05/10/2025
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AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO
1ª Leitura: Habacuc 1,2-3; 2,2-4
Salmo Responsorial 94(95)-R- Não fecheis o coração; ouvi vosso Deus!
2ª Leitura: 2 Timóteo 1,6-8.13-14
Evangelho Lucas 17,5-10
Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 5os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” 6O Senhor respondeu: “Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria. 7Se algum de vós tem um empregado que trabalha a terra ou cuida dos animais, por acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo: ‘Vem depressa para a mesa’? 8Pelo contrário, não vai dizer ao empregado: ‘Prepara-me o jantar, cinge-te e serve-me, enquanto eu como e bebo; depois disso, tu poderás comer e beber’? 9Será que vai agradecer ao empregado, porque fez o que lhe havia mandado? 10Assim também vós, quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei: ‘Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer’”. – Palavra da salvação.
O Evangelho de hoje nos oferece um relato significativo sobre a fé e uma breve parábola sobre o nosso papel de servidores de Deus. Os apóstolos foram escolhidos pessoalmente por Jesus e receberam a missão de serem testemunhas privilegiadas dos ensinamentos, dos milagres, da morte e ressurreição de Jesus. A Igreja desde sempre reconheceu o privilégio dos doze apóstolos.
Mesmo que tenham sido escolhidos e enviados por Jesus, mesmo que sejam reconhecidos como colunas da Igreja, os apóstolos não deixam de ser homens frágeis, sempre tentados pela falta de fé e pela dúvida. Por isso, é significativo e muito instrutivo para nós, ouvir o pedido que eles fazem a Jesus: Aumenta a nossa fé!
Todos missionário sabe por experiência pessoal que os frutos da ação divina são produzidos exatamente em circunstâncias que pareciam completamente hostis a qualquer resultado positivo. O evangelho de hoje nos desafia a crer em Deus para lá dos limites da lógica humana e do sentido do possível; ensina-nos também a reconhecer humildemente que nos falta muita fé na nossa missão evangelizadora. Não é possível ter uma fé capaz de deslocar as montanhas se nos falta a fé em Jesus.
A parábola de Jesus, nos mostra que o necessário não é uma fé grande, mas uma fé autêntica, mesmo que seja minúscula como um grão de mostarda. A fé autêntica não é a fé capaz de fazer milagres ou de fazer curas extraordinárias. Jesus mesmo operou muitos milagres e curas e isso não aumentou a fé das pessoas. Pelo contrário, em muitas ocasiões, as pessoas se apegaram ao aspecto espetacular sem passar do milagre para a fé em Cristo.
O essencial não é ter uma fé espetacular, mas uma fé genuína, mesmo que pequena como um grão de mostarda. É exatamente isso que os apóstolos pedem a Jesus: Aumenta a nossa fé! Aumenta a nossa fé em ti! Ajuda a minha fé a ter comunhão contigo!
Jesus conta a parábola dos escravos que trabalham de sol a sol, que passam do trabalho no campo para o trabalho doméstico sem descanso e sem que sejam recompensados por isso.
Jesus conta essa parábola não para justificar a escravidão e a exploração do trabalho servil. Ele recorre para uma realidade social do seu tempo para mostrar a semelhança da condição dos escravos com o comportamento que é próprio dos discípulos missionários. Mesmo que tenhamos gastado todas as nossas energias no trabalho missionário não devemos pretender recompensa nem a gratidão de Deus. Jesus nos revela que a atitude do discípulo missionário não é a de quem espera recompensa, mas a de quem se reconhece em dívida com o que Deus já realizou em nosso favor. Todo nosso esforço e trabalho nada mais é do que a reação agradecida de quem se considera devedor de Deus.
27ºDomTComum - Lc 17,5-10 – Ano C
“Somos simples servidores; fizemos o que devíamos fazer” (Lc 17,10)
A parábola indicada para a liturgia deste domingo desmascara uma mentalidade muito frequente, não só entre os fariseus do tempo de Jesus, mas também no coração dos seus seguidores: na relação com Deus, muitos se deixam levar pela busca da recompensa. De maneira disfarçada, julgam no direito de serem recompensados por todo o bem que fazem. E julgam poder exigir o pagamento devido por suas virtudes e boas obras, como se estivessem em pé de igualdade com Deus.
Aqui desaparece toda gratuidade no serviço a Deus. A parábola desmascara a atitude daqueles que, no serviço do Reino, buscam seus próprios interesses, alimentam sua vaidade e buscam ser o centro das atenções. Quem não gosta de receber elogios pelo seu serviço ao Reino? Jesus tem um olho clínico que se fixa em todas as nossas atitudes e comportamentos. Por isso, sentiu a necessidade de alertar os seus discípulos e a nós contra este perigo.
Na verdade, agir para buscar o louvor, o interesse próprio, o lucro, o reconhecimento, a fama, o poder... esvaziam o sentido da missão em favor da evangelização, pois são próprios de uma mentalidade calculista e materialista da sociedade em que vivemos, que procura compensação em tudo o que se faz. Na perspectiva de Deus, o fundamental é ativar o espírito de serviço e disponibilidade, que nunca poderá ser pago. Quem vive no espírito de comunhão nunca achará que está fazendo demais para os outros.
Agir para buscar o louvor, o interesse próprio, o lucro, o reconhecimento, a fama, o poder... esvaziam o sentido da missão em favor da evangelização, pois são próprios de uma mentalidade calculista e materialista – Adroaldo Palaoro
Uma tentação sutil, presente em todos nós, é esperar reconhecimento e até elogios das pessoas pelo serviço prestado. Quem cai nesta tentação passa a necessitar deste tipo de gratificação para manter seu entusiasmo e seu dinamismo apostólico. Fica a impressão que, no apostolado, ao invés de buscar agradar a Deus, buscam-se recompensas humanas. Quando não há elogios e reconhecimentos explícitos, interpreta-se isso como uma ingratidão e uma falta de valorização, provocando uma baixa na própria motivação e entrega.
A verdadeira maturidade espiritual coincide com o sentido da gratuidade, ou seja, ajustar-se ao modo de agir de Deus, superando todo autocentramento e todo voluntarismo; quem assim vive experimenta o consolo de sentir-se amado, perdoado e chamado por Deus, pois “o ser humano é fundamentalmente um ser de gratuidade”.
A gratuidade só pode ser vivida equilibradamente em toda sua profundidade e intensidade por aquele que é plenamente consciente de sua pobreza e indignidade radical, por aquele que, ao sentir-se pecador e amado ao mesmo tempo, não deseja ser nem melhor nem mais perfeito, senão mais filho(a) de Deus pelo compromisso e doação.
E, precisamente movido pelo amor filial, deseja ativar todos os seus talentos e recursos, até o extremo de suas possibilidades, com o desejo de só agradar a Deus que tanto lhe ama.
A gratuidade, portanto, é o fruto maduro, resultado espontâneo do consolo do perdão e do amor, que habilita o ser humano a entrar no fluxo da ação salvífica do próprio Deus.
A verdadeira maturidade espiritual coincide com o sentido da gratuidade, ou seja, ajustar-se ao modo de agir de Deus, superando todo autocentramento e todo voluntarismo – Adroaldo Palaoro
Ao situar nossa missão cristã na linha da colaboração com a atividade criadora de Deus, do serviço à humanidade, da construção de um mundo fraterno..., isso nos ajuda a não convertê-la em um mecanismo ou dinâmica de autocentramento, de busca exclusiva, e muitas vezes compulsiva, de nós mesmos e de nossos interesses e benefícios; ao mesmo tempo, nos faz evitar, em nosso modo de agir, atitudes e ações de domínio, de manipulação, de cobrança dos outros...
São vários outros elementos que contribuem para fazer de nossa missão uma “experiência espiritual”: a pureza de motivações (por que faço isso? para quem faço?), a capacidade de “contemplar”, a agilidade no “eleger”, o crescer em gratuidade e relativização de si mesmo, o deixar-se ajudar, a capacidade de agradecer.
A atitude de gratidão (consciência viva daquilo que cada dia recebemos e nos é dado) nos ajuda viver a missão como serviço e nos liberta radicalmente dos pesos da rotina, da carga...; tudo isso nos situa na linha de uma experiência profundamente “espiritual”: dupla experiência de agradecer e ajudar.
Quando vivemos nossa missão a partir da gratidão, o esforço, que a mesma missão exige, brota de um modo mais natural, mais espontâneo...; por isso, “cansa” menos, “desgasta” menos...
Quando vivemos tudo a partir da gratidão, ficamos menos “dependentes” da compensação que os outros poderiam dar à nossa entrega ou ao nosso serviço.
Encontramos aqui o fundamento para uma teologia da missão: a missão, seja ela qual for, é redentora se a motivação é evangélica, se ela está orientada para o Reino. Não é a missão que nos faz importantes, mas somos nós que fazemos qualquer missão ser importante, quando ela é realizada na perspectiva do Reino de Deus. Toda missão é nobre, seja ela o de cinzelar estátuas ou o de esfregar o chão.
A alegria da missão está no fato de perceber o sentido e a intenção presentes nela. Afinal, somos chamados a “trabalhar na obra do Senhor”, somos seus “servidores”.
A verdadeira “experiência espiritual”, portanto, é estabelecer com o “Deus da Vida” uma relação “desinteressada”, isto é, uma relação na e a partir da gratuidade; é passar do “Deus do mérito” ao “Deus do dom”, do “Deus juiz” ao “Deus Pai-Mãe”, do “Deus ameaça” ao “Deus de bondade escandalosa” que nos desafia a sermos criativos em sua obra. Daqui brota a dimensão contemplativa da missão, pois esta se torna “templo” do encontro com Deus providente e de colaboração com os outros.
O(a) discípulo(a) faz o bem e se esforça por ser justo(a) e misericordioso(a), porque nisto deve consistir a sua vida, e não porque, agindo assim, Deus irá recompensá-lo(a). Basta-lhe a consciência de saber que age em conformidade com o querer divino. Tudo mais está entregue à benevolência de Deus.
A missão, seja ela qual for, é redentora se a motivação é evangélica, se ela está orientada para o Reino. Não é a missão que nos faz importantes, mas somos nós que fazemos qualquer missão ser importante, quando ela é realizada na perspectiva do Reino de Deus – Adroaldo Palaoro
Por isso, crer no Deus que “atua em tudo e em todos” implica estar sintonizado com Ele, trabalhando na mesma direção, fazendo as mesmas obras que Ele está fazendo para tornar este mundo mais habitável.
Cremos no “Deus que trabalha sempre” e em tudo nos associa, em comunhão com Ele, a seu trabalho constante de transformação deste mundo, na fronteira mesma onde se tece a novidade da história.
Trabalho que se faz com amor; “o trabalho é a fé que se faz visível”.
Generosidade, gratuidade, doação: palavras quase desconhecidas do nosso vocabulário e em nosso contexto social. Mas são elas que nos levam em direção aos outros, libertando-nos de nosso pequeno eu. São elas que nos afastam da mesquinhez, da vaidade, do egoísmo, da busca do “próprio amor, querer e interesse”. Por serem mais afetivas, mais espontâneas, ligadas ao coração, elas se revelam na ação, não em função de um mandato, de uma lei, de um interesse..., mas unicamente de acordo com as exigências do amor, da solidariedade...
Generosidade, gratuidade, doação: palavras quase desconhecidas do nosso vocabulário e em nosso contexto social. Mas são elas que nos levam em direção aos outros, libertando-nos de nosso pequeno eu – Adroaldo Palaoro
São elas que alargam o nosso coração até dilatar-nos às dimensões do universo, rompendo nossos estreitos limites e lançando-nos a compromissos mais profundos. Sentimo-nos livres para qualquer desafio e cada nova entrega é uma libertação maior: são novas oportunidades de serviço, de maior aproximação d’Aquele que veio, não para ser servido, mas para servir e para doar sua vida em favor de todos.
O amor desinteressado ao próximo se traduz em doação de si mesmo no serviço, na ajuda e no cuidado dos demais, sem esperar compensação. A gratuidade é o motor de sua vida.
Para meditar na oração:
Precisamos alimentar uma outra relação com a missão no sentido de assumi-la como cooperação com o Deus providente e com tantas pessoas tocadas pela sua graça. Uma relação que permita nos distanciar das cargas, ativismos, tarefas estressantes... e viver a missão com humor e criatividade.
- Sua vivência na missão: ativismo ou “ação discernida”? Busca de recompensas ou espaço de colaboração com o Deus trabalhador?
"Aumenta a nossa fé". É o que os apóstolos pedem a Jesus: "Acrescenta mais fé à que já temos". Eles sentem que a fé que experimentaram desde a infância em Israel é insuficiente. A essa fé tradicional, eles precisam acrescentar "algo mais" para seguir Jesus. E quem melhor do que ele para lhes dar o que lhes falta na fé?
Jesus responde com uma frase um tanto enigmática: "Se vocês tivessem fé do tamanho de um grão de mostarda, diriam a esta amoreira: 'Arranque-se e plante-se no mar', e ela lhes obedeceria". Os discípulos pedem a ele uma nova dose de fé, mas não é disso que precisam. O problema é que a fé autêntica em seus corações não chega nem a "um grão de mostarda".
Jesus vem dizer-lhes: o que importa não é a quantidade de fé, mas a qualidade. Que vocês cultivem em seus corações uma fé viva, forte e eficaz. Em outras palavras, uma fé capaz de arrancar árvores como a figueira ou o sicômoro, símbolos de solidez e estabilidade, e plantá-las no meio do Mar da Galileia.
A primeira coisa que nós, cristãos, precisamos hoje não é "aumentar" nossa fé em todas as doutrinas que formulamos ao longo dos séculos. O crucial é reacender em nós uma fé viva e forte em Jesus. O importante não é crer em coisas, mas crer nele.
Fé mais viva em Jesus
Jesus é o melhor que temos na Igreja e o melhor que podemos oferecer e comunicar ao mundo de hoje. Portanto, nada é mais urgente e decisivo para os cristãos do que colocar Jesus no centro do cristianismo — isto é, no centro das nossas comunidades e dos nossos corações.
Para isso, precisamos conhecê-lo mais vívida e concretamente, compreender melhor seu projeto, compreender sua intenção subjacente, conectar-nos com ele, reacender o "fogo" que ele acendeu em seus primeiros seguidores e ser contagiados por sua paixão por Deus e sua compaixão pelos menores. Caso contrário, nossa fé permanecerá menor que "um grão de mostarda". Ela não "arrancará" árvores nem "plantará" nada de novo.
Lucas reúne nos primeiros dez versículos deste capítulo diversos dizeres de Jesus sobre algumas atitudes fundamentais para a vida de quem quer seguí-Lo pelo caminho do discipulado. Podemos dividir o trecho de hoje em duas partes: vv. 5-7 e vv. 8-10.
A primeira parte trata da questão da fé inabalável, que deve ser característica do discípulo. Inicia-se o diálogo com os apóstolos expressando diante de Jesus a sua insegurança quanto à sua fé: “Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” (v. 5). Tal pedido tem outros ecos nos evangelhos. Faz-nos lembrar do pai do moço epiléptico em Marcos: “Eu tenho fé, mas ajude a minha falta de fé!” (Mc 9, 24).
É a experiência de todo(a) discípulo(a) – acreditamos em Jesus, queremos seguir a sua pessoa e o seu projeto, mas a vida se encarrega de nos demonstrar como é fraca a nossa fé – quantas caídas, traições, incoerências, recaídas! O único recurso é pedir este dom gratuito de Deus, que ninguém pode exigir por seus próprios méritos, que é a fé inabalável. Do fundo no nosso ser gritamos com os Doze: “Aumenta a nossa fé!”
