03/12/2023
LINK AUXILIAR:
AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO
1ª Leitura: Isaías 63,16b-17.19b;64,2b-7
Salmo Responsorial 79(80)R-Iluminai a vossa face sobre nós, convertei-nos, para que sejamos salvos!
2ª Leitura: 1 Coríntios 1,3-9
Evangelho de Marcos 13,33-37
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos. Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Cuidado! Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o momento. É como um homem que, ao partir para o estrangeiro, deixou sua casa sob a responsabilidade de seus empregados, distribuindo, a cada um, sua tarefa. E mandou o porteiro ficar vigiando. Vigiai, portanto, porque não sabeis quando o dono da casa vem: à tarde, à meia-noite, de madrugada ou ao amanhecer. Para que não suceda que, vindo de repente, ele vos encontre dormindo. O que vos digo, digo a todos: Vigiai!”.
Mc 13,33-37
Gostaria de convidá-lo a um esforço de imaginação. Procure imaginar: se um dia você precisar contratar um empregado ou empregada para a sua casa, como você faria? Sairia contratando o primeiro que aparecesse? Ou antes de contratar, buscaria as referências?
Procure imaginar: se você for pedir emprego a uma casa de família, será que conseguiria esse emprego sem levar boas referências?
Por que são necessárias as referências?
Elas são necessárias porque ninguém é aceito em tal emprego se não é confiável. Afinal um empregado doméstico, uma empregada doméstica não é só admitida em um trabalho, mas é aceito na casa, é introduzido de certa maneira na vida familiar. Confiamos ao empregado doméstico os nossos bens mais caros. A alguém que trabalha dentro de nossa casa são confiadas não somente as nossas coisas mas também os filhos ou os pais idosos.
Será que confiamos o que temos de mais caro, íntimo e pessoal a qualquer um?
Para cuidar do que temos de mais caro, precisamos primeiro de algumas provas da confiabilidade, da honestidade da pessoa a quem nos confiamos. Além da confiabilidade nos acertamos também de sua responsabilidade: se não é uma pessoa preguiçosa, se é pontual, se sabe se antecipar às necessidades, se tem boa resistência ao trabalho.
No Evangelho de hoje Jesus nos exorta a vigilância de um jeito muito interessante. Devemos estar atentos, acordados, vigilantes como os empregados de uma casa a quem um senhor confiou a sua casa.
Em poucos versículos Jesus nos explica de maneira magnífica o que é a vigilância cristã.
34. É como um homem que, ao partir para o estrangeiro, deixou sua casa sob a responsabilidade de seus empregados, distribuindo a cada um sua tarefa. E mandou o porteiro ficar vigiando.
Antes de falar da vigilância, a parábola nos coloca diante da situação em que vivemos: o Senhor deixou a Sua casa sob a nossa responsabilidade e confiou a cada um de nós uma tarefa.
Vejam como Deus tem confiança em nós: Ele nos confiou a Sua casa, os Seus bens, os Seus filhos mais queridos.
Nessa grande casa que é a casa de Deus, cada um de nós tem uma tarefa. Todos somos necessários, insubstituíveis nesse sentido.
Se não cumprir com minha tarefa, ninguém a realizará por mim. É verdade que o plano de Deus, o desígnio de Deus, o Reino de Deus se realizará certamente, mas, se não realizar minha missão que me foi dada por Deus, ficará faltando minha parte.
A vigilância cristã não é espera angustiada e temerosa. Não é viver com medo de ser surpreendido em alguma falha ou erro. A vigilância cristã é a resposta ativa e agradecida à confiança que o Senhor tem em nós.
A nós o Senhor nos confiou a Sua casa, o Seus bens e os Seus caros.
Nos confiou a Sua casa que é também a casa de todos, ou seja, toda a natureza criada. Os bens da terra, os recursos naturais, a água e o ar, os animais e as plantas: tudo nos foi entregue aos nossos cuidados. Somos como jardineiros e agricultores; recebemos de Deus o cuidado da terra e do céu. Os recursos naturais e as riquezas da criação não devem ser destruídos, explorados e esgotados. Deus nos confiou a tarefa de cuidar da criação para que ela possa servir a todos, para que suas riquezas não sejam esgotadas e só sirvam a poucos.
O Senhor nos confiou o cuidado dos irmãos, principalmente dos menores, dos pobres e dos vulneráveis. Eles são filhos de Deus e assim devem ser tratados e cuidados. Mais do que isso. São eles os prediletos de Deus, são eles amados pelo Pai; e eles nos foram confiados.
Será que é justo explorar os mais fracos? Agrada ao Senhor que sejamos indiferentes aos seus sofrimentos? A nossa sociedade tem lugar para a vida frágil dos mais pobres, dos mais idosos, para a vida que ainda não nasceu? Cuidamos dos amados de Deus? Estamos ocupados com essa tarefa que o Senhor nos confiou?
Na parábola, uma tarefa de destaque tem o porteiro, porque é ele que exprime melhor do que os outros a necessidade de estar acordado, de não dormir nem se distrair. Os que vivem nos condomínios podem entender bem como a vida de um porteiro pode exprimir bem o que é a vida do cristão. O porteiro, se é um bom porteiro, nunca se afasta do seu posto sem um substituto; é ele que controla o movimento de quem entra e quem sai; ele cuida para que não haja invasão de ladrões; enfim está sempre atento, alerta e ocupado.
Como você pode notar todos devem vigiar:
35-36: Vigiai, portanto, porque não sabeis quando o dono da casa vem: à tarde, à meia-noite, de madrugada ou ao amanhecer. Para que não suceda que, vindo de repente, ele vos encontre dormindo.
Mesmo que, entre os empregados, o porteiro deva ser o mais vigilante, ninguém deve sucumbir à preguiça, à distração ou ao cansaço.
Na Igreja e no tempo de hoje quem é o porteiro? Podemos dizer que todo cristão leigo, pelo seu batismo foi constituído com “porteiro” da Casa de Deus.
O porteiro na Igreja é aquele que deve zelar pela segurança espiritual dos outros. Ele deve zelar pela salvação, pelo destino eterno dos outros.
Impressiona que o Senhor não nos confiou a tarefa de cuidar de suas coisas e de seus caros somente para esta vida. Ele nos confiou também o seu destino eterno. Ele nos confiou a tarefa de colaborar na salvação das pessoas e na glorificação da natureza.
Salvar é algo que só Deus pode realizar. Mas Ele, na sua bondade e na confiança que tem em nós, nos deu a responsabilidade e o privilégio de colaborar na salvação própria e na dos outros. Se há um dom divino, este é o de cooperar na salvação da humanidade.
Que confiança! Que responsabilidade! Que privilégio! Que graça!
1º Domingo do Advento – Mc 13,33-37 – Ano B – 03-12-2023
“Atenção! Estai despertos, porque não conheceis o dia nem a hora” (Mc 13,33).
Estamos no primeiro domingo do Novo Ano litúrgico. Começamos com o Advento, que não é somente um tempo litúrgico, mas um “modo de viver”. Trata-se de uma atitude vital que precisa atravessar toda nossa existência. Não teremos entendido nada da mensagem de Jesus se ela não nos inspira a viver em constante busca daquilo que já está presente em nosso interior.
O importante não é recordar a primeira vinda de Jesus; isso é só o pretexto para descobrir que Ele já está presente em nós e na nossa realidade. Também não se trata de nos preparar para a última vinda, que é só uma grande metáfora. O importante é descobrir que Ele está vindo neste instante, a cada instante.
Através de uma simples parábola Jesus nos anima à espera ativa e à atenção consciente frente à passagem de Deus por nossa vida. O Deus de Jesus não é inacessível, distante, impassível; seu desejo é vir sempre ao nosso encontro, de forma surpreendente e desconcertante. Mas nem sempre estamos mobilizados para entrar em sintonia com a presença providente d’Aquele que habita em tudo e em todos. A vida é um constante Advento que nos pede estar despertos para acolher a novidade de Deus em cada momento e situação. A pergunta fundamental não é tanto “onde está Deus?”, mas “como Deus está atuando?”
Às vezes Ele irrompe como grito persistente para nos fazer despertar de nossas sonolências cúmplices, de nossas dispersões, impulsionando-nos a sair de nossas falsas seguranças ou das “zonas de conforto” frente à injustiça, à violência, à marginalização dos outros; outras vezes, Ele atua com a suavidade de uma carícia que nos cura e nos capacita para sermos canais de consolo e libertação frente às feridas do coração do mundo e da história; outras vezes, nos instiga a pôr no centro a vida, a alegria e a esperança, em meio a tanta destruição que está acontecendo, desfigurando o rosto d’Aquele que é sempre Presença Amorosa.
O apelo de Jesus no evangelho deste domingo (“ficai atentos!”, “vigiai!”) pode muito bem ser traduzido por “ficai despertos!” O oposto à atenção é a rotina e o modo “normótico” de viver, sem inspiração e criatividade. A rotina tem a “vantagem” de nos facilitar as coisas e nos confere uma certa sensação de segurança: nós nos movemos por caminhos trilhados nos quais tudo se revela familiar. Os hábitos repetitivos permitem que façamos muitas coisas sem precisar perguntar pelo sentido daquilo que estamos fazendo, sobre o “porque” e “para quem” fazemos; tudo é realizado no “piloto automático”.
No entanto, se não estivermos atentos, esse modo de viver tem um preço muito alto que pode chegar a manifestar-se como desânimo, cansaço e vazio. Perdemos a novidade e o frescor da vida.
Na realidade, mais que viver, vegetamos, sobrevivemos ou agimos mecanicamente.
A atenção, pelo contrário, nos conecta com a vida, porque nos traz ao presente. E o presente é o único lugar da vida. Graças à atenção, habitamos o momento presente, deixando-nos fluir com a vida mesma. Graças à atenção, vivemos na consciência, acolhendo tudo a partir da lucidez e amando tudo a partir da sabedoria. Sintonizamo-nos com a corrente da vida e fazemos a descoberta maior à qual podemos aspirar: que a consciência não é só uma atitude que podemos favorecer, senão que constitui nossa verdadeira identidade.
Estar atento é ousar renascer, advir, vir-de-novo, recomeçar...
Nessa atenção vislumbramos detalhes decisivos: a vivência da ternura, a reinvenção da vida em cada amanhecer, o criar asas e alçar voo, o despertar de sonhos, a gratuidade amorosa, a alegria transbordante...
Vemos assim que, no dizer de Jesus, o tempo da ausência do “dono da casa” que partiu em viagem não é um “tempo morto”, mas um tempo de intensa gestação. Não é uma espera vazia, angustiante e ansiosa, provocadora de medo, mas uma espera centrada no Senhor que vem e centrada na responsabilidade que foi confiada: serviço.
O Advento vem nos dizer: “há uma esperança para o teu futuro” (Jer 31,17).
A esperança é algo constitutivo no ser humano. Para ele, viver é caminhar para um futuro. Sua vida é sempre busca de algo melhor. O ser humano “não só tem esperança, senão que vive na medida em que está aberto à esperança e é movido por ela” (H. Mottu).
Por isso, quando numa sociedade se perde a esperança, a vitalidade decai, a marcha se paralisa e a vida mesma corre o risco de degradar-se.
Esperança é uma palavra vencedora. Quando tudo parece perdido, irremediável, destruído, ela comparece para salvar. Ela é capaz de transformar a derrota em vitória, o perigo em alívio, o desespero em alegria. A esperança é tão poderosa que consegue tirar do domínio da morte os que não veem mais razão para viver. Vivemos de esperança; se não fosse assim já teríamos desaparecidos há muito tempo. Vivemos e continuamos avançando sobre um abismo de ameaças, mas temos de despertar para viver mais um ano, com inspiração e criatividade, superando os desafios da vida. A esperança, hoje como sempre, não é virtude de um instante. É a atitude fundamental e o estilo de vida daqueles que enfrentam a existência “enraizados e edificados em Jesus Cristo” (Col. 2,6)
Todo o AT está atravessado pela promessa e pela espera. Segundo o relato bíblico, Deus vai lhes prometendo o que eles mais aspiravam em cada momento. A Abraão, Deus promete descendência; aos escravos no Egito, promete liberdade; aos famintos no deserto, promete uma terra que mana leite e mel; quando conquistaram Canaã, promete uma nação forte e poderosa; quando estão no Exílio, promete fazê-los voltar à sua terra; quando o Templo é destruído, promete reconstruí-lo. No AT, Deus sempre lhes promete bens, liberdade e descendência, porque é o que eles esperavam.
Jesus promete algo muito diferente: “Vim para que tenham vida e a tenham em abundância” Jo 10,10
A esperança cristã é chamada a “abrir horizonte” ao ser humano contemporâneo. No meio desta nossa história, às vezes medíocre e insensata, está sendo gestado o verdadeiro futuro do ser humano. Frente a uma “visão imediatista” da história, sem meta e sem sentido algum, a esperança cristã leva a sério todas as possibilidades latentes na realidade presente. Precisamente porque quer ser realista e lúcido, o cristão se aproxima da realidade, vendo-a como algo inacabado e “em marcha”; não aceita as coisas “tal como são”, mas “tal como deverão ser”.
Quem ama e espera (esperançar) o futuro (“novos céus, nova terra”) não pode “conformar-se” com a realidade tal como é hoje. A esperança não tranquiliza, inquieta; introduz “contradição” com a realidade; gera protesto; nos desperta da apatia e da indiferença próprias deste tempo; nos desinstala. Graças à esperança, avançamos; graças à esperança, sonhamos, evoluímos. Isso porque, sem dúvida alguma, a esperança é o motor de nossas vidas.
Para viver com intensidade o tempo do Advento, é preciso seguir o Espírito, deixando-se surpreender pelos novos rumos que Ele aponta, seduzir pelos novos horizontes que Ele descortina, desafiar pelas novas provocações que Ele lança, a partir da realidade histórica e dos novos sinais dos tempos.
Para meditar na oração:
No Advento, a vigilância se revela como atitude-chave. Os Evangelhos repetem-na constantemente: “vigiai”, “estai alertas”, “vivei despertos”. Não se trata de um chamado a mais; é o apelo por excelência.
Já se passaram vinte séculos de cristianismo. Que foi feito deste apelo de Jesus? Como vivemos as atitudes que Ele ativou nos seus seguidores? Continuamos despertos? Mantém-se viva nossa fé ou foi se apagando na indiferença e na mediocridade?
- Temos sentido a necessidade de despertar e intensificar nossa relação com Jesus? Quem, a não ser Ele, pode libertar nosso cristianismo da imobilidade, da inércia, do peso do passado, da falta de criatividade? Quem poderá nos contagiar com seu entusiasmo e alegria? Quem nos dará sua força criadora e sua vitalidade?
Nem sempre é o desespero que destrói em nós a esperança e o desejo de continuar caminhando diariamente cheios de vida. Ao contrário, poder-se-ia dizer que a esperança vai se diluindo em nós quase sempre de maneira silenciosa e quase imperceptível.
Talvez sem dar-nos conta, nossa vida vai perdendo cor e intensidade. Pouco a pouco parece que tudo começa a ser pesado e tedioso. Vamos fazendo mais ou menos o que temos que fazer, mas a vida não nos “satisfaz”. Um dia comprovamos que a verdadeira alegria foi desaparecendo de nosso coração. Já não somos capazes de saborear o que há de bom, de belo e de grande na existência.
Pouco a pouco tudo foi se complicando para nós. Talvez já não esperemos grande coisa da vida nem de ninguém. Já não cremos nem sequer em nós mesmos. Tudo nos parece inútil e quase sem sentido.
A amargura e o mau humor se apoderam de nós cada vez com mais facilidade. Já não cantamos. De nossos lábios não saem senão sorrisos forçados. Faz tempo que não conseguimos rezar.
Talvez comprovemos com tristeza que nosso coração foi se endurecendo e hoje não amamos quase ninguém de verdade. Incapazes de acolher e escutar os que encontramos diariamente em nosso caminho, só sabemos queixar-nos, condenar e desqualificar.
Pouco a pouco fomos caindo no ceticismo, na indiferença ou na “preguiça total”. Tendo cada vez menos forças para tudo o que exige verdadeiro esforço e superação, já não queremos correr novos riscos. Não vale a pena. Preocupados com muitas coisas que nos pareciam importantes, a vida nos foi escapando. Envelhecemos interiormente e algo está a ponto de morrer dentro de nós. O que podemos fazer?
A primeira coisa é despertar e abrir os olhos. Todos estes sintomas são indício claro de que temos a vida mal projetada. Esse mal-estar que sentimos é o toque de alarme que começou a soar dentro de nós.
Nada está perdido. Não podemos de repente sentir-nos bem conosco mesmos, mas podemos reagir. Precisamos perguntar-nos o que é que descuidamos até agora, o que é que precisamos mudar, a que devemos dedicar mais atenção e mais tempo. As palavras de Jesus são dirigidas a todos: “Vigiai!” Talvez devamos tomar hoje mesmo alguma decisão.
________________________________________
JOSÉ ANTONIO PAGOLA cursou Teologia e Ciências Bíblicas na Pontifícia Universidade Gregoriana, no Pontifício Instituto Bíblico de Roma e na Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém. É autor de diversas obras de teologia, pastoral e cristologia. Atualmente é diretor do Instituto de Teologia e Pastoral de São Sebastião. Este comentário é do livro “O Caminho Aberto por Jesus”, da Editora Vozes.
“Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: ‘Cuidado! Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o momento. É como um homem que, ao partir para o estrangeiro, deixou sua casa sob a responsabilidade de seus empregados, distribuindo a cada um sua tarefa. E mandou o porteiro ficar vigiando. Vigiai, portanto, porque não sabeis quando o dono da casa vem: à tarde, à meia-noite, de madrugada ou ao amanhecer. Para que não suceda que, vindo de repente, ele vos encontre dormindo. O que vos digo, digo a todos: Vigiai!’” (Mc 13,33-37).
Neste domingo iniciamos o tempo do Advento, iniciando um novo tempo litúrgico. Durante quatro semanas a liturgia nos oferece textos, do Antigo e do Novo Testamento, que nos ajudam a preparar-nos, pessoal e comunitariamente, para o Natal.
No evangelho de Marcos, que lemos neste domingo, Jesus responde à pergunta dos seus discípulos sobre a vinda do Filho do Homem. Os cristãos do primeiro século tinham muitas expectativas quanto à vinda do Senhor, vivendo para sempre com ele e dele.
Em primeiro lugar, destacamos que Jesus alerta os seus discípulos dizendo-lhes: “Ficai atentos” e completa a frase dizendo “porque não sabeis quando chegará o momento”. Dada esta expressão, surge naturalmente a questão: Por quê? O que está acontecendo? Qual é o perigo que está à espreita?
Estar atento é uma atitude que temos continuamente, mas talvez não a reconheçamos. Em geral, reconhecemos quando acontece algo inesperado que quebra nossa rotina: uma viagem, um roubo, uma distração que tem consequências importantes. Acompanhamos esse momento com palavras como: “Estava distraído”, “Atento e vigilante ao sopro do Espírito”.
Neste domingo iniciamos o tempo do Advento, iniciando um novo tempo litúrgico. Durante quatro semanas a liturgia nos oferece textos, do Antigo e do Novo Testamento, que nos ajudam a preparar-nos, pessoal e comunitariamente, para o Natal.
No evangelho de Marcos que lemos neste domingo Jesus responde à pergunta dos seus discípulos sobre a vinda do Filho do Homem. Os cristãos do primeiro século tinham muitas expectativas quanto à vinda do Senhor, vivendo para sempre com ele e dele.
Em primeiro lugar, destacamos que Jesus alerta os seus discípulos dizendo para eles: “Ficai atentos” e completa a frase dizendo: “porque não sabeis quando chegará o momento”. Dada esta expressão, surge naturalmente a questão: Por quê? O que está acontecendo? Qual é o perigo que está à espreita? Não percebi, “olhei para o outro lado”.
Estar atento é uma parte intrínseca da vida quotidiana, mas, quando se torna rotina, corre-se o risco de perder essa atenção fundamental e a consequência pode ser importante.
Quando somos alertados sobre determinados produtos alimentares, prestamos mais atenção ao prazo de validade ou à sua composição. Se somos avisados que vai chover forte, tomamos as medidas necessárias para que isso não afete excessivamente as nossas vidas. Diante de uma possível ameaça de roubo, cuidamos mais dos nossos pertences e dos que estão ao nosso lado.
Jesus nos convida: “ficai atentos porque não sabeis quando chegará o momento”.
Em muitas ocasiões este texto é lido apenas na perspectiva da segunda vinda de Cristo. Embora possa ser a primeira razão para a sua escrita, hoje a sua palavra se espalha por todas as comunidades cristãs que recebem a sua mensagem.
Jesus nos convida a viver com atenção, ou seja, a não deixar que a habituação ou a rotina que prejudica a criatividade e a ousadia para o novo se tornem a bússola que orienta a nossa vida. Estar atento significa estar vigilante, ter os ouvidos abertos para escutar os novos sons do Espírito, ter os olhos vigilantes para encontrar no horizonte a nova presença do filho "voltando para a casa do pai" (Lc 15), despertando o seu sentido de cheirar assim quem sabe aproveitar as novas fragrâncias que se aproximam e desfrutar do seu aroma que nasce onde menos esperamos.
Estejamos atentos para que o toque do desconhecido reoriente nossos movimentos. Não nos deixemos satisfazer pelo imediato, pela comida habitual. O evangelho nos convida a ser insaciáveis, para que procuremos sempre iguarias suculentas e quando as temos ao nosso lado saibamos saboreá-las e curti-las com todas as suas novidades.
O texto nos convida assim a viver uma vida em movimento, a não nos habituarmos à rotina, a deixarmos os nossos sentidos sempre alertas e vigilantes para que saibamos descobrir a passagem de Deus na nossa vida e na vida daqueles que estão ao nosso lado. Chama-nos a ser uma comunidade vigilante. O perigo é o hábito, a rotina, perder a atenção ao que é essencial.
Neste ano, em que celebramos os dez anos d Evangelli Gaudium voltamos às palavras do Papa Francisco quando nos fala sobre evangelização: “uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal adequado para a evangelização do mundo atual mais do que à autopreservação” (n. 27).
Que estejamos atentos e vigilantes às novidades que o Espírito suscita em nossas vidas e ao nosso redor para nos deixarmos transformar por Ele.
tradução Moisés Sbardelotto.
Inicia o tempo do Advento, isto é, o tempo da espera pela Vinda do Senhor Jesus na glória. Não é um tempo de preparação para a festa do Natal, mas de preparação para aquele evento que o próprio Jesus indicou aos seus discípulos como evento definitivo, evento em que a justiça será definitivamente instaurada e se cumprirá o Reino dos céus por ele anunciado. O grito da Igreja neste tempo é o da Esposa que, junto com o Espírito, invoca: “Vem, Senhor Jesus! Maranà tha!” (Ap 22,17.20; 1Cor 16,22).
A vinda do “Dia do Senhor” já havia sido invocada pelos crentes de Israel, que pediam ao Senhor, Pai e Redentor, que voltasse (cf. Is 63,15-17), isto é, que fizesse sentir a sua presença e viesse libertá-los da opressão e da miséria do pecado, com as suas consequências mortíferas: “Quem dera rasgasses o céu e descesses!” (Is 63,19).
Por sua vez, os cristãos ainda estão à espera, embora o ar que respiram hoje mostre uma profunda incapacidade de esperar: eles sabem, porém, que a espera do Senhor é a única espera importante, decisiva, e acreditam firmemente nas suas palavras sobre a vinda do Filho do homem (cf. Mc 13,26-32).
O Filho do homem, isto é, Jesus que já veio na frágil carne humana, nascido de Maria e morto na cruz, Ressuscitado e Vivo, virá na glória; mas virá em uma hora que está oculta e secreta em Deus, uma hora que os homens e as mulheres não esperam nem pensam como possível.
Sim, a vinda do Filho do homem será como a catástrofe do dilúvio nos tempos de Noé, quando a terra estava cheia de violência, e os homens consideravam que podiam viver como quisessem, na injustiça e na devassidão: inesperada, repentina, veio a calamidade...
Assim será também para a vinda de Jesus na glória: muitos, de fato, em uma cega suficiência, nem pensam nem creem em um juízo, em um dia em que haverá o cumprimento da justiça e da verdade para todos aqueles que na história foram oprimidos e afligidos, para todas as vítimas, os sem voz.
Mesmo assim, eis que esse dia vem, e essa é uma boa notícia, é Evangelho! A vinda do Senhor não nega a história, não condena esta humanidade, mas quer transfigurar este mundo, quer redimir a história.
Os cristãos, portanto, são chamados a vigiar, a vigilar, porque são “os que esperam a manifestação do Senhor” (2Tm 4,8), eles sabem que, além da morte, há a vida eterna como vida para sempre em Deus, há o fim do pecado e do mal, a festa escatológica. Não há nenhuma possibilidade de viver como que adormecidos, em um triste sonambulismo espiritual; pelo contrário, é preciso atenção, ou seja, vigilância como tensão interior de toda a vida rumo à meta: o encontro com o Senhor que vem.
Por isso, na breve parábola de Jesus, diz-se que este é o tempo em que o Senhor partiu para uma viagem, deixando a cada um a sua tarefa, e ao porteiro, a de vigiar. Quando vai voltar? À noite, ou à meia-noite, ou ao cantar do galo, ou de manhã? Qualquer que seja a hora, o Senhor quer ser acolhido; por isso, é preciso vigiar, mas isso é muito difícil, e o Senhor sabe bem disso.
Não esqueçamos que essas palavras foram dirigidas aos discípulos, mas precisamente eles, quando chegou a hora da crise, a hora da paixão do seu próprio mestre e profeta, quando chegou a noite, dormiam enquanto Jesus vigiava; depois, à noite, todos fugiram, deixando Jesus sozinho, e ao cantar do galo Pedro renegou Jesus. Porém, Jesus teve misericórdia de todos eles...
Por isso, vigiemos e fiquemos atentos, recordando as palavras de Ignazio Silone [escritor e político italiano] que, a quem lhe perguntava por que ele não se tornava cristão, respondia: “Porque me parece que os cristãos não esperam nada!”.
INTRODUCCIÓN GENERAL AL TIEMPO DE ADVIENTO
"El adviento: un tiempo para aprender a vivir con Esperanza".
En su origen el término "adviento" (del latín adventus) significaba la primera visita oficial de un personaje importante con motivo de su llegada al poder o de la toma de posesión del cargo. En el ámbito del culto hacía referencia a la venida anual de la divinidad a su templo para visitar a sus fieles. Notemos entonces que en su significado original la palabra adviento se refiere a una llegada, una venida, una presencia.
Llevado esto al ámbito cristiano podemos decir que el eje organizador de todo este tiempo litúrgico del adviento es la venida del Señor, su llegada, su Presencia. Así: "con la palabra adventus se pretendía sustancialmente decir: Dios está aquí, no se ha retirado del mundo, no nos ha dejado solos. Aunque no lo podemos ver y tocar como sucede con las realidades sensibles, Él está aquí y viene a visitarnos de múltiples maneras. El significado de la expresión “adviento” comprende por tanto también el de visitatio, que quiere decir simple y propiamente "visita"; en este caso se trata de una visita de Dios: Él entra en mi vida y quiere dirigirse a mí" .
Aceptar esto implica, a su vez, considerar las acciones de los protagonistas. En primer lugar, de Dios, que viene a nuestro mundo, a nosotros. Luego los hombres, invitados a prepararse para recibir esta visita de Jesús que viene a nosotros y que nos moviliza concretamente a salir a su encuentro en esta Navidad. En pocas palabras y muy a tono con la liturgia de adviento, nuestra actitud como creyentes es de “vigilante espera del Señor”.
Ahora bien, El que viene es, en realidad, el mismo que ya vino. Es la doble venida del Señor que reflejan los prefacios del Adviento. La primera en la humildad de la carne; la segunda y definitiva en la gloria. No se trata de un juego de palabras sino de la misma esencia de la liturgia y del misterio cristiano. Al respecto dice un especialista en liturgia: "Toda celebración litúrgica lleva consigo tres dimensiones: el pasado, en un presente, para un futuro. El adviento nos da ocasión casi material de percibir la superposición, una en otra, de estas tres dimensiones. Es el tiempo ideal para entrar plenamente en la teología viva de la liturgia" . Más concretamente, con Matías Augé , podemos decir: “Adviento es el tiempo que, partiendo del hecho ya ocurrido de la 1ª venida, orienta no solo a la venida última y definitiva sino también a la venida sacramental en la liturgia, donde se actualiza la primera y se anticipa la segunda”.
A esta doble venida corresponden dos dimensiones de la espera: de la Navidad y la de la Parusía, que la liturgia del Adviento tiene que proponerlas juntas pues es imposible presentar una sin la otra. Pero en la sucesión de los cuatro domingos se va dando un progresivo paso de la acentuación puesta en la Segunda y definitiva venida al fin de los tiempos (más clara en 1er. Domingo y menos en el 2do.) a la Primera venida en la Encarnación y Navidad (3er. y 4to. Domingos). Por tanto, el ADVIENTO nos invita a esperar su venida definitiva al fin de los tiempos y a prepararnos para celebrar su primera venida al nacer en Belén con el gozo de saber que Él viene permanente a nuestros corazones.
Importa no olvidar estas acentuaciones para respetar el ritmo propio de este tiempo litúrgico y su intención pedagógica o, mejor dicho, mistagógica. Nos hace comenzar con la espera de lo eterno y definitivo, con el fin, que es lo último en la ejecución y lo primero en la intención. Desde aquí se nos invita a reorientar nuestra vida en función de nuestra situación de tiempo intermedio, del "ya pero todavía no" que supone una comprensión del carácter provisional de nuestro mundo y de nuestra condición de peregrinos (este sería el 'matiz' propio de la conversión en Adviento). Luego nos va llevando hacia el fundamento de nuestra esperanza, la venida de Jesús en la plenitud de los tiempos, la Encarnación, cuya manifestación o Natividad vamos a celebrar.
La liturgia de la Palabra de los domingos de adviento acompaña este proceso por cuanto "el evangelio del primer domingo es escatológico. En el segundo y el tercero hacen referencia al Precursor. En el cuarto se proclaman los acontecimientos que han preparado la venida del Señor" .
Las lecturas del Antiguo Testamento son profecías sobre el Mesías y el tiempo mesiánico, las tres primeras del libro de Isaías y la última del segundo libro de Samuel.
Las lecturas del Apóstol contienen exhortaciones y amonestaciones conformes a las diversas características de este tiempo.
Las lecturas del Evangelio tienen una característica propia: se refieren a la venida del Señor al final de los tiempos (I domingo); a Juan Bautista (II y III domingo); y a los acontecimientos que prepararon de cerca el nacimiento del Señor (IV domingo). En este ciclo “B” leeremos el evangelio según San Marcos sólo los primeros dos domingos; en el tercero el testimonio de Juan Bautista del evangelio de Juan; y el cuarto la anunciación a María del evangelio de Lucas. Un esquema temático de los mismos sería el siguiente:
Domingo 1º: Mc 13,33-37. Despertar el deseo que mantiene viva la esperanza en la
venida del Señor. Atentos a la venida del Señor.
Domingo 2º: Mc 1,1-8. Juan Bautista nos invita a la conversión para recibir al
Señor que viene. Preparar con gozo Su venida.
Domingo 3º: Jn 1,6-8.19-28. Juan Bautista da testimonio de la Luz que viene a
iluminarnos. Alegres testigos de la LUZ.
Domingo 4º: Lc 1,26-38. El anuncio del nacimiento de Jesús hecho por el ángel a
María. Esperar de Dios lo inesperado, lo imposible.
En síntesis, “la Palabra de Dios proclamada en adviento resume las esperas y búsquedas del hombre iluminando cuanto se agita en el corazón y en la mente del hombre; invita a perseverar en la espera y, a la vez, anuncia el cumplimiento de esta espera” .
Algunas propuestas de pastoral litúrgica
Podemos hacer notar los siguientes signos:
El cambio: aprovechar los cambios que ofrecen los tiempos litúrgicos y hacer que impregnen todo el ambiente. Que se note al llegar: ambientación general de la Iglesia suficientemente diferenciada de los domingos anteriores.
La corona de adviento: es de origen popular, pero ayuda y mucho a dar imagen propia a este tiempo. Invitar a que la armen en sus casas y la recen en familia.
El canto de entrada y los demás cantos: el de entrada es pieza clave, porque si está bien elegido puede servir, crea y dispone un muy buen clima para la celebración.
La respuesta a la oración universal o de los fieles: nos ayudará a poder encarnar la realidad de un pueblo orante que anhela la salvación.
El ambiente de silencio, recogimiento y oración: trabajarlo especialmente en estos domingos y durante la celebración. Después de la homilía o después de la comunión. Si se canta, buscar un buen canto de mediación.
