la iglesia2.
Jesús pregunta a sus discípulos sobre la opinión que tiene la gente acerca del "hijo del hombre", o sea de sí mismo. Los discípulos refieren las opiniones de la gente sobre quién es Jesús: Juan el Bautista; Elías, Jeremías o alguno de los profetas. Es innegable que Jesús fue logrando durante su ministerio en Galilea un prestigio creciente y que debió ser un gran signo de interrogación tanto para el pueblo como para las autoridades y, por ende, un personaje cuya identidad se procuró conocer. Entre las respuestas de la gente se destaca la identificación con Elías, que vendría a preparar la llegada del Mesías. Cómo bien señala U. Luz3, más allá de las diversas opiniones, lo importante es que la gente no acierta con la verdadera identidad de Jesús pues si bien le reconocen una dimensión profética, no han descubierto su carácter mesiánico ni divino.
Sigue luego la misma pregunta dirigida a todos sus discípulos pero contestada sólo por Pedro: "Tú eres el Mesías, el Hijo de Dios vivo". Así Pedro confiesa la identidad de Jesús, su mesianidad y su divinidad; o sea que Jesús es más que un profeta o precursor del Mesías. Es el mismo Mesías; más aún, es el Hijo de Dios vivo.
Luego de esta confesión de fe Jesús dirige unas palabras de manera exclusiva a Pedro. En primer lugar, lo declara bienaventurado, feliz (μακάριος), porque ha llegado a este conocimiento suyo por una revelación del Padre (cf. Mt 11,25-30), no como fruto de la naturaleza humana ("la carne y la sangre"). Acto seguido le confía una misión especial ligada al "sobrenombre" o apodo que le impone: ser la roca sobre la que se edificará la Iglesia (el nombre de Pedro se vincula con el de piedra según el origen griego de este término: pe ,tra
petra). Ya en Jn 1,42 se hacía referencia a este nombre nuevo de Pedro: "Entonces lo llevó a donde estaba Jesús. Jesús lo miró y le dijo: "Tú eres Simón, el hijo de Juan: tú te llamarás Cefas" (Κηφᾶς), que traducido significa Pedro (Πέτρος)". En Juan se conserva el original arameo utilizado por Jesús donde llama a Simón literalmente "piedra" (kηφᾶς). En Mateo 16,18 Jesús le dice: “Tú eres Pedro (Πέτρος), y sobre esta piedra (πέτρᾳ) edificaré mi iglesia”. Ya desde el Antiguo Testamento la piedra simboliza el lugar que permite tener firme apoyo, seguridad (cf. Sal 62,3: "sólo él es mi roca, mi salvación, mi baluarte; no vacilaré"). Por su parte, en el sermón del monte Jesús compara al que escucha y cumple sus palabras con alguien que construye su casa sobre roca (pe ,tra) para señalar la solidez de la misma (cf. Mt 7,24-25).
El término ekklesía (iglesia), por su parte, traduce el hebreo qahal con el sentido de convocatoria, son el grupo de personas que se han reunido porque han sido convocadas por Dios. En Mateo se hace referencia al nuevo pueblo de Dios, la Iglesia, que surge en reemplazo de Israel como signo histórico y sociológico de la presencia del Reino de Dios4.
La fe de Pedro es entonces la roca que dará tanta solidez o firmeza a la Iglesia que el reino de la muerte (Hades) no prevalecerá contra ella. Vale decir, garantiza la permanencia de la fe de la Iglesia más allá de la muerte. En esta Iglesia, Jesús le otorga a Pedro el poder (simbolizado por las llaves) de atar y desatar, es decir, de admitir y excomulgar; de permitir y prohibir; de perdonar y condenar, de aprobar o desaprobar interpretaciones del evangelio.
