Primeira Leitura: Sofonias 3,14-18a
Salmo Responsorial: Cântico de Isaías 12, 2-6.R- Exultai cantando alegres, habitantes de Sião, porque é grande em vosso meio o Deus Santo de Israel!
Segunda Leitura: Filipenses 4,4-7
Evangelho: Lucas 3, 10-18 (Testemunho de João Batista).
"10.Perguntava-lhe a multidão: “Que devemos fazer?”. 11.Ele respondia: “Quem tem duas túnicas dê uma ao que não tem; e quem tem o que comer, faça o mesmo”. 12.Também publicanos vieram para ser batizados, e perguntaram-lhe: “Mestre, que devemos fazer?”.* 13.Ele lhes respondeu: “Não exijais mais do que vos foi ordenado”. 14.Do mesmo modo, os soldados lhe perguntavam: “E nós, que devemos fazer?”. Respondeu-lhes: “Não pratiqueis violência nem defraudeis a ninguém, e contentai-vos com o vosso soldo”. 15.Ora, como o povo estivesse na expectativa, e como todos perguntassem em seus corações se talvez João fosse o Cristo, 16.ele tomou a palavra, dizendo a todos: “Eu vos batizo na água, mas eis que vem outro mais poderoso do que eu, a quem não sou digno de lhe desatar a correia das sandálias; ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo. 17.Ele tem a pá na mão e limpará a sua eira, e recolherá o trigo ao seu celeiro, mas queimará as palhas num fogo inextinguível”. 18.É assim que ele anunciava ao povo a Boa-Nova, e dirigia-lhe ainda muitas outras exortações."
Lc 3,10-18 - Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito: alegrai-vos! (Fl 4,4).
A proximidade de Deus torna o cristão pre-ocupado com a ação. Que devemos fazer?
João impõe a três categorias de pessoas (multidão, publicanos e soldados) um comportamento preciso em sinal de conversão.
“Quem tiver duas túnicas, reparta-as com aquele que não tem, e quem tiver o que comer, faça o mesmo”. A túnica, em contraposição do manto, era a peça de baixo do vestuário e por isso menos necessária. Assim, sendo, devemos nos preocupar até com as necessidades menos urgentes das pessoas, tanto como com as necessidades maiores.
Aos publicanos: “Não deveis exigir nada além do que vos foi prescrito”. Aos soldados: “A ninguém molesteis com extorsões; não denuncieis falsamente e contentai-vos com o vosso soldo”. Os indivíduos encarregados dos fundos públicos são tentados ao abuso do ofício e à injustiça, aumentando a taxa de seus proventos. Era fato conhecido que os publicanos não só cobravam taxas injustas e excessivamente altas, mas também costumavam apresentar relatórios falsos, furtando o erário público. Os soldados aqui mencionados se utilizavam de ameaças, da própria violência e das punições legais, para extorquir e roubar dinheiro público. Utilizavam também da chantagem, especialmente contra os ricos.
“Não seria ele o Messias?”. João responde a esta expectativa mostrando a sua dupla inferioridade (em relação à pessoa e ao batismo).
“Não sou digno de digno de desatar a correia das sandálias”. Era costume da época que este serviço fosse reservado aos escravos mais ordinários. João diz, portanto, que, em comparação com Jesus, ele não pode ser comparado nem mesmo a um escravo ordinário.
“Eu vos batizo com água, mas vem aquele que vos batizará com o Espírito Santo e com fogo”. Trata-se de fazer a comparação entre os dois batismos e os dois ministérios. O batismo de João era símbolo do arrependimento, e não o próprio arrependimento. Era um sinal para atrair a atenção do povo, preparando-o e orientando-o para o batismo real, o batismo de Jesus. O batismo com fogo indica o caráter do batismo com o Espírito Santo: sua vinda em Pentecostes, os efeitos de purificação (purgar o bem e destruir o mal).