Los ornamentos morados: signo de tarea o trabajo. Nos preparamos porque alguien llega.
Los pobres: nunca nos debemos olvidar de ellos, pero este tiempo está marcado por una especial atención a ellos. Las campañas de Navidad de Cáritas deben estar presentes en el marco de la celebración.
PRIMER DOMINGO DE ADVIENTO - CICLO B
Vigilancia: despertar el deseo que mantiene viva la esperanza en la venida definitiva del Señor.
Primera lectura (Is 63,16b-17.19b; 64,2-7):
La liturgia, suponemos que por razones de brevedad, ha extraído algunos versículos de un largo oráculo profético (Is 63,7-64,11) que podemos estructurar así:
1ª parte: la desgracia presente impulsa a recordar los beneficios del pasado (63,7-14);
2ª parte: Dios sigue siendo padre, aunque su actitud de rechazo desconcierta (63,15-19);
3ª parte: confesando su pecado el pueblo apela al corazón paterno de Dios (64,1-11).
Este texto pone de manifiesto la tensión propia de la esperanza de Israel, que es un pueblo que ha sido redimido pero que todavía espera su redención. En una situación difícil y hasta desesperante como fue el exilio y el postexilio, el pueblo hace memoria de los hechos pasados, se los recuerda a Dios quien ha sido Padre y Redentor de ellos. Y como bien dice Simián-Yofre : "la memoria histórica permite al pueblo recuperar el pasado, valorarlo, apoyarse sobre él para sacar alegría y seguridad de las experiencias positivas, y advertencias y correcciones de las experiencias frustrantes".
En contraste con un pasado de cercanía de Dios, el pueblo vive un presente de desolación, de lejanía de Dios. El pueblo ha pecado y Dios les ha ocultado su rostro. En esta situación de miseria espiritual, el pueblo reconoce su pecado de rebeldía y profesa su sometimiento dócil, como la arcilla, a las manos del Dios alfarero. Por tanto, a la memoria del pasado se suma el dolor del presente pues mientras la memoria recupera el sentido del pasado, con sus textos y tradiciones; el dolor impide olvidar el presente que debe ser comprendido a partir del pasado, pero dando a luz algo nuevo, significativo para el futuro de los exiliados .
La intención del profeta mediante este recurso al pasado es justamente recuperar la identidad del pueblo para que no pierda la conciencia de ser exiliado. Su mensaje supone justamente que estas tradiciones no son el pasado sino que siguen presentes. Es claro entonces cómo la memoria permite conservar la identidad, no diluirse en el presente y, a su vez, tener esperanza para el futuro.
Ahora bien, de cara al futuro, sólo queda esperar que el Padre los perdone, rasgue los cielos y descienda sobre ellos. Como nos informa S. Croatto , "el rasgar los cielos es una imagen única en el Antiguo Testamento y representa el acto de Yavé de atravesar las nubes y descender. Es probable que esté inspirada en la tradición del Sinaí cubierto de nubes (Ex 19,9.18.20)".
Segunda lectura (1Cor 1,3-9):
Dentro de la estructura propia de las cartas paulinas el texto de hoy constituye la acción de gracias a Dios, encabezada con el verbo "eujaristo", doy gracias (1,4).
En la "acción de gracias" Pablo relee desde una perspectiva de fe la acción salvífica de Dios en favor de la comunidad cristiana y anticipa con discreción algunos temas de la carta. En concreto Pablo agradece a Dios en primer lugar porque en Cristo Jesús le ha sido dada la gracia a los corintios. Esta gracia de Dios se especifica como palabra (lo,goj) y conocimiento (gnw,sij) y ha sido abundante, al punto que no les falta ningún don de la gracia o carisma (cari,sma). Pablo aquí anticipa el tema que pasará a desarrollar ampliamente en los capítulos 12-14. La acción de gracias termina con una referencia a la plenitud escatológica que tendrá lugar con la manifestación del Señor Jesús que los corintios deben esperar. Para reforzar esta esperanza Pablo les recuerda la fidelidad de Dios que fue quien los ha llamado a la comunión con Jesús. Aquí podría haber una anticipación del tema que desarrollará en el capítulo 15.
En el contexto del adviento es de resaltar la alternancia entre el pasado, el presente y el futuro. San Pablo les recuerda a los corintios las gracias y dones recibidos del Señor, que los ha colmado y enriquecido, al punto que no les falta ningún don de la gracia. Ahora bien, más allá de esta abundancia de gracias, tienen que vivir en la espera de la revelación, de la venida del Señor Jesucristo, que es lo verdaderamente definitivo. Al parecer, es una invitación a no apegarse tanto al presente, aunque abunde la gracia; para vivir en tensión hacia el futuro donde se dará la comunión plena con Cristo; al mismo tiempo que se invita a perseverar en el presente confiando en la fidelidad de Dios.
Es importante tener en cuenta esta tensión escatológica de la fe por cuanto junto a la certeza de que Cristo está presente, está la certeza de que Cristo vendrá. Pablo cree en Jesús presente y operante en su vida, pero también lo espera como el que vendrá. El Señor que se le apareció camino a Damasco es Jesús Resucitado que está junto al Padre. De allí vendrá y Pablo vive esperándolo. Y como se demora, entonces Pablo suspira por alcanzarlo después de su muerte. Vale decir que la experiencia de Damasco lo abrió a una esperanza viva, a un ardiente deseo de estar con Cristo, como lo dice expresamente en Flp 1,20-25 y 3,10-14.-
Evangelio (Mc 13,33-37):
El texto de hoy forma parte del capítulo 13 de Marcos que se conoce como "el discurso escatológico de Jesús" porque vincula la destrucción del templo de Jerusalén con el fin de los tiempos y con la venida del hijo del hombre. Habiendo anunciado la destrucción del templo de Jerusalén, Jesús da una enseñanza a sus discípulos sobre el tiempo y el momento final. Sobre cuándo tendrá lugar el fin del mundo (ὁ καιρός), el evangelio de Marcos se suma al testimonio unánime del Nuevo Testamento: no nos ha sido revelado, no lo sabemos ("En cuanto a ese día y a la hora, nadie los conoce, ni los ángeles del cielo, ni el Hijo, nadie sino el Padre", Mc 13,32). El acento se desplaza de la elucubración sobre el tiempo y el momento, muchas veces nociva, a la recomendación de una actitud práctica: estar prevenidos, atentos, alertas.
En efecto, la perícopa seleccionada para la liturgia de hoy comienza (13,33) y termina (13,37) con un llamado de Jesús a la vigilancia, a estar alertas, a estar prevenidos y despiertos, justamente porque no sabemos cuándo llegará el momento final (οὐκ οἴδατε γὰρ πότε ὁ καιρός ἐστιν en Mc 13,33). El mismo llamado se repite a mitad del texto (13,35). No hay dudas, por tanto, que este es el tema central del mismo.
Jesús compara la situación del cristiano en este mundo con la de un “portero”, que debe estar atento a la llegada de su señor. Justamente el nudo de la parábola del portero (13,34-36) es la llegada imprevista de su señor, lo que obliga al portero a permanecer despierto, en vigilia, esperando su llegada. En realidad, se utilizan verbos distintos, aunque con significados muy semejantes. Al inicio en 13,33 está el verbo avgrupne,w que literalmente significa estar en vela, despierto, con mirada atenta a lo que puede suceder (cf. los otros usos en el NT Lc 21,36; Ef 6,18; Heb 13,17). En la mitad (13,35) y al final (13,37) se utiliza el imperativo de grhgore,w que literalmente significa mirar con atención, estar alerta, estar despierto, velar, vigilar. En Marcos esta actitud es la misma que Jesús les pide a sus discípulos en Getsemaní: que permanezcan en vela orando junto a Él (14,34.37). En el Nuevo Testamento es bastante frecuente la exhortación a la vigilancia, en especial ante la expectativa del fin o de acontecimientos inesperados (cf. Mt 24,42-44; 25,13; 26,38-41; 1Tes 5,6). Lo contrario de esta actitud es quedarse dormido (καθεύδω en v.37), con un sentido metafórico que en el contexto de la parábola sería una actitud irresponsable por parte de quien debe vigilar. Es lo mismo que les sucedió a los apóstoles en Getsemaní (cf. Mc 14,37.40).
Desde esta perspectiva es bueno que no sepamos ni el día ni la hora del momento final. En efecto, "no se indica la hora porque todas las horas son buenas para abrirse al evangelio de suerte que comprometa la existencia. Jesús desea vitalizar a una comunidad para que no esté obsesionada con el deseo de conocer el final, sino que se preocupe por vivir y discernir tiempos y momentos en la escucha y la obediencia. Y esto en la espera de la última cita que nos introducirá definitivamente en el Reino, ciertamente es una espera continua e intensa, pero no ansiosa ni temerosa, sino que rebosa confianza" .
Algunas reflexiones:
Las lecturas de hoy, muy a tono con la visión teológica propia del adviento (y de la vida cristiana), ponen de manifiesto e iluminan una dimensión esencial de nuestra vida como es la relación con el tiempo. En efecto, nuestra vida “corre” en un presente, pero condicionada por nuestro pasado y también por el horizonte desconocido del futuro. Por más que quisiéramos, no podemos aislar nuestro presente del pasado y del futuro. El pasado nos condiciona y el futuro nos apremia. Dicho en categorías bíblicas, se trata de la necesaria y fecunda relación entre Memoria y Esperanza.
En la primera lectura se ve claro como la Memoria de la Presencia de Dios permite al pueblo de Israel recuperarse en un momento tan crítico como fue la destrucción de Jerusalén y el consiguiente exilio; arrepentirse y volver a confiar en Dios Padre. Y más todavía, el recuerdo enciende el deseo de la presencia del Señor: "Ojalá rasgaras el cielo y descendieras".
La memoria de la destrucción del templo de Jerusalén, que es la ocasión de la enseñanza de Jesús en Marcos 13, puede también iluminar nuestro presente. Lo explica bien L. Rivas : "Y la ruina de Jerusalén y de su templo también es una advertencia para nosotros, para que no depositemos toda nuestra esperanza en personas o instituciones. Confesamos que la Iglesia tiene la garantía de permanecer hasta el fin de los tiempos. Pero la estabilidad de la Iglesia no se debe a ella misma, sino a que está apoyada sobre el único fundamento que es Cristo. Por eso nuestra confianza debe estar puesta en el Señor que sostiene la Iglesia. Si ponemos nuestra esperanza en lo que no es Dios, seguramente sufriremos muchas decepciones y frecuentemente nos sentiremos frustrados, como aquellos antiguos israelitas que confiaban en el templo y un día vieron que los ejércitos enemigos arrasaban Jerusalén e incendiaban el templo".
Aquí se encuentra, creo yo, el motivo por el cual en este primer domingo de adviento se nos invita a considerar la última y definitiva venida de Jesús. Levantamos la vista hacia el futuro para tomar conciencia de que lo mejor viene de allá, porque viene de Dios o, mejor dicho, porque Dios viene a nosotros. El presente puede ser dramático, como el de Israel en la primera lectura; o prominente y lleno de dones y gracias, como el de los corintios de la segunda lectura. Pero siempre hay que estar atentos y abiertos a lo que viene, a lo que Dios nos tiene preparados. Por ello, el reiterado pedido de Jesús en el evangelio de hoy: estén prevenidos, despiertos, vigilantes, atentos al futuro. O lo que es lo mismo: que la Esperanza esté viva o que vivamos en la Esperanza.
Ahora bien, el que se siente seguro ante el futuro, el que piensa que puede controlarlo y dominarlo todo, no espera nada de nadie. Tampoco de Dios. Pero la pandemia y la actual situación social nos instaló en una permanente incertidumbre ante el futuro. Y esto nos llena de angustia. No nos sentimos para nada cómodos con tanta incertidumbre ante el futuro.
Ante esta realidad de incertidumbre el cristiano tiene la certeza de la venida del Señor al final de los tiempos. Esta es nuestra Esperanza: que el Señor vendrá y hará los cielos nuevos y la tierra nueva. Su Reino de Verdad, Amor, Justicia y Paz será definitivo: no más mentiras, no más injusticias, no más odio, no más guerras y divisiones; no más sufrimiento. Gozo y Paz en el Señor, eternamente. Pero tenemos que aprender a convivir con la incertidumbre del momento final porque no sabemos cuándo sucederá esto. No sabemos cuándo llegará el momento final, ni para nuestra vida individual, ni para todo el mundo en el juicio universal. Hay que aprender a vivir en la Esperanza activa, cumpliendo la voluntad de Dios en cada momento. Esta es la vigilancia cristiana, el estar despiertos y atentos que tanto nos reclama Jesús en el evangelio de hoy. De este modo, “la vigilancia se convierte en una actitud sensatamente equilibrada, capaz de evitar un doble escollo: el de un fanatismo incontrolado que pretende fantasear sobre el futuro y el de una irresponsable falta de compromiso con la construcción de un mundo mejor” .
Muy vinculado al tema de la esperanza está el tema del deseo pues esperamos lo que deseamos. Así, el deseo de la venida del Señor es lo que alimenta nuestra esperanza y nos mantiene despiertos, vigilantes, expectantes a su venida. Por ello, sería un buen ejercicio para el adviento preguntarnos por nuestros deseos y por nuestra misma capacidad de desear. Más concretamente por nuestro deseo de Dios como nuestra Plenitud, nuestro Gozo, nuestra Felicidad, nuestra Realización, nuestro Todo y para Siempre.
En esta línea, se nos invita en este tiempo a recuperar nuestra vida interior, a hacer silencio y aceptar la soledad habitando nuestro propio corazón. Y una vez allí, “testear” los deseos de nuestro corazón, que se expresan en lo que esperamos en la vida.
El Adviento es el tiempo propicio para plantearse esta cuestión, pues como bien dice A. Cencini : "El adviento es el tiempo que se nos da para que aprendamos a esperar, para que aprendamos a vivir esperando, para que no pretendamos obtener enseguida lo que queremos, aunque se trate de Dios y de la visión de su rostro; es el tiempo del intervalo, de la capacidad de hacer mientras tanto una pausa, una especie de suspensión de nuestras reclamaciones y de la pretensión de obtener inmediatamente lo deseado. Tiempo del deseo insatisfecho".
En síntesis, la propuesta de la Palabra de Dios para esta primera semana de Adviento es “despertar” la Esperanza despertando el deseo de Dios. Y esta Esperanza se fundamenta en la certeza de que el Señor está cerca, el Señor viene. Y el gran medio para esto es la oración, como enseñaba el Papa Francisco en su homilía del 29 de noviembre de 2020: “El primer mensaje del Adviento y del Año Litúrgico es reconocer que Dios está cerca, y decirle: “¡Acércate más!”. Él quiere acercarse a nosotros, pero se ofrece, no se impone. Nos corresponde a nosotros decir sin cesar: “¡Ven!”. Nos corresponde a nosotros, es la oración del adviento ¡Ven!”.
Según el Papa Francisco, la invitación a orar y vigilar practicando la caridad nos previenen del peligro de quedarnos dormidos, del sueño de la mediocridad y la indiferencia: “Hay un sueño peligroso: el sueño de la mediocridad. Llega cuando olvidamos nuestro primer amor y seguimos adelante por inercia, preocupándonos sólo por tener una vida tranquila. Pero sin impulsos de amor a Dios, sin esperar su novedad, nos volvemos mediocres, tibios, mundanos. Y esto carcome la fe, porque la fe es lo opuesto a la mediocridad: es el ardiente deseo de Dios, es la valentía perseverante para convertirse, es valor para amar, es salir siempre adelante. La fe no es agua que apaga, sino fuego que arde; no es un calmante para los que están estresados, sino una historia de amor para los que están enamorados. Por eso Jesús odia la tibieza más que cualquier otra cosa (cf. Ap 3,16). Se ve el desprecio de Dios por los tibios. Y entonces, ¿cómo podemos despertarnos del sueño de la mediocridad? Con la vigilancia de la oración. Rezar es encender una luz en la noche. La oración nos despierta de la tibieza de una vida horizontal, eleva nuestra mirada hacia lo alto, nos sintoniza con el Señor. La oración permite que Dios esté cerca de nosotros; por eso, nos libra de la soledad y nos da esperanza. La oración oxigena la vida: así como no se puede vivir sin respirar, tampoco se puede ser cristiano sin rezar. Y hay mucha necesidad de cristianos que velen por los que duermen, de adoradores, de intercesores que día y noche lleven ante Jesús, luz del mundo, las tinieblas de la historia. Hay necesidad de adoradores. Hemos perdido un poco el sentido de la adoración, de estar en silencio ante el Señor, adorando. Ésta es la mediocridad, la tibieza.
Hay también un segundo sueño interior: el sueño de la indiferencia. El que es indiferente ve todo igual, como de noche, y no le importa quién está cerca. Cuando sólo giramos alrededor de nosotros mismos y de nuestras necesidades, indiferentes a las de los demás, la noche cae en el corazón. El corazón se vuelve oscuro. Comenzamos rápido a quejarnos de todo, luego sentimos que somos víctimas de los otros y al final hacemos complots de todo. Quejas, victimismo y complots. Es una cadena. Hoy parece que esta noche ha caído sobre muchos, que exigen sólo para sí mismos y se desinteresan de los demás.
¿Cómo podemos despertar de este sueño de indiferencia? Con la vigilancia de la caridad. Para llevar luz a aquel sueño de la mediocridad, de la tibieza, está la vigilancia de la oración. Para despertarnos de este sueño de la indiferencia está la vigilancia de la caridad”.
SANTA MISA CON LOS NUEVOS CARDENALES
HOMILÍA DEL SANTO PADRE FRANCISCO
Basílica de San Pedro, Altar de la Cátedra
Primer Domingo de Adviento, 29 de noviembre de 2020
[Multimedia]
Las lecturas de hoy sugieren dos palabras clave para el tiempo de Adviento: cercanía y vigilancia. La cercanía de Dios y nuestra vigilancia. Mientras el profeta Isaías dice que Dios está cerca de nosotros, Jesús en el Evangelio nos invita a vigilar esperando en Él.
Cercanía. Isaías comienza tuteando a Dios: «¡Tú eres nuestro padre!» (63,16), y continúa: «Nunca se oyó [...] que otro dios fuera de ti actuara así a favor de quien espera en él» (64,3). Vienen a la mente las palabras del Deuteronomio: ¿Quién «está tan cerca como lo está el Señor Dios de nosotros, siempre que lo invocamos?» (4,7).
El Adviento es el tiempo para hacer memoria de la cercanía de Dios, que ha descendido hasta nosotros. Pero el profeta supera esto y le pide a Dios que se acerque más: «¡Ojalá rasgaras los cielos y descendieras!» (Is 63,19). Lo hemos pedido también en el Salmo: “Vuelve, visítanos, ven a salvarnos” (cf. Sal 79,15.3). “Dios mío, ven en mi auxilio” es a menudo el comienzo de nuestra oración: el primer paso de la fe es decirle al Señor que lo necesitamos, necesitamos su cercanía.
Es también el primer mensaje del Adviento y del Año Litúrgico, reconocer que Dios está cerca, y decirle: “¡Acércate más!”. Él quiere acercarse a nosotros, pero se ofrece, no se impone. Nos corresponde a nosotros decir sin cesar: “¡Ven!”. Nos corresponde a nosotros, es la oración del adviento ¡Ven! El Adviento nos recuerda que Jesús vino a nosotros y volverá al final de los tiempos, pero nos preguntamos: ¿De qué sirven estas venidas si no viene hoy a nuestra vida? Invitémoslo. Hagamos nuestra la invocación propia del Adviento: «Ven, Señor Jesús» (Ap 22,20). Con esta invocación termina el Apocalipsis: «Ven, Señor Jesús». Podemos decirla al principio de cada día y repetirla a menudo, antes de las reuniones, del estudio, del trabajo y de las decisiones que debemos tomar, en los momentos más importantes y en los difíciles: Ven, Señor Jesús. Una oración breve, pero que nace del corazón. Digámosla en este tiempo de Adviento, repitámosla: «Ven, Señor Jesús».
De este modo, invocando su cercanía, ejercitaremos nuestra vigilancia. El Evangelio de Marcos nos propuso hoy la parte final del último discurso de Jesús, que se concentra en una sola palabra: “¡Vigilen!”. El Señor la repite cuatro veces en cinco versículos (cf. Mc 13,33-35.37). Es importante estar vigilantes, porque un error de la vida es el perderse en mil cosas y no percatarse de Dios. San Agustín decía: «Timeo Iesum transeuntem» (Sermones, 88,14,13), “Tengo miedo de que Jesús pase y no me dé cuenta”. Atraídos por nuestros intereses― todos los días experimentamos esto ―y distraídos por tantas vanidades, corremos el riesgo de perder lo esencial. Por eso hoy el Señor repite «a todos: ¡estén vigilantes!» (Mc 13,37). Vigilen, estén atentos.
Pero, si debemos vigilar, esto quiere decir que es de noche. Sí, ahora no vivimos en el día, sino en la espera del día, en medio de la oscuridad y los trabajos. Llegará el día cuando estemos con el Señor. Vendrá, no nos desanimemos. Pasará la noche, aparecerá el Señor; Él, que murió en la cruz por nosotros, nos juzgará. Estar vigilantes es esperar esto, es no dejarse llevar por el desánimo, y esto se llama vivir en la esperanza. Así como antes de nacer nos esperaban quienes nos amaban, ahora nos espera el Amor mismo. Y si nos esperan en el Cielo, ¿por qué vivir con pretensiones terrenales? ¿Por qué agobiarse por alcanzar un poco de dinero, fama, éxito, todas cosas efímeras? ¿Por qué perder el tiempo quejándose de la noche mientras nos espera la luz del día? ¿Por qué buscar “padrinos” para obtener una promoción y ascender, promocionarnos para hacer carrera? Todo pasa. Estén vigilantes, dice el Señor.
Mantenerse despiertos no es fácil, al contrario, es algo muy difícil. Por la noche es natural dormir. No lo lograron los discípulos de Jesús, a quienes Él les había pedido que velaran “al atardecer, a medianoche, al canto del gallo, de madrugada” (cf. v. 35). Y precisamente a esas horas no estuvieron vigilantes. Al atardecer, en la última cena, traicionaron a Jesús; por la noche se durmieron; al canto del gallo lo negaron; de madrugada dejaron que lo condenaran a muerte. No estuvieron vigilantes. Se quedaron dormidos. Pero sobre nosotros puede caer el mismo sopor. Hay un sueño peligroso: el sueño de la mediocridad. Llega cuando olvidamos nuestro primer amor y seguimos adelante por inercia, preocupándonos sólo por tener una vida tranquila. Pero sin impulsos de amor a Dios, sin esperar su novedad, nos volvemos mediocres, tibios, mundanos. Y esto carcome la fe, porque la fe es lo opuesto a la mediocridad: es el ardiente deseo de Dios, es la valentía perseverante para convertirse, es valor para amar, es salir siempre adelante. La fe no es agua que apaga, sino fuego que arde; no es un calmante para los que están estresados, sino una historia de amor para los que están enamorados. Por eso Jesús odia la tibieza más que cualquier otra cosa (cf. Ap 3,16). Se ve el desprecio de Dios por los tibios.
Y entonces, ¿cómo podemos despertarnos del sueño de la mediocridad? Con la vigilancia de la oración. Rezar es encender una luz en la noche. La oración nos despierta de la tibieza de una vida horizontal, eleva nuestra mirada hacia lo alto, nos sintoniza con el Señor. La oración permite que Dios esté cerca de nosotros; por eso, nos libra de la soledad y nos da esperanza. La oración oxigena la vida: así como no se puede vivir sin respirar, tampoco se puede ser cristiano sin rezar. Y hay mucha necesidad de cristianos que velen por los que duermen, de adoradores, de intercesores que día y noche lleven ante Jesús, luz del mundo, las tinieblas de la historia. Hay necesidad de adoradores. Hemos perdido un poco el sentido de la adoración, de estar en silencio ante el Señor, adorando. Ésta es la mediocridad, la tibieza.
Hay también un segundo sueño interior: el sueño de la indiferencia. El que es indiferente ve todo igual, como de noche, y no le importa quién está cerca. Cuando sólo giramos alrededor de nosotros mismos y de nuestras necesidades, indiferentes a las de los demás, la noche cae en el corazón. El corazón se vuelve oscuro. Comenzamos rápido a quejarnos de todo, luego sentimos que somos víctimas de los otros y al final hacemos complots de todo. Quejas, victimismo y complots. Es una cadena. Hoy parece que esta noche ha caído sobre muchos, que exigen sólo para sí mismos y se desinteresan de los demás.
¿Cómo podemos despertar de este sueño de indiferencia? Con la vigilancia de la caridad. Para llevar luz a aquel sueño de la mediocridad, de la tibieza, está la vigilancia de la oración. Para despertarnos de este sueño de la indiferencia está la vigilancia de la caridad. La caridad es el corazón palpitante del cristiano. Así como no se puede vivir sin el latido del corazón, tampoco se puede ser cristiano sin caridad. Algunos piensan que sentir compasión, ayudar, servir sea algo para perdedores; en realidad es la apuesta segura, porque ya está proyectada hacia el futuro, hacia el día del Señor, cuando todo pasará y sólo quedará el amor. Es con obras de misericordia que nos acercamos al Señor. Se lo pedimos hoy en la oración colecta: «Aviva en tus fieles […] el deseo de salir al encuentro de Cristo, que viene, acompañados por las buenas obras». El deseo de salir al encuentro de Cristo con las buenas obras. Jesús viene y el camino para ir a su encuentro está señalado: son las obras de caridad.
Queridos hermanos y hermanas, rezar y amar, he aquí la vigilancia. Cuando la Iglesia adora a Dios y sirve al prójimo, no vive en la noche. Aunque esté cansada y abatida, camina hacia el Señor. Invoquémoslo: Ven, Señor Jesús, te necesitamos. Acércate a nosotros. Tú eres la luz: despiértanos del sueño de la mediocridad, despiértanos de la oscuridad de la indiferencia. Ven, Señor Jesús, haz que nuestros corazones que ahora están distraídos estén vigilantes: haznos sentir el deseo de rezar y la necesidad de amar.
PAPA FRANCISCO
ÁNGELUS
Plaza de San Pedro
Domingo, 29 de noviembre de 2020
[Multimedia]
Queridos hermanos y hermanas, ¡buenos días!
Hoy, primer domingo de Adviento, empieza un nuevo año litúrgico. En él la Iglesia marca el curso del tiempo con la celebración de los principales acontecimientos de la vida de Jesús y de la historia de la salvación. Al hacerlo, como Madre, ilumina el camino de nuestra existencia, nos sostiene en las ocupaciones cotidianas y nos orienta hacia el encuentro final con Cristo. La liturgia de hoy nos invita a vivir el primer “tiempo fuerte” que es este del Adviento, el primero del año litúrgico, el Adviento, que nos prepara a la Navidad, y para esta preparación es un tiempo de espera, es un tiempo de esperanza. Espera y esperanza.
San Pablo (cfr. 1 Cor 1,3-9) indica el objeto de la espera. ¿Cuál es? La «Revelación de nuestro Señor» (v. 7). El Apóstol invita a los cristianos de Corinto, y también a nosotros, a concentrar la atención en el encuentro con la persona de Jesús. Para un cristiano lo más importante es el encuentro continuo con el Señor, estar con el Señor. Y así, acostumbrados a estar con el Señor de la vida, nos preparamos al encuentro, a estar con el Señor en la eternidad. Y este encuentro definitivo vendrá al final del mundo. Pero el Señor viene cada día, para que, con su gracia, podamos cumplir el bien en nuestra vida y en la de los otros. Nuestro Dios es un Dios-que-viene —no os olvidéis esto: Dios es un Dios que viene, viene continuamente— : ¡Él no decepciona nuestra espera! El Señor no decepciona nunca. Nos hará esperar quizá, nos hará esperar algún momento en la oscuridad para hacer madurar nuestra esperanza, pero nunca decepciona. El Señor siempre viene, siempre está junto a nosotros. A veces no se deja ver, pero siempre viene. Ha venido en un preciso momento histórico y se ha hecho hombre para tomar sobre sí nuestros pecados —la festividad de Navidad conmemora esta primera venida de Jesús en el momento histórico—; vendrá al final de los tiempos como juez universal; y viene también una tercera vez, en una tercera modalidad: viene cada día a visitar a su pueblo, a visitar a cada hombre y mujer que lo acoge en la Palabra, en los Sacramentos, en los hermanos y en las hermanas. Jesús, nos dice la Biblia, está a la puerta y llama. Cada día. Está a la puerta de nuestro corazón. Llama. ¿Tú sabes escuchar al Señor que llama, que ha venido hoy para visitarte, que llama a tu corazón con una inquietud, con una idea, con una inspiración? Vino a Belén, vendrá al final del mundo, pero cada día viene a nosotros. Estad atentos, mirad qué sentís en el corazón cuando el Señor llama.
Sabemos bien que la vida está hecha de altos y bajos, de luces y sombras. Cada uno de nosotros experimenta momentos de desilusión, de fracaso y de pérdida. Además, la situación que estamos viviendo, marcada por la pandemia, en muchos genera preocupaciones, miedo y malestar; se corre el riesgo de caer en el pesimismo, el riesgo de caer en ese cierre y en la apatía. ¿Cómo debemos reaccionar frente a todo esto? Nos lo sugiere el Salmo de hoy: «Nuestra alma en Yahveh espera, él es nuestro socorro y nuestro escudo; en él se alegra nuestro corazón, y en su santo nombre confiamos» (Sal 32, 20-21). Es decir el alma en espera, una espera confiada del Señor hace encontrar consuelo y valentía en los momentos oscuros de la existencia. ¿Y de qué nace esta valentía y esta apuesta confiada? ¿De dónde nace? Nace de la esperanza. Y la esperanza no decepciona, esa virtud que nos lleva adelante mirando al encuentro con el Señor.
El Adviento es una llamada incesante a la esperanza: nos recuerda que Dios está presente en la historia para conducirla a su fin último para conducirla a su plenitud, que es el Señor, el Señor Jesucristo. Dios está presente en la historia de la humanidad, es el «Dios con nosotros», Dios no está lejos, siempre está con nosotros, hasta el punto que muchas veces llama a las puertas de nuestro corazón. Dios camina a nuestro lado para sostenernos. El Señor no nos abandona; nos acompaña en nuestros eventos existenciales para ayudarnos a descubrir el sentido del camino, el significado del cotidiano, para infundirnos valentía en las pruebas y en el dolor. En medio de las tempestades de la vida, Dios siempre nos tiende la mano y nos libra de las amenazas. ¡Esto es bonito! En el libro del Deuteronomio hay un pasaje muy bonito, que el profeta dice al pueblo: “Pensad, ¿qué pueblo tiene a sus dioses cerca de sí como tú me tienes a mí cerca?”. Ninguno, solamente nosotros tenemos esta gracia de tener a Dios cerca de nosotros. Nosotros esperamos a Dios, esperamos que se manifieste, ¡pero también Él espera que nosotros nos manifestemos a Él!
María Santísima, mujer de la espera, acompañe nuestros pasos en este nuevo año litúrgico que empezamos, y nos ayude a realizar la tarea de los discípulos de Jesús, indicada por el apóstol Pedro. ¿Y cuál es esta tarea? Dar razones de la esperanza que hay en nosotros (cfr. 1 P 3,15).
PARA LA ORACIÓN (RESONANCIAS DEL EVANGELIO EN UNA ORANTE):
En aquel tiempo
Tiempo de la Verdad, tiempo de todos los tiempos
La Verdad permanece y colma el corazón sediento
Calma la ignorancia de los ciegos y se llega hasta lo más íntimo del hombre
Para dejarlo todo al descubierto.
Un día será el único, cuando vengas por tu derecho
¿Estaremos despiertos para recibir al Señor y dueño?
Será un día de paz, de vida, de muerte o de normal ajetreo…
Solo sabemos de tu sorpresiva llegada en un desconocido momento
Y así pasan estos días, talando y sembrando, naciendo y creciendo
Muriendo a lo propio y aún es poco, vamos aprendiendo
Acércate ahora Señor a los oídos atentos, y espéranos en tu casa
Para ir de a poco despojándonos del hombre viejo
Una luz está escondida, opaca en el firmamento
Sabemos de su existencia porque nos mantiene en vilo
En el Sagrario se guardan todos esos misterios
La persona que allí habita, está expectante, atento
A la adoración nos invita y sentencia con ternura
¡Cuidado! ¡Los quiero prevenidos! ¡Despiertos!
Es una solo, la oportunidad que todos tenemos:
Orantes por Gracia Divina, fija la vista en el Eterno. Amén