Indiscutible es el lugar preeminente de Pedro en los Evangelios y en algunos de los demás escritos neotestamentarios. Esto no sólo lo reconoce la tradición exegética católica sino también la protestante. Al respecto vale la pena citar "in extenso" a U. Luz quien pertenece a la tradición evangélica5: "Es claro, por último, que Pedro tiene una función intransferible que ejercer en la Iglesia: él es el cimiento, diferente de todo lo que se construya luego sobre él. De modo no explícito, pero alusivo, aparece también la idea de la unidad de la Iglesia, que descansa en un fundamento. […] Las puertas del Hades como paradigma del reino de los muertos, invencibles para los humanos, no serán más fuertes que la Iglesia construida sobre roca. Esto significa para la Iglesia la promesa de la perennidad mientras dure este tiempo terreno, ya que su Señor estará con ella todos los días hasta el fin del mundo (Mt 28,20) […] Ahora se indica dónde reside la función de Pedro como roca. No se trata ya del edificio de la Iglesia, sino de las llaves para el Reino de los cielos…la misión de Pedro es abrir a los hombres el reino de los cielos, concretamente con su interpretación autorizada de la Ley; debe exponer la voluntad de Dios a la luz de Jesús para conducir a los hombres por ese camino estrecho, al final del cual se abre la puerta estrecha del reino de los cielos (cf. 7,13s). Las llaves del cielo son, por tanto, los preceptos de Jesús que Pedro proclama y expone. Simón es portero y roca como fiador y garante de la enseñanza de Jesús".
La preeminencia de Pedro aparece ligada a su temperamento y a su fe. A su temperamento, pues Pedro aparece como un hombre emprendedor, un líder que toma iniciativas cuando sus hermanos se quedan y, en ocasiones, se muestra hasta temerariamente impulsivo. Es el Pedro que le pide a Jesús ir caminando sobre el agua hacia Él; que hace alarde de un gran coraje pero a la hora de la verdad lo vence el miedo y reniega de Jesús; que toma la palabra cuando Jesús desafía a sus discípulos a irse... Pero esta iniciativa, ligada a su temperamento, pasa a segundo plano ante el contenido de su confesión de fe. En efecto, es él quien confiesa la índole mesiánica de Jesús en el episodio de Cesarea de Filipo y, por esto mismo, Simón precede a sus hermanos en la fe.
Algunas reflexiones:
Ante todo, este evangelio nos enseña que el verdadero conocimiento de Cristo proviene del mismo Dios, del Padre; es una revelación, una gracia, un don celestial. Es el Padre quien revela a los discípulos la verdadera identidad de Jesús. Por tanto, es necesario asumir y hacer propia la insistente oración que recomienda San Ignacio para la segunda semana de los ejercicios: "pedir conocimiento interno del Señor, que por mí se ha hecho hombre, para que más le ame y le siga" (EE nº 104). Pedir al Padre que nos conceda conocer de verdad a Jesús.
La otra enseñanza del evangelio, esta vez en clave eclesial, es que hace falta integrar el grupo de los discípulos, unirse a la comunidad, a la Iglesia, para conocer en profundidad a Jesús. Y esto porque el Padre le ha revelado a Pedro y a los demás discípulos la identidad de Jesús. La Iglesia es la receptora y la fiel custodia de esta Revelación, de este "depósito" de la fe. Como bien nota H. U. von Balthasar6, el atributo o la propiedad de ser "roca" que otorga fiabilidad a la fe es propio de Dios en el Antiguo Testamento y de Cristo el Nuevo; pero que ha querido participar de esta propiedad a Pedro y a sus sucesores. Y lo mismo podemos decir de la potestad de las llaves, que también es "participada" a hombres concretos.
Surge aquí la cuestión de la necesidad de la Iglesia como mediación humana del misterio de Cristo. Desde los orígenes ha habido siempre tendencias gnósticas que buscaron "puentear" esta mediación de la Iglesia. Tendencias que hoy día gozan de gran actualidad y difusión mediática. Pero con esto se niega tanto el testimonio del evangelio como el realismo mismo de la Encarnación que lleva al extremo una pedagogía de Dios que viene ya del Antiguo Testamento. En efecto, el Reino de Dios que hace presente Jesús es esencialmente comunitario y está referido a un pueblo concreto a quien va destinado y que está llamado a aceptarlo y hacerlo visible. Como bien dice R. Aguirre7: “Si Dios interviene en la historia con un proyecto de humanidad, por algún punto concreto del tiempo y del espacio tiene que comenzar esta transformación. El Reino de Dios no se identifica simplemente con ningún pueblo concreto, pero sí conlleva la dinámica de encarnarse en uno determinado. La responsabilidad de Israel en el Antiguo Testamento y de la Iglesia en el Nuevo Testamento es aceptar el Reinado de Dios y visibilizar la transformación humanizante que supone la aceptación de esta soberanía de Dios”.
Y lo mismo vale para la misión de “roca” concedida a Pedro. Al respecto dice J. Ratzinger8: "Abrahán, el padre de todos los creyentes, es con su fe la roca que sostiene la creación, rechazando el caos, el diluvio originario que ataca y amenaza con arruinarlo todo. Simón, el primero que confesó a Jesús como el Cristo y primer testigo de la resurrección, se convierte ahora, con su fe renovada cristológicamente, en la roca que se opone a la sucia marea de la incredulidad y a su fuerza destructora de lo humano".
En cuanto a la potestad de las llaves podemos completar lo antedicho con la siguiente reflexión: "Si prestamos atención a los paralelos del dicho de Jesús resucitado, citado en Jn 20,23, resulta evidente que con la autoridad de atar y desatar se entiende esencialmente el poder de perdonar los pecados confiado en Pedro a la Iglesia (cf. también Mt 18,15-18). En el centro mismo del nuevo ministerio, que priva de energía a las fuerzas de la destrucción, está la gracia del perdón. Ella es la que constituye a la Iglesia. La Iglesia está fundada en el perdón. La Iglesia en su esencia íntima es el lugar del perdón, en el que queda desterrado el caos […] La Iglesia sólo puede surgir allí donde el hombre llega a su verdad, y esta verdad consiste justamente en que tiene necesidad de la gracia. Donde el orgullo le priva de este conocimiento, no encuentra el camino que le lleva a Jesús. Las llaves del Reino de los cielos son las palabras del perdón, que únicamente lo garantiza el poder de Dios"9.
Terminemos con la reflexión de nuestro Pedro de hoy, el Papa León XIV, en su homilía de la celebración eucarística con motivo del inicio del ministerio petrino el 18 de mayo de 2025:
“Fui elegido sin tener ningún mérito y, con temor y trepidación, vengo a ustedes como un hermano que quiere hacerse siervo de su fe y de su alegría, caminando con ustedes por el camino del amor de Dios, que nos quiere a todos unidos en una única familia. Amor y unidad: estas son las dos dimensiones de la misión que Jesús confió a Pedro […] Hermanos y hermanas, quisiera que este fuera nuestro primer gran deseo: una Iglesia unida, signo de unidad y comunión, que se convierta en fermento para un mundo reconciliado.
En nuestro tiempo, vemos aún demasiada discordia, demasiadas heridas causadas por el odio, la violencia, los prejuicios, el miedo a lo diferente, por un paradigma económico que explota los recursos de la tierra y margina a los más pobres. Y nosotros queremos ser, dentro de esta masa, una pequeña levadura de unidad, de comunión y de fraternidad. Nosotros queremos decirle al mundo, con humildad y alegría: ¡miren a Cristo! ¡Acérquense a Él! ¡Acojan su Palabra que ilumina y consuela! Escuchen su propuesta de amor para formar su única familia: en el único Cristo nosotros somos uno. Y esta es la vía que hemos de recorrer juntos, unidos entre nosotros, pero también con las Iglesias cristianas hermanas, con quienes transitan otros caminos religiosos, con aquellos que cultivan la inquietud de la búsqueda de Dios, con todas las mujeres y los hombres de buena voluntad, para construir un mundo nuevo donde reine la paz.
Este es el espíritu misionero que debe animarnos, sin encerrarnos en nuestro pequeño grupo ni sentirnos superiores al mundo; estamos llamados a ofrecer el amor de Dios a todos, para que se realice esa unidad que no anula las diferencias, sino que valora la historia personal de cada uno y la cultura social y religiosa de cada pueblo.
Hermanos, hermanas, ¡esta es la hora del amor! La caridad de Dios, que nos hace hermanos entre nosotros, es el corazón del Evangelio. Con mi predecesor León XIII, hoy podemos preguntarnos: si esta caridad prevaleciera en el mundo, «¿no parece que acabaría por extinguirse bien pronto toda lucha allí donde ella entrara en vigor en la sociedad civil?» (Carta enc. Rerum novarum, 20).
Con la luz y la fuerza del Espíritu Santo, construyamos una Iglesia fundada en el amor de Dios y signo de unidad, una Iglesia misionera, que abre los brazos al mundo, que anuncia la Palabra, que se deja cuestionar por la historia, y que se convierte en fermento de concordia para la humanidad.
Juntos, como un solo pueblo, todos como hermanos, caminemos hacia Dios y amémonos los unos a los otros”.
PARA LA ORACIÓN (RESONANCIAS DEL EVANGELIO EN UNA ORANTE):
Amigos
Amigo de Jesús, Pedro recibió tu confianza
La misión asignada estaba llena de esperanza:
El futuro de su Pueblo, asimilar la Verdad,
Y conducir al rebaño adonde ÉL está.
Si lo que contemplamos solo a tu lado
Nos hace exclamar: “es el Hijo de Dios
El Mesías que nos va a salvar”
La misión está cumplida, hasta dar la vida.
Pablo quiso abrir las puertas más allá
A otros huérfanos de este mundo.
Buscaban a un Padre amoroso
Les dio a conocer lo desconocido y único.
Y el Edificio bien trabado se fue construyendo
Para albergar a hombres y mujeres
De todo lugar, edad, nación y rumbo
Y la obra continúa con nuestras manos vivas
Las llaves que nos liberan están en ellas
Y la Iglesia triunfa siempre en las batallas
A tus Tiempos, en oración y a tu Manera
Ten piedad de Ella en estas épocas bravas.
Pues todo parece oscuro y los vientos soplan recios
Navega con nosotros dormido o despierto
Tú eres el Rey de Universo, Señor
Muéstranos tu Gloria, como a Pablo y a Pedro. Amén
1 Los Hechos de los Apóstoles II (Sígueme; Salamanca 2003) 110.
2 Cf. P. Bonnard, El Evangelio según San Mateo (Cristiandad; Madrid 19832) 360.
3 Cf. U. Luz, El Evangelio según San Mateo vol. II (Sígueme; Salamanca 2001) 603.
4"Después de haber narrado el evangelista, en varias etapas, cómo Jesús y sus discípulos se "retiraron" de Israel, Jesús anuncia ahora, cuando se manifiesta claramente que los discípulos se han separado también del pueblo, la construcción de "su Iglesia". Para Mateo, que narra su historia de Jesús de modo transparente para la historia de su Iglesia, se trata ahora de la "fundación" de la Iglesia", U. Luz, El Evangelio según San Mateo vol. II (Sígueme; Salamanca 2001) 606.
5 El Evangelio según San Mateo vol. II (Sígueme; Salamanca 2001) 606-610.
6 Luz de la palabra. Comentario a las lecturas dominicales (Encuentro; Madrid 1998) 99.
7 Del movimiento de Jesús a la Iglesia cristiana. Ensayo de exégesis sociológica del cristianismo primitivo, Estella 1998, 57-58.
8J. Ratzinger, La Iglesia. Una comunidad siempre en camino (San Pablo; Buenos Aires 2005) 52.
9J. Ratzinger, La Iglesia. Una comunidad siempre en camino (San Pablo; Buenos Aires 2005) 59-60.