Com a hipérbole (exagero) típica do oriental, Jesus enfatiza tanto a necessidade da fé quanto a sua força, através das imagens do grão de mostarda (semente bem pequena), e do sicômoro – árvore mais ou menos grande que tem um sistema extensivo de raízes: “Se vocês tivessem fé do tamanho de uma semente de mostarda, poderiam dizer a este sicômoro: “Arranque-se daí, e plante-se no mar. E ela obedeceria a vocês.” (v. 6)
A segunda parte do trecho fala sobre a atitude correta de quem tem um ofício ou ministério dentro da comunidade cristã. Em outros trechos – como 12, 35-37 – Lucas enfatiza a gratuidade de Deus diante da escolha dos seus discípulos. Aqui temos o outro lado – a responsabilidade de quem foi chamado sem mérito algum da sua parte. Ser chamado para qualquer ministério, ordenado ou não, é para que sigamos o exemplo do Mestre, que não veio para ser servido mas para servir, e não para nos vangloriarmos como se fôssemos mais do que os outros membros da comunidade.
O ensinamento não é que os discípulos não valem nada, nem que o seu trabalho não tem valor. O ponto central é que o fato de terem desenvolvido bem as suas tarefas e missão não lhes dá o direito de exigir a graça de Deus por causa dos seus méritos. Tal graça é, e sempre será, um dom gratuitamente oferecido.
Hoje nós estamos na mesma situação dos apóstolos – fomos chamados à fé sem mérito algum da nossa parte. Agradecendo a Deus por este dom, assumamos a nossa parte – a de cumprir bem a missão recebida, sem nos gabarmos disso, pois se nós conseguimos fazer bem as coisas, também é porque podíamos contar com a graça de Deus (cf. 2 Cor 12, 1-10). Sem falsa humildade, mas também sem vaidade, devemos rezar: “Somos empregados inúteis; fizemos o que devíamos fazer” (v. 19)
Jesus continua sua viagem para Jerusalém e no caminho ensina ao grupo de seguidores o que significa ser seu discípulo e discípula. Há vários domingos que o evangelho apresenta Jesus ensinando no caminho. E isto é significativo porque se apresenta um ensinamento que não são normas que devem ser escutadas e aprendidas, ou determinada doutrina para saber, senão que Jesus comunica uma experiência que deve ser adquirida pela vivência.
O evangelho de hoje começa com o pedido dos discípulos: “Aumenta a nossa fé!” Possivelmente os discípulos escutam Jesus e sentem a necessidade de aumentar sua fé porque eles não conseguem assimilar aquilo que recebem. Não é um problema de memória nem de concentração. Eles sentem que estão diante de uma realidade que se lhes apresenta que não é fácil de assimilar e viver seguindo a proposta de Jesus.
Jesus poderia ter sido mais tolerante e responder-lhes: “não se preocupem”, “vossa fé irá crescendo”, “vocês estão comigo desde o início desta caminhada” ou até outras respostas que fossem aparentemente mais compreensivas ou complacentes. Mas, pelo contrário, Jesus disse-lhes: “Se vocês tivessem fé do tamanho de uma semente de mostarda, poderiam dizer a esta amoreira: ‘Arranque-se daí, e plante-se no mar’. E ela obedeceria a vocês”.
Com o exemplo de uma semente de mostarda, Jesus destaca a fé não pela sua imagem ou por causa de uma grandeza visível porque no seu tamanho é pequena e simples, senão assinala a eficácia e as possibilidades subjacentes à semente de mostarda. Ela abriga uma força que permanece escondida de nossos olhos.
Para Jesus o importante é ter uma fé firme e que seja atuante. Praticar a fé e fortalecê-la. Desta forma no evangelho apresenta-se a fé como a abertura da pessoa ao agir de Deus, que pode fazer possível o que humanamente é impossível. Lembremos as palavras de Isabel a Maria: “Bem-aventurada aquela que acreditou, porque vai acontecer o que o Senhor lhe prometeu” (Lc 1,45). Jesus continua espargindo a fecundidade de sua promessa naqueles que acreditam nela!
O caminho da fé é o caminho do seguimento a Jesus, que é um caminho difícil, e somente na fé que Jesus nos concede é possível percorrê-lo.
A seguir o evangelho apresenta a realidade da gratuidade da fé. Realizar aquilo que devemos fazer não merece um especial reconhecimento. Jesus apresenta uma comparação um pouco difícil de entender, mas o que tenta destacar é que aquilo que acontece é um dom de Deus, como a fé!
Jesus convida-nos a não aguardar grandes acontecimentos ou transformações, mas a viver nossa vida cotidiana com simplicidade e amor. Não procurar o reconhecimento das pessoas que nos rodeiam para “sentar-nos à mesa” como se aquilo que tivesse acontecido fosse fruto da nossa aptidão ou competência, mas realizar com agrado nossa humilde tarefa.
Qual é a nossa tarefa hoje? Somos convidados a viver com fé nosso agir cotidiano, o que acontece no dia a dia, aquilo que é aparentemente normal, que não se destaca pela sua grandiosidade. Jesus convida-nos a permanecer na nossa realidade como simples servidores e não procurar grandes coisas. Há uma tendência a realizar alguma coisa e vangloriar-se, contando a todo o mundo aquilo que aconteceu e por isso o texto nos convida a ser “servos”, não perder a referência ao Senhor que é quem atua e pelo seu Espírito intervém na nossa vida e no nosso agir. Desde a realidade de servos é possível surpreender-se e admirar-se por este agir de Deus que faz grandes coisas na nossa simplicidade confiada totalmente nele.
É um convite a uma vida humilde e serviçal, conscientes de que se bem colocarmos o todo de nós mesmos/as na missão realizada, tudo depende de Deus. Jesus é nosso exemplo para viver como servos. Ele assumiu a condição de servo transgredindo os costumes da época. Escutemos assim o chamado do Apóstolo Paulo na carta aos Filipenses: “Tenham em vocês os mesmos sentimentos que havia em Jesus Cristo: ‘Ele tinha a condição divina, mas não se apegou a sua igualdade com Deus. Pelo contrário, esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de servo e tornando-se semelhante aos homens (Flp 2, 6-8)”.
Jesus sendo o Mestre, o Senhor, cinge a cintura com uma toalha e serve a mesa dos seus discípulos/as, oferecendo sua vida e Vida em abundância. Deixarmos que este convite entre na nossa vida para reconhecer-nos como servos é seguir os passos de Jesus, gastando nossa vida no amor e no cuidado aos outros/as, ao mundo.
O Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis de quem se celebrou a festa nos ajude a viver como ele e louvar a grandiosidade do Amor do Senhor que realiza grandes obras nos pequenos.
Altíssimo e onipotente Bom Senhor
Teus são os louvores, a glória, a honra e toda a benção
A Ti somente, Altíssimo, eles convém
E nenhum homem é digno de te imitar
Louvado sejas, meu Senhor, com todas as Tuas criaturas
Especialmente o senhor irmão Sol
O qual faz o dia e por ele alumia
E ele é belo, radiante, com grande esplendor de Ti
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã Lua
Pelas estrelas que no céu Formaste-as claras preciosas e belas
Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão vento
Pelo ar, pela nuvem, pelo sereno e todo tempo
Pelo qual dá às tuas criaturas o sustento
Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã água
A qual nos é muito útil, úmida, preciosa e casta
Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão fogo
Pelo qual iluminas a noite, ele é belo robusto e forte
Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã a mãe terra
A qual nos sustenta, governa e produz diversos frutos,
Flores coloridas e ervas
Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã a morte corporal
Da qual nenhum vivente pode escapar
Bendito aquele que se encontra na Tua santíssima vontade
Ao qual a morte não fará mal
Louvai e bendizei o meu Senhor
Agradeça e sirva com grande humildade
Louvai e bendizei o meu Senhor
Agradeça e sirva com grande humildade
Louvai e bendizei o meu Senhor
Agradeça e sirva com grande humildade
Louvai e bendizei o meu Senhor
Agradeça e sirva com grande humildade
Louvai e bendizei o meu Senhor
Agradeça e sirva com grande humildade
Para muitas igrejas, a Palavra proposta para a liturgia do próximo final de semana é Lucas 17,5-10, onde Jesus procura mostrar que "os cristãos são servos de Deus, e que o serviço a Deus não deve ser concebido como fonte de méritos".
Estamos ainda durante a "grande viagem a Jerusalém" (9,51-19,27) com os desafios, exigências e obstáculos no seguimento de Jesus. A viagem reflete o caminho das comunidades cristãs com suas crises e busca de solução aos desafios propostos pelo evangelho.
Lucas reúne, nos primeiros dez versículos deste capítulo, diversos dizeres de Jesus sobre algumas atitudes fundamentais para a vida de quem quer segui-Lo pelo caminho do discipulado. Podemos dividir o trecho de hoje em duas partes: vv. 5-6 e vv. 7-10.
A força da fé
Em Lucas 17,5-6, os apóstolos pedem ao Senhor: "aumenta-nos a fé!". Jesus responde que não se trata de quantidade, de ter "mais" ou "menos" fé, mas de qualidade. Ela deve ser genuína como a semente que traz em si todas as potencialidades da árvore. Uma fé qualificada com esta potencialidade é capaz de arrancar da terra uma árvore de profundas raízes e plantá-la no mar. É claro que se trata de uma metáfora, mas mostra claramente a força da fé. É uma fé assim que será capaz de reacender a chama e o entusiasmo da comunidade.
Servir desinteressadamente
Nos versículos 7-10, Lucas nos apresenta uma parábola que reflete a prática pastoral de Paulo: "anunciar o evangelho não é título de glória para mim; pelo contrário, é uma necessidade que me foi imposta. Ai de mim se eu não anunciar o evangelho! Se eu o anunciasse de própria iniciativa, teria direito a um salário; no entanto, já que o faço por obrigação, desempenho um cargo que me foi confiado. Qual é, então, o meu salário? É que, pregando o evangelho, eu o prego gratuitamente sem usar dos direitos que a pregação do evangelho me confere. Embora eu seja livre em relação a todos, tornei-me servo de todos, a fim de ganhar o maior número possível" (1Cor 9,16-19).
A parábola pode chocar um pouco, pois parece justificar a escravidão. Não, Jesus não está justificando a escravidão. Essa era a realidade de seu tempo. Havia muitas pessoas escravas. E Jesus tinha consciência dessa vida de opressão que era imposta a escravos. No entanto, o sistema escravocrata não fazia parte do projeto do reinado de Deus, onde ninguém está acima de ninguém, pois "todos são irmãos" (Mateus 23,8). Em seu programa não há lugar para escravos: "Já não vos chamo escravos, pois o escravo não sabe o que o seu senhor faz. Eu vos chamei amigos, porque vos comuniquei tudo o que ouvi de meu Pai" (João 15,15). Este evangelho é herança das comunidades fundadas por Paulo, que entendeu muito bem a proposta de Jesus. Por isso, Paulo pediu com ternura e encarecidamente a Filemon que libertasse o escravo Onésimo (Filemon 16).
Ao contar esta parábola, Jesus quer mostrar, usando um fato da vida daquele tempo, que os cristãos são servos de Deus, e que o serviço a Deus não deve ser concebido como fonte de méritos. A parábola, portanto, deduz que o discípulo não evangeliza por iniciativa própria, mas cumpre um mandato. Não tem consequentemente o que exigir em troca. Jesus, que confia ao discípulo seu projeto, não se sente obrigado a nada quando este cumpre sua obrigação. Esperar elogios ou alguma recompensa não é se tornar solidário, e sim, ambicioso. Melhor é se libertar da ambição de ser recompensado e descobrir a alegria de servir.
EVANGELHO – LUCAS 17,5-10 - MENSAGEM
A primeira parte do nosso texto é, portanto, constituída por um “dito” sobre a fé (vers. 5-6). Depois das exigências que Jesus apresentou, quanto ao caminho que os discípulos devem percorrer para alcançar o “Reino”, a resposta lógica destes só pode ser: “aumenta-nos a fé”. O que é que a fé tem a ver com a exigência do “Reino”?
No Novo Testamento em geral e nos sinópticos em particular, a fé não é, primordialmente, a adesão a dogmas ou a um conjunto de verdades abstractas sobre Deus; mas é a adesão a Jesus, à sua proposta, ao seu projecto – ou seja, ao projecto do “Reino”. No entanto, os discípulos têm consciência de que essa adesão não é um caminho cómodo e fácil, pois supõe um compromisso radical, a vitória sobre a própria fragilidade, a coragem de abandonar o comodismo e o egoísmo para seguir um caminho de exigência… Pedir a Jesus que lhes aumente a fé significa, portanto, pedir-Lhe que lhes aumente a coragem de optar pelo “Reino” e pela exigência que o “Reino” comporta; significa pedir que lhes dê a decisão para aderirem incondicionalmente à proposta de vida que Jesus lhes veio apresentar.
Jesus aproveita, na sequência, para recordar aos discípulos o resultado da “fé”. A imagem utilizada por Jesus (a ordem dada à “amoreira” para se arrancar da terra e ir plantar-se a ela própria no mar) mostra que, com a “fé” tudo é possível: quando se adere a Jesus e ao “Reino” com coragem e determinação, isso implica uma transformação completa da pessoa do discípulo e, em consequência, uma transformação do mundo que o rodeia. Aderir ao “Reino” com radicalidade é ter na mão a chave para mudar a história, mesmo que essa transformação pareça impossível… O discípulo que adere ao “Reino” com coragem e determinação é capaz de autênticos “milagres”… E isto não é conversa fiada: quantas vezes a tenacidade e a coragem dos discípulos de Jesus transformam a morte em vida, o desespero em esperança, a escravidão em liberdade!
Na segunda parte do nosso texto (vers. 7-10), Lucas descreve a atitude que o homem deve assumir diante de Deus. Os fariseus estavam convencidos de que bastava cumprir os mandamentos da Torah para alcançar a salvação: se o homem cumprisse as regras, Deus não teria outro remédio senão salvá-lo… A salvação dependia, de acordo com esta perspectiva, dos méritos do homem. Deus seria, assim, apenas um contabilista, empenhado em fazer contas para ver se o homem tinha ou não direito à salvação…
Jesus coloca as coisas numa dimensão diferente. A atitude do discípulo – desse discípulo que adere a Jesus e ao “Reino”, que faz as “obras do Reino” e que constrói o “Reino” – frente a Deus não deve ser a atitude de quem sente que fez tudo muito bem feito e que, por isso, Deus lhe deve algo; mas deve ser a atitude de quem cumpre o seu papel com humildade, sentindo-se um servo que apenas fez o que lhe competia.
O que Jesus nos pede no Evangelho de hoje é que percorramos, com coragem e empenho, o “caminho do Reino”. Quando o discípulo aceita percorrer esse caminho, é capaz de operar coisas espantosas, milagres que transformam o mundo… E, cumprida a sua missão, resta ao discípulo sentir-se servo humilde de Deus, agradecer-Lhe pelos seus dons, entregar-se confiada e humildemente nas suas mãos.
Na Palavra de Deus que hoje nos é proposta, cruzam-se vários temas (a fé, a salvação, a radicalidade do “caminho do Reino”, etc.); mas sobressai a reflexão sobre a atitude correta que o homem deve assumir face a Deus. As leituras convidam-nos a reconhecer, com humildade, a nossa pequenez e finitude, a comprometer-nos com o “Reino” sem cálculos nem exigências, a acolher com gratidão os dons de Deus e a entregar-nos confiantes nas suas mãos.
