LINK AUXILIAR:
AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO
Primeira Leitura: Isaías 42,1-4.6-7
Salmo Responsorial 28(29) R- Que o Senhor abençoe, com a paz, o seu povo.
Segunda Leitura: Atos 10,34-38
Naquele tempo João Batista pregava dizendo: “Depois de mim vem aquele que é mais forte do que eu. Eu nem sou digno de, abaixando-me, desatar a correia de suas sandálias. 8 Eu vos batizei com água. Ele vos batizará com o Espírito Santo”.9 Naqueles dias, Jesus veio de Nazaré da Galileia e foi batizado por João, no rio Jordão. 10 Logo que saiu da água, viu o céu rasgar-se e o Espírito, como pomba, descer sobre ele. 11 E do céu veio uma voz: “Tu és o meu Filho amado; em ti está o meu agrado”.
DE DOM JÚLIO ENDI AKAMINE
O batismo de Jesus no Jordão levanta espontaneamente uma pergunta: pode o Filho de Deus se submeter a um rito de purificação? Como é possível que Aquele que veio salvar o povo do pecado possa descer às águas junto com a multidão dos pecadores? Pode Jesus confessar os pecados?
Essas questões não são meramente teóricas. Obrigam-nos a nos buscar o sentido do batismo de Jesus para nós.
O batismo de Jesus nos mostra que Deus não se afasta dos pecadores, mas quer, com eles, manter uma relação de proximidade. A imersão de Jesus nas águas leva-nos a compreender que ele penetra também na realidade humana, compartilha a nossa condição e inicia conosco uma companhia que conduz à libertação.
Jesus não precisa do batismo de conversão, mas se faz batizar em solidariedade aos pecadores. Ele se apresenta humilde, como servo que se confunde com a massa dos pecadores. No batismo Jesus carrega sobre si o peso da culpa de toda humanidade para mergulhá-la nas águas do Jordão. Ele começa a sua vida pública tomando o lugar dos pecadores. Ao fazer assim antecipa a sua Cruz na qual se cumprirá toda a justiça.
Além de solidariedade com a humanidade pecadora, o batismo revela que Jesus tem com o Pai uma relação particularíssima. A voz do céu: “Tu és meu filho amado, em ti eu me agrado”, revela a relação que Jesus tem com Deus.
No batismo se revelam essas duas relações: a relação com os pecadores e a relação com o Pai.
No batismo, Jesus revela que é o servo que assume sobre si os pecados do povo. Ele é o Filho que vive o seu ser filial ao dar a vida. A justiça que Ele comunica é a libertação definitiva do poder do maligno; o Seu batismo é o início dessa libertação, e a Páscoa será o seu cumprimento.
O Batismo de Jesus é, da parte dele, a aceitação e a inauguração de sua missão de Servo sofredor. Deixa-se contar entre os pecadores; é, já, “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29), antecipa já o “Batismo” de sua morte sangrenta. Vem, já, “cumprir toda a justiça” (Mt 3,15), ou seja, submete-se por inteiro à vontade de seu Pai: aceita por amor este batismo de morte para a remissão de nossos pecados. A esta aceitação responde a voz do Pai, que coloca toda a sua complacência em seu Filho. O Espírito que Jesus possui em plenitude desde a sua concepção vem “repousar” sobre Ele. Jesus é a fonte do Espírito para toda a humanidade. No Batismo de Jesus, “os céus se rasgaram” (Mc 1,10). No Batismo, Jesus abriu o que o pecado de Adão havia fechado.
A festa do Batismo de Jesus nos conduz a uma reflexão sobre o nosso próprio batismo e das exigências do compromisso batismal. No batismo recebemos o Espírito de Deus e nos tornamos filhos de Deus, portanto, irmãos de Jesus e herdeiros do seu reino e de sua missão.
Pelo Batismo, o cristão é sacramentalmente assimilado a Jesus, que antecipa em seu Batismo a sua Morte e a sua Ressurreição. No batismo, nós entramos neste mistério de rebaixamento humilde e de arrependimento, descemos à água com Jesus para subir novamente com ele, renascer da água e do Espírito e nos tornar, no Filho, filho bem-amado do Pai.
O caminho aberto por Jesus
Não são poucos os cristãos praticantes que entendem a sua fé apenas como uma «obrigação». Há um conjunto de crenças que se «devem» aceitar, mesmo que não conheçamos o seu conteúdo ou se saiba o interesse que podem ter para a vida; há também um código de leis que se «deve» observar, mesmo que não se compreenda bem tanta exigência de Deus; finalmente, há umas práticas religiosas que se «devem» cumprir, mesmo que de forma rotineira.
Esta forma de compreender e viver a fé gera uma espécie de cristão aborrecido, sem desejo de Deus e sem criatividade ou paixão alguma para espalhar a sua fé. Basta com «cumprir». Esta religião não tem atrativo algum; converte-se num peso difícil de suportar; a não poucos produz alergia. Não estava errada Simone Weil quando escreveu que «onde falta o desejo de encontrar-se com Deus, não há crentes, mas sim pobres caricaturas de pessoas que se dirigem a Deus por medo ou interesse».