“A pá está em sua mão; limpará a eira e recolherá o trigo em seu celeiro; a palha, porém, ele a queimará num fogo inextinguível”. A pá de madeira é um instrumento usado para separar o trigo da palha. A eira é um lugar plano e firme para malhar o trigo. Qualquer pessoa, ouvindo isso, poderia sentir a força da ilustração. O fogo já está aceso para queimar a palha; os celeiros já estão preparados para recolher o trigo. A vinda do Cristo já aconteceu. Ele tem a pá em sua mão. A ideia apresenta a urgência da conversão.
A conversão tem como finalidade a salvação. Por isso a alegria.
Madre Teresa de Calcutá: “A alegria é oração, a alegria é fortaleza, a alegria é o amor, a alegria é uma rede de amor com a qual podeis chegar às almas. Deus ama quem dá com alegria. Dá mais quem dá com alegria. O melhor caminho para mostrar nossa gratidão a Deus e às pessoas é aceitar tudo com alegria. Um coração contente é o resultado normal de um coração que arde de amor. Não deixeis entrar em vós nada de triste que possa fazer-vos esquecer a alegria do Cristo ressuscitado. todos desejamos o céu, onde Deus habita, mas depende de nós o estarmos no céu já agora, o sermos felizes com ele neste momento. Mas sermos felizes com ele agora significa: amar como ele ama, ajudar como ele ajuda, dar como ele dá, servir como ele serve, salvar como ele salva, ficar vinte quatro horas com ele, encontrá-lo em suas tristes aparências”.
O tema deste 3º Domingo pode girar à volta da pergunta: “e nós, que devemos fazer?” Preparar o “caminho” por onde o Senhor vem significa questionar os nossos limites, o nosso egoísmo e comodismo e operar uma verdadeira transformação da nossa vida no sentido de Deus.
O Evangelho sugere três aspectos onde essa transformação é necessária: é preciso sair do nosso egoísmo e aprender a partilhar; é preciso quebrar os esquemas de exploração e de imoralidade e proceder com justiça; é preciso renunciar à violência e à prepotência e respeitar absolutamente a dignidade dos nossos irmãos. O Evangelho avisa-nos, ainda, que o cristão é “batizado no Espírito”, recebe de Deus vida nova e tem de viver de acordo com essa dinâmica.
A primeira leitura sugere que, no início, no meio e no fim desse “caminho de conversão”, espera-nos o Deus que nos ama. O seu amor não só perdoa as nossas faltas, mas provoca a conversão, transforma-nos e renova-nos. Daí o convite à alegria: Deus está no meio de nós, ama-nos e, apesar de tudo, insiste em fazer caminho conosco.
A segunda leitura insiste nas atitudes corretas que devem marcar a vida de todos os que querem acolher o Senhor: alegria, bondade, oração.
“As multidões perguntavam a João: ‘Que devemos fazer’”? (Lc 3,10)
3° Dom Advento - Lc 3,10-18 – Ano C – 13-12-24
A primeira palavra da liturgia deste domingo, na antífona de entrada tirada da segunda leitura, é um convite à alegria. Não se trata de uma alegria que procede do exterior, fruto de uma conquista ou de um presente; ela brota da tomada de consciência de que “Deus é Emmanuel”.
Essa alegria, no AT, está baseada na salvação que vai chegar. Hoje estamos em condições de dar um passo a mais e descobrir que a salvação já chegou, porque Deus não tem que vir de nenhuma parte; Ele já veio, está vindo e virá sempre. Nós é que precisamos ativar uma atitude de atenção e vigilância para entrar em sintonia com esta Presença, sempre nova e surpreendente.
Fazendo de todos nós sua morada, Deus nos comunicou tudo o que Ele mesmo é. Não devemos estar alegres “porque Deus está próximo”, mas porque Deus já está em nós.
A alegria é como a água de uma fonte: nós só a vemos quando aparece na superfície. Mas antes, ela percorreu um longo caminho que ninguém pode conhecer, através das entranhas da terra. A alegria não é um objetivo a conquistar; é, antes de tudo, uma consequência de um estado de ânimo que se alcança depois de um processo. Esse processo começa pela experiência de “sentir-se habitado”, ou seja, tomada de consciência de nosso verdadeiro ser. Se descobrimos que Deus habita nosso ser, encontraremos a absoluta felicidade dentro de nós.
No evangelho deste domingo, surge uma repetida pergunta: “Que devemos fazer?” As respostas a estas perguntas manifestam muito bem a diferença entre a pregação de Jesus e a de João Batista.
Segundo a mentalidade do AT, Deus estava mais preocupado com o cumprimento de sua vontade expressa na Lei. O Batista segue nessa direção, porque acreditava que a salvação que esperavam de Deus dependia da conduta de cada um. Esta era também a atitude dos fariseus; daí sua escrupulosidade e rigor no cumprimento de todas as leis e normas.
A partir da perspectiva da religiosidade judaica, o Batista pede àqueles que o escutam uma determinada conduta moral para escapar do castigo iminente. Essa conduta não se refere ao cumprimento de normas legais, como faziam os fariseus, mas manifesta uma preocupação para com os outros. Todas as propostas apresentadas por João Batista estão encaminhadas a melhorar as relações entre as pessoas, a tornar essas relações mais humanas, superando todo egoísmo.
No entanto, o evangelho de Jesus propõe uma motivação mais profunda. O objetivo não é escapar da ira de Deus, mas prolongar a atitude do próprio Jesus, numa vida de entrega aos demais. Ele nos convida a descobrir o amor, que é Deus, dentro de nós mesmos e, como consequência, dedicar-nos a agir conforme às inspirações dessa presença. Para o Batista, a aceitação de Deus depende do que nós fazemos.
O Evangelho, por sua vez, nos diz que a sintonia com essa Presença divina é ponto de partida, e não a meta. Continuar esperando a salvação de Deus é a prova de que não descobrimos ainda essa presença dentro de nós, e continuamos desejando que chegue de fora. Santo Agostinho expressou isso com clareza: “Ame e faça o que quiseres”. Este é o melhor resumo da mensagem de Jesus.
A certeza de ter Deus presente em nós não depende de nossas ações ou omissões. É anterior à nossa própria existência. Não ter isto claro, pode nos fazer cair no “ativismo religioso”, onde o centro passa a ser o nosso falso eu que realiza ações em favor dos outros; caímos no perfeccionismo das ações morais, onde transparece o nosso ego inflado, que espera recompensas tanto da parte de Deus como dos outros (elogios, admiração...). Com esta atitude estamos projetando sobre Deus nossa maneira de proceder e nos afastamos dos ensinamentos do evangelho que nos diz exatamente o contrário.
A salvação não está em satisfazer os desejos de nosso falso eu.
Nem sequer a resposta de João Batista pode nos tranquilizar, pois na realização de uma série de obras pode entrar em cena o nosso ego que busca projeção. Não se trata de “fazer” ou deixar de fazer, mas, movido pela Presença que nos plenifica, fortalecer uma atitude oblativa que nos leve a responder, em cada momento, às necessidades concretas do outro que clama por ajuda. O decisivo é que, a partir do centro divinizado de nosso ser, flua humanidade em todas as direções, na mais pura gratuidade.
A experiência de sentir-nos habitados pelo Deus de Amor desperta em nós o sentimento humano mais nobre que é a gratidão; e este sentimento se expressa numa atitude constante de abertura e serviço aos demais.
Na vivência cristã, sempre corremos o risco de transformar o “fazer” em simples ativismo, ou seja, uma ação desprovida de sentido e de direção. De fato, vivemos mergulhados numa cultura de resultados, distraídos e perdidos na variedade de luzes, cores, sensações fugazes, vivências superficiais... A existência inteira faz-se maquinal e rotineira. Caímos numa pura “fazeção”, ou seja, fazer por fazer, fazer para afirmar-nos, fazer para brilhar, fazer para produzir, fazer para nos impor...
Falta uma referência e um horizonte que unifique tudo, que possibilite reorientar e canalizar nossas potencialidades, impulsos, inspirações, que desperte nossa paixão e dê novo sentido à nossa missão.
Para integrar bem os diversos dinamismos da vida, é decisivo centrar no horizonte que inspira nossa vida e nos motiva a fazer o que fazemos e como fazemos. E o horizonte é “ajudar”.
“Ajudar” é, para a espiritualidade do Advento, o horizonte e a chave de integração de nossa vida.
“Ajudar”, como atitude pessoal e comunitária, é o equivalente evangélico “servir”. Um “ajudar” (servir) que brota da experiência de ser “ajudado” (servido) por um Deus servidor.
No “ajudar” dão-se as mãos o amor a Deus e o amor à pessoa humana, a experiência interior e a ação cotidiana, a ação e a contemplação; nele se expressam a profundidade e o enraizamento da pessoa nas exigências cotidianas da vida; nele convergem a busca de Deus e o compromisso com o mundo.
“Ajudar” é o oposto do ativismo, que é um fazer “insensato”, sem sentido e sem direção. “Ajudar” é fazer com inspiração, com horizonte de sentido; é perguntar-se continuamente: “por que faço isso? para quem faço?... “Em que posso ajudar?” (D. Luciano M. de Almeida)
“Ajudar” não vai na linha do impor, senão do propor. Tal atitude requer presença gratuita, desinteressada, centrada no bem da outra pessoa, sem criar dependências, mas fazendo-a crescer em liberdade.
“Ajudar” implica possibilitar ao outro ser protagonista de seu processo, devolver a ele a autoria, a autonomia... No “fazer” o centro somos nós, no “ajudar” é o outro; no “fazer” medimos a quantidade, no “a”, a qualidade de nossa ação. No “ajudar” há parceria (mão dupla): na medida em que ajudamos, somos ajudados; na ajuda há um enriquecimento e crescimento mútuo.
“Ajudar” não é substituir os outros naquilo que eles podem e têm de fazer, ou dizendo o que tem de ser feito, mas colocá-los em condição para que eles mesmos se experimentem ajudados, descubram o Deus que ajuda a todos e sintam o impulso para ajudar como ideal de suas vidas.
“Ajudar” os outros, inspirados e animados pelo Espírito de Jesus, é o que torna “espiritual” nossos atos, nossos pensamentos e orações, nossos trabalhos, nossa vida inteira.
“Ajudar” torna “espiritual” nossa vida, toda nossa vida.
Para meditar na oração:
- Não pergunte a ninguém o que você tem de fazer. Descubra seu verdadeiro ser e encontrará seu modo original de proceder na relação com os outros. Sua meta deve ser a de ativar e expandir o que você já é na sua essência.
Só poderá expandir seu verdadeiro ser se suas relações com os outros são cada dia mais humanas, sem nenhum resquício egóico.
Vivemos em uma espécie de 'ilha de abundância', no meio de um mundo em que mais de 1/3 da humanidade vive na miséria.
Esta situação tem apenas um nome: injustiça. E só admite uma explicação: a inconsciência.
Podemos nós, cristãos do Ocidente, acolher o menino de Belém cantando enquanto fechamos nossos corações para esses filhos do Terceiro Mundo?
Apesar de todas as informações oferecidas pela mídia, é difícil para nós perceber que vivemos em uma espécie de "ilha de abundância", no meio de um mundo em que mais de 1/3 da humanidade vive na miséria. No entanto, basta voar algumas horas em qualquer direção para encontrar fome e destruição.
Esta situação tem apenas um nome: injustiça. E só admite uma explicação: inconsciência. Como podemos nos sentir humanos quando a poucos quilômetros de nós – o que é, em suma, seis mil quilômetros? – há seres humanos que não têm casa nem terra para morar; homens e mulheres que passam o dia procurando algo para comer; crianças que não serão mais capazes de superar a desnutrição?
Nossa primeira reação é quase sempre a mesma: "Mas o que podemos fazer diante de tanta miséria?" Enquanto nos fazemos perguntas desse tipo, nos sentimos mais ou menos calmos. E as justificativas usuais vêm: não é fácil estabelecer uma ordem internacional mais justa; a autonomia de cada país deve ser respeitada; é difícil garantir canais eficazes de distribuição de alimentos; ainda mais para mobilizar um país para sair da miséria.
Mas tudo isto desmorona-se quando ouvimos uma resposta direta, clara e prática, como a recebida do Baptista que lhe pergunta o que devem fazer para "preparar o caminho para o Senhor". O profeta do deserto responde-lhes com brilhante simplicidade: "Quem tem duas túnicas, dê uma a quem não tem; e aquele que tem o suficiente para comer deve fazer o mesmo".
É aqui que todas as nossas teorias e justificativas terminam. O que podemos fazer? Simplesmente não acumule mais do que precisamos enquanto houver cidades que precisam disso para viver. Não continuar a desenvolver nosso bem-estar sem limites, esquecendo quem morre de fome. O verdadeiro progresso não consiste na obtenção de um bem-estar material cada vez maior por parte de uma minoria, mas por toda a humanidade que vive com mais dignidade e menos sofrimento.
Há alguns anos, visitei Butare, em Ruanda, durante o Natal, dando um curso de cristologia para missionários espanhóis. Certa manhã, chegou uma freira de Navarra dizendo que, ao sair de casa, havia encontrado uma criança morrendo de fome. Eles puderam verificar que ela não tinha nenhuma doença grave, apenas desnutrição. Ela era um dos muitos órfãos ruandeses que lutam todos os dias para sobreviver. Lembro que só pensei em uma coisa. Nunca esquecerei: podemos nós, cristãos do Ocidente, acolher o menino de Belém enquanto fechamos o coração a estes filhos do Terceiro Mundo?
Lucas 3,10-14: O que devemos fazer?
Neste domingo, o nosso texto dá sequência ao relato da missão de João Batista. João ministra um batismo de conversão, isto é, de mudança de vida e de mentalidade. Diante disso, três grupos perguntam: “o que devemos fazer?”
Três categorias de pessoas vêm perguntar: “O que devemos fazer?”: o povo, os publicanos e os soldados.
A resposta para o povo é simples: Quem tiver duas túnicas deve repartir com quem não tem. “Quem tiver comida deve dar a quem não tem.” Resposta clara: a partilha dos bens é a condição para a pessoa poder receber a visita de Deus e passar do Antigo para o Novo.
A resposta para os publicanos e os soldados diz a mesma coisa, mas aplicada à categoria deles. Os publicanos já não podem cobrar mais do que o permitido. A exploração do povo pelos publicanos era uma das chagas da sociedade daquela época. Os soldados já não podem fazer extorsão nem fazer denúncias falsas e devem contentar-se com o salário. Se João voltasse hoje, muito provavelmente não exigiria dos pobres “contentar-se com o salário”, mas diria: “lutem por um salário justo!”
Lucas 3,15-18: Ternura em vez de julgamento
João reconhece Jesus como o mais forte. A diferença entre ele e Jesus está no dom do Espírito que será dado através de Jesus. Nestes versículos, Lucas mostra como a ideia que João faz do Messias não é completa. Para João, o Messias seria como um juiz severo, pronto para iniciar o julgamento, a colheita (Lc 3,17). Talvez seja por isso que, mais tarde, João teve problema em reconhecer Jesus como Messias (Lc 7,18-28), pois Jesus não se comportava como um juiz severo que condenava. Ao contrário, chegou a dizer: “Eu não condeno ninguém!” (Jo 8,15; 12,47). Em vez de julgamento e condenação, mostrava ternura, acolhia os pecadores e comia com eles.
Alargando a reflexão:
Desde o século VI antes de Cristo, a profecia tinha cessado: “Não existem mais profetas”, assim se dizia (Sl 74,9). O povo vivia à espera do profeta prometido por Moisés. Esta longa espera termina com a chegada de João (Lc 16,16). João era visto pelo povo, não como um revoltoso do tipo Barrabás, nem como um escriba ou fariseu, mas como o profeta que todos esperavam. Muitos achavam que ele fosse o Messias. Ainda na época de Lucas, havia pessoas, sobretudo entre os judeus, que aceitavam João como Messias.
João chega e anuncia: “Mudem de vida, porque o Reino de Deus chegou!” Ele é preso por causa da sua coragem de denunciar os erros tanto do povo como dos homens do governo. Jesus, ouvindo que João foi preso, volta para a Galileia e faz o mesmo anúncio que João fazia: “Esgotou-se o prazo! O Reino de Deus chegou! Mudem de vida! Acreditem nesta Boa Nova!” Jesus continua a pregação de João e a ultrapassa. Em João, termina o AT. Em Jesus, começa o NT. Jesus chegou a dizer: “Dentre os nascidos de mulher, não há maior do que João, mas o menor do Reino é maior do que ele” (Lc 7,28).
Continuamos no tempo do Advento que nos prepara para a celebração da Presença de Deus em nosso meio, que nasce no portal de Belém: o Natal. Neste domingo, a liturgia nos convida a ouvir e meditar sobre um texto do Evangelho de Lucas. O capítulo 3 começa destacando o momento histórico em que a Palavra é dirigida a João e sua total obediência e disponibilidade a ela. João, considerado o último dos profetas, oferece a oportunidade de acolher a presença de Jesus, o Messias. É nesse contexto que se insere a leitura deste domingo. João passa pela região do rio Jordão pregando um batismo de conversão (Lc 3,3), ecoando as palavras do profeta Isaías: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas”. Diante das palavras de João, que convida a uma mudança de vida, sabe que a missão messiânica só pode ser assimilada se houver uma disposição interior, um caminho “aplainado” para acolher Jesus, o enviado de Deus, a multidão que o ouve pergunta: “Que devemos fazer?”
Que devemos fazer? É uma pergunta feita por um grupo que ouve as palavras do profeta e está pronto para mudar. Podemos pensar em um povo que se aproximou de João para receber seu batismo talvez por diferentes motivos: eles precisam de uma mudança, são um povo cansado da situação de opressão e injustiça que estão vivendo, querem sair da rotina de dor e sofrimento a que talvez estejam sujeitos e as promessas de mudança e transformação que receberam não foram cumpridas. Uma multidão segue a João porque ele é diferente, tem autoridade em suas palavras e promete renovação.
Ao longo da história, sempre apareceram figuras significativas que prometem mudanças, que geram expectativas naqueles que os ouvem, personalidades que marcaram uma transformação, que conquistaram os direitos de povos abandonados ou considerados inferiores. Mas eles não fizeram isso sozinhos; eles reuniram as expectativas de um povo e souberam ouvir o clamor surdo que habitava em suas entranhas. E, dessa forma, foram protagonistas de mudanças profundas. São muitos os nomes que povoam nossa memória quando pensamos nessa realidade.
Em nosso contexto atual, João Batista se apresenta a nós e nos convida a uma mudança, uma transformação, e ele precisa ouvir nossa pergunta para que realmente aceitemos sua mensagem: o que devemos fazer? É uma pergunta que implica ouvir suas palavras de antemão. Para que essa proposta que ele vem trazer, que ele está prometendo, se torne realidade, o que é necessário, para onde temos que ir, o que precisamos fazer?
O texto do evangelho sugere vários grupos de pessoas que perguntam a João: o que devemos fazer, e ele dá uma resposta a cada grupo, mostrando assim que não há uma resposta geral e uniforme. Primeiro, as multidões, depois os cobradores de impostos e, em seguida, os soldados fazem a mesma pergunta a Jesