(CATEDRAL DE ROMA)
09 DE NOVEMBRO
AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO
Primeira Leitura: Ezequiel 47,1-2.8-9.12 ou 1Coríntios 3,9c-11.16-17
Salmo Responsorial: 45(46)R- Os braços de um rio vêm trazer alegria à Cidade de Deus, à morada do Altíssimo.
Evangelho: João 2,13-22 (ou 4,19-24)
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo João – 13Estava próxima a Páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. 14No templo, encontrou os vendedores de bois, ovelhas e pombas e os cambistas que estavam aí sentados. 15Fez então um chicote de cordas e expulsou todos do templo, junto com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas. 16E disse aos que vendiam pombas: “Tirai isto daqui! Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!” 17Seus discípulos lembraram-se, mais tarde, que a Escritura diz: “O zelo por tua casa me consumirá”. 18Então os judeus perguntaram a Jesus: “Que sinal nos mostras para agir assim?” 19Ele respondeu: “Destruí este templo, e em três dias o levantarei”. 20Os judeus disseram: “Quarenta e seis anos foram precisos para a construção deste santuário, e tu o levantarás em três dias?” 21Mas Jesus estava falando do templo do seu corpo. 22Quando Jesus ressuscitou, os discípulos lembraram-se do que ele tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra dele. – Palavra da salvação.
Jo 2,13-22
A celebração da páscoa dos judeus consumia uma grande quantidade de reses, bois, ovelhas e pombas, necessários para os sacrifícios. Com a licença das autoridades o átrio do templo se transformava quase num mercado. Vendiam-se além dos animais para o sacrifício, tudo o que era necessário para os sacrifícios: lenha, perfumes, etc. Para possibilitar esse comércio e a realização de ofertas, havia também cambistas que trocavam as moedas dos peregrinos vindos de países distantes. Os cambistas prestavam esse serviço e faziam seus negócios.
Toda essa comercialização provoca em Jesus uma reação surpreendente: ele faz um chicote com cordas e expulsa do templo ovelhas e bois; espalha as moedas dos cambistas e vira-lhes as suas mesas.
A ação de Jesus é uma ação profética simbólica, ou seja, revela uma nova realidade. O templo não é mais casa de comércio, mas casa do Pai.
No passado, o templo de Jerusalém foi construção e responsabilidade do rei, no tempo de Jesus, tinha se tornado centro espiritual de todos os judeus da Palestina e da diáspora. Com a chegada de Jesus, o templo é Casa do Pai.
A ação de Jesus provoca a reação das autoridades, afinal quem age como Jesus deve comprovar com um sinal divino a autoridade com a qual realiza o gesto. O sinal que Jesus oferece não é o sinal esperado: o sinal é Ele mesmo. Sua morte na cruz e sua ressurreição ao terceiro dia revela que o templo Casa do Pai não é mais a construção material do templo, mas o próprio Jesus. Nele, Deus está presente pessoalmente; nele o homem pode realmente encontrar Deus.
Hoje (9), a Igreja celebra a dedicação da basílica de São João de Latrão, a primeira basílica da Igreja a ser construída e onde uma imagem de Cristo derramou sangue.
“Esta basílica foi a primeira a ser construída depois do edito do imperador Constantino que, em 313, concedeu aos cristãos a liberdade de praticar a sua religião”, disse o papa emérito Bento XVI aos fiéis, em novembro de 2008.
“O mesmo imperador doou ao papa Melquíades a antiga propriedade da família dos Lateranenses e nela fez construir a basílica, o batistério e a ‘patriarquia’, ou seja, a residência do bispo de Roma, onde os papas habitaram até ao período de Avignon”, afirmou.
Foi consagrada pelo papa São Silvestre, em 9 de novembro de 324. É chamado basílica de São João (de Latrão) porque tem duas capelas, uma em honra de São João Batista e outra de São João Evangelista.
“Basílica do Divino Salvador” é outro nome pelo qual é conhecida, pois no ano 787, quando foi consagrada novamente, uma imagem do Divino Salvador derramou sangue depois de ser golpeada por um judeu.
“Honrando o edifício sagrado, pretende-se expressar amor e veneração à Igreja romana que, como afirma Santo Inácio de Antioquia, ‘preside na caridade’ toda a comunhão católica”, disse o papa Bento XVI.
“Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!” (Jo 2,16)
Os profetas de Israel costumavam recorrer a “gestos proféticos” para expressar, de um modo visual e contundente, mensagens que lhes pareciam decisivas.
Na mesma linha dos profetas de seu povo, Jesus realiza também gestos repletos de simbolismo: suas refeições com os pecadores, o lava-pés, a ação contra o Templo...
É disso que trata o Evangelho da festa de hoje (Dedicação da Basílica do Latrão), ou seja, uma ação simbólica na qual se pretende mostrar que o tempo do Templo terminou. A expressão “purificação do Templo” não é a mais adequada, porque não se trata de purificar o espaço que se tinha convertido em centro comercial, mas de substituí-lo. Jesus prescindiu do Templo para relacionar-se com o Pai.
A partir de seu projeto, que chamava “Reinado de Deus”, foi questionando uma religião que desumanizava as pessoas. Ele mesmo, durante sua vida, foi relativizando e esvaziando os pilares da religião judaica: o sábado, a “pureza” legal, o Templo, o jejum, o culto, os sacrifícios, as doutrinas, os sacerdotes... E pouco a pouco foi colocando tudo isso em questão, transgredindo suas normas e atacando a hipocrisia de um culto a Deus que desprezava as pessoas.
O simbólico ataque final ao Templo foi determinante para ser considerado como um “subversivo” pelo sistema político e um blasfemo pelo sistema religioso. Aquele Templo já não era a casa de um Deus Pai, pois não era espaço de acolhida, mas de exclusão. Jesus se sentia como um estranho naquele lugar. O que seus olhos viam nada tinha a ver com o verdadeiro culto ao Pai. Deus não pode ser o protetor e encobridor de uma religião tecida de interesses e egoísmos. Deus é um Pai a quem só se pode prestar culto trabalhando por uma comunidade humana mais solidária e fraterna.
Nesse gesto ousado de Jesus, fica claro o que Ele pretende: denunciar os “templos e as religiões” que se absolutizam como lugares da presença divina, criando dicotomias ou dualismos estranhos entre o “religioso” e “o profano”. A novidade de Jesus consiste em afirmar que existe só um caminho para encontrar a Deus e que não passa pelo Templo. Na religião, o determinante está no “sagrado”; no projeto de Jesus, o centro de tudo está no “humano”, na dignidade e felicidade das pessoas, na vida. Jesus não suprimiu o “sagrado”, mas o deslocou do religioso ao humano. Para Ele o sagrado é o ser humano como pessoa, com os demais seres humanos. Desse modo, supera-se definitivamente aquele dualismo e se reconhece a vida como lugar da Presença. Os templos não são fronteiras que dividem o sagrado e o profano; são espaços onde se vive a sacralidade de toda a vida. O verdadeiro “templo” é a vida, e vida destravada, aberta...
Deus não pode ser o protetor e encobridor de uma religião tecida de interesses e egoísmos. Deus é um Pai a quem só se pode prestar culto trabalhando por uma comunidade humana mais solidária e fraterna – Adroaldo Palaoro
Ao “substituir” o Templo por seu Corpo, Jesus nos convida a viver o encontro com Deus no centro de nossa pessoa e da vida mesma. E Ele se torna referência para nos ajudar a ver o que é uma vida vivida desse modo: uma existência marcada pelo amor compassivo e pela alegria de uma vida plena.
Ali é onde vamos encontrar Deus com certeza; ali se enraíza o “segredo” do viver humano: no amor e na alegria intensa. As pessoas não serão mais ou menos santas porque vão rezar no templo; sua santidade se fará visível na vida cotidiana.
A superação do Templo significa recuperar o verdadeiro lugar da religião na vida cristã. Não no sentido de que é preciso deixá-la de lado (tanto a religião como o templo podem ser meios valiosos para muitas pessoas), mas no sentido de não absolutizá-la. A absolutização da religião provocou e provoca muita exclusão e sofrimento entre os humanos.
As religiões se fazem indigestas e sumamente perigosas quando pretendem apoderar-se do Absoluto.
Devemos fazer de nossas comunidades cristãs um espaço onde todos possam se sentir na “casa do Pai”; uma casa acolhedora e calorosa onde não se fecham as portas a ninguém, onde nenhum é excluído e nem se sente discriminado; uma casa onde aprende-se a escutar o sofrimento dos filhos mais desvalidos de Deus e não lugar de busca do próprio interesse e poder; uma casa onde pode-se invocar a Deus como Pai de todos, porque todos se sentem seus(suas) filhos(as) e buscam viver como irmãos(ãs).
Com seu gesto provocativo, Jesus põe abaixo todas as barreiras existentes: religiosas, sociais, culturais ...
De maneira especial, Ele acaba com o predomínio do poder sagrado, que tanta divisão, submissão, marginalização e sofrimento causaram durante séculos aos seres humanos. Aqueles que acreditam em Jesus, seguindo suas pegadas, não iniciam uma nova religião com caráter sagrado, senão um novo estilo de vida, assimilando os principais critérios do Reinado de Deus, que Ele deixou nos evangelhos.
Jesus fugiu de todo poder e se preocupou especialmente das pessoas marginalizadas – Adroaldo Palaoro
Jesus teve consciência que o poder religioso divide, discrimina, subordina e alimenta medo, enquanto o serviço e a solidariedade criam irmandade e igualdade. Jesus desencadeou um movimento que teve início nas periferias da Galileia. Ele não foi sacerdote do Templo, consagrado a cuidar e promover uma religião; nem funcionário do Templo, nem ostentou cargo algum relacionado com a religião, nem foi um mestre da Lei, fechado em seu legalismo.
Jesus, como os profetas de Israel, não formou parte da estrutura política nem do sistema religioso. Não foi nomeado por nenhum poder. Sua autoridade não vinha da instituição, não se baseava nas tradições religiosas. Provinha de sua experiência de Deus, empenhado em conduzir seus filhos e filhas pelos caminhos da justiça.
Jesus fugiu de todo poder e se preocupou especialmente das pessoas marginalizadas. Não organizou nenhuma religião; pelo contrário, entrou em conflito com a religião judaica e suas instituições (sinagoga, Templo de Jerusalém, Lei). Cercou-se de pessoas, homens e mulheres, dispostas a continuar seu caminho anunciando a mensagem do Reino de Deus. Proclamou as bem-aventuranças, como projeto do reino de Deus. Denunciou as opressões e injustiças, tornando realidade a salvação do Deus pai e Mãe, através de suas curas.
Jesus superou as antigas divisões (sacerdotes ou laicos, judeus ou gentios, homens ou mulheres...) e a estrutura social dominante que geravam exclusão e violência. Não veio complicar a vida com mais exigências legais e cultuais, nem alimentar as “vantagens” de quem pretende se impor sobre os outros, na linha do poder ou do conhecimento, senão para romper esse esquema de valores e privilégios.
Esta é a sua novidade messiânica.
Ele não nos impõe pesadas leis, não exige que cumpramos simplesmente alguns preceitos religiosos... Ao contrário, quer que todos vivamos e possamos desenvolver em plenitude nossas potencialidades.
Jesus não veio para sancionar uma ordem existente, deixando cada um com sua exclusão, senão para oferecer a todos um caminho de humanização. Por isso tornou-se um transgressor: rompeu as fronteiras que foram traçadas pelos poderosos, abrindo um caminho de humanidade a partir de baixo, ao lado dos excluídos e dos últimos... Um transgressor consequente, a serviço da vida e dos mais pobres.
Assim foi Jesus. Assim devem viver seus seguidores.
Para meditar na oração:
Muitas pessoas pensam que é somente no templo (capela, lugar santo e cerimônias sagradas) onde é possível fazer uma experiência de encontro com Deus. Se o Deus que é experimentado no templo não coincide com o Deus que move nossa vida nas casas, na convivência com os outros, no compromisso com os últimos..., então o templo e seu suposto “deus” não tem nada a ver com o Deus de Jesus, e a prática religiosa é vazia.
- O decisivo é o “templo interior”, com portas abertas a todas as pessoas que queiram se aproximar e entrar.
- Somos também o “novo templo”, morada do Espírito, presença que alarga nosso interior para que todos possam ali ter acesso.
- Quem são os “frequentadores” do seu “templo interior”?
Neste domingo, vamos celebrar a Dedicação da Basílica de Latrão, que é a catedral de Roma. Essa igreja foi construída pelo imperador Constantino no século IV e é considerada a mais antiga entre as catedrais. Celebrar essa data nos faz lembrar da importância dos lugares de culto ao longo da história, da necessidade de nos reunirmos para celebrar nossa fé como uma comunidade, e também da adoração a Deus, nosso Pai, que nos convida a seguir Jesus, que é o nosso Caminho.
No começo, por causa das perseguições do Império Romano, os primeiros cristãos se encontravam em casas, adaptando os espaços para poder celebrar sua fé, ou então nas catacumbas. Lá, eles se reuniam para ouvir a Palavra de Deus, rezar e celebrar a Eucaristia. Esses encontros eram feitos às escondidas, mas eram muito importantes para fortalecer a fé e compartilhar suas experiências de vida. Essas experiências eram um reflexo das palavras que o apóstolo Paulo escreveu aos Coríntios.
Celebrar essa data nos faz lembrar da importância dos lugares de culto ao longo da história, da necessidade de nos reunirmos para celebrar nossa fé como uma comunidade, e também da adoração a Deus, nosso Pai, que nos convida a seguir Jesus, que é o nosso Caminho – Ana Casarotti
“Acaso não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus mora em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá, pois o santuário de Deus é santo, e vós sois esse santuário” (1Cor 3,16-17).
As palavras de Paulo, que lemos na segunda leitura deste domingo, continuam tão atuais e impactantes como no século I. Naquela época, Paulo convidava a comunidade de Corinto a perceber quem estava ao seu lado, irmão ou irmã, como um verdadeiro santuário de Deus. Para o povo judeu, o Templo de Jerusalém representava a morada da glória de Deus, sendo o lugar mais sagrado para culto, e sua construção aos poucos mostrava a grandeza e a presença de Deus. Era um espaço de culto e peregrinação para todos os judeus nas festas mais importantes. Na sua carta, Paulo nos chama a reconhecer que cada pessoa é um santuário de Deus: nela habita a presença do Espírito! Não há nada mais sublime do que cada ser humano! Nele vive a presença amorosa do Deus que nos criou, e esse santuário não é feito de pedras grandes, mas é onde pulsa a vida em suas manifestações mais sagradas.
O lugar privilegiado de culto já não são os grandes templos, nem as igrejas, mas sim aquele que está ao meu lado, apesar de, em muitas ocasiões, serem santuários de Deus, mas que estão sendo profanados: os mais pobres, os migrantes, aqueles que não entram em um sistema que descarta quem não lhe é útil.
O texto do evangelho deste domingo nos alerta sobre o risco de transformar a casa de oração – neste caso, o Templo de Jerusalém –, que deveria ser um local de culto, em um local de comércio. O Templo e os santuários são lugares que reuniam pessoas que, após uma viagem longa, entregavam a Deus suas vidas, suas preocupações e seus propósitos.
Paulo nos chama a reconhecer que cada pessoa é um santuário de Deus: nela habita a presença do Espírito! – Ana Casarotti
Ao entrar no Templo, Jesus “fez então um chicote de cordas e expulsou todos do Templo, junto com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas”.
É um claro gesto de desaprovação confirmado por suas palavras: Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!" E então desafia aqueles que estão ali e lhe pedem um sinal para agir dessa maneira, dizendo-lhes: "Destruí, este Templo, e em três dias o levantarei"
Junto com os discípulos, também conseguimos entender o significado das palavras dele quando percebemos que ele está falando do Templo do seu corpo. Se ficarmos apenas na construção física, na arquitetura ou na grandiosidade das pedras, não vamos captar a mensagem verdadeira.
Como Paulo disse em sua carta aos Coríntios, o evangelho nos ensina a valorizar a pessoa ao nosso lado como um santuário de Deus, onde a presença divina habita entre nós. Essa pessoa é um santuário que não depende de tempo ou espaço físico, é onde a vida pulsa intensamente e, a partir dela, todos nós somos pedras vivas na construção do Novo Templo de Deus. Com a sua Páscoa, Jesus nos convida a deixar que o Espírito habite em nós, para que possamos ser verdadeiros “santuários de Deus”.
O evangelho nos ensina a valorizar a pessoa ao nosso lado como um santuário de Deus, onde a presença divina habita entre nós. Essa pessoa é um santuário que não depende de tempo ou espaço físico, é onde a vida pulsa intensamente – Ana Casarotti
Junto com os discípulos, nós também percebemos o significado de suas palavras quando entendemos que ele fala do Templo de seu corpo. Se ficarmos na construção física, na arquitetura, na grandiosidade das pedras que o compõem, não podemos compreender sua mensagem. Com a sua Páscoa, Jesus nos chama a deixar que o Espírito habite em nós para sermos “santuário de Deus”.
Neste domingo, somos convidados a nos deixar interpelar pelas palavras de Paulo, que vê em cada irmão e irmã um santuário habitado pelo Espírito de Deus, sem distinção. Ao mesmo tempo, ele nos convida a questionar nossa fé e nossas comunidades quando utilizam os espaços sagrados, transformando-os em lugares de benefício pessoal, em negócios do próprio ego, em justificativas para um pensamento e uma ação carregados de interesses pessoais.
Peçamos a Deus viver nossa fé como as primeiras comunidades cristãs onde as celebrações fortaleciam a fé e a confiança em Deus!
DEUS DE JESUS
Jesus de Nazaré,
que Deus nos revelaste?
Não construíste uma arca como Noé
para salvar-te com os justos.
Não edificaste como Salomão
um templo morada de Javé.
Não conduziste como Moisés
um povo à terra prometida.
Não tiveste como Abraão
uma constelação de descendentes.
Tu, Jesus
afogado no dilúvio
vida derramada pelas ruas,
templo desmoronado
em teu corpo indefeso,
geografia sem fronteiras
e sem punho proprietário,
povo universal
latejando em todo sangue
que Deus nos revelaste?
Jesus de Nazaré
limitado e corporal,
universal e justiçado,
o único futuro
tão presente,
que Deus nos revelaste?
Benjamín González Buelta
FESTA DA DEDICAÇÃO DA BASÍLICA DE SÃO JOÃO DE LATRÃO Primeira leitura (Ezequiel 40:1, 3; 47:1-2, 8-9, 12)
A profecia de Ezequiel atinge seu clímax com a imagem dos ossos secos que voltam à vida pela ação do Espírito ( ruah ), representando o ressurgimento de Israel como povo de Deus (cf. Ez 37). Agora, com a certeza dessa ação de Deus em favor do seu povo, Ezequiel dedica-se a projetar o Israel do futuro. Nos capítulos 40 a 48, conhecidos como a Torá de Ezequiel , ele idealiza o templo, o culto, o governo, a administração… Sua contribuição nos mostra como a reconstrução teológica de Israel precedeu sua reconstrução física. Se o livro começa com a partida da glória de Deus para habitar com os exilados, ele tem um final apropriado com o seu retorno a Jerusalém: “E, dali em diante, o nome da cidade será: ‘O Senhor está ali’” (Ez 48:35).
É precisamente essa presença do Senhor no templo ou santuário que o transforma em fonte de vida, ideia expressa pelo claro símbolo da água. Essa é uma realidade que o oriental almeja com todo o seu ser, e é a palavra que domina todo o capítulo 47.1 . Ezequiel recebe em visão uma espécie de "visita guiada" ao Templo de Jerusalém e observa que a água flui do limiar do templo e circunda o altar; sua presença dá vida a tudo, purificando até mesmo as águas do Mar Morto e fazendo crescer ali plantas com frutos nutritivos e folhas medicinais. Do Templo, lugar da presença de Deus, brota a vida.
Segunda leitura (1 Coríntios 3:9-11, 16-17)
Para compreender este texto, devemos lembrar que, em 1 Coríntios 1-4, São Paulo aborda a questão das divisões que surgiram na comunidade de Corinto. Essas divisões aparentemente derivavam das comparações que os coríntios faziam entre os vários apóstolos, a partir de uma perspectiva puramente humana, subordinando a verdade do Evangelho à eloquência do pregador. São Paulo condena veementemente essa atitude porque ela desloca Cristo Crucificado de seu lugar como único fundamento da fé e da Igreja, atacando, assim, o próprio cerne da fé cristã. Em 1 Coríntios 3:3-5, ele demonstra aos coríntios que, se existem divisões, é porque elas são "carnais", pensando em termos puramente humanos, e, portanto, não compreendem a Sabedoria de Deus, a lógica da Cruz. Após essa "repreensão", ele busca esclarecer os coríntios sobre o lugar apropriado do apóstolo na Igreja, e o faz com dois exemplos. Em 3:6-9, ele usa a analogia do cultivo, apresentando-a de uma perspectiva teológica. Em 3:10-17, o modelo de construção continua, agora com uma ênfase cristológica e, em última instância, pneumatológica. A concepção final da comunidade cristã é magnífica: ela é um templo construído sobre o fundamento que é Jesus Cristo e habitado pelo Espírito Santo. Diante disso, os construtores (apóstolos) e o material (seu método de construção) tornam-se secundários. Como resumo do pensamento paulino, podemos dizer:
• A Igreja é, antes de tudo, obra de Deus.
Cristo é o único fundamento sobre o qual construir.
• Neste Templo vivo, que é a comunidade, habita o Espírito Santo.
Evangelho (João 2:13-22)
Comecemos por um facto interessante que emerge de uma visão panorâmica dos quatro evangelhos: "O incidente da expulsão dos mercadores do Templo, que nos evangelhos sinópticos se encontra no início da última semana, foi colocado por João no início do seu evangelho, como o ato inaugural da atividade de Jesus em Jerusalém" 2. Isto aponta para a importância especial deste relato no evangelho de João.
A história se passa perto da Páscoa judaica, na cidade de Jerusalém. Essa era a festa mais importante para os judeus, e todos com mais de 12 anos eram obrigados a fazer uma peregrinação à cidade sagrada para celebrar a Páscoa, por isso Jerusalém ficava repleta de gente.
Os peregrinos, vindos de todas as regiões de Israel, precisavam trocar seu dinheiro "impuro" — por conter a imagem do imperador romano César — por moedas adequadas para fazer suas oferendas no Templo. Também precisavam comprar animais para sacrifício, pois não podiam trazê-los de suas terras natais. Essas necessidades levaram ao estabelecimento de um verdadeiro mercado na entrada do Templo, revelando a natureza secular e comercial que essa festa religiosa havia adquirido.
Então Jesus “fez um chicote de cordas e expulsou todos do templo, tanto ovelhas como bois; espalhou as moedas dos cambistas e derrubou as suas mesas. Aos que vendiam pombas, disse: ‘Tirem isto daqui! Não façam da casa de meu Pai casa de comércio!’” (2:15-16).
Isso nos ajuda a reconhecer o significado do gesto de Jesus, uma ideia presente no judaísmo daquela época, para quem a purificação do Templo era um dos papéis do Messias. Portanto, o gesto de Jesus é messiânico, um sinal de sua chegada. Como G. Zevini observa acertadamente : “Se o relato do sinal milagroso em Caná (2:1-11) estabelece a nova aliança com a celebração do casamento messiânico entre Jesus e a comunidade de crentes, o sinal do templo (2:13-22) abre caminho para a atividade messiânica de Jesus.”
Notemos que, ao definir o Templo, a "casa ou morada de Deus", como a "casa de seu Pai", Jesus se revela indiretamente como o Filho de Deus. A esse respeito, F. Moloney destaca : "Para Jesus, não se trata meramente de um edifício onde as pessoas se reúnem (hieron), que degenerou em um mercado (oikos emporou), mas sim 'a casa de meu Pai' (ton oikon tou patros mou) . O contraste entre os dois usos da palavra 'casa' (oikos) remete a Zacarias 14:21b: 'e naquele dia não haverá mais mercadores na casa do Senhor dos Exércitos' (cf. Dodd, Interpretação 349). O hieron agora é chamado de oikos. Não é apenas um espaço onde as pessoas se reúnem para adorar a Deus (hieron), mas um lugar entre homens e mulheres onde o Deus de Israel, a quem Jesus chama de 'meu Pai', tem sua morada (oikos) ."
Por sua vez, a expulsão das ovelhas e dos bois indica que os sacrifícios de animais estão agora abolidos e serão substituídos pelo único sacrifício verdadeiramente eficaz, o do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
O evangelista observa que os discípulos se lembraram do Salmo 69:10, “O zelo pela tua casa me consumirá”, buscando legitimar as ações de Jesus por meio das Escrituras. Segue-se um diálogo com os judeus, que exigem um sinal de Jesus para provar sua autoridade messiânica e justificar a purificação do templo que ele havia realizado. Jesus não responde diretamente à exigência de um sinal realizando um milagre naquele momento; em vez disso, faz um anúncio que pareceu misterioso a todos os presentes, inclusive aos discípulos: “Destruam este templo, e em três dias eu o reconstruirei” (2:19). Vale ressaltar que aqui e em 2:20-21, uma palavra diferente (ναός) é usada para se referir ao “templo” em comparação com a usada no início da narrativa em 2:14-15 (ἱερόν). Embora ambos os termos possam se referir ao templo como um edifício, o usado aqui por Jesus (ναός) tem um significado mais concreto e se refere mais especificamente ao lugar sagrado como um santuário onde Deus habita, como a casa de Deus. Especificamente, ἱερόν se referiria ao Templo em um sentido mais amplo, com tudo ao seu redor, incluindo o Pátio dos Gentios, onde animais eram vendidos e moedas eram trocadas; enquanto ναός se refere mais precisamente ao Santo dos Santos, o Santuário, o lugar dentro do Templo onde Deus habita.
Finalmente, o evangelista precisa intervir para esclarecer que Jesus se referia ao templo/santuário do seu corpo (τοῦ ναοῦ τοῦ σώματος αὐτοῦ em João 2:21); e que somente após a ressurreição de Jesus os discípulos compreenderam o significado dessa expressão. Assim, o gesto é iluminado pelas palavras proféticas de Jesus, que anunciam um novo Templo, o do seu Corpo, que dará origem a uma nova adoração, uma adoração autêntica, "em espírito e em verdade". Tudo isso deriva da Ressurreição de Jesus Cristo, da sua Páscoa.
Portanto: “O Templo que Jesus construirá não será como o que existia em Jerusalém, mas será o seu corpo glorificado. Seu corpo, morto na cruz e ressuscitado ao terceiro dia, será o 'sinal' que ele oferecerá aos judeus. Esta é a verdadeira Casa do Pai, o lugar onde Deus habita e se encontra com os homens [...] Jesus construirá um novo Templo no lugar do Templo de Jerusalém, e os sacrifícios ordenados pela legislação do Antigo Testamento não terão mais razão de existir depois que o verdadeiro Cordeiro que tira o pecado do mundo se fizer presente . ” 5
Em conclusão, considerando os gestos e as palavras de Jesus, fica claro que o grande sinal é a Ressurreição de Cristo, expressa pelo símbolo do templo destruído e reconstruído em três dias. Dessa forma, anuncia-se o novo Templo, um Templo de outra ordem; é o Templo definitivo, o corpo do Cristo Ressuscitado, o lugar onde Deus habita e onde a humanidade pode encontrá-Lo.
Algumas reflexões:
A importância atribuída à festa da dedicação da Basílica de São João de Latrão tem suas razões históricas e teológicas. De fato, esta basílica, doada e construída pelo imperador romano Constantino após sua conversão ao cristianismo, foi consagrada em 324 pelo Papa Silvestre I e serviu como sede dos papas até 1304. Portanto, como catedral de Roma, é considerada "cabeça e mãe de todas as igrejas de Roma e do mundo". Inicialmente dedicada a Cristo Salvador, foi destruída por um terremoto em 846 e teve que ser completamente reconstruída pelo Papa Sérgio III, que a dedicou a São João Batista, pois este, por meio de sua pessoa e seus ensinamentos, conecta o Antigo e o Novo Testamento. No século XII, o Papa Lúcio II também dedicou a basílica a São João, porque seu Evangelho testemunha a vida e a Palavra do Senhor. O nome "Laterano" deriva da família Lateranense, à qual pertencia este palácio, que se tornou basílica.
Agora, além da celebração da dedicação desta basílica em particular, a liturgia nos convida a refletir sobre a essência da Igreja e a obter ímpeto e motivação para a necessária renovação que o Senhor nos pede. De fato, como disse o Papa Francisco em sua mensagem do Angelus de 9 de novembro de 2014: “Cada vez que celebramos a dedicação de uma igreja, somos lembrados de uma verdade essencial: o templo material, feito de tijolos, é sinal da Igreja viva e ativa na história, isto é, daquele ‘templo espiritual’, como diz o apóstolo Pedro, do qual o próprio Cristo é ‘a pedra viva, rejeitada pelos homens, mas escolhida por Deus e preciosa para Ele’ ( 1 Pedro 2:4-8). Na leitura do Evangelho de hoje, Jesus, falando do templo, revela uma verdade surpreendente: que o templo de Deus não é apenas o edifício feito de tijolos, mas é o seu Corpo, feito de pedras vivas. Em virtude do Batismo, todo cristão faz parte do ‘edifício de Deus’ ( 1 Coríntios 3:9); aliás, ele ou ela se torna Igreja de Deus. O edifício espiritual, a Igreja, a comunidade de pessoas santificadas pelo sangue de Cristo e pelo Espírito do Senhor ressuscitado, pede a cada um de nós que sejamos coerentes com este dom da fé e que trilhemos o caminho do testemunho cristão.” E não é fácil, todos sabemos, ser coerente na vida, entre fé e testemunho; mas devemos perseverar e buscar essa coerência em nossas vidas a cada dia. “Este é um cristão!” não tanto pelo que ele diz, mas pelo que ele faz, pela maneira como se comporta. Essa coerência que nos dá vida é uma graça do Espírito Santo que devemos pedir. A Igreja, na origem de sua vida e de sua missão no mundo, nada mais era do que uma comunidade estabelecida para professar a fé em Jesus Cristo, Filho de Deus e Redentor da humanidade, uma fé que opera pela caridade. Elas caminham juntas! Hoje também, a Igreja é chamada a ser no mundo a comunidade que, enraizada em Cristo pelo batismo, professa a fé nEle com humildade e coragem, dando-lhe testemunho na caridade. Os elementos institucionais, as estruturas e os corpos pastorais também devem estar orientados para esse propósito essencial: dar testemunho da fé na caridade.
Antes de mais nada, é importante recuperar a dimensão mística da Igreja, ou seja, a Igreja como mistério de fé. É verdade que a palavra "mistério" geralmente não é entendida hoje no sentido que a Tradição da Igreja lhe atribui. Se necessário, mudemos a palavra, mas não a realidade que ela expressa, pois “o Mistério da Igreja já está inscrito no primeiro, o mais elementar e o mais popular dos nossos símbolos de fé. Credo … sanctam Ecclesiam catholicam […] Ao dizermos 'Creio na santa Igreja Católica', proclamamos a nossa fé não 'na Igreja', mas 'para a Igreja', isto é, na sua existência, na sua realidade sobrenatural, nas suas prerrogativas essenciais […] professamos que a Igreja foi formada pelo Espírito Santo, que é a sua obra própria, o instrumento pelo qual ele nos santifica. Afirmamos que é nela que, pela fé que nos comunica, participamos da comunhão dos santos, da remissão dos pecados e da ressurreição do corpo para gozar a Vida […] Finalmente, cremos que esta Igreja não existe para si mesma, mas para Deus . ” 6
Portanto, busquemos uma perspectiva de fé que reconheça, na realidade humana e institucional que é a Igreja, a presença e a ação de Jesus Cristo e do Espírito Santo. É uma realidade humana, pois é composta por homens, mas transcende o humano. O termo adequado para expressar isso é "mistério": a Igreja é um mistério da fé . Em teologia, um mistério é uma realidade que não pode ser plenamente compreendida senão pela revelação, pela fé. A Igreja, análoga ao mistério de Cristo, possui uma dupla dimensão: uma realidade humana, mas ao mesmo tempo transcendente, divina. Esta foi uma grande contribuição do Concílio Vaticano II em sua Constituição Dogmática Lumen Gentium : ver a Igreja sob a perspectiva de Cristo e totalmente dependente d'Ele ou em referência a Ele. Assim, o Concílio demonstra que o artigo de fé concernente à Igreja depende inteiramente dos artigos que se referem a Jesus Cristo. A Igreja não tem outra luz senão a de Cristo. Ela é, segundo uma imagem predileta dos Padres da Igreja, comparável à lua, cuja luz é um reflexo do sol (cf. Catecismo n. 748).
A Igreja, a comunidade dos fiéis, é um mistério da fé porque o Espírito Santo habita nela. E Cristo é o único fundamento válido sobre o qual a verdadeira Igreja pode ser edificada. Nela, tudo é sustentado por Ele e a Ele se refere. Sua missão é conduzir as pessoas à comunhão com Ele.
A Igreja é um mistério de comunhão porque nela entramos em comunhão com Deus e com os outros. Nela experimentamos a comunhão e nos abrimos à missão. Compreender a Igreja como um mistério de comunhão exige atitudes concretas, como as propostas pelo Cardeal C.M. Martini para todos os cristãos: “Compreendê-la como um mistério significa não diminuí-la, não se deter em fofocas, calúnias e, por vezes, em juízos mesquinhos que correm o risco de fechar as comunidades em si mesmas, de fechar os grupos e os conselhos pastorais em si mesmos. Sempre que perdemos de vista a grandeza do mistério e começamos a considerar a pequenez de uma pessoa, a fragilidade de um grupo, a pobreza de um momento particular na Igreja, de uma iniciativa específica, perdemo-nos em pequenas coisas por falta de visão, por incapacidade de contemplar o mistério infinito de Deus que age por meio dessas pequenas e pobres realidades, porque nós, como Igreja, somos pobres, mas ricos com as riquezas de Deus . ” 7
A primeira leitura nos convida a ver a Igreja também como fonte de vida, de vida divina que, como a água que brota do templo, torna tudo fecundo e tudo cura. Segundo alguns estudiosos, essa ideia está presente na eclesiologia de Aparecida: "Cremos ser importante aprofundar e propor a imagem da Igreja como 'Escola de Vida'". Considera-se que interpreta bem o que consta no Documento Aparecida. Nesse sentido, apresenta-se como um grande desafio para a Igreja ser verdadeiramente um espaço de comunhão, no qual as pessoas se sintam pertencentes, acolhidas, curadas de suas aflições mais profundas… é o espaço natural no qual as pessoas se sentem discípulas e estão preparadas para viver como [ilegível]. 6 H. de Lubac, Meditações sobre a Igreja (Encuentro; Madrid 1988) 35-36. O Catecismo também inclui essa ideia comum aos Padres, afirmando: “No Credo dos Apóstolos, professamos nossa crença de que existe uma Igreja Santa e não que cremos na Igreja, para não confundir Deus com suas obras e atribuir claramente à bondade de Deus todos os dons que ele colocou em sua Igreja” (CIC n. 750). missionários” 8 .
A segunda leitura, por sua vez, apresenta a Igreja como Templo de Deus , e sobre isso o Papa Bento XVI disse: “Esta última designação é particularmente interessante porque atribui a uma rede de relações interpessoais um termo que geralmente servia para indicar um lugar físico, considerado sagrado. A relação entre Igreja e templo assume, assim, duas dimensões complementares: por um lado, aplica-se à comunidade eclesial a característica de separação e pureza que o edifício sagrado possuía, mas, por outro lado, transcende-se também o conceito de espaço material, para transferir esse valor para a realidade de uma comunidade de fé viva. Se antes os templos eram considerados lugares da presença de Deus, agora se sabe e se vê que Deus não habita em edifícios de pedra, mas que o lugar da presença de Deus no mundo é a comunidade viva dos fiéis” (Catequese de 15 de outubro de 2008).
PARA ORAÇÃO (RESSONÂNCIAS DO EVANGELHO EM UMA ORAÇÃO): Dedicação do Templo
A luz do dia, a brisa fresca
Ligue para sua voz pela manhã.
Tudo nos convida a esvaziar a mente.
O sono se dissipa com o som dos sinos.
As portas abrem cedo.
O templo mantém um silêncio dourado.
A densidade da sua Presença convoca
Atraídos um pelo outro, homens e mulheres se aproximam.
Você está lá, observando junto com o Pai.
Você conhece nossa sede e nos espera.
O momento é tão íntimo, tão sublime!
O incenso sobe, a realeza desce.
O Filho consagrou a Casa
Ela já tinha alguém para defendê-la.
Chega de mercadores, chega de olhares arrogantes.
Corações contritos: para eles as portas se abrirão.
O Pai construiu um Templo
Não é feito de mármore nem de pedra.
Ele é de carne e espírito, humano e divino:
O Senhor que se dedica a nos dar a Vida Eterna.
Amém.
1 Cf. G. Ravasi, Os Profetas (Paulinas; Santa Fé de Bogotá 1992) 204.
21 Cf. G. Ravasi, Os Profetas (Paulinas; Santa Fé de Bogotá 1992) 204.
2 LH Rivas, O Evangelho de João. Introdução. Teologia. Comentário (San Benito; Buenos Aires 2006) 154. 3 Evangelho segundo São João (Sígueme; Salamanca 1995) 101.
4 Evangelho de João (Palavra Divina; Estella 2005) 76.
5 LH Rivas, O Evangelho de João (San Benito; Buenos Aires 2006) 156.
7 CM Martini, Palavras sobre a Igreja (Sal Terrae; Santander 1998) 69-70.
8 Conclusões do primeiro Seminário-Oficina sobre Aparecida organizado pelo ITEPAL-CELAM.
1
FIESTA DE LA DEDICACIÓN DE LA BASÍLICA DE SAN JUAN DE LETRÁN Primera lectura (Ez 40,1.3; 47,1-2.8-9.12)
La profecía de Ezequiel llega a un punto culminante con la imagen de los huesos secos que reviven por la acción del Espíritu (ruah) representando el resurgimiento de Israel como pueblo de Dios (cf. Ez 37). Ahora bien, con la certeza en esta acción de Dios en favor de su pueblo, Ezequiel se dedica a proyectar el Israel del futuro. En los capítulos 40 a 48, conocidos como la Torá de Ezequiel, diseña mentalmente el templo, el culto, el gobierno, la administración… Su aporte nos muestra cómo la reconstrucción teológica de Israel precedió a su reconstrucción física. Si el libro comenzó con la ida de la gloria de Dios a vivir con los desterrados, tiene un justo final con su vuelta a Jerusalén: "Y en adelante, el nombre de la ciudad será: «El Señor está allí»". (Ez 48,35).
Justamente esta presencia del Señor en el templo o santuario lo transforma en una fuente de vida, idea expresada con el claro símbolo del agua. Se trata de una realidad que el oriental desea con todo su ser y es la palabra que domina todo el capítulo 471. Ezequiel recibe en visión una especie de "visita guiada" por el Templo de Jerusalén y constata que el agua brota del umbral del templo y bordea el altar; y a su paso todo lo vivifica, saneando incluso las aguas del mar muerto y haciendo surgir allí plantas con frutos alimenticios y hojas medicinales. Del Templo, lugar de la presencia de Dios, brota la vida.
Segunda lectura (1Cor 3,9-11.16-17)
Para entender este texto debemos recordar que en 1Cor 1-4 san Pablo aborda la cuestión de las divisiones surgidas en el seno de la comunidad de Corinto. Al parecer las mismas se debían a las comparaciones entre los diversos apóstoles que hacían los corintios desde un punto de vista meramente humano, subordinando la verdad del evangelio a la elocuencia del predicador. San Pablo condena fuertemente esta actitud ya que con ella desplazan a Cristo Crucificado de su lugar de único fundamento de la fe y de la Iglesia, atentando así contra el núcleo mismo de la fe cristiana. En 1Cor 3,3-5 les demuestra a los corintios que si hay divisiones es porque son "carnales", piensan de modo puramente humano y, por tanto, no comprenden la Sabiduría de Dios, la lógica de la Cruz. Después de esta "reprimenda" busca iluminar a los corintios acerca del lugar que le corresponde al apóstol en la Iglesia y lo hará con dos ejemplos. En 3,6-9 toma la comparación con el cultivo y la presentación es teológica. En 3,10-17 sigue el modelo de la construcción, ahora con un acento cristológico y al final pneumatológico. La concepción final de la comunidad cristiana es grandiosa: son un templo edificado sobre el fundamento que es Jesucristo y habitado por el Espíritu Santo. Ante esto los constructores (apóstoles) y el material (su manera de obrar) pasan a segundo plano. A modo de síntesis del pensamiento paulino podemos decir:
• La Iglesia es principalmente obra de Dios.
• Cristo es el único fundamento sobre el que se debe construir.
• En este Templo vivo, que es la comunidad, habita el Espíritu Santo.
Evangelio (Jn 2,13-22)
Partamos de un dato interesante que surge de una visión panorámica de los cuatro evangelios: "El incidente de la expulsión de los mercaderes del Templo, que en los sinópticos se encuentra al comenzar la última semana, ha sido puesto por Juan en el principio de su evangelio, como acto inaugural de la actividad de Jesús en Jerusalén"2. Esto nos señala la especial importancia de este relato en el evangelio de Juan.
El relato se ubica en las cercanías de la fiesta de Pascua y en la ciudad de Jerusalén. Esta era la fiesta más importante para los judíos y todos los mayores de 12 años estaban obligados a peregrinar a la ciudad santa para celebrar allí la Pascua, por lo que Jerusalén estaría colmada de gente.
Los peregrinos, llegados de todas las regiones de Israel, tenían necesidad de cambiar su dinero “impuro” - porque tenía grabada la imagen del emperador romano, del César - por monedas aptas para hacer sus ofrendas en el Templo. Además, tenían necesidad de comprar los animales para ofrecer en sacrificio, pues no podían traerlo desde sus lugares de procedencia. Estas necesidades llevaron a que se montara un verdadero mercado al ingreso del templo, que revela el carácter profano y comercial que había adquirido esta fiesta religiosa.
Jesús, entonces, “hizo un látigo de cuerdas y los echó a todos del Templo, junto con sus ovejas y sus bueyes; desparramó las monedas de los cambistas, derribó sus mesas y dijo a los vendedores de palomas: «Saquen esto de aquí y no hagan de la casa de mi Padre una casa de comercio» (2,15-16).
Nos ayuda a reconocer el sentido de este gesto de Jesús una idea presente en el judaísmo de entonces para quienes la purificación del Templo era una de las funciones del Mesías. Por tanto, el de Jesús es un gesto mesiánico, un signo de su llegada. Como bien nota G. Zevini3: “Si el relato del milagro-signo de Caná (2,1-11) instaura la nueva alianza con la celebración de las bodas mesiánicas entre Jesús y la comunidad de los creyentes, el signo del templo (2,13-22) da paso a la actividad mesiánica de Jesús”.
Notemos que, al definir el Templo, la "casa o morada de Dios", como la "casa de su Padre", Jesús se está manifestando indirectamente como el Hijo de Dios. Al respecto señala F. Moloney4: “Para Jesús no se trata meramente de un edificio donde la gente se reúne (to hieron), que se ha degenerado convirtiéndose en un mercado (oikos emporou), sino que es «la casa de mi Padre» (ton oikon tou patros mou). El contraste entre las dos utilizaciones de la palabra «casa» (oikos) recuerda a Zac 14,21b «y aquel día no habrá ya traficantes en la casa del Señor de los ejércitos» (cf. Dodd, Interpretation 349) Al hieron se le llama ahora oikos. No es solamente un espacio donde la gente se reúne para dar culto a Dios (hieron), sino un lugar entre hombres y mujeres donde el Dios de Israel, a quien Jesús llama «mi Padre», tiene su morada (oikos)”.
Por su parte, la expulsión de las ovejas y los bueyes indican que se suprimen de ahora en más los sacrificios de animales, que serán sustituidos por el único sacrificio verdaderamente eficaz, el del Cordero de Dios que quita el pecado del mundo.
El evangelista comenta que los discípulos se acordaron del Salmo 69,10: “El celo por tu Casa me consumirá”, buscando legitimar desde las Escrituras el gesto de Jesús. Sigue un diálogo con los judíos quienes le reclaman a Jesús un signo probatorio de su autoridad mesiánica y que justifique la acción de purificación del templo que ha realizado. Jesús no responde directamente al pedido del signo haciendo un milagro en ese momento; sino haciendo un anuncio que les resultó misterioso a todos los presentes, incluidos los discípulos: «Destruyan este templo y en tres días lo volveré a levantar» (2,19). Notemos que aquí y en 2,20.21 se utiliza una palabra distinta (ναός) para referirse al “templo”, de la utilizada al inicio del relato en 2,14.15 (ἱερόν). Si bien ambos términos pueden referirse al templo como edificación, el utilizado aquí por Jesús (ναός) tiene un sentido más concreto y se refiere más al lugar sagrado como santuario donde Dios habita, como casa de Dios. En concreto, ἱερόν se referiría al Templo en sentido amplio, con todo lo que lo rodea, incluyendo el atrio de los gentiles dónde se vendían animales y se cambiaban monedas; mientras que ναός se refiere más bien al Santo de los Santos, al Santuario, al lugar del Templo donde Dios habita.
Al final tiene que intervenir el evangelista para aclararnos que Jesús se refería al templo/santuario de su cuerpo (τοῦ ναοῦ τοῦ σώματος αὐτοῦ en Jn 2,21); y que recién después de la resurrección de Jesús los discípulos comprendieron el sentido de esta expresión. Así, el gesto es iluminado por las palabras proféticas de Jesús que anuncian un nuevo Templo, el de su Cuerpo, que dará lugar a un nuevo culto, un culto auténtico, “en espíritu y en verdad”. Todo esto a partir de la Resurrección de Jesucristo, de su Pascua.
Por tanto: "El Templo que Jesús va a levantar no será otro como el que existía en Jerusalén, sino que será su cuerpo glorificado. Su cuerpo muerto en la cruz y resucitado a los tres días será el "signo" que ofrecerá a los judíos. Esta es la verdadera Casa del Padre, el lugar donde Dios habita y se encuentra con los hombres […] Jesús construirá un nuevo Templo en lugar del Templo de Jerusalén, y los sacrificios ordenados por la legislación del Antiguo Testamento ya no tendrán razón de existir después que se hizo presente el verdadero Cordero que quita el pecado del mundo"5.
En conclusión, y teniendo en cuenta el gesto y las palabras de Jesús, queda claro que el gran signo es la Resurrección de Cristo, expresada a través del símbolo del templo destruido y reconstruido en tres días. De este modo se anuncia el nuevo Templo que será de otro orden, se trata del Templo definitivo, del cuerpo de Cristo Resucitado, lugar donde Dios habita y dónde los hombres podrán encontrarse con Él.
Algunas reflexiones:
La importancia dada a la fiesta de la dedicación de la basílica de San Juan de Letrán tiene sus razones históricas y teológicas. En efecto, esta basílica, donada y construida por el emperador romano Constantino después de su conversión al cristianismo; fue consagrada en el año 324 por el papa Silvestre I y fue la sede de los papas hasta el año 1304. Por tanto, como catedral de Roma es considerada “cabeza y madre de todas las iglesias de Roma y del mundo”. Primeramente fue dedicada a Cristo Salvador; pero en el año 846 fue destruida por un terremoto y tuvo que ser reconstruida en su totalidad por el papa Sergio III, quien la dedicó a san Juan Bautista, por ser éste quien con su persona y su palabra pone en contacto el Antiguo y Nuevo Testamento. En el siglo XII el papa Lucio II también dedicó la basílica a san Juan, porque con su evangelio da testimonio de la vida y la Palabra del Señor. El nombre de “Letrán” le viene por la familia “Laterano”, a quienes pertenecía este palacio devenido en basílica.
Ahora bien, más allá de la fiesta de la dedicación de esta basílica concreta, la liturgia nos invita a reflexionar sobre la esencia de la Iglesia y tomar impulso y motivación para la necesaria renovación que el Señor nos pide. En efecto, como decía el Papa Francisco en el ángelus del 9 de noviembre de 2014: “Cada vez que celebramos la dedicación de una iglesia, se nos recuerda una verdad esencial: el templo material hecho de ladrillos es un signo de la Iglesia viva y operante en la historia, esto es, de ese «templo espiritual», como dice el apóstol Pedro, del cual Cristo mismo es «piedra viva rechazada por los hombres, pero elegida y preciosa para Dios» (1 P 2, 4-8). Jesús, en el Evangelio de la liturgia de hoy, al hablar del templo revela una verdad sorprendente: que el templo de Dios no es solamente el edificio hecho con ladrillos, sino que es su Cuerpo, hecho de piedras vivas. En virtud del Bautismo, cada cristiano forma parte del «edificio de Dios» (1 Cor 3, 9), es más, se convierte en la Iglesia de Dios. El edificio espiritual, la Iglesia comunidad de los hombres santificados por la sangre de Cristo y por el Espíritu del Señor resucitado, pide a cada uno de nosotros ser coherentes con el don de la fe y realizar un camino de testimonio cristiano. Y no es fácil, lo sabemos todos, la coherencia en la vida, entre la fe y el testimonio; pero nosotros debemos seguir adelante y buscar cada día en nuestra vida esta coherencia. «¡Esto es un cristiano!», no tanto por lo que dice, sino por lo que hace, por el modo en que se comporta. Esta coherencia que nos da vida es una gracia del Espíritu Santo que debemos pedir. La Iglesia, en el origen de su vida y de su misión en el mundo, no ha sido más que una comunidad constituida para confesar la fe en Jesucristo Hijo de Dios y Redentor del hombre, una fe que obra por medio de la caridad. ¡Van juntas! También hoy la Iglesia está llamada a ser en el mundo la comunidad que, arraigada en Cristo por medio del bautismo, profesa con humildad y valentía la fe en Él, testimoniándola en la caridad. A esta finalidad esencial deben orientarse también los elementos institucionales, las estructuras y los organismos pastorales; a esta finalidad esencial: testimoniar la fe en la caridad”.