Nas primeiras comunidades cristãs, viviam-se as coisas de forma diferente. A fé cristã não era entendida como um «sistema religioso». Chamavam-lhe «caminho» e propunham-no como a forma mais acertada de viver com sentido e esperança. Diz-se que é um «caminho novo e vivo» que «foi inaugurado por Jesus para nós», um caminho que se percorre «com os olhos fixos Nele» (Hebreus 10,20; 12,2).
É de grande importância tomar consciência de que a fé é uma caminhada e não um sistema religioso. E num percurso há de tudo: marcha alegre e momentos de busca, provas que devem ser superadas e retrocessos, decisões incontornáveis, dúvidas e interrogações. Tudo faz parte do caminho: também as dúvidas, que podem ser mais estimulantes do que não poucas certezas e seguranças detidas de forma rotineira e simplista.
Cada um tem de fazer o seu próprio caminho. Cada um é responsável da «aventura» da sua vida. Cada um tem o seu próprio ritmo. Não há que forçar nada. No caminho cristão há etapas: as pessoas podem viver momentos e situações diferentes. O importante é «caminhar», não parar, escutar a chamada que a todos é feita, de viver de uma forma mais digna e feliz. Este pode ser o melhor modo de «preparar o caminho do Senhor».
Somos habitados pelo Espírito
Como seguidores(as) de Jesus, também vivemos à luz do Espírito, não à sua sombra. Nossa existência, em sintonia com o desejo de Deus para que vivamos em plenitude, é enriquecida pelos nossos desejos profundos de nos constituir como seres livres, ou seja, capacitados a tomar decisões oblativas, desafiados permanentemente por uma pluralidade de opções abertas que se apresentam diante de nós. Não somos escravos de nossa pobre condição mortal, mas o espaço livre por onde habita e transita o Espírito.
No evangelho de hoje, mais uma vez o autor do quarto Evangelho nos coloca diante da figura de João Batista, relatando a experiência dele de encontro com Jesus e revelando-o como aquele que “viu” e que “deu testemunho” de que Jesus é “o Filho de Deus”.
Daí sua insistência no verbo “ver”. Não se trata de um “ver” neutro, preso à exterioridade, mas de um olhar contemplativo, capaz de distinguir e apontar quem de fato era o Messias.
João não recebeu o encargo de divulgar uma ideia, uma doutrina... mas apontar uma pessoa.
Como nos evangelistas sinóticos, também o evangelista João faz do batismo de Jesus o acontecimento fundante com o qual Ele inicia sua atividade pública.
Que é que João Batista “viu”? Viu um homem cheio de Espírito. Ou seja, Jesus é aquele que, habitado pelo Espírito, se deixa conduzir pelo mesmo Espírito. Ele deixa “transparecer” esta presença do Espírito e só quem tem olhar contemplativo é capaz de perceber quem O move.
Sempre quando temos a sorte de encontrar uma pessoa “transparente” (não “perfeita”, mas humana), torna-se mais fácil reconhecer, apreciar, “ver” o Mistério que a habita.
Mas não é suficiente encontrar-nos com alguém assim; é preciso também desenvolver a própria “capacidade de ver”, ou seja, um “saber olhar” que transcende para além das aparências.
Os sábios sempre foram conscientes de que existem diferentes níveis de realidade aos quais podemos ter acesso através de diferentes órgãos de conhecimento. São Boaventura fala do “olho do espírito”, ou seja o “olho da contemplação”.
Empobrecemo-nos quando nos reduzimos ao “olho da carne” e também ao “olho da razão”.
Precisamos ativar o “olho do espírito” que nos capacita para “ver” a realidade em sua dimensão mais profunda, para perceber o Mistério em tudo o que nos rodeia, nós incluídos.
A qualidade humana, o futuro da humanidade e do planeta depende de que saibamos “ver” deste modo.
Nossa experiência do seguimento de Jesus brota da capacidade de fixar nosso olhar n’Ele. De fato, o olhar é o primeiro sentido que nos faz sentir presentes junto ao outro. E, como João Batista, ao fixar nosso olhar contemplativo na pessoa de Jesus, o que vemos é o Espírito agindo n’Ele.
E porque se deixa conduzir pelo Espírito, Jesus não suporta lugares fechados, rompe com os “espaços sagrados”, com os esquemas fechados, com as estruturas arcaicas... O Espírito é “movimento” e Jesus inicia um movimento de vida e vida plena.
Jesus, cheio do Espírito, sempre foi o homem das praças, ruas, caminhos e campos abertos... Não foi o homem dos templos, dos lugares fechados, das cidades fortificadas, mas o “homem em saída”, revelando sua mensagem e sua missão ao ar livre da vida.
A comunidade dos seus seguidores, conduzida pelo Espírito, também não se deixa atrofiar pelos lugares fechados, cheirando a incenso mofado, nem se prende a um ritualismo e religiosidade alienante, mas é aquela que sai para os espaços públicos e ali oferece o testemunho de Jesus.
Somos seguidores de Jesus nos espaços amplos da vida, sem distinção de classes, sem hierarquias, onde todos podem comunicar-se com todos, pois são habitados pelo mesmo Espírito, a força da vida.
A novidade de Jesus consiste justamente em afirmar que existe um caminho para encontrar a Deus que não passa pelo Templo. Desse modo, reconhece-se a vida como lugar privilegiado da Sua Presença.
Jesus, na Galileia, encontrou os seus lugares: junto ao mar, nas estradas poeirentas, nas margens...
Depois do seu batismo e pleno do Espírito, Jesus se faz presente no lugar onde se encontram aqueles que não tem “lugar”, os “deslocados” e que são a razão de seu amor e do seu cuidado; faz-se solidário com os “sem lugares” e os convida a caminhar para um novo lugar. Na Galileia, Jesus tem suas preferências e escolhe o seu “lugar”, o lugar entre os mais pobres, vítimas daqueles que se fazem donos dos lugares.
O(a) seguidor(a) de Jesus não é aquele que, por medo, se distancia do mundo, mas é aquele(a) que, movido(a) por uma radical compaixão, desce ao coração da realidade em que se encontra, aí se encarna e aí revela os traços da velada presença d’Aquele que é a Misericórdia.
Dessa forma, “habitado pelo Espírito”, experimenta que a vida é forte e formosa e que vale a pena acolhê-la e doá-la, como Jesus fez, sabendo que o tempo da opressão, da enfermidade, da morte e da condenação... não tem a última palavra.
Esse é o sentido da expressão de João Batista aplicada a Jesus: “Aquele que tira o pecado do mundo”.
Por isso, Jesus e os primeiros cristãos não usaram modelos de poder centralizado para cultivar a presença de Deus. Nem tiveram a preocupação de construir um novo templo, nem formatar uma nova religião, mas descobriram o Templo de Deus na vida mesma, no diálogo e no encontro das pessoas nos espaços públicos, onde sob o impulso do Espírito, buscaram inspiração e sentido para suas existências.
E a vida não é um templo já construído mas uma rede de conexões múltiplas que vão se refazendo, recriando, de um modo incessante, por obra do Espírito de Cristo.
A presença provocativa e o chamado exigente de Jesus colocam em questão nosso costume de nos refugiar no mundo asséptico das doutrinas, na tranquilidade de uma vida ordenada e legalista, satisfatória e entorpecida, na segurança de horários imutáveis e de muros de proteção, longe do rumor da vida que luta para ter um lugar ao sol, dos gritos daqueles que sofrem e morrem nas periferias deste mundo.
Escutar e seguir Seu chamado implica abandonar a estreiteza de nossos caminhos e deixar o nosso coração bater no ritmo do Espírito que nos faz romper nossos estreitos lugares e nos projeta em direção ao mundo dos doentes e marginalizados, vítimas da desumanização de nossa sociedade.
Como Igreja, temos perdido esse estilo itinerante que Jesus propõe. O caminhar dela é lento e pesado; não acertamos o passo para acompanhar a humanidade; não temos agilidade para deslocar-nos em direção à margem sofredora; agarramos ao poder e às estruturas que tiram a mobilidade; enredamos nos interesses que não coincidem com o Reinado de Deus. É preciso uma profunda conversão e voltar à essência do Evangelho: compromisso com a vida, sendo presença misericordiosa.
“Fazer caminho” com Jesus implica sair pelas estradas e encruzilhadas para escutar o clamor das pessoas e para alargar a nossa vida no contato com elas. A novidade do Espírito aparece sempre fora dos lugares seguros, protegidos e convencionais.
Não estaremos desperdiçando as nossas melhores forças para conservar atitudes arcaicas e nos deliciamos com um estilo de vida que nos atrofia?
Não chegou, talvez, o momento de deixar de repetir aquilo que fazíamos antes, e de abrir-nos àquilo que está diante de nós, à novidade que o Espírito está criando?
O batismo e o documento de identidade do cristão, sua ata de nascimento
A reportagem é de Domenico Agasso Jr
publicada por Vatican Insider, 13-11-2013
“Professo um só batismo para o perdão dos pecados”.
Na Praça São Pedro, Francisco comentou estas palavras do Credo.
“Trata-se da única referência explícita a um Sacramento dentro do Credo”, disse Bergoglio. “Efetivamente, o Batismo é a “porta” da fé e da vida cristã. Jesus Ressuscitado deixou para os Apóstolos esta consigna: “Vão pelo mundo inteiro e anunciem a Boa Notícia para toda a humanidade. Quem acreditar e for batizado será salvo” (Marcos, 16, 15)”. A Missão da Igreja, recordou o Pontífice, “é evangelizar e perdoar os pecados através do sacramento batismal que se renova no sacramento da penitência. Contudo, voltemos às palavras do Credo. A expressão pode ser dividida em três pontos: “professo”, “um só batismo”, “para o perdão dos pecados”.
Este é o significado do primeiro verbo: “É um termo solene que indica a grande importância do objeto, ou seja, o Batismo. Efetivamente, ao pronunciar estas palavras nós afirmamos nossa verdadeira identidade de filhos de Deus. O Batismo é, em certo sentido, o documento de identidade do cristão, sua ata de nascimento”.
“Todos vocês – disse o Papa aos fiéis – sabem o dia em que nasceram. Não é? Celebram o aniversário, todos. Todos nós celebramos o aniversário. Porém, faço para vocês uma pergunta que fiz em outro momento, e que irei repetir novamente: “quem de vocês se recorda da data do seu batismo? Levantem a mão. Quem de vocês? Poucos, né? Não muitos. E não solicitarei isto para os bispos, para que não passem vergonha, né?”.
“Então – sugeriu Francisco – façamos uma coisa, hoje quando retornarem para casa, perguntem: “Em que dia fui batizado?” Procurem saber. Este é o segundo aniversário. O primeiro aniversário é o da vida e este é o aniversário de Igreja: é o dia do nascimento na Igreja. Vocês irão fazer isto? É uma tarefa de casa, hein? Ver o dia em que eu nasci, e agradecer ao Senhor que abriu a porta de sua Igreja naquele dia em que eu recebi o Batismo. Vamos fazer isso, hoje. Ao mesmo tempo, junto ao batismo está unida a nossa fé no perdão dos pecados. O sacramento da Penitência ou Confissão é, de fato, como um “segundo batismo”, que sempre tem como referência o primeiro para consolidá-lo e renová-lo.
Neste sentido, o dia de nosso batismo é o ponto de partida de um caminho, de um caminho belíssimo, de um caminho para Deus, que dura a vida toda, um caminho de conversão e que continuamente se apoia no Sacramento da Penitência. E pensem também nisto: quando vamos confessar nossas fraquezas, nossos pecados, peçamos o perdão de Jesus, mas renovemos também o Batismo com este perdão, isso é belo! É como festejar em cada confissão o dia do Batismo. E, assim, a confissão não é uma sessão de uma câmara de tortura, é uma festa para celebrar o dia de nosso Batismo. A confissão é para os batizados! Para manter limpa esta vestimenta branca de nossa dignidade cristã!”.
A segunda parte da catequese de hoje é dedicada à expressão “um só batismo”. “Recorda – explicou – a expressão de São Paulo: “Um só Senhor, uma só fé, um só batismo” (Efésios 4,5). A palavra “batismo” significa literalmente “imersão”, e de fato este sacramento constitui uma verdadeira imersão espiritual. Onde? Na piscina? Não, na morte de Cristo, da qual se ressuscita com Ele como novas criaturas (cf. Romanos, 6, 4)”.
Para concluir, o Papa refletiu sobre a terceira parte: “para o perdão dos pecados”. “No sacramento do Batismo – indicou Francisco – perdoa-se todos os pecados, o pecado original e todos os pecados pessoais, assim como todas as penas do pecado. No Batismo, abre-se a porta para uma verdadeira novidade de vida que não está oprimida pelo peso de um passado negativo, mas que já recobra a beleza e a bondade do Reino dos céus. É uma poderosa intervenção da misericórdia de Deus em nossas vidas, para nos salvar. Esta intervenção salvífica não tira nossa natureza humana, sua fraqueza – todos somos fracos e todos somos pecadores, né? –, e não nos tira a responsabilidade de pedir perdão cada vez que erramos!”.
Ao final da audiência, o Papa lançou um duplo chamado pela Síria e Filipinas: “Recebi com grande dor a notícia de que há dois dias, em Damasco, golpes de morteiro mataram algumas crianças que voltavam do colégio e o condutor do ônibus. Outras crianças ficaram feridas. Rezemos para que essas tragédias não aconteçam! Nestes dias, estamos rezando e juntando esforços para ajudar nossos irmãos e irmãs nas Filipinas, golpeados pelo tufão. Estas são as verdadeiras batalhas pelas quais é preciso lutar: pela vida! Nunca pela morte!”.
PARA OS QUE LEEM ESPANHOL
De Dom Damian Nannini, Argentina
FIESTA DEL EL BAUTISMO DEL SEÑOR - CICLO B
Primera lectura (Is 55,1-11)
El capítulo 55 de Isaías cierra la segunda parte de su profecía conocida como deuteroisaías. Se trata de un oráculo de restauración que anuncia el regreso de los deportados a Jerusalén. En primer lugar (55,1-5) invita a los desterrados a prepararse para poseer y gozar gratuitamente de los bienes de la tierra. Pero enseguida la exhortación pasa al plano "espiritual" o “simbólico” por cuanto invita a dejar de lado todo lo que no viene del Señor para concentrarse en la escucha de la Palabra de Dios y en la vivencia de la Alianza con Él[1]. En efecto, "el Segundo Isaías expone su reflexión con la imagen del banquete, lugar de felicidad y de satisfacción de todo deseo humano. La única condición requerida para participar en él está en escuchar la Palabra de Dios, verdadera fuente de la vida y la sabiduría divina: «Prestad atención, venid a mí, escuchadme y viviréis» (v. 3)"[2]. Por tanto, hay una clara transposición de la comida y la bebida al plano espiritual; en otras palabras: Dios les invita a saciarse de Él y de su salvación.
Por su parte, la unidad literaria de Is 55,6-11 comienza con una invitación del profeta a buscar a Dios, a volverse a Él, pues es compasivo y "grande" (רבַד) en perdonar a quien se convierte (55,6-7). Luego siguen dos afirmaciones teológicas fuertes que, al parecer, buscan responden a las objeciones o resistencias internas de los exiliados israelitas: "Porque los pensamientos de ustedes no son los míos, ni los caminos de ustedes son mis caminos -oráculo del Señor-. Como el cielo se alza por encima de la tierra, así sobrepasan mis caminos y mis pensamientos a los caminos y a los pensamientos de ustedes" (55,8-9). Para comprender mejor estas expresiones debemos tener en cuenta que después de tantos años de exilio la fe los israelitas se había enfriado y ahora se resistían a aceptar la novedad del perdón Divino e, incluso, piden señales para creer (cf. Is 40,27; 45,11; 49,14-16). A esto hay que sumarle que se presenta a Ciro, rey persa, como el ungido (mesías) del Señor e instrumento suyo para liberar a su pueblo (cf. 41,2; 44,28; 45,1-4; 48,12-15). Es muy posible que este anuncio de ser liberados por un gentil, un pagano como Ciro, haya generado resistencia entre los exiliados. En el fondo esta resistencia supone querer poner límites al obrar de Dios rechazando todo aquello que no entra en los propios esquemas mentales. Por eso el Señor, a través del profeta, les recuerda el abismo que separa nuestra pobre comprensión de la realidad de los designios del Señor y de sus caminos. Es decir, el designio de Dios, sus caminos, son misteriosos para nosotros, se mueven con otra lógica, la lógica divina del amor.
El oráculo siguiente (55,10-11) respondería a la resistencia del pueblo a creer en el poder de Dios para obrar. Y esto lo hace comparando la eficacia de la Palabra de Dios con la lluvia que siempre es fructífera. El oráculo insiste en los efectos de la lluvia sobre la tierra (la empapa, la fecunda, la hace germinar), que les sirven para expresar los efectos de la Palabra de Dios en la historia de los hombres (realiza la voluntad de Dios, cumple su misión). Esta palabra eficaz de Dios se refiere al anuncio de liberación de los desterrados con la promesa de volver a su tierra, tal como lo confirman los versículos que siguen (cf. Is 55,12-13).
Estos textos son como una síntesis de la profecía del deuteroisaías, quien tuvo la misión de convencer a un pueblo decepcionado que Dios puede obrar más allá de sus posibilidades y de sus méritos. En breve, que la Palabra de Dios, muchas veces por caminos desconcertantes, realiza el plan del Señor porque es siempre es eficaz.
Segunda lectura (1Jn 5,1-9)
“La primera carta de Juan parece conocer solamente dos virtudes: la fe y el amor. Una constatación complementaria se debe hacer para los vicios: se diría que existen solamente dos, que son precisamente lo contrario de estas dos virtudes: la incredulidad (que para Juan es el pecado fundamental, casi el único: es la iniquidad, el «pecado del mundo»); y el odio a los hermanos (quien odia demuestra que verdaderamente camina en las tinieblas: también en él se encuentra la ausencia de la verdad, cf. 1Jn 2,4-9). Por ello, no sería excesivo afirmar que toda la moral joánea se compendia en dos palabras: «en la verdad y en el amor» (2Jn 4). Se podría también decir: «en la fe y en la caridad». Una confirmación nos viene del hecho de que toda la Primera Carta de Juan está construida sobre el desarrollo progresivo de estas dos virtudes, para concluir con el grito de triunfo: «Ésta es la victoria que ha vencido al mundo, nuestra fe...» (1Jn 5,4). También aquí se ve que el amor viene sólo en segundo lugar con respecto a la fe; es, por así decirlo, su fruto maduro” (I. De la Poterie).
Ahora bien, este triunfo supone para el creyente una constante lucha con las resistencias internas y externas. Pero para alcanzar la victoria cuenta con el testimonio y la ayuda de Jesucristo quien obra en el cristiano por medio del agua (Bautismo), la sangre (Eucaristía) y el Espíritu (Gracia).
El texto del evangelio que nos ofrece la liturgia de la Palabra tiene dos partes: la predicación de Juan el Bautista (1,7-8) y el Bautismo de Jesús (1,9-11).
El contenido de la predicación del Bautista está claramente orientado a Jesús, presentado como el más fuerte y quien tiene un bautismo del Espíritu, en contraposición al del agua. De este modo prepara la escena siguiente donde este anuncio tiene su cumplimiento
Por su parte, en los versículos 9-11 hay dos escenas consecutivas. El bautismo, más breve (v. 9), y la escena principal que es la teofanía o manifestación divina (vv. 10-11).
v. 9: Y sucedió en aquellos días que Jesús vino de Nazaret de Galilea,
Marcos utiliza una expresión solemne ("Y sucedió en aquellos días") pues quiere presentar un hecho importante: por primera vez Jesús entra en escena en su evangelio.
La mención de Galilea es importante pues esta región geográfica de Israel tiene un valor y un sentido teológico para Marcos. Es el lugar del comienzo de esta "aventura" de Jesús de anunciar e instaurar el Reino de Dios, para lo cual convoca a los discípulos que luego serán los doce apóstoles. Pues bien, al final del evangelio Jesús les manda a sus apóstoles que vuelvan a Galilea que allí lo verán (cf. Mc 16,7).
y fue bautizado por Juan en el Jordán
Es la primera y única vez que se encuentran cara a cara Jesús y Juan Bautista. La descripción del bautismo de Jesús es muy breve, lo cual indica que este hecho no es lo más importante para Marcos, sino la teofanía que le sigue. Además, Marcos evita toda alusión a la confesión de los pecados que hacía la gente al ser bautizada por Juan (cf. 1,5) pues en Jesús el bautismo tiene un sentido muy diferente ya que se orienta a la teofanía. La dificultad o escándalo que puede haber provocado este hecho del bautismo de Jesús se hace evidente en el texto paralelo de Mt 3,14-15 que añade un diálogo donde Juan se resiste a bautizar a Jesús.
v. 10: Y en seguida, al subir del agua, vio que los cielos se abrían, y que el Espíritu como paloma bajaba sobre Él;
La teofanía consiste primero en una visión (v. 10) y luego en una audición (v.11).
En cuento a la visión Marcos señala que ni bien Jesús subía del agua ve dos cosas: que los cielos se abren, se desgarran; y que el Espíritu como paloma bajaba sobre Él. Hay un juego significativo de verbos: subir y bajar. Apenas Jesús sube del agua ve que el Espíritu como una paloma baja hacia Él. El abrirse o desgarrarse los cielos podría ser una referencia a Is 63,19: “Ojalá rasgases el cielo y bajases”; dado que en el contexto de esta súplica Dios es llamado Padre (cf. Is 63,16; 64,7) y el Espíritu es mencionado tres veces (cf. Is 63,10.11.14). Así, esta súplica del profeta para que Dios rompa su silencio y se manifieste ve su cumplimiento en Jesús. También podemos ver aquí el cumplimiento de lo dicho por Is 61,1 de que el Mesías sería el ungido por el Espíritu: "El espíritu del Señor está sobre mí, porque el Señor me ha ungido". Queda de manifiesto aquí la unción profética de Jesús y su misión mesiánica.
El Espíritu de Dios es invisible claramente; pero aquí se lo "corporaliza" con la figura de una paloma pues se trata de una visión. No es fácil precisar por qué la imagen de una “paloma”, pero ciertamente es frecuente en la Escritura (cf. Gn 1,2; 8,8; Is 38,14; Os 7,11; Sl 55,7) y de la unión de estos textos habrá surgido su valor simbólico para referirlo al Espíritu. Entre todas las posibilidades nos parece importante la referencia a Gn 1,2 donde dice que el Espíritu de Dios "aleteaba". De aquí surgiría la relación simbólica del Espíritu con un ave.
v. 11: y vino una voz de los cielos, que decía: Tú eres mi Hijo amado, en ti me he complacido.
La voz de los cielos no puede ser otra que la voz de Dios, del Padre. Podríamos ver también una relación entre esta “voz” sobre las aguas, y la frase del Salmo: “La voz del Señor sobre las aguas, el Dios de la gloria ha tronado, el Señor sobre las aguas caudalosas” (Sal 29,3). Y la voz del Padre se dirige directamente a Jesús a quien reconoce como su Hijo amado. Suelen reconocerse también en esta voz celestial alusiones al Sal 2,7 como investidura real y mesiánica ("Voy a proclamar el decreto del Señor: El me ha dicho: "Tú eres mi hijo, yo te he engendrado hoy"); y al Siervo sufriente en cuanto amado y objeto de complacencia de Is 42,1 ("Este es mi Servidor, a quien yo sostengo, mi elegido, en quien se complace mi alma. Yo he puesto mi espíritu sobre él para que lleve el derecho a las naciones"), con lo cual la figura de Jesús se funde con la del siervo.
El título hijo de Dios es un título mesiánico según el oráculo de Natán (cf. 2 Sm 7,14; Sal 2,7; 89,27-28). Pero la voz del cielo más que conferir una misión como en el Sal 2,7, nos revela la relación estable que une a Jesús con Dios. El amado en los LXX es una alusión al hijo único, a Isaac (cf. Gn 22,2.12.16), con lo cual la filiación divina se pone en relación con el sacrificio. Esta obediencia sacrificial de Jesús es la que llevó al centurión a reconocerlo como hijo de Dios en la cruz (cf. Mc 15,39). El título Hijo de Dios aplicado a Jesús aparece en Marcos al comienzo (1,1.11), en el medio (9,7) y al final (15,39) de su evangelio dando a entender así que es el preferido del evangelista.
En síntesis, el bautismo de Jesús es la ocasión propicia para que el Padre nos revele la identidad de Jesús como Cristo e Hijo de Dios. De este modo el Padre – la voz celestial – confirma lo que Marcos nos dijo sobre Jesús al comienzo de su evangelio (cf. 1,1).
La fiesta del Bautismo del Señor cierra el tiempo de Navidad y, por ello, hay que entenderla y celebrarla en continuidad con la solemnidad del nacimiento de Jesús. Justamente es en el sacramento del Bautismo donde se verifica el "admirable intercambio" celebrado en la Navidad: el Verbo de Dios, quien se manifestó en la realidad de nuestra carne haciéndose semejante a nosotros en lo exterior, nos transforma interiormente -reza la segunda colecta de la fiesta-. Jesús al entrar en el agua, quiso lavar los pecados del mundo -reza la oración sobre las ofrendas- y nosotros fuimos hechos hijos adoptivos por el agua y el Espíritu Santo; este nuevo bautismo en el Jordán ha sido “señalado” con signos admirables -expresión del prefacio-.[3]
La continuidad con la Navidad también hay que referirla al mensaje de la Palabra de Dios. En la misa del día de Navidad hemos escuchado el testimonio del evangelio de Juan: "La Palabra se hizo carne y habitó entre nosotros" (Jn 1,18). La Palabra Eterna del Padre asumió la condición humana y vino a habitar en nuestro mundo. Con esta obra de infinito amor Dios cumplió y superó lo que había anunciado a su pueblo Israel: Jesús es la Palabra personal del Padre, es el Hijo de Dios. Esto lo declara solemnemente el Padre quien mediante su voz celestial nos da testimonio de la identidad de Jesús: es Su Hijo amado. Supera aquí todo lo esperado por Israel pues no se trata de un simple hombre a quien Dios considera como su hijo por el amor que le tiene, como sería en caso de David y su descendencia. Es el Hijo eterno del Padre hecho hombre.
Además, "celebrando la Navidad, la fe una vez más nos ha dado la certeza de que los cielos se han desgarrado con la venida de Jesús. Y en el día del bautismo de Cristo todavía contemplamos los cielos abiertos. La manifestación del Hijo de Dios sobre la tierra marca el inicio del gran tiempo de la misericordia, después que el pecado había cerrado los cielos, elevando como una barrera entre el ser humano y su Creador. ¡Con el nacimiento de Jesús los cielos se abren! Dios nos da en Cristo la garantía de un amor indestructible. Desde que el Verbo se ha hecho carne es posible ver los cielos abiertos" (Francisco, Ángelus 12 de enero 2014).
Juan Bautista había anunciado que EL QUE VIENE DESPUÉS DE ÉL bautizará con el Espíritu, por tanto es alguien que estará lleno – ungido – del Espíritu porque el Espíritu desciende sobre Él y lo conduce en su misión. Justamente el prefacio de esta fiesta lo proclama así: "Tu quisiste expresar, con signos admirables en el río Jordán, el misterio del nuevo bautismo, para que, por tu voz celestial, se manifestase que tu Palabra habitaba entre los hombres, y, por el Espíritu, que bajó en forma de paloma, se reconociera que Cristo, tu servidor, había sido ungido con el óleo de la alegría y enviado a evangelizar a los pobres".
La teofanía del Bautismo nos conecta, en cierto modo, con el mismo Misterio de la Santísima Trinidad: el Padre, el Hijo y el Espíritu Santo. Los Tres se hacen presentes en el Jordán, visibles o audibles a Jesús. La relación de la persona de Jesús como Hijo con el Padre y el Espíritu es Eterna, pero desde la Encarnación ha entrado en el tiempo y se manifiesta en el tiempo incluyendo ahora a la humanidad de Jesús. En Navidad, junto al Niño Jesús, veíamos a su Madre y a San José, su familia humana. Hoy se nos revela su Familia Trinitaria, el Padre y el Espíritu en comunión con el Hijo hecho hombre en Jesús.
Ahora bien, en el evangelio de Marcos el bautismo y la teofanía tienen lugar justo antes del inicio del ministerio público de Jesús; y algo tiene que decirnos al respecto. De hecho, en el evangelio de Marcos lo primero que "hace" Jesús es presentarse ante Juan bautista para ser bautizado por él. Aquí recibe el Espíritu Santo y la "declaración de amor" de su Padre. Este es el principio y fundamento de la vida de Jesús buen Pastor: saberse amado por el Padre, saberse aprobado por el Padre que se complace en Él. Aquí está el secreto de la libertad interior y afectiva de Jesús. No va mendigando amor porque ya lo tiene. No va mendigando la aprobación de los hombres porque ya tiene la aprobación del Padre. Jesús recibe el Amor personal de Dios, el Espíritu Santo. Es ungido por el Espíritu. Por eso en su vida tendrá la libertad que da el Espíritu Santo a quien se deja conducir por Él. Nos lo indica Marcos a continuación: "Enseguida el Espíritu le impulsó a ir al desierto." (1,12).
También nosotros tenemos que descubrir en este "sentirse amados y aprobados por el Padre" el principio y fundamento de nuestra vida y la fuente de nuestra libertad interior y afectiva. Al respecto escribe H. Nouwen[4]: "Tu verdadera identidad es ser hijo de Dios. Es ésta la identidad que debes aceptar. Una vez que la has reivindicado y te has instalado en ella, puedes vivir en un mundo que te da mucha alegría y también mucho dolor. Puedes recibir alabanzas o calumnias que llegan a ti como una ocasión para fortalecer tu identidad fundamental, porque la identidad que te hace libre ha clavado su ancla más allá de toda alabanza y de toda calumnia humana. Tú perteneces a Dios, y como hijo de Dios has sido enviado al mundo."
El día del Bautismo del Señor, con que concluye el tiempo de Navidad, se recuerda no solamente el bautismo de Jesús sino también el bautismo del cristiano. Podría celebrarse un bautismo dentro de la misa; en todo caso, hacer recuerdo del bautismo mediante la aspersión con el agua bendita al comienzo de la misa o después del credo, al modo de la Vigilia pascual[5].
Al igual que subrayamos tanto la importancia de re-vivir en nosotros el nacimiento del Señor como parte esencial del misterio de Navidad celebrado en la liturgia; así también somos invitados a re-vivir nuestro propio bautismo en la fiesta del Bautismo del Señor.
Nosotros, al ser bautizados, hemos recibido la filiación adoptiva por la cual el Padre nos ama como a hijos suyos en su Hijo Jesús y se complace en nosotros como se complació en Él. Se trata de la vida de Hijos de Dios que "se nos transmitió el día del Bautismo, cuando «al participar de la muerte y resurrección de Cristo» comenzó para nosotros «la aventura gozosa y entusiasmante del discípulo» (Benedicto XVI, Homilía en la fiesta del Bautismo del Señor, 10 de enero de 2010).
Y en nuestro bautismo hemos recibido también el Espíritu Santo que nos ha ungido como apóstoles y testigos de Jesús, como sus discípulos y misioneros. En su homilía del 11 de enero de 2015 decía el Papa Francisco: "en el Bautismo somos consagrados por el Espíritu Santo. La palabra «cristiano» significa esto, significa consagrado como Jesús, en el mismo Espíritu en el que fue inmerso Jesús en toda su existencia terrena. Él es el «Cristo», el ungido, el consagrado, los bautizados somos «cristianos», es decir consagrados, ungidos”. Esta unción y consagración bautismal tiene que notarse, manifestarse: somos epifanía del Señor.
PARA LA ORACIÓN (RESONANCIAS DEL EVANGELIO EN UNA ORANTE):
¡Y Juan vio a la Trinidad!
Miré a los que me seguían
Sus rostros esperaban mis palabras,
Los vi tan sedientos de Verdad
Y me sorprendí en mi propia miseria
Humano y misionero del desierto
Arropado en pieles salvajes
De pronto se hizo silencio
Y en digno atuendo y majestuosos pasos
Un Nazareno se acercó de entre la gente
Y yo no lo había esperado…
Sin embargo, lancé a todos la sentencia
Por fin llegaba Quien se haría cargo
Y como regalo a mi pobreza, el cielo
Honor de los honores rechazado
Y recibido por su mandato
Bautismo único en el tiempo
Del mismo Dios encumbrado.
El Padre lo acogió en sus Términos:
“Este es mi Hijo muy amado”
El Espíritu lo cubrió de ternura y vuelo,
Quiera que cada cristiano
Abra el paso al Dios que viene
Y solo Él luzca reinando. Amén
[1] Cf. H. Simian-Yofre, Isaías. Texto y comentario (Casa de la Biblia 1996) 258-259.
[2] G. Zevini – P. G. Cabra (eds.) Lectio Divina para cada día del año. Vol. 2 (Verbo Divino; Estella 2004) 212.
[3] Cf. A. Bottoli, "Navidad. Historia. Teología. Espiritualidad. Pastoral", para uso de los estudiantes.
[4] La voz interior del amor (Madrid 1998).
[5] Tomado de A. Bottoli, "Navidad. Historia. Teología. Espiritualidad. Pastoral", para uso de los estudiantes.