Na primeira leitura, o profeta Habacuc interpela Deus, convoca-o para intervir no mundo e para pôr fim à violência, à injustiça, ao pecado. Deus, em resposta, confirma a sua intenção de atuar no mundo, no sentido de destruir a morte e a opressão; mas dá a entender que só o fará quando for o momento oportuno, de acordo com o seu projeto; ao homem, resta confiar e esperar pacientemente o “tempo de Deus”.
A segunda leitura convida os discípulos a renovar cada dia o seu compromisso com Jesus Cristo e com o “Reino”. De forma especial, o autor exorta os animadores cristãos a que conduzam com fortaleza, com equilíbrio e com amor as comunidades que lhes foram confiadas e a que defendam sempre a verdade do Evangelho.
O Evangelho convida os discípulos a aderir, com coragem e radicalidade, a esse projeto de vida que, em Jesus, Deus veio oferecer ao homem. A essa adesão chama-se “fé”; e dela depende a instauração do “Reino” no mundo. Os discípulos, comprometidos com a construção do “Reino” devem, no entanto, ter consciência de que não agem por si próprios; eles são, apenas, instrumentos através dos quais Deus realiza a salvação. Resta-lhes cumprir o seu papel com humildade e gratuidade, como “servos que apenas fizeram o que deviam fazer”.
(Veja o original em espanhol logo após esta tradução feita pelo tradutor Google)
27º Domingo do Ano – Ciclo “C”
1ª Leitura (Hab 1,2-3; 2,2-4):
Em primeiro lugar, observemos que o Livro de Habacuque, dentro do gênero profético, traz a novidade de uma profecia transformada em diálogo entre o profeta e Deus. Assim, a primeira seção (1:2-2:4, da qual a liturgia nos faz ler apenas os versículos iniciais e finais) é estruturada como um diálogo entre o profeta que pergunta e Deus que responde.
Em 1:2-3, temos o primeiro lamento do profeta, onde ele se queixa a Deus de que, diante da violência e da injustiça prevalecentes, Ele parece ser um espectador desinteressado e não intervém. Há uma tripla reprovação: tu não ouves, tu não salvas, tu não julgas!
Em 2:2-4, temos a resposta de Deus à segunda queixa ou lamentação do profeta (1:12-17). Aqui, há, primeiramente, uma introdução do profeta, que se prepara para a recepção solene da mensagem de Deus, que deve ser escrita para verificar seu cumprimento e cujo cerne é: quem permanecer fiel a Deus será salvo do castigo reservado aos ímpios .
Em suma, o profeta deve superar uma série de obstáculos em sua jornada de fé. Primeiro, ele questiona por que Deus não intervém contra a injustiça eliminando o mal . A resposta de Deus é que Ele intervém quando e como Lhe apraz . Isso levanta uma nova questão: é justo que a punição se estenda tanto ao bem quanto ao mal sem distinção? A resposta de Deus é tão importante que deve ser escrita para que possa ser verificada posteriormente: " O inocente, confiando, viverá " (2:2-4). A frase de 2:3-4 na versão LXX fala de fé em vez de confiança, e, portanto, São Paulo a toma, dando-lhe um significado mais profundo para justificar a justificação pela fé em oposição às obras da lei (cf. Rm 1:17; Gl 3:11).
Em última análise, não há solução teórica para uma situação de injustiça, mas ela é superada com uma atitude de fé em Deus, que punirá todas as formas de opressão. Assim, o Senhor é a única fonte de força e confiança, apesar das circunstâncias históricas. Talvez sua melhor mensagem não esteja em seu conteúdo, mas em sua atitude vital de diálogo com Deus .
Evangelho (Lc 17,3b-10):
No versículo 17:1a, somos informados de que Jesus está falando novamente aos seus discípulos. O que se segue (17:1b-10) é uma série de ensinamentos sem conexão aparente entre si: escândalos, perdão, fé e espírito de serviço . Mas há uma coerência entre eles, visto que "tratam da vida comunitária, das responsabilidades pessoais e dos deveres ministeriais que ela implica " . 1
O texto litúrgico inicia com o tema do perdão, exemplificado por dois casos (3b-4). O primeiro envolve alguém que peca e deve ser repreendido; e se se arrepender (verbo metanoéō ), deve ser perdoado. No segundo caso, há uma tríplice diferença em relação ao primeiro: pecam sete vezes num só dia contra ti, e não há repreensão. Trata-se, portanto, de uma ofensa repetida recebida pessoalmente, seguida de arrependimento (verbo metanoéō ) ou de um pedido de desculpas pessoal, também repetido. Diante disso, o perdão deve ser dado sete vezes, ou seja, sempre; pois esta é uma forma hebraica de expressar totalidade.
Segue-se um apelo dos apóstolos ao Senhor: "Aumenta a nossa fé". Este pedido surgiria da consciência dos discípulos da magnitude do perdão que o Senhor exige. Deve ser entendido como um pedido de ajuda, pois é preciso muita fé para perdoar sempre . O que eles pedem é um aumento ou renovação da confiança (fé) na Palavra do Senhor.
para poder aceitar essa exigência de perdão.
Jesus responde ao apelo dos discípulos em 17:6 com uma comparação por meio da qual quer ensinar que uma pequena dose de fé é suficiente para realizar maravilhas , como uma árvore sendo arrancada e plantada no mar a pedido do crente. "Compreende-se que Jesus não permite que seus discípulos realizem esse tipo de coisas literalmente, que serviriam apenas como entretenimento em um teatro ou circo. Com essa figura, o Senhor quer dizer que a fé torna possível fazer coisas surpreendentes. Nesse caso, quem tem fé sempre será capaz de perdoar" 2 .
Portanto, com esta resposta, Jesus quer dizer-lhes que, mais do que um acréscimo ou suplemento à fé, o que eles precisam é de uma fé viva, convicta e convincente . É uma questão de qualidade da fé teologal, e não de quantidade .
Jesus prossegue com outro tema em 17:7-9, evocando a figura de um proprietário de terras e seu servo. Este último, ao retornar do trabalho no campo, ainda precisa preparar o jantar para seu senhor. E, ao fazer isso, está cumprindo seu dever, o trabalho acordado e ordenado (verbo διατάσσω - diatassō ); e o senhor não precisa demonstrar gratidão especial por isso. Ele então aplica essa comparação à vida dos apóstolos: ao cumprirem seu ministério, seu serviço apostólico, estão cumprindo seu dever. Para F. Bovon, grande parte do vocabulário usado aqui tem claras ressonâncias com a vida eclesial; Portanto, "Lucas espera que os responsáveis pela Igreja cumpram sua tarefa com zelo e fidelidade, sem esperar elogios ou qualquer recompensa especial. Deus precisa de homens e mulheres, mas julga inúteis aqueles que se consideram particularmente indispensáveis ". 3
(1Cor 12,6).
ALGUMAS REFLEXÕES:
A leitura litúrgica dos textos deste domingo nos convida a priorizar o tema da fé . De fato, a fé é explicitamente mencionada na primeira leitura do profeta Habacuque, indicando que devemos nos concentrar neste tema no Evangelho de hoje.
Comecemos com a primeira leitura , que coloca de forma crua as questões de todo crente. Diante da presença do mal na forma de violência e injustiça e da "aparente" inação de Deus, o profeta sente sua fé abalada: onde está Deus? E se está, por que não intervém, eliminando o mal e fazendo justiça? É uma questão de ontem, de hoje e de sempre.
O aspecto positivo da atitude do profeta é que ele não se esquiva nem permanece fechado em sua amargura; ao contrário, ele abre seu coração perturbado e confuso a Deus em oração. E Deus lhe responde. O próprio fato de Deus responder é um grande consolo, pois confirma que Ele está presente e "compreende" nossa aflição. E qual é a sua resposta? Um convite a perseverar na fé, a esperar, confiando em Deus . Ou seja, nessa fé-confiança-abandono em Deus reside a razão de continuar vivendo, de continuar esperando. Muito possivelmente, não sabemos por que há tanto mal no mundo. Mas o olhar da fé nos impele a reconhecer a presença de Deus que continua a agir em nossa história e em nosso mundo. E é por isso que mantemos a Esperança.
Aqui temos uma apresentação da fé em sua mais pura concepção bíblica: confiar em Deus como a única rocha segura que pode sustentar uma vida, que pode dar-lhe sentido acima de todos os contratempos que percebemos no mundo .
A esse respeito, o jovem J. Ratzinger disse: "A fé é um apego a Deus, em quem o homem tem um apoio firme por toda a sua vida. A fé é descrita, então, como um apego, como estar confiantemente assente no terreno da Palavra de Deus [...] Crer de maneira cristã significa confiar-se à inteligência que me sustenta e ao mundo, considerá-la como o fundamento firme sobre o qual posso me firmar sem medo algum [...] A fé é, então, encontrar um tu que me sustenta e que, na impossibilidade de fazer um movimento humano, faz a promessa de um amor indestrutível que não só pede a eternidade, mas a concede. A fé cristã vive disto: que não existe uma inteligência pura, mas sim a inteligência que me conhece e me ama, que posso confiar-me a ela com a segurança de uma criança que vê todos os seus problemas resolvidos no tu de sua mãe. Portanto, fé, confiança e amor são, no fim das contas, uma só e mesma coisa..." 4 .
A busca do profeta na noite também nos lembra um parágrafo luminoso da Lumen Fidei , n. 57: "A luz da fé não dissipa todas as nossas trevas, mas, como uma lâmpada, guia os nossos passos na noite, e isso basta para o nosso caminho. Ao homem que sofre, Deus não dá um raciocínio que explique tudo, mas responde com uma presença que o acompanha, com uma história de bem que se une a toda história de sofrimento para abrir nela um raio de luz. Em Cristo, o próprio Deus quis compartilhar conosco este caminho e nos oferecer o seu olhar para nos iluminar. Cristo é aquele que, tendo suportado a dor, 'começou e completa a nossa fé' ( Hb 12,2)".
Voltando-nos para o Evangelho , devemos recordar (e imitar) a atitude dos discípulos: conscientes de sua fragilidade natural diante das exigências de Jesus, eles pedem ao Senhor que aumente sua fé . Eles, como Habacuque, também recorrem à oração para superar seu sentimento de impotência diante das exigências evangélicas que desafiavam sua fé.
Notemos que, no Evangelho de Lucas, a concepção de fé tem sua própria nuance. Fé ( pistis em grego) é, antes de tudo, a confiança de que Jesus pode agir além das possibilidades humanas . É uma confiança ativa, que nos move a agir, a pedir e a esperar no Senhor (cf. Lc 5,20; 7,9.50; 8,47; 17,19; 18,42). E o que essa fé ou confiança alcança de Jesus é a salvação, o perdão que só Deus pode dar (a expressão: "A tua fé te salvou" é dita por Jesus quatro vezes em Lucas). O oposto da fé é o medo que bloqueia, que gera desespero (cf. Lc 8,25).
Por isso, os apóstolos pedem um aumento na fé, isto é, poder confiar mais na Palavra de Deus do que na sua própria visão da realidade e nas suas próprias capacidades . Eles estão conscientes de que esta fé é um dom de Deus e que devem pedi-la em oração. Se relacionarmos este pedido com as exigências de perdão que Jesus lhes tinha acabado de apresentar, a reação dos apóstolos é bastante sensata. A fé é sempre necessária para perdoar; a razão não basta . O raciocínio pode motivar-nos a perdoar por vezes, mas nem sempre. A fé introduz-nos no modo de ver e de viver de Deus, que perdoa sempre os que se arrependem . Só vivendo na fé podemos estar dispostos a perdoar sempre, superando a resistência das nossas emoções e as objeções do nosso raciocínio. A este respeito, o Papa Leão XIV disse no Angelus de 24 de agosto de 2025: “Enquanto por vezes nos encontramos a julgar aqueles que estão longe da fé, Jesus desafia “a segurança dos crentes”. Ele, de fato, nos diz que não basta professar a fé com os lábios, comer e beber com Ele na celebração da Eucaristia, ou conhecer bem os ensinamentos cristãos. Nossa fé é autêntica quando abrange toda a nossa vida, quando é critério para as decisões que tomamos, quando nos torna mulheres e homens comprometidos com o bem e capazes de correr riscos por amor, como Jesus fez.
Podemos ainda dar um passo adiante, porque a fé nos revela nossa condição de criaturas, de servos, de servos . Não estamos em condições de exigir nada de Deus. Esta é a nossa verdade, esta é a humildade. Jesus diz que a fé nos move a agir, mesmo ações além dos nossos limites humanos, porque o Senhor agirá em nós e por meio de nós. Portanto, o trabalho humano é um serviço, um ministério, uma missão ou uma tarefa que nos foi confiada; e somos apenas humildes servos na vinha do Senhor. Como diz o Padre Molinié: "Não somos importantes, somos amados". Em última análise, trata-se de não buscar a si mesmo nos serviços prestados a Deus; e para isso, devemos pedir um aumento na fé; e também na caridade.
Se, como o vocabulário sugere, este serviço se refere ao ministério dos apóstolos, à sua tarefa evangelizadora, Jesus propõe uma maturidade no seu exercício. De fato, podemos dizer do apostolado o que F. Nemeck e M. Coombs 5 dizem da oração: que a princípio ela é vivida como um dever, uma obrigação; depois, quase como um prazer, com entusiasmo e consolação; e, finalmente, após um período de purificação e aridez, na maturidade, como uma necessidade interior e vital. É assim que São Paulo viveu a sua missão evangelizadora: "Anunciar o Evangelho não é para mim motivo de glória, mas um dever que me foi imposto. Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho! Se o faço por minha própria iniciativa, terei direito a uma recompensa; mas se o faço por obrigação, é meu dever" (1 Cor 9, 16-17). Vale a pena notar que Paulo atingiu a maturidade para reconhecer que recebeu tudo de Deus por meio de Jesus e, portanto, nenhuma motivação externa o move a pregar esta boa nova que transformou sua vida. Sua vida se tornou uma só com sua missão . Ele vive pela fé.
Por fim, neste mês missionário, peçamos ao Senhor por todos os batizados o aumento da fé, para que possam testemunhá-la diante do mundo; e a humildade necessária para viver com responsabilidade a missão que o Senhor nos confiou.
PARA ORAÇÃO (RESSONÂNCIAS DO EVANGELHO EM UMA ORAÇÃO):
O dever é meu irmão
Senhor,
Saberemos ver o irmão pecador, perdido na sua cegueira
Procurando uma saída em lugares onde a vida fecha suas portas?
Então pedimos hoje como aqueles homens de ontem
Aumenta a nossa fé, Senhor.
Amar o teu amor, sair ao encontro, crescer
Superando o medo, o egoísmo, o erro
Encontrando-te no próximo, naquele que me faz servo.
Faze-nos humildes, Senhor!
Então seus desejos serão nossos… E tão pequenos,
Atordoado, despojado do supérfluo
Vivamos a alegria de obedecer ao que foi criado em teu pensamento
Dá-nos a tua graça, Senhor!
Deixe que sua novidade seja sua nova vida, sua abundância seja ilimitada.
Nessa esperança, amados e confiantes, nós vos servimos.
Em cada um, em você, por você e com você
Dá-nos o teu Espírito, Senhor!
Se nos alegramos quando ouvimos a Tua Voz, e Tu nos escolhes e nos chamas.
O cansaço não nos vence, o impulso é maior
Para nos lançarmos aos teus pés e escutar atentamente a tua Palavra.
Pois a tua glória, Senhor, nos basta. Amém.
1 F. Bovon, O Evangelho Segundo São Lucas III (Siga-me; Salamanca 2004) 169.
2 LH Rivas, A Obra de Lucas. I. O Evangelho (Ágape; Buenos Aires 2012) 164.
3 Evangelho segundo São Lucas III (Segue-me; Salamanca 2004) 180.
4 J. Ratzinger, Introdução ao Cristianismo (Siga-me; Salamanca 1982) 48.52.57-58.
5 Cf. Nossa Jornada Espiritual (EDE; Madrid 1988) 56-57.
1
DOMINGO XXVII DURANTE EL AÑO – CICLO "C"
1ra. Lectura (Hab 1,2-3; 2,2-4):
Ante todo, notemos que el libro de Habacuc, dentro del género profético, aporta la novedad de una profecía convertida en diálogo entre el profeta y Dios. Así, la primera sección del mismo (1,2-2,4, de la cual la liturgia nos hace leer sólo los versículos iniciales y finales) está estructurada como un diálogo entre el profeta que pregunta y Dios que le responde.
En 1,2-3 tenemos el primer lamento del profeta donde se queja a Dios porque ante la violencia y la injusticia reinante parece ser un espectador desinteresado y no interviene. Hay un triple reproche: ¡no escuchas, no salvas, no juzgas!
En 2,2-4 tenemos la respuesta de Dios ante la segunda queja o lamento del profeta (1,12- 17). Aquí hay primero una introducción del profeta que prepara la solemne recepción del mensaje de Dios, el cual debe ser puesto por escrito para verificar su cumplimiento y cuyo núcleo es: el que permanece fiel a Dios se salvará del castigo reservado a los malvados.
En síntesis, el profeta debe superar una serie de obstáculos en su camino de fe. Primero se cuestiona por qué Dios no interviene contra las injusticias eliminando el mal. La respuesta de Dios es que El interviene cuándo y cómo quiere. Esto suscita un nuevo interrogante: ¿es justo que el castigo abarque a buenos y malos sin distinción? La respuesta de Dios es tan importante que se debe escribir para poder verificarla después: “el inocente, por fiarse, vivirá” (2,2-4). La frase de 2,3-4 en la versión de la LXX habla de fe en vez de confianza y, por ello, la toma San Pablo dándole un sentido más profundo para fundamentar la justificación por la fe en contraposición a las obras de la ley (cf. Rm 1,17; Gal 3,11).
En fin, ante la situación de injusticia no se encuentra una solución teórica, pero se la supera con una actitud de fe en Dios quien castigará toda forma de opresión. Así, el Señor es la única fuente de fortaleza y de confianza, a pesar de las circunstancias históricas. Tal vez su mejor mensaje no se encuentre en el contenido sino en su actitud vital de diálogo con Dios.
Evangelio (Lc 17,3b-10):
En el versículo 17,1ase nos informa que Jesús vuelve a hablar ahora a sus discípulos. Lo que sigue (17,1b-10) son una serie de enseñanzas sin aparente conexión entre las mismas: los escándalos, el perdón, la fe y el espíritu de servicio. Pero hay una coherencia entre los mismos pues "en ellos se trata de la vida comunitaria, con las responsabilidades personales y los deberes ministeriales que implica"1.
El texto litúrgico comienza con el tema del perdón ejemplificado con dos casos (3b-4). En el primero se trata de alguien que peca y debe ser reprendido; y si se arrepiente (verbo metanoéō), debe ser perdonado. En el segundo caso hay una triple diferencia con respecto al primero: peca siete veces en un día, contra ti y no hay reprensión. Se trata, por tanto, de una reiterada ofensa recibida personalmente a la que sigue un arrepentimiento (verbo metanoéō) o pedido de disculpas personal, también reiterado. Ante esto hay que perdonar las siete veces, o sea, siempre; pues se trata de una forma hebrea de expresar la totalidad.
Sigue luego una súplica de los apóstoles al Señor: "Auméntanos la fe". Esta petición surgiría de la toma de conciencia de los discípulos ante la magnitud del perdón que exige el Señor. Hay que entenderla como un pedido de ayuda, pues hace falta mucha fe para perdonar siempre. Lo que piden es un aumento o renovación de la confianza (fe) en la Palabra del Señor
como para poder aceptar esta exigencia del perdón.
Jesús responde a la súplica de los discípulos en 17,6 con una comparación a través de la cual quiere enseñar que basta una fe pequeña para obrar maravillas, como por ejemplo que un árbol se arranque y se plante en el mar a pedido del creyente. "Se entiende que Jesús no capacita a sus discípulos para que realicen a la letra esta clase de cosas, que sólo servirían para entretenimiento en un teatro o un circo. Con esta figura el Señor quiere decir que la fe permite hacer cosas sorprendentes. En este caso, el que tiene fe podrá perdonar siempre"2.
Por tanto, con esta respuesta Jesús les quiere decir que, más que un añadido o suplemento de fe, lo que necesitan es una fe viva, convencida y convincente. Se trata de la calidad de la fe teologal más que de la cantidad.
Jesús continúa con otro tema en 17,7-9 evocando la figura del dueño de un campo y su servidor. Éste último al volver a la casa después de trabajar en el campo, todavía tiene que preparar la cena a su señor. Y haciendo esto está cumpliendo con su deber, con el trabajo acordado y mandado (verbo διατάσσω - diatassō); y el amo no tiene que manifestarle una especial gratitud por ello. Luego aplica esta comparación a la vida de los apóstoles: cumpliendo su ministerio, su servicio apostólico, están cumpliendo con su deber. Para F. Bovon gran parte del vocabulario utilizado aquí tiene claras resonancias con la vida eclesial, por tanto "Lucas espera de los responsables de la Iglesia que cumplan su tarea con celo y fidelidad, sin esperar felicitaciones o recompensa especial alguna. Dios tiene necesidad de hombres y de mujeres, pero juzga inútiles a los que se creen particularmente indispensables"3. Es decir, el Señor les pide que no se consideren importantes o imprescindibles en el Reino de Dios, sino servidores del único Señor que "realiza todo en todos"
(1Cor 12,6).
ALGUNAS REFLEXIONES:
La lectura litúrgica de los textos de este domingo nos invita a priorizar el tema de la fe. En efecto, de la fe se habla explícitamente en la primera lectura del profeta Habacuc, señalándonos que sobre este tema tenemos que centrarnos en el evangelio de hoy.
Comencemos por la primera lectura que nos plantea crudamente los interrogantes de todo creyente. Ante la presencia del mal en forma de violencia e injusticia y la "aparente" inacción de Dios, el profeta siente tambalear su fe: ¿dónde está Dios? Y si está; ¿por qué no interviene eliminando el mal y haciendo justicia? Es una cuestión de ayer, hoy y siempre.
Lo positivo de la actitud del profeta es que no se evade ni se queda encerrado en su amargura; sino que abre su corazón alterado y confundido a Dios en la oración. Y Dios le responde. El hecho mismo de que Dios responda es ya una gran consolación pues nos confirma que está presente y "comprende" nuestra aflicción. ¿Y cuál es su respuesta? Una invitación a perseverar en la fe, a esperar confiando en Dios. Es decir que en esta fe-confianza-abandono en Dios está la razón para seguir viviendo, para seguir esperando. Muy posiblemente no sepamos dar la razón de por qué hay tanto mal en el mundo. Pero la mirada de fe nos impulsa a reconocer la presencia de Dios que sigue obrando en nuestra historia y en nuestro mundo. Y por eso mantenemos la Esperanza.
Tenemos aquí una presentación de la fe en su más pura concepción bíblica: apoyarse en Dios como en la única roca segura que puede sostener una vida, que puede darle sentido por encima de todas las contrariedades que percibimos en el mundo.
Al respecto decía el joven J. Ratzinger: "La fe es un sujetarse a Dios, en quien tiene el hombre un firme apoyo para toda su vida. La fe se describe, pues, como un agarrarse firmemente, como un permanecer en pie confiadamente sobre el suelo de la Palabra de Dios […] Creer cristianamente significa confiarse a la inteligencia que me lleva a mí y al mundo, considerarla como el fundamento firme sobre el que puedo permanecer sin miedo alguno […] La fe es, pues, encontrar un tú que me sostiene y que en la imposibilidad de realizar un movimiento humano da la promesa de un amor indestructible que no sólo solicita la eternidad, sino que la otorga. La fe cristiana vive de esto: de que no existe la pura inteligencia, sino la inteligencia que me conoce y me ama, de que puedo confiarme a ella con la seguridad de un niño que en el tú de su madre ve resueltos todos sus problemas. Por eso la fe, la confianza y el amor son, a fin de cuentas, una misma cosa…"4.
La búsqueda en la noche del profeta nos recuerda también un luminoso párrafo de Lumen Fidei, el nº 57: "La luz de la fe no disipa todas nuestras tinieblas, sino que, como una lámpara, guía nuestros pasos en la noche, y esto basta para caminar. Al hombre que sufre, Dios no le da un razonamiento que explique todo, sino que le responde con una presencia que le acompaña, con una historia de bien que se une a toda historia de sufrimiento para abrir en ella un resquicio de luz. En Cristo, Dios mismo ha querido compartir con nosotros este camino y ofrecernos su mirada para darnos luz. Cristo es aquel que, habiendo soportado el dolor, «inició y completa nuestra fe» (Hb 12,2)".
Pasando al evangelio tenemos que rescatar (e imitar) la actitud de los discípulos: concientes de su fragilidad natural ante las exigencias de Jesús, le piden al Señor un aumento de fe. Ellos, al igual que Habacuc, recurren también a la oración para superar su sentimiento de impotencia ante las exigencias evangélicas que ponían en crisis su fe.
Notemos que en el evangelio de Lucas la concepción de la fe tiene un matiz propio. La fe (pistis en griego) es ante todo la confianza en que Jesús puede obrar más allá de las posibilidades humanas. Es una confianza activa, que mueve a obrar, a pedir y a esperar de parte del Señor (cf. Lc 5,20; 7,9.50; 8,47; 17,19; 18,42). Y lo que esta fe o confianza alcanza de parte de Jesús es la salvación, el perdón, que sólo Dios puede dar (la expresión: "Tú fe te ha salvado" la dice Jesús 4 veces en Lucas). Lo contrario de la fe es el miedo que bloquea, que genera desesperación (cf. Lc 8,25).
Por tanto, los apóstoles piden un aumento de fe, esto es, poder confiar más en la Palabra de Dios que en su propia visión de la realidad y que en sus propias capacidades. Son conscientes de que esta fe es un don de Dios y que deben pedirlo en la oración. Si relacionamos este pedido con las exigencias del perdón que Jesús les terminaba de presentar, la reacción de los apóstoles es bien sensata. Para perdonar siempre se requiere la fe, no basta la razón. Los razonamientos nos pueden motivar el perdón alguna vez, pero no siempre. La fe nos introduce en el modo de ver y de vivir de Dios, quien perdona siempre a los que se arrepienten. Sólo viviendo en la fe podremos estar dispuestos a perdonar siempre superando las resistencias de nuestra afectividad y las objeciones de nuestros razonamientos. Al respecto decía el Papa León XIV en el ángelus del 24 de agosto de 2025: “Mientras a veces nos sucede que juzgamos a quien está alejado de la fe, Jesús pone en crisis “la seguridad de los creyentes”. Él, en efecto, nos dice que no es suficiente profesar la fe con los labios, comer y beber con Él celebrando la Eucaristía o conocer bien las enseñanzas cristianas. Nuestra fe es auténtica cuando abraza toda nuestra vida, cuando es un criterio en las decisiones que tomamos, cuando nos hace mujeres y hombres que se comprometen con el bien y son capaces de arriesgarse por amor tal y como hizo Jesús. ”
Podemos todavía dar un paso más pues la fe nos revela nuestra condición de criaturas, de siervos, de servidores. No estamos en condiciones de exigirle nada a Dios. Esta es nuestra verdad, esta es la humildad. Jesús dice que la fe nos mueve a obrar, incluso acciones que nos superan humanamente, porque el Señor obrará en nosotros y por medio de nosotros. Por eso la obra del hombre es un servicio, un ministerio, una misión o tarea encomendada; y nosotros somos solo humildes servidores en la viña del Señor. Como dice el P. Molinié: "No somos importantes, somos amados". Se trata, en el fondo, de no buscarse a sí mismo en los servicios que se prestan a Dios; y para llegar a esto hay que pedir un aumento de fe; y también de caridad.
Si, como sugiere el vocabulario, este servicio se refiere al ministerio de los apóstoles, a su tarea evangelizadora, Jesús está proponiendo una madurez en su ejercicio. En efecto, podemos decir del apostolado lo que F. Nemeck y M. Coombs5dicen de la oración: que en los comienzos se vive como un deber, una obligación; luego casi como un placer, con entusiasmo y consolación; y por fin, luego de un período de purificaciones y aridez, en la madurez, como una necesidad interior, vital. Así vivió San Pablo su misión evangelizadora: "Predicar el Evangelio no es para mí ningún motivo de gloria; es más bien un deber que me incumbe. ¡Ay de mí si no predico el Evangelio! Si lo hiciera por propia iniciativa, ciertamente tendría derecho a una recompensa. Mas si lo hago forzado, es una misión que se me ha confiado" (1Cor 9,16-17). Vale decir que Pablo ha llegado a la madurez de reconocer que todo lo ha recibido de Dios por Jesús y, por ello, ninguna motivación externa lo mueve a predicar esa buena noticia que le ha cambiado su vida. Su vida se ha identificado con su misión. Vive de fe.
En fin, en este mes misionero, pidamos al Señor para todos los bautizados un aumento de fe para para ser testigos de la misma ante el mundo; y la humildad necesaria para vivir con responsabilidad la misión que el Señor nos ha encomendado.
PARA LA ORACIÓN (RESONANCIAS DEL EVANGELIO EN UNA ORANTE):
El deber sea mi hermano
Señor,
Sabremos ver al hermano pecador, perdido en su ceguera
Buscando una salida en lugares donde la vida cierra sus puertas?
Pues pedimos hoy como aquellos hombres de ayer
Auméntanos Señor, la fe.
Para querer tu querer, salir al encuentro, crecer
Pasar por encima del temor, el egoísmo, el error
Encontrarte en el cercano, en el que me hace servidor.
¡Haznos humildes, Señor!
Así tus deseos serán los nuestros… Y tan pequeños,
Anonadados, despojados de lo superfluo
Vivamos la alegría de obedecer a lo que se gestó en tu pensamiento
¡Danos tu Gracia, Señor!
Sea tu novedad, tu vida nueva, tu abundancia sin límites.
En esa esperanza amados y confiados te servimos
En todos y cada uno, en ti, por ti y contigo
¡Danos tu Espíritu, Señor!
Si gozamos cuando oímos tu Vos, y nos eliges y nos llamas.
El cansancio no nos gana, es mayor el impulso
De arrojarnos a tus pies y escuchar atentos tu Palabra.
Pues tu Gloria Señor, nos basta. Amén
1 F. Bovon, El evangelio según san Lucas III (Sígueme; Salamanca 2004) 169.
2 L. H. Rivas, La obra de Lucas. I. El Evangelio (Ágape; Buenos Aires 2012) 164.
3 El evangelio según san Lucas III (Sígueme; Salamanca 2004) 180.
4J. Ratzinger, Introducción al cristianismo (Sígueme; Salamanca 1982) 48.52.57-58.
5 Cf. Nuestra trayectoria espiritual (EDE; Madrid 1988) 56-57.