Ante todo importa recuperar la dimensión mistérica de la Iglesia, o sea la Iglesia como misterio de fe. Es cierto que la palabra "misterio" no suele entenderse hoy en el sentido que la Tradición de la Iglesia quiere darle. Si hace falta cambiemos la palabra, pero no la realidad por ella expresada ya que "el Misterio de la Iglesia está inscrito ya en el primero, el más elemental y el más popular de nuestros símbolos de la fe. Credo…sanctam Ecclesiam catholicam […] Al decir "Creo a la santa Iglesia católica", nosotros proclamamos nuestra fe no "en la Iglesia", sino "a la Iglesia", es decir, en su existencia, en su realidad sobrenatural, en sus prerrogativas esenciales […] profesamos que la Iglesia ha sido formada por el Espíritu Santo, que es su obra propia, el instrumento por medio del cual nos santifica. Afirmamos que en ella es donde, por la fe que nos comunica, tenemos parte en la comunión de los santos, en el perdón de los pecados y en la resurrección de la carne para gozar de la Vida […] Creemos por fin que esta Iglesia existe no para sí misma, sino para Dios"6.
Por tanto, pidamos tener una mirada de fe que reconozca en la realidad humana e institucional que es la Iglesia, la presencia y la acción de Jesucristo y del Espíritu Santo. Se trata de una realidad humana, pues está compuesta por hombres, pero que transciende lo humano. El término justo para expresar esto es "misterio": la Iglesia es un misterio de fe. En teología un misterio es una realidad que no se puede comprender plenamente sino desde la revelación, desde la fe. La Iglesia, análogamente al misterio de Cristo, tiene una doble dimensión, una realidad humana pero a la vez trascendente, divina. Este ha sido un gran aporte del Concilio Vaticano II en su Constitución dogmática Lumen Gentium: mirar la Iglesia desde Cristo y totalmente dependiente de Él o en referencia a Él. Así, el Concilio muestra que el artículo de la fe sobre la Iglesia depende enteramente de los artículos que se refieren a Cristo Jesús. La Iglesia no tiene otra luz que la de Cristo; ella es, según una imagen predilecta de los Padres de la Iglesia, comparable a la luna cuya luz es reflejo del sol (cf. Catecismo nº 748).
La Iglesia, la comunidad de fieles, es misterio de fe porque allí habita el Espíritu Santo. Y Cristo es el único y válido fundamento sobre el que se puede construir la verdadera Iglesia. En ella todo se sostiene y se refiere a Él. Toda su misión es llevar a los hombres a la comunión con Él.
La Iglesia es un misterio de comunión porque en ella entramos en comunión con Dios y con los demás. En ella vivimos la comunión y nos abrimos a la misión. Entender la Iglesia como misterio de comunión nos exige actitudes concretas, como las que proponía el Cardenal C. M. Martini para todos los cristianos: "Entenderla como misterio quiere decir no empequeñecerla, no quedarse en murmuraciones, en maledicencias, juicios a veces mezquinos que tienen el peligro de encerrar a las comunidades en sí mismas, de cerrar los grupos, los consejos pastorales, sobre sí mismos. Siempre que perdemos de vista la grandeza del misterio y nos ponemos a considerar la pequeñez de una persona, la fragilidad de un grupo, la pobreza de un determinado momento de la Iglesia, de una determinada iniciativa, nos perdemos en cosas pequeñas por defecto de visión, por incapacidad para contemplar el infinito misterio de Dios que obra a través de estas pequeñas y pobres realidades, porque nosotros, como Iglesia, somos pobres, pero ricos con la riqueza de Dios"7.
La primera lectura nos invita a ver también a la Iglesia como fuente de vida, de vida Divina que, al igual que el agua que brota del templo, todo lo fecunda y todo lo sana. Según algunos estudiosos, esta idea está presente en la eclesiología de Aparecida: "Creemos importante profundizar y proponer la imagen de Iglesia como “Escuela de vida”. Se piensa que interpreta de buena manera lo que aparece en el Documento de Aparecida. En ese sentido se presenta como un gran desafío que la Iglesia sea realmente un espacio de comunión, en que las personas se experimenten como pertenecientes, acogidas, 6 H. de Lubac, Meditaciones sobre la Iglesia (Encuentro; Madrid 1988) 35-36. El Catecismo también recoge esta idea común a los Padres pues dice: "En el símbolo de los Apóstoles hacemos profesión de creer que existe una Iglesia Santa y no de creer en la Iglesia para no confundir a Dios con sus obras y para atribuir claramente a la bondad de Dios todos los dones que ha puesto en su Iglesia" (CIC nº 750) sanadas de sus más profundas dolencias…es el espacio natural en que los hombres se experimentan como discípulos y se disponen a vivir como misioneros"8.
Por su parte la segunda lectura nos presenta a la Iglesia como Templo de Dios y sobre esto decía el Papa Benedicto XVI: "Esta última designación es particularmente interesante, porque atribuye a un tejido de relaciones interpersonales un término que comúnmente servía para indicar un lugar físico, considerado sagrado. La relación entre Iglesia y templo asume por tanto dos dimensiones complementarias: por una parte, se aplica a la comunidad eclesial la característica de separación y pureza que tenía el edificio sagrado, pero por otra, se supera también el concepto de un espacio material, para transferir este valor a la realidad de una comunidad viva de fe. Si antes los templos se consideraban lugares de la presencia de Dios, ahora se sabe y se ve que Dios no habita en edificios hechos de piedra, sino que el lugar de la presencia de Dios en el mundo es la comunidad viva de los creyentes" (Catequesis del 15 de Octubre de 2008).
PARA LA ORACIÓN (RESONANCIAS DEL EVANGELIO EN UNA ORANTE): Dedicación del Templo
Las luces del día, la brisa fresca
Llama tu voz por las mañanas
Todo nos invita a despejar la mente
El sueño se aleja con las campanas
Temprano se abren las puertas
El templo conserva un silencio de oro
La densidad de tu Presencia convoca
Atraídos, hombre y mujeres se acercan
Estás allí velando junto al Padre
Sabes de nuestra sed y nos esperas
Es tan íntimo el momento, tan sublime!
Sube el incienso, desciende la Realeza
El Hijo consagró la Casa
Tenía ya quien la defienda
No más mercaderes, fuera las miradas altaneras.
Corazones contritos: para ellos se abrirán las puertas
El Padre edificó un Templo
No es de mármol ni de piedras
Es de carne y espíritu, humano y divino:
El Señor que se dedica para darnos Vida Eterna.
Amén.
1 Cf. G. Ravasi, Los profetas (Paulinas; Santa Fe de Bogotá 1992) 204.
2 1 Cf. G. Ravasi, Los profetas (Paulinas; Santa Fe de Bogotá 1992) 204.
2 L. H. Rivas, El Evangelio de Juan. Introducción. Teología. Comentario (San Benito; Buenos Aires 2006) 154. 3 Evangelio según san Juan (Sígueme; Salamanca 1995) 101.
4 Evangelio de Juan (Verbo Divino; Estella 2005) 76.
5 L. H. Rivas, El Evangelio de Juan (San Benito; Buenos Aires 2006) 156.
7 C. M. Martini, Palabras sobre la Iglesia (Sal Terrae; Santander 1998) 69-70.
8 Conclusiones del primer Seminario-Taller sobre Aparecida organizado por ITEPAL-CELAM.