16/11/2025
1ª Leitura: Malaquias 3,19-20a
Salmo Responsorial 97(98)-R-O Senhor virá julgar a terra inteira; com justiça julgará.
2ª Leitura: 2 Tessalonicenses 3,7-12
Evangelho de Lucas 21,5-19
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 5algumas pessoas comentavam a respeito do templo que era enfeitado com belas pedras e com ofertas votivas. Jesus disse: 6“Vós admirais estas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído”. 7Mas eles perguntaram: “Mestre, quando acontecerá isso? E qual vai ser o sinal de que essas coisas estão para acontecer?” 8Jesus respondeu: “Cuidado para não serdes enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu!’ e ainda: ‘O tempo está próximo’. Não sigais essa gente! 9Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não fiqueis apavorados. É preciso que essas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim”. 10E Jesus continuou: “Um povo se levantará contra outro povo, um país atacará outro país. 11Haverá grandes terremotos, fomes e pestes em muitos lugares; acontecerão coisas pavorosas e grandes sinais serão vistos no céu. 12Antes, porém, que essas coisas aconteçam, sereis presos e perseguidos; sereis entregues às sinagogas e postos na prisão; sereis levados diante de reis e governadores por causa do meu nome. 13Essa será a ocasião em que testemunhareis a vossa fé. 14Fazei o firme propósito de não planejar com antecedência a própria defesa; 15porque eu vos darei palavras tão acertadas, que nenhum dos inimigos vos poderá resistir ou rebater. 16Sereis entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos. E eles matarão alguns de vós. 17Todos vos odiarão por causa do meu nome. 18Mas vós não perdereis um só fio de cabelo da vossa cabeça. 19É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!” – Palavra da salvação.
Lc 21,5-19
Em nenhum momento Jesus prometeu aos discípulos um caminho feito de facilidade, de êxito e de glória. O Evangelho de hoje é um choque para quem pensa que seguir Jesus seja um salvo conduto mágico contra todo tipo de sofrimento e provação. Sereis presos e perseguidos; sereis entregues às sinagogas e postos na prisão; sereis levados diante de reis e governadores por causa de meu nome.
O caminho dos discípulos de Jesus e da sua Igreja está cheio de dificuldades e de lutas. Jesus não alimenta o triunfalismo: se quisermos seguir Jesus, precisamos estar preparados para o combate espiritual. Esse combate consiste em não se deixar enganar por muitos que se apresentam como salvadores e prometem a felicidade fácil: Cuidado para não serdes enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: sou eu! E ainda: O tempo está próximo! Não sigais essa gente!
O combate espiritual consiste também em não se apavorar quando ouvirmos falar de “guerras e revoluções”, quando este mundo em que vivemos e no qual tanto confiamos mostrar os sinais de sua caducidade e fragilidade: “haverá grandes terremotos, fomes e pestes em muitos lugares, acontecerão coisas pavorosas e grandes sinais serão vistos no céu”. Este mundo passa e, no seu interior, já podemos ver os sinais de sua fragilidade! Evidentemente nos preocupamos quando acontecem os cataclismos, mas não devemos nos deixar vencer pelo pavor.
Não somente experimentamos a caducidade do mundo. Experimentamos também o ódio crescente do mundo contra os cristãos. “Todos vos odiarão por causa de meu nome”. Por causa de meu nome... Ser fiel a Jesus, viver como Ele viveu, praticar o que ele ensinou, tem como consequência o ódio de uma sociedade que rejeita sempre mais o Evangelho. Cada vez mais constatamos que ser cristão se torna perigoso!
Por outro lado, Jesus nos assegura que, ao sermos acusados e perseguidos pelo mundo, ele mesmo nos dará “palavras tão acertadas, que nenhum dos inimigos poderá resistir ou rebater”. Além disso, Jesus nos promete que, mesmo odiados por todos e até pela própria família, quem nele se apoia “não perderá um só fio de cabelo”. Quando tudo parece conspirar para destruir a fé dos cristãos, recebemos a garantia do próprio Jesus: “vós não perdereis um só fio de cabelo”. Com a morte e a ressurreição, nada de Jesus se perdeu. Seguindo Jesus no mesmo caminho pascal, nada do cristão está perdido nem será perdido definitivamente. Nenhum fio de cabelo! Nada do cristão, em seu seguimento e testemunho de Jesus, se perderá, pois a Páscoa tudo transfigura e transforma.
São tantas as ameaças e os perigos para quem quer ser cristão! Provações causadas pelas guerras, revoluções e desastres naturais! Oposição e ódio de uma sociedade que perde progressivamente os valores do evangelho e se volta contra os cristãos! Rejeição dos próprios familiares! Tudo isso, por causa da proximidade de Jesus, é ocasião para continuarmos dando testemunho valoroso do Evangelho! É um testemunho corajoso que não se alimenta de nosso heroísmo, mas que se apoia unicamente e humildemente na assistência de Cristo: vós não perdereis um só fio de cabelo.
Como faz bem o realismo do Evangelho de hoje! Como nos faz bem a companhia de Jesus!
33° DomTComum – Lc 21,5-19 - Ano C -
Nos Evangelhos se recolhem alguns textos de caráter apocalíptico em que não é fácil diferenciar a mensagem que pode ser atribuída a Jesus e as preocupações das primeiras comunidades cristãs envolvidas em situações trágicas enquanto esperam, com angústia e no meio de perseguições, o final dos tempos.
Segundo o relato de Lucas, os tempos difíceis não devem ser tempos de lamentos e desalento. Não é tampouco a hora da resignação ou da fuga. A ideia de Jesus é outra. Precisamente em tempos de crise, “tereis ocasião de dar testemunho”. É então quando nos é oferecida a melhor oportunidade para dar testemunho da nossa adesão a Jesus e ao Seu projeto.
Levamos muito tempo sofrendo uma crise que golpeia duramente a muitos. O que aconteceu neste tempo permite-nos conhecer já com realismo o dano social e o sofrimento que gera. Não terá chegado o momento de avaliarmos como estamos reagindo?
Talvez, o primeiro seja rever profundamente nossa atitude: Temos nos posicionado de forma responsável, despertando em nós um sentido básico de solidariedade ou estamos vivendo de costas a tudo o que pode perturbar a nossa tranquilidade? Que fazemos a partir dos nossos grupos e comunidades cristãs? Marcamos a nós próprios uma linha de ação generosa ou vivemos celebrando nossa fé à margem do que está acontecendo?
A crise está abrindo uma fratura social injusta entre aqueles que podem viver sem medo do futuro e aqueles que estão sendo excluídos da sociedade e privados de uma saída digna. Não sentimos o chamado para introduzir “cortes” na nossa vida, para viver assim nos próximos anos, de forma mais sóbria e solidária?
Pouco a pouco, vamos conhecendo mais de perto quem vai ficando mais indefeso e sem recursos (famílias sem rendimento algum, desempregados de longa duração, imigrantes doentes...). Será que nos preocupamos em abrir os olhos para ver se podemos nos comprometer em aliviar a situação de alguns? Podemos pensar em alguma iniciativa realista a partir das comunidades cristãs?
Não devemos esquecer que a crise não cria só empobrecimento material. Gera também insegurança, medo, impotência e experiência de fracasso. Desfaz projetos, afunda famílias, destrói a esperança. Não teremos de recuperar a importância da ajuda entre familiares, o apoio entre vizinhos, o acolhimento e acompanhamento a partir da comunidade cristã? Poucas coisas podem ser mais nobres nestes momentos do que o aprender a cuidar-nos mutuamente.
“Todos vos odiarão por causa do meu nome.” (Lc 21,17)
Estamos no penúltimo domingo do ano litúrgico; no último, celebraremos a festa de Cristo Rei, que vem culminar todo o percurso celebrativo.
O relato deste domingo nos situa no Templo de Jerusalém, fim do percurso missionário de Jesus, marcado por oposições, conflitos e rejeições.
Aqui Jesus se depara com uma situação na qual a construção magnífica do templo de Jerusalém alimentava a fé dos judeus a tal ponto que a arquitetura e o poder da religião eram mais significativos que o próprio Deus de Israel. Jesus desmascara uma religião na qual eram mais importantes os sacrifícios, o ritual, a construção majestosa que as atitudes exigidas pelo mesmo Deus para um verdadeiro culto a Ele: a misericórdia e a justiça. Por isso Jesus afirma que o Templo será destruído; este já não era mais o lugar de uma relação legítima com Deus e com os outros, pois alimentava grandes divisões sociais e injustiças que contradiziam a finalidade de um “espaço sagrado”.
Para que o Reino de Deus pudesse ser instaurado era preciso “derrubar o templo”, transformado em lugar de comércio e princípio de idolatria, sinal de patologia religiosa. Com o templo cairiam outras funções: a econômica, a política e a religiosa.
Ou seja, todos admiravam a beleza exterior do templo. Mas ninguém admirava sua beleza interior; ninguém admirava a presença de Deus no templo; ninguém admirava a vida de fé daqueles que visitavam o templo.
O melhor que poderia acontecer era que o Templo fosse destruído, pois só assim os judeus poderiam redescobrir sua verdadeira identidade e sua vocação de povo eleito.
Igualmente, o melhor que pode acontecer a uma instituição religiosa, cercada de muralhas e grandes pedras, é que “tudo seja destruído”, pois só assim é que se pode descobrir a verdade do evangelho na sua pureza e a essência da identidade cristã: uma comunidade de seguidores(as) de Jesus.
Todos admiravam a beleza exterior do templo. Mas ninguém admirava sua beleza interior; ninguém admirava a presença de Deus no templo; ninguém admirava a vida de fé daqueles que visitavam o templo – Adroaldo Palaoro
Para Jesus, a beleza da comunidade cristã não está na suntuosidade de seus templos e ritos, mas na coerência de vida, inspirada nos valores do Evangelho; e quem vive a fidelidade no seguimento d’Ele poderá encontrar oposições, incompreensões, perseguições até dentro da própria família.
As raízes do cristianismo estão regadas com o sangue dos mártires; a árvore do cristianismo está fortalecida com a perseguição e o martírio.
No contexto da “destruição do Templo”, Jesus nos convida a não nos fixar nas “pedras”, mas ampliar o olhar para o “mais além”. A linguagem apocalíptica e escatológica (fim último), tão comum na época de Jesus, é muito difícil de ser entendida hoje. Corresponde a uma outra visão de Deus, do ser humano e da realidade, diferente da nossa. Mais uma vez os discípulos se mostram mais interessados pela questão do “quando” e do “como” do que pela mensagem em si.
No entanto, Jesus introduz elementos novos que mudam a essência da “visão apocalíptica”. Para Ele, o decisivo não é tanto o fim, mas a atitude de cada um diante da realidade atual.
“Cuidado para não serdes enganados!” A advertência vale para hoje também. Nem o fim, nem as catástrofes têm importância se soubermos manter a atitude de plena confiança n’Aquele que é o Senhor dos tempos. A realidade não nos deve perturbar. Tudo passa, mas a essência permanece.
Para Jesus, a beleza da comunidade cristã não está na suntuosidade de seus templos e ritos, mas na coerência de vida, inspirada nos valores do Evangelho; e quem vive a fidelidade no seguimento d’Ele poderá encontrar oposições, incompreensões, perseguições até dentro da própria família – Adroaldo Palaoro
O “gênero apocalíptico” (revelação), ao qual pertence o relato de hoje, se referia à gestação de um “mundo novo”, de um novo e definitivo estado de coisas, através de imagens que mais tarde foram designadas precisamente como “apocalípticas”: guerras, epidemias, fome, terremotos e movimentos estrelares, que semeiam confusão, desolação, pânico e morte. Tudo isso significava que estava sendo derrubado a “velha ordem” de injustiça e que daria lugar ao nascimento de um mundo novo, mais justo e fraterno.
Em meio a essa descrição de calamidades de todo tipo, eleva-se firme o convite à confiança por parte de Jesus: “Não perdereis um só fio de cabelo de vossa cabeça; é permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!”. A confiança se enraíza, mais uma vez, na compreensão daquilo que somos na essência: somos habitados por uma Presença pacificadora e consoladora As palavras de Jesus poderiam ser traduzidas deste modo: “o que realmente somos se encontra sempre a salvo”.
A segurança da vida não pode ser dada pela ausência de conflitos, nem pela promessa de felicidade, mas pela confiança em Deus. Tampouco devemos continuar edificando “templos” que nos deem seguranças. Nem organogramas, nem doutrinas, nem estruturas legalistas e ritualistas garantem nossa salvação. Pelo contrário, o desaparecimento dessas seguranças deve nos ajudar a buscar nossa verdadeira salvação. Já dizia Santo Ambrósio: “os imperadores romanos nos ajudavam mais quando nos perseguiam que quando nos protegiam”.
O essencial da mensagem de hoje está na importância do momento presente frente aos medos diante de um passado tenebroso ou pelas especulações sobre o futuro. “Aqui e agora” podemos descobrir nossa plenitude. Aqui e agora podemos tocar a eternidade. Hoje mesmo podemos plenificar o tempo e abrir-nos ao Absoluto. Nesse instante podemos viver a totalidade, não só de nosso ser individual, mas a “totalidade” do que existiu, existe e existirá. Para quem está desperto não há diferença nenhuma entre o passado, o presente e o futuro; ele vive sintonizado no “Hoje eterno” de Deus.
A segurança da vida não pode ser dada pela ausência de conflitos, nem pela promessa de felicidade, mas pela confiança em Deus – Adroaldo Palaoro
As profundas transformações sociais, econômicas, políticas, culturais que estão acontecendo em nossos dias e a crise religiosa que sacode as raízes do cristianismo, nos desafiam a buscar em Jesus a luz e a força que precisamos para ler, interpretar e viver estes tempos de maneira lúcida e responsável. Mais do que nunca, faz-se urgente ativar o dom do discernimento, para não permanecermos nas aparências e fenômenos que parecem nos assustar e fundamentar nossas vidas no essencial: fidelidade ao seguimento de Jesus.
Em nenhum momento Jesus propõe aos seus seguidores um caminho fácil de êxito e glória. Pelo contrário, lhes dá a entender que a longa história da vida cristã estará cheia de desafios e dificuldades. É contrário ao espírito de Jesus cultivar o triunfalismo ou alimentar a nostalgia de grandezas. O caminho do seguimento, marcado por conflitos e perseguições, está mais de acordo com uma Igreja fiel a seu Senhor.
Em momentos de crise, desconcerto e confusão como estes que estamos vivendo, não é estranho que apareçam pessoas com suas mensagens e revelações mirabolantes, totalmente contrárias aos do Evangelho. Estas são as instruções de Jesus: em primeiro lugar, “cuidado para não serdes enganados”; não cair na ingenuidade de dar crédito a mensagens alheias ao evangelho, nem fora nem dentro da Igreja.
Portanto, “não sigais essa gente!”; não seguir aqueles que nos separam de Jesus Cristo, único fundamento e origem e nossa fé.
Cada geração cristã tem seus próprios problemas, dificuldades e buscas. Não devemos perder a calma, mas assumir nossa própria responsabilidade. Não nos é pedido nada que esteja acima de nossas forças. Contamos com a ajuda do mesmo Jesus: “Eu mesmo vos darei palavras e sabedoria...”. Inclusive em um ambiente hostil de rejeição ou desafeto, podemos viver o evangelho com mais coerência e cultivar um estilo de vida cristã com mais lucidez, paciência e perseverança.
Em nenhum momento Jesus propõe aos seus seguidores um caminho fácil de êxito e glória. Pelo contrário, lhes dá a entender que a longa história da vida cristã estará cheia de desafios e dificuldades. É contrário ao espírito de Jesus cultivar o triunfalismo ou alimentar a nostalgia de grandezas – Adroaldo Palaoro
Os tempos difíceis não devem ser tempos para lamentações, saudades ou desânimo. Não é hora da resignação, da passividade ou da desistência. A ideia de Jesus é outra: em tempos difíceis “será a ocasião em que testemunhareis a vossa fé”. É precisamente nestes momentos quando devemos reavivar entre nós o chamado a sermos testemunhas humildes, mas convincente, de Jesus, de sua mensagem e de seu projeto.
Para meditar na oração:
Onde e em quem você alimenta sua confiança?
- Como lhe afetam as grandes crises que estamos vivendo no atual contexto social, político, religioso?
- Onde você se enraíza para superar os tempos turbulentos que nos envolvem?
- Você costuma “dar ouvidos” aos fanáticos da atualidade, sobretudo no campo religioso, que aproveitam destes momentos difíceis para alimentar medos, inseguranças...?
O texto do evangelho deste domingo, redigido no fim do século I (aproximadamente no ano 80), quando o Templo de Jerusalém já havia sido destruído pelo Império Romano, tem um forte conteúdo apocalíptico que responde às perguntas que se faziam naquele momento, quando parecia que o fim do mundo estava próximo. A construção deste Segundo Templo começou após o retorno do exílio babilônico no século VI a.C., e posteriormente Herodes, o Grande, o ampliou e transformou. Tenhamos em mente que milhares de trabalhadores, escravos, operários judeus, artesãos especializados e também centenas de sacerdotes que trabalhavam nas áreas sagradas – onde somente eles podiam entrar – participaram dessa construção.
Neste comentário, propomos nos aproximar de Jesus e de sua mensagem para nos perguntarmos o que este texto nos diz hoje em nosso próprio contexto. Como ler suas palavras como Palavra de Deus que questiona e transforma nossa vida, convidando-nos a segui-lo com maior proximidade? Jesus encontra um grupo de seguidores que se maravilham com a magnificência do Templo e “comentavam que era enfeitado com belas pedras e com ofertas votivas”. Ao contemplar essa obra monumental — erguida em grande parte por mãos escravas que carregaram materiais e realizaram as tarefas mais árduas — surge a pergunta: como Jesus veria essa grandeza? Ele poderia admirá-la sem perceber o sofrimento que jaz em seus alicerces? Experiências recentes — a pandemia mundial da Covid-19, as enchentes no Rio Grande do Sul ou o tornado no Paraná — nos mostraram a fragilidade de nossas construções, por mais sólidas que pareçam. Essas experiências nos abrem portas para redescobrir nossa vulnerabilidade e a precariedade da condição humana.
Atualmente, existem grandes construções erguidas como muros que buscam isolar e dividir grupos sociais ou impedir a passagem de pessoas de um país para outro. São muros que cercam e separam, que aparentam oferecer segurança a alguns seres humanos em relação a outros considerados perigosos. Também dentro das cidades são erguidas paredes invisíveis e visíveis que “protegem” certos grupos sociais das multidões de pessoas que, por causa da guerra, das consequências climáticas ou por outras causas, foram abandonadas e marginalizadas em sua pobreza e vulnerabilidade e percorrem o mundo em busca de um lugar onde possam viver com dignidade.
Jesus responde à admiração das pessoas por essas grandes construções: “Vós admirais estas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído.” – Ana Maria Casarotti
Jesus está em Jerusalém, local de peregrinação e também espaço do poder político e religioso que queria matá-lo porque sua mensagem e suas atitudes os denunciavam. Já no Templo, Jesus responde à admiração das pessoas por essas grandes construções: “Vós admirais estas coisas? Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído.”
São palavras fortes diante de algo que parece indestrutível, da mesma forma que foram necessárias centenas de pessoas para construí-lo, naquela época também era necessário muito poder e pessoas escravizadas por esse poder para fazê-lo.
“Antes, porém, que estas coisas aconteçam sereis presos e perseguidos; sereis entregues às sinagogas e postos na prisão; sereis levados diante de reis e governadores por causa do meu nome. Esta será a ocasião em que testemunhareis a vossa fé. ”
Através desta passagem do Evangelho, Lucas exorta a comunidade a permanecer firme na fé, a não desistir diante das adversidades nem se deixar vencer pelo desânimo. A comunidade experimenta a dor do martírio de alguns de seus membros, o abandono da fé por parte de outros e a incerteza diante de um futuro que se percebe ameaçador. No primeiro século, esses pequenos grupos de cristãos viviam o Evangelho com radicalidade, a ponto de entregar a vida por Jesus. Os crentes da primeira geração já não estavam mais entre eles, e as perseguições, juntamente com as guerras que os cercavam, levavam-nos a questionar se tudo isso não era um sinal do fim do mundo próximo.
As palavras de Jesus, no entanto, são claras e encorajadoras: Ele confirma que essas provações virão, mas os anima a enfrentá-las com fé. Mais ainda, convida-os a confiar plenamente em Deus, lembrando-lhes: “Fazei o firme propósito de não planejar com antecedência a própria defesa; porque eu vos darei palavras tão acertadas, que nenhum dos inimigos vos poderá resistir ou rebater”. “Fazei o firme propósito de não planejar com antecedência a própria defesa”. Convida-os a viver com a certeza de que o Espírito os sustentará em meio à provação.
Os cristãos do primeiro século não tinham muros que os protegessem das ameaças do seu entorno. Para celebrar em comunidade, reuniam-se em suas casas, já que não lhes era permitido fazê-lo em espaços públicos. Neste domingo, Jesus nos convida a viver nossa fé de forma aberta, pública, sem muros visíveis ou invisíveis, a proclamar a novidade do seu Reino sem nos preocuparmos com as consequências que isso possa trazer. Ele nos chama a não nos isolarmos do ambiente em que estamos inseridos, a não permitir que se ergam pedras que impeçam o olhar para aqueles que nos rodeiam e estão sendo perseguidos porque incomodam o império vigente! São os perseguidos do nosso século: os mais desprotegidos, aqueles que não “contribuem” para a sustentação dos imperialismos do momento, os pobres, os desfavorecidos. Somos chamados a destruir as paredes invisíveis que marginalizam os pobres dentro das cidades, criando espaços de privilégio diante de multidões despossuídas. São paredes que alimentam o medo e a hostilidade, reforçando a ideia de que certos grupos humanos são perigosos ou indesejáveis.
Jesus nos convida a viver nossa fé de forma aberta, pública, sem muros visíveis ou invisíveis, a proclamar a novidade do seu Reino sem nos preocuparmos com as consequências que isso possa trazer – Ana Maria Casarotti
Como diz o Papa Francisco na encíclica Fratelli Tutti: “criam-se novas barreiras para a autopreservação, de modo que deixa de existir o mundo e existe apenas o “meu” mundo, a ponto de muitos deixarem de ser considerados seres humanos com dignidade inalienável e passarem a ser apenas “eles”. Reaparece “a tentação de fazer uma cultura de muros, de levantar muros, muros no coração, muros na terra para evitar esse encontro com outras culturas, com outras pessoas. E quem quer que levante um muro, quem constrói um muro, acabará sendo um escravo dentro dos muros que construiu, sem horizontes. Porque lhe falta essa alteridade” (FT 27).
Somos convidados a abrir novos caminhos de encontro e, para isso, é necessário construir pontes que ajudem a uma vida fraterna que reconheça a dignidade de cada pessoa, especialmente dos pobres e dos migrantes. Desta forma, daremos testemunho da nossa fé, construindo a fraternidade como único caminho para a paz e a justiça, seremos testemunhas de esperança numa sociedade marcada pelo individualismo e pela autorreferencialidade.
biblista popular, autor e assessor do Centro de Estudos Bíblicos.
Nosso texto para reflexão na liturgia deste final de semana situa Jesus em Jerusalém nos dias que precedem a sua violenta morte imposta a ele por ser fiel ao Pai no anúncio de uma boa-nova aos pobres (4,18-19). E, no templo, Jesus presencia o gesto mais divino que há sobre a face da terra, isto é, a partilha protagonizada pela viúva pobre. Sua atitude é a única coisa boa que Jesus encontrou no templo de Jerusalém. E se encanta com esse gesto de uma mulher tão vulnerável e empobrecida (21,1-4).
Outro é o motivo de admiração dos discípulos. Maravilhavam-se pelas valorosas ofertas para pagar promessas e pelas impressionantes pedras com que estava construído o templo (21,5-6). Para a surpresa deles, Jesus denuncia a injustiça desse centro religioso, político e econômico da Judeia. É o que ele deixou bem claro ao, “entrando no templo, expulsar os vendedores, dizendo-lhes: está escrito: minha casa será uma casa de oração. Vós, porém, fizestes dela um covil de ladrões” (19,45-46; cf. Isaías 56,7; Jeremias 7,11).
Ao mesmo tempo, Jesus anuncia o fim dessa instituição, pois “dias virão em que não ficará pedra sobre pedra que não seja demolida” (21,6).
Nesse sentido, ao inserir-se na linha profética, Jesus se antecipa a Marx na crítica à religião quando esta serve como fonte de injustiça, de alienação e de ópio para povo. O papel do templo é promover vida, é ser lugar de encontro com Deus como casa do Pai (2,49). Jesus mesmo é esse lugar em que o divino se humaniza e o humano é divinizado. Para as comunidades cristãs, partindo do fato histórico da destruição do templo, referem-se ao Antigo Israel como quem abandonou a Aliança, dando lugar à boa-nova do reinado de Deus vivido pelas comunidades, e que são o Novo Israel. Agora, a referência fundamental não é mais o templo, mas a pessoa de Jesus.
Depois que Jesus apresenta seu projeto em relação ao templo, os discípulos perguntam a respeito da época em que isso deveria acontecer e do sinal que viria antes. Mais do que responder às perguntas, Jesus convida ao discernimento, ao testemunho e à perseverança.
Diante da insegurança dos conflitos acima lembrados, o evangelho quer animar e confortar, orientar e advertir as comunidades, dizendo que a destruição de Jerusalém e do templo ainda não é o fim deste mundo injusto (21,9).
Desse modo, ainda é preciso discernimento: “Atenção para não serdes enganados” (21,8). E mais, é preciso ter coragem, superar o medo: “Não vos atemorizeis!” (21,9). Além das guerras (21,9-10), o evangelista lembra também, em linguagem apocalíptica, os abalos cósmicos. Embora os terremotos, as pestes e a fome fossem realidades históricas, aqui também são citados junto com “fenômenos pavorosos e grandes sinais vindos do céu” (21,11). Essa linguagem apocalíptica é comum para se referir a uma realidade nova que está por vir, totalmente diferente da violência das guerras e da ocupação das colônias pelo império colonialista de Roma. E essa nova realidade já está sendo gestada nas relações de justiça vividas nas comunidades.
Em meio às perseguições, é preciso continuar dando testemunho e reafirmando a fé, mesmo que isso leve ao martírio. Em grego, a palavra que traduzimos por testemunho é martiría (21,13). Nesse testemunho, as comunidades não estão sós, pois o Espírito de Jesus ressuscitado está com elas, de modo que possam resistir com sabedoria e eloquência (21,14-15).
Discípulas e discípulos de Jesus não devem deixar-se enganar, mas perseverar, pois “é pela perseverança que mantereis vossas vidas” (21,19). As comunidades esperam, confiam e perseveram com fé na vitória de Deus. Perseverar não é aguardar de braços cruzados, mas engajar-se na superação de todas as forças do mal, resistindo com sabedoria e já vivendo hoje as relações que esperamos para todo o mundo amanhã.
Senhor, ajuda-nos no discernimento dos teus sinais em nossos tempos, para não sermos enganados por tantas mentiras e ilusões. Dá-nos coragem, ó Deus, para testemunharmos teu amor diante do ódio e de tanta violência, muitas vezes legitimados em teu nome. Concede-nos sabedoria para seguirmos com perseverança no cuidado da vida. Amém!
(Se desejar, confira com o texto original em espanhol logo a seguir)
33º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO C
1ª Leitura (Ml 3,19-20):
A leitura deste domingo começa com a expressão "chegou o dia"; e o que se segue confirma que é o dia de Javé, uma ideia que permeia todo o arco profético de Israel. Acredita-se que o conceito de "dia de Javé" tenha origem na imagem de Deus lutando por seu povo ("dia de Midiã" em Juízes 7:15; Isaías 9:3). A evolução sucessiva desse conceito pode ser articulada da seguinte forma: em uma fase pré-profética, é um dia de vitória militar; em um segundo estágio, de Amós ao exílio, é um dia do julgamento de Deus contra Israel por seus pecados; e após o exílio, é visto como um dia de triunfo dos justos sobre os pecadores (cf. Amós 5:18 e nota na Bíblia de Jerusalém; Joel 2:1; Sofonias 1:7). Em Qumran e no NT (cf. Hb 2,20; 1Cor 5,5; 1Ts 5,1-11) o conceito do dia do Senhor também aparece, mas com um forte sentido escatológico-apocalíptico.
A profecia de Malaquias, o último dos doze profetas menores, situa-se precisamente no período pós-exílio e, portanto, fala do Dia do Senhor como um dia de julgamento, do discernimento de Deus entre os justos e os pecadores. O texto de hoje anuncia punição total (sem deixar raiz nem ramo) para os pecadores (os arrogantes e os que praticam o mal); enquanto para os justos (aqueles que temem o nome de Deus) brilhará o sol da justiça.
Portanto, Deus, por meio da palavra profética de Malaquias, “deseja que o povo, ao retornar do exílio, recupere sua qualidade mais pura: na adoração, na vida, em seus valores mais elevados. Ele não se contenta com a mediocridade; não lhe basta, por exemplo, que o templo tenha sido reconstruído. Ele quer que tudo, a começar pelo templo, seja feito bem, em uma atmosfera de respeito ao próprio Deus. Ele quer que todo o povo esteja preparado para contemplar o sol de sua justiça e não duvidar de que ele permanecerá mesmo que, em meio à tempestade, as nuvens se acumulem (cf. 2,18).”¹
Evangelho (Lc 21:5-19):
Embora não sejam nomeados, o contexto deixa claro que Jesus está em Jerusalém com seus discípulos. Alguns, ao falarem do templo, comentaram sobre sua beleza e a magnificência de suas decorações. Referem-se ao Templo de Jerusalém, cuja construção começou em 20 a.C., e que se caracterizava por seu tamanho imponente e pela riqueza dos materiais utilizados em sua construção. Jesus reage e os desconcerta ao anunciar a futura destruição total do lugar sagrado: "tudo será destruído".
É difícil para nós imaginarmos o que o Templo de Jerusalém representava para o povo de Israel, o lugar da presença de Deus e, portanto, uma garantia de proteção para o povo. Era tão estimado que sua destruição era praticamente sinônimo do fim do mundo. Isso explica a pergunta imediata dos discípulos: "Quando isso acontecerá e qual será o sinal de que está para acontecer?" É a pergunta que todos nós faríamos a Jesus: Quando virá o fim do mundo e como saberemos que está chegando?
Lembremos que em nenhum lugar do Novo Testamento encontraremos uma resposta clara para a pergunta “quando” acontecerá o fim do mundo. Em vez disso, há frequentes referências à maneira repentina e inesperada com que o dia final chegará, usando a comparação com a chegada de um ladrão (cf. Mt 24:43; Lc 12:39; 2 Pe 3:10; Ap 3:3; 16:15).
No Evangelho de hoje, Jesus não responde à pergunta dos discípulos sobre quando virá o fim, mas indica as atitudes que os cristãos devem ter no período que antecede a Parusia, o fim do mundo. Especificamente, Jesus exorta seus discípulos a três coisas: não se deixarem enganar, darem testemunho e serem firmes.
⇒ Não se deixem enganar por aqueles que anunciam a chegada iminente do fim. Este perigo de engano a respeito do fim dos tempos é um tema comum nos apocalipses do Novo Testamento (cf. Marcos 13:5-7; Lucas 21:8-9; 17:22-24; 2 Tessalonicenses 2:1-12; Apocalipse 13:13-14; 20:7-10). É importante notar que, no pensamento apocalíptico, a presença do mal deve atingir um certo grau antes que o tempo esteja maduro para o justo julgamento de Deus. Assim, antes da vinda do Senhor, o mal se manifestará fortemente, e então será o momento da batalha final, na qual o Senhor Jesus sairá vitorioso. É por isso que Jesus adverte que, mesmo que ocorram guerras, revoluções, terremotos, pragas, fome, "o fim não chegará tão cedo" (ἀλλ᾽ οὐκ εὐθέως τὸ τέλος en 21,9).
⇒ Dar testemunho (μαρτύριον). As perseguições que recairão sobre os cristãos não são um sinal do fim do mundo, mas sim têm o propósito de despertá-los para dar testemunho de Jesus com as palavras irresistíveis que Ele lhes deu ("Eu lhes darei eloquência e sabedoria a que nenhum dos seus adversários poderá resistir ou contradizer").
⇒ Finalmente, nos convida à confiança e à constância ou perseverança (em grego, hupomoné: u`pomonh). Este último termo indica o ato de permanecer ou ficar sob um peso, suportando-o, resistindo à sua pressão. Seus significados são vários: persistência, perseverança e espera. O evangelista Lucas o usa novamente em relação à Palavra: "A semente que caiu em boa terra são aqueles que ouvem a palavra com um coração nobre e bom, a retêm e, perseverando, produzem fruto" (Lc 8,15). Mas observemos que "na teologia de Lucas, hupomoné não é uma virtude, como a 'paciência' de Jó comentada por Tiago (5,11), nem uma ocasião que dá origem à esperança (Rm 5,3-4), mas a perseverança na fé, que se opõe, como possibilidade, à apostasia. Em última análise, a escolha é 'permanecer' ou 'afastar-se'." Os conceitos são mais espaciais do que éticos."2 Esta atitude recomendada por Jesus é o que permitirá aos fiéis alcançar a salvação, “eles ganharão as vossas almas ou vidas” (κτήσασθε τὰς ψυχὰς ὑμῶν.), diz ele textualmente no final de 21:19.
ALGUMAS REFLEXÕES:
O Evangelho de hoje nos convida a refletir sobre o fim do mundo. Este tema é frequentemente associado a fantasias, e a Bíblia o apresenta através de um gênero literário, o apocalíptico, que emprega imagens poderosas com valor simbólico. Além disso, que certezas temos pela fé? E que atitudes Jesus nos pede para ter em relação a essa realidade futura, e o que delas decorre das certezas da fé?
A primeira certeza é que não sabemos nem o dia nem a hora em que ocorrerá o fim do mundo. Deus escolheu não o revelar, não nos dar a conhecer essa informação precisamente. Sabemos que acontecerá, e de forma inesperada, mas não sabemos quando. Portanto, em relação ao tema do fim do mundo, mesmo em um contexto de convulsão e perseguição, Jesus pede aos seus discípulos, tanto então como agora, uma atitude de calma: que permaneçam quietos, que não corram atrás daqueles que dizem que o fim já chegou. Especificamente, Jesus nos pede, antes de tudo, clareza de espírito para não sermos enganados, para não seguirmos falsos pregadores ou falsos messias. Da nossa parte, devemos pedir ao Senhor o que Santo Inácio sugere na sua meditação sobre os dois estandartes: "pedir conhecimento dos enganos do líder maligno e ajuda para me guardar deles" (EE n.º 139).
A segunda certeza é que Deus nunca nos abandona e que Jesus permanecerá conosco até o fim dos tempos. Firmado nessa certeza, Jesus nos pede que adotemos a atitude de testemunhas corajosas e confiantes, pois o próprio Senhor nos inspirará as palavras certas para nos defendermos e testemunharmos a sua Verdade. Portanto, em situações de perseguição, enfatiza-se uma certa passividade ou entrega confiante a Deus.
Agora, como cristãos que às vezes são perseguidos por serem como são, é importante lembrar a frase de Santo Inácio de Antioquia a caminho do martírio: "O que o cristão precisa, quando é odiado pelo mundo, não são palavras persuasivas, mas grandeza de alma" (Carta aos Romanos, 3).
A terceira certeza é que Deus “não muda”; Ele é a “rocha” firme que não se move. Confiando nessa rocha, Jesus pede uma fé inabalável e confiante, mesmo quando tudo parece estar se transformando ou desmoronando ao nosso redor. De fato, tudo parece estar se transformando e desmoronando ao redor deles, contudo, eles serão salvos por sua firmeza, por permanecerem firmes (hupomoné). E essa é precisamente a fé em seu sentido bíblico mais autêntico: permanecer firme em Deus, ancorado Nele. A esse respeito, J. Ratzinger disse: “A fé é uma submissão a Deus, em quem o homem encontra um firme apoio para toda a sua vida. A fé é, portanto, descrita como um apego firme, como estar confiantemente alicerçado na Palavra de Deus.”
Sempre que nosso mundo pessoal ou social é abalado de diversas maneiras, e isso nos perturba, confunde ou desestabiliza, então a leitura do Evangelho deste domingo certamente pode ser aplicada a nós, com seu convite a permanecermos firmes na fé, a perseverarmos, a exercermos nossa confiança em Deus, Senhor da história, a quem devemos nos apegar até que tudo passe. Porque tudo passará, exceto a Sua Palavra. Precisamos aprender que “o mundo não pode nos fazer sentir seguros. Essa verdade é irrefutável. Nós a vivenciamos todos os dias. A insegurança é a marca registrada dos tempos em que vivemos. Mas os antigos não viviam melhor. Na época dos Apóstolos, alguns pensavam que o fim do mundo estava próximo porque os tempos em que viviam eram tão terríveis que não poderiam piorar. E a história continua mostrando que as coisas nunca estão tão ruins que não possam piorar. A ordem mundial não promete segurança ao cristão. Muitos pensam que, por serem cristãos, já têm a garantia de que tudo ficará bem […] Em seu discurso aos discípulos, Jesus lhes diz que de uma coisa eles podem ter certeza: que serão perseguidos.”⁴
A este respeito, o Papa Francisco disse em sua homilia de 13 de novembro de 2022: “Acolhamos o forte e claro convite do Evangelho para não nos deixarmos enganar. Não demos ouvidos aos profetas da desgraça; não nos deixemos seduzir pelo canto de sereia do populismo, que explora as necessidades do povo propondo soluções fáceis e precipitadas. Não sigamos os falsos ‘messias’ que, em nome do lucro, proclamam fórmulas úteis apenas para aumentar a riqueza de poucos, condenando os pobres à marginalização. Ao contrário, sejamos testemunhas, acendamos luzes de esperança em meio às trevas; aproveitemos, em situações dramáticas, as oportunidades para testemunhar o Evangelho da alegria e construir um mundo fraterno, ou ao menos um pouco mais fraterno; comprometamo-nos corajosamente com a justiça, a legalidade e a paz, sempre ao lado dos mais fracos. Não fujamos para nos defender da história, mas lutemos para dar a esta história que vivemos uma nova face.”
E onde encontramos forças para tudo isso? No Senhor. Na confiança em Deus, que é Pai, que vela por nós. Se abrirmos nossos corações para Ele, nossa capacidade de amar aumentará. Este é o caminho: crescer no amor.
Em resumo, que o Senhor nos conceda essa atitude serena e confiante, perseverança na fé e entrega completa em Suas mãos paternas, onde possamos experimentar a segurança que buscamos a cada dia em meio a tantas coisas e afetos passageiros. E a partir desse estado de entrega confiante a Deus, dediquemos nossas energias a trabalhar neste mundo, sem vacilar, buscando ajudar os outros em seu crescimento pessoal, material e, sobretudo, espiritual.
Neste fim de semana, celebramos também o IX “Dia Mundial dos Pobres” sob o tema: “Tu, Senhor, és a minha esperança” (cf. Sl 71,5). Na sua mensagem para este ano, o Papa Leão XIV diz sobre a Esperança dos Pobres: “Os pobres podem tornar-se testemunhas de uma esperança forte e segura precisamente porque a professam numa condição de vida precária, marcada pela privação, fragilidade e marginalização. Não confiam nas seguranças do poder ou das posses; pelo contrário, sofrem-nas e muitas vezes são vítimas delas. A sua esperança só pode repousar noutro lugar. Reconhecendo que Deus é a nossa primeira e única esperança, também nós fazemos a transição das esperanças passageiras para a esperança duradoura. Perante o desejo de ter Deus como companheiro no nosso caminho, as riquezas tornam-se relativas, porque descobrimos o verdadeiro tesouro de que realmente precisamos.” (2).
E quanto ao lugar dos pobres na Igreja, ele afirma: “Os pobres não são uma distração para a Igreja, mas sim nossos irmãos e irmãs mais amados, porque cada um deles, pela sua própria existência, e até mesmo pelas suas palavras e pela sabedoria que possuem, nos impele a tocar com as nossas próprias mãos a verdade do Evangelho. Por isso, o Dia Mundial dos Pobres procura recordar às nossas comunidades que os pobres estão no centro de toda a ação pastoral. Não só da sua dimensão caritativa, mas também daquilo que a Igreja celebra e proclama. Deus assumiu a sua pobreza para nos enriquecer com as suas vozes, as suas histórias, os seus rostos. Toda forma de pobreza, sem exceção, é um apelo a viver o Evangelho concretamente e a oferecer sinais efetivos de esperança” (6).
PARA ORAÇÃO (RESSONÂNCIAS DO EVANGELHO EM UMA ORAÇÃO):
Muitos virão em meu nome
Jesus, ensina-nos a reconhecer a tua voz.
Onde a ouviremos… será naqueles templos.
adornado com belas pedras e oferendas votivas
que extasiados contemplamos?
Jesus, ensina-nos a reconhecer a tua voz.
Quando é que vamos ouvir isso…
Para falar sobre guerras e revoluções,
Nações se levantando contra nações?
Jesus, ensina-nos a reconhecer a tua voz.
Como vamos ouvir isso... Em meio a terremotos?
Peste e fome em tantos lugares; fenômenos aterrorizantes
E grandes sinais no céu?
Jesus, ensina-nos a reconhecer a tua voz.
De quem a ouviremos… Dos perseguidos,
Do grito eloquente do sangue dos mártires
Como soava a canção de Abel séculos atrás?
Hoje, pedimos que nos envie a força da sua sabedoria.
Aquilo a que ninguém consegue resistir porque é seu,
Isso nos torna consistentes em salvar vidas.
Pois somente nela a Igreja glorifica. Amém.
1 Cf. G. Zevini – PG Cabra, La lectio divina para cada dia del año vol. 15 (Verbo Divino; Estella 2006) 314.
2J. Severino Croatto, "Perseguição e perseverança na teologia lucana. Estudo sobre o “hupomoné”"; Revista Bíblica 42 (1980) 24.
3J. Ratzinger, Introdução ao Cristianismo (Sígueme; Salamanca 1982) 48.
4 LH Rivas, Jesus fala ao seu povo. Ciclo C (CEA; Buenos Aires, 2000) 234-235.
DOMINGO XXXIII DURANTE EL AÑO – CICLO "C"
1ra. Lectura (Mal 3,19-20):
El texto de este domingo abre con la expresión "llega el día"; y lo que sigue confirma que se trata del día de Yavé, una idea que recorre todo el arco de la profecía en Israel. El concepto ‘día de Yahvé’ tendría su origen en la imagen de Dios que combate por su pueblo (‘día de Madián’ en Jue 7,15; Is 9,3). La evolución sucesiva de este concepto se puede articular así: en una fase pre-profética es día de victoria militar; en una segunda etapa que va desde Amós al exilio es día de juicio de Dios contra Israel por sus pecados; y después del exilio se lo ve como día de triunfo de los justos sobre los pecadores (cf. Am 5,18 y nota BJ; Jl 2,1; So 1,7). En Qumrán y en el NT (cf. He 2,20; 1Cor 5,5; 1Tes 5,1-11) también aparece el concepto de día del Señor, pero con un fuerte sentido escatológico-apocalíptico.
La profecía de Malaquías, último de los doce profetas menores, se enmarca justamente en la época del post-exilio y, por tanto, habla del día de Yavé como día de juicio, de discernimiento entre justos y pecadores por parte de Dios. El texto de hoy anuncia un castigo total (no dejará ni raíz ni rama) para los pecadores (los arrogantes y los que hacen el mal); mientras que para los justos (los que respetan el nombre de Dios) brillará el sol de justicia.
Por tanto Dios, a través de la palabra profética de Malaquías, “quiere que el pueblo, una vez vuelto del exilio, recupere su cualidad más pura: en el culto, en la vida, en sus valores más elevados. No se contenta con la mediocridad, no le basta, por ejemplo, que se haya reconstruido el templo. Quiere que, empezando por el templo, todo se haga bien, en un clima de respeto al mismo Dios. Quiere que todo el pueblo esté preparado para contemplar el sol de su justicia y no dude de que éste permanecerá aunque, en plena tempestad, se acumulen las nubes (cf. 2,18)”1.
Evangelio (Lc 21,5-19):
Aunque no se los nombra, es claro por el contexto que Jesús se encuentra en Jerusalén en compañía de sus discípulos. Y algunos, hablando del templo, han hecho un comentario sobre su belleza y la magnificencia de sus adornos. Se refieren al Templo de Jerusalén que empezó a construir el rey Herodes en el año 20 a.C. y que se caracterizaba por su gran tamaño y por la riqueza de los materiales empleados en el mismo. Jesús reacciona y los desconcierta pues les anuncia al futuro la destrucción total del lugar sagrado: "todo será destruido".
Nos cuesta imaginarnos lo que representaba el templo de Jerusalén para el pueblo de Israel, lugar de la presencia de Dios y, por tanto, garantía de protección para el pueblo. En tan alta consideración se lo tenía que su destrucción prácticamente se la identificaba con la llegada del fin del mundo. Esto explica la rápida pregunta de los discípulos: "¿cuándo tendrá lugar esto y cuál será la señal de que va a suceder?". Es la pregunta que todos le haríamos a Jesús: ¿cuándo será y cómo darse cuenta de que llega el fin del mundo?
Recordemos que en ningún lugar del Nuevo Testamento encontraremos una clara respuesta a la pregunta del “cuándo” sucederá el fin del mundo. En cambio, es frecuente la referencia al modo repentino e inesperado de la llegada del día final utilizando la comparación con la llegada de un ladrón (cf. Mt 24,43; Lc 12,39; 2 Pe 3,10; Ap 3,3; 16,15).
En el evangelio de hoy Jesús no responde a la pregunta de los discípulos sobre cuándo tendrá lugar el fin sino que indica las actitudes que deben tener los cristianos en el tiempo previo a la parusía, al fin del mundo. En concreto, Jesús exhorta a sus discípulos a tres cosas: no dejarse engañar, dar testimonio y ser constantes.
⇒ No dejarse engañar por los que anuncian la inminente llegada del fin. Este peligro de engaño sobre el tiempo final es un lugar común en los apocalipsis del NT (cf. Mc 13,5-7; Lc 21,8-9; 17,22-24; 2Tes 2,1-12; Ap 13,13-14; 20,7-10). Importa notar que en el pensamiento apocalíptico la presencia del mal debe alcanzar un cierto grado antes de que el tiempo esté maduro para el justo juicio de Dios. Así, antes de la venida del Señor, el mal se manifestará de modo fuerte y será entonces el momento de la lucha final donde el vencedor será el Señor Jesús. Por esto Jesús advierte que, aunque sucedan guerras, revoluciones, terremotos, pestes, hambre, "no llegará tan pronto el fin" (ἀλλ᾽ οὐκ εὐθέως τὸ τέλος en 21,9).
⇒ Dar testimonio (μαρτύριον). Las persecuciones que sobrevendrán a los cristianos no constituyen un signo del fin del mundo, sino que tienen como finalidad despertarlos para que den testimonio de Jesús con palabras irresistibles dadas por él mismo ("yo les daré una elocuencia y una sabiduría que ninguno de sus adversarios podrá resistir ni contradecir").
⇒ Por último, invita a la confianza y la constancia o perseverancia (en griego hupomoné: u`pomonh,). Este último término indica el hecho de quedarse o permanecer debajo de un peso soportándolo, resistiendo a su presión. Sus sentidos son varios: persistencia, perseverancia y espera. El evangelista Lucas lo vuelve a utilizar en relación a la Palabra: "Lo que cayó en tierra fértil son los que escuchan la Palabra con un corazón bien dispuesto, la retienen, y dan fruto gracias a su constancia" (Lc 8,15). Pero notemos que "en la teología lucana, la hupomoné no es una virtud, como podría ser la “paciencia” de Job comentada por Santiago (5,11), ni una ocasión que engendra la esperanza (Rom 5,3s) sino la perseverancia en la fe, a la que se le opone, como posibilidad, la apostasía. En definitiva, la disyuntiva es “permanecer” o “alejarse”. Los conceptos son más espaciales que éticos"2. Esta actitud recomendada por Jesús es la que permitirá al fiel alcanzar la salvación, "ganarán las almas o vidas de ustedes" (κτήσασθε τὰς ψυχὰς ὑμῶν.) dice textualmente al final de 21,19.
ALGUNAS REFLEXIONES:
El evangelio de hoy nos invita a meditar sobre el fin del mundo. Este tema suele estar unido a muchas fantasías y, además, la Biblia lo presenta con un género literario, el apocalíptico, que utiliza imágenes fuertes con valor simbólico. Más allá de todo esto, ¿cuáles son las certezas que nos vienen de la fe? y ¿qué actitudes nos pide Jesús que tengamos ante esta realidad futura y qué brotan de las certezas de la fe?
⇒ La primera certeza es que no sabemos ni el día ni la hora en que sucederá el fin del mundo. Dios no ha querido revelarlo, darnos a conocer con precisión este dato. Sabemos que sucederá y de improviso, pero no sabemos cuándo. Por eso, ante el tema del fin del mundo, aún en un contexto de convulsión y persecución, Jesús pide a sus discípulos, de ayer y de hoy, una actitud de calma: que permanezcan quietos, que no corran detrás de los que digan que ya es el fin. En concreto Jesús nos pide, en primer lugar, lucidez para no dejarse engañar, para no ir detrás de los falsos predicadores o falsos mesías. Por nuestra parte deberíamos pedirle al Señor lo que nos sugiere San Ignacio en su meditación sobre las dos banderas: "pedir conocimiento de los engaños del mal caudillo y ayuda para guardarme de ellos" (E.E. nº 139).
⇒ La segunda certeza es que Dios no nos abandona nunca y que Jesús permanecerá junto a nosotros hasta el fin de los tiempos. Anclados en esta certeza, Jesús nos pide una actitud de testigos valientes y confiados pues el mismo Señor inspirará las palabras justas para poder defendernos y dar testimonio de su Verdad. Por tanto, se insiste en cierta pasividad o abandono confiado en Dios, en una situación de persecución.
Ahora bien, como cristianos que a veces somos perseguidos por ser tales, importa recordar la frase de San Ignacio de Antioquia camino a su martirio: "Lo que necesita el cristiano, cuando es odiado por el mundo, no son palabras persuasivas, sino grandeza de alma” (Carta a los Romanos, 3).
⇒ La tercera certeza es que Dios “no se muda”, es la “roca” firme que no se mueve. Apoyados en esta roca, Jesús pide una fe confiada, firme, aun cuando todo parece moverse o desmoronarse alrededor nuestro. En efecto, todo parece moverse, desmoronarse en torno a ellos, sin embargo, ellos se salvarán por la constancia, por permanecer firmes (hupomoné). Y esto es justamente la fe en su sentido bíblico más auténtico: un permanecer firmes en Dios, anclados en Él. Al respecto decía J. Ratzinger3: "La fe es un sujetarse a Dios, en quien tiene el hombre un firme apoyo para toda su vida. La fe se describe, pues, como un agarrarse firmemente, como un permanecer en pie confiadamente sobre el suelo de la Palabra de Dios”.
Toda vez que nuestro mundo personal o social se vea sacudido de diversos modos y formas, y que esto nos altere, confunda o inquiete, entonces bien puede aplicarse a nosotros el evangelio de este domingo con su invitación a permanecer firmes en la fe, a la constancia, a ejercitar nuestra confianza en Dios, Señor de la historia, a quien debemos aferrarnos hasta que todo pase. Porque todo pasará, menos Su Palabra. Tenemos que aprender que “el mundo no puede ayudarnos a sentirnos seguros. Esta verdad es irrefutable. Lo experimentamos todos los días. La inseguridad es la característica de los tiempos en que vivimos. Pero los antiguos no vivían mejor. En tiempo de los Apóstoles algunos pensaban que ya se acercaba el fin del mundo porque eran tan terribles los tiempos en que vivían, que no podían ser peores. Y la historia va demostrando que nunca se está tan mal que no se pueda estar peor. El orden del mundo no promete seguridad al cristiano. Muchos piensan que por ser cristianos, ya tienen un seguro de que todo les va a ir bien […] En su discurso a los discípulos, Jesús les dice que de una cosa pueden estar seguros: de que van a ser perseguidos”.4
Al respecto decía el Papa Francisco en su homilía del 13 de noviembre de 2022: “Hagamos nuestra la invitación fuerte y clara del Evangelio a no dejarnos engañar. No escuchemos a los profetas de desventura; no nos dejemos seducir por los cantos de sirena del populismo, que instrumentaliza las necesidades del pueblo proponiendo soluciones demasiado fáciles y apresuradas. No sigamos a los falsos “mesías” que, en nombre de la ganancia, proclaman recetas útiles solo para aumentar la riqueza de unos pocos, condenando a los pobres a la marginación. Al contrario, demos testimonio, encendamos luces de esperanza en medio de la oscuridad; aprovechemos, en las situaciones dramáticas, las ocasiones para testimoniar el Evangelio de la alegría y construir un mundo fraterno, al menos un poco más fraterno; comprometámonos con valentía por la justicia, la legalidad y la paz, estando siempre del lado de los débiles. No escapemos para defendernos de la historia, sino que luchemos para darle a esta historia que nosotros estamos viviendo un rostro diferente.
¿Y dónde encontrar la fuerza para todo esto? En el Señor. En la confianza en Dios, que es Padre, que vela por nosotros. Si le abrimos nuestro corazón, aumentará en nosotros la capacidad de amar. Este es el camino: crecer en el amor”.
En fin, que el Señor nos regale esta actitud serena y confiada, la perseverancia en la fe y un abandono total en sus manos de Padre, donde podemos experimentar la seguridad que buscamos cada día en infinidad de cosas y afectos pasajeros. Y desde este estado de entrega confiada en Dios, pongamos nuestras energías en trabajar en este mundo, sin desfallecer, buscando ayudar a los demás en su progreso personal, temporal y, sobre todo, espiritual.
Este fin de semana celebramos también la IX “Jornada Mundial de los Pobres” bajo el lema: “Tú, Señor, eres mi esperanza” (cfr. Sal 71,5) . En el mensaje para este año dice el Papa León XIV sobre la Esperanza de los pobres: “El pobre puede convertirse en testigo de una esperanza fuerte y fiable, precisamente porque la profesa en una condición de vida precaria, marcada por privaciones, fragilidad y marginación. No confía en las seguridades del poder o del tener; al contrario, las sufre y con frecuencia es víctima de ellas. Su esperanza sólo puede reposar en otro lugar. Reconociendo que Dios es nuestra primera y única esperanza, nosotros también realizamos el paso de las esperanzas efímeras a la esperanza duradera. Frente al deseo de tener a Dios como compañero de camino, las riquezas se relativizan, porque se descubre el verdadero tesoro del que realmente tenemos necesidad.” (2).
Y sobre el lugar de los pobres en la Iglesia afirma: “Los pobres no son una distracción para la Iglesia, sino los hermanos y hermanas más amados, porque cada uno de ellos, con su existencia, e incluso con sus palabras y la sabiduría que poseen, nos provoca a tocar con las manos la verdad del Evangelio. Por eso, la Jornada Mundial de los Pobres quiere recordar a nuestras comunidades que los pobres están en el centro de toda la acción pastoral. No solo de su dimensión caritativa, sino también de lo que la Iglesia celebra y anuncia. Dios ha asumido su pobreza para enriquecernos a través de sus voces, sus historias, sus rostros. Toda forma de pobreza, sin excluir ninguna, es un llamado a vivir concretamente el Evangelio y a ofrecer signos eficaces de esperanza” (6).
PARA LA ORACIÓN (RESONANCIAS DEL EVANGELIO EN UNA ORANTE):
Muchos se presentarán en mi nombre
Jesús, enséñanos a distinguir tu Voz
Adónde la escucharemos… será en esos templos
adornados con hermosas piedras y ofrendas votivas
que extasiados contemplamos?
Jesús, enséñanos a distinguir tu Voz
¿Cuándo la escucharemos … oiremos
Hablar de guerras y revoluciones,
De naciones levantadas contra naciones?
Jesús, enséñanos a distinguir tu Voz
¿Cómo la escucharemos… En medio de terremotos;
Peste y hambre en tantas partes; fenómenos aterradores
Y en el cielo grandes señales?
Jesús, enséñanos a distinguir tu Voz
¿Den quién la escucharemos… De los perseguidos,
Del clamor de la sangre elocuente de los mártires
Como sonó la de Abel hace siglos?
Hoy te rogamos nos envíes la Fuerza de tu Sabiduría
Aquella que nadie resiste pues es tuya,
Nos hace constantes para salvar la vida
Pues solo en Ella la Iglesia se gloría. Amén.
1 Cf. G. Zevini – P. G. Cabra, La lectio divina para cada día del año vol. 15 (Verbo Divino; Estella 2006) 314.
2J. Severino Croatto, "Persecución y perseverancia en la teología lucana. Estudio sobre la “hupomoné”"; Revista Bíblica 42 (1980) 24.
3J. Ratzinger, Introducción al cristianismo (Sígueme; Salamanca 1982) 48.
4 L. H. Rivas, Jesús habla a su pueblo. Ciclo C (CEA; Buenos Aires, 2000) 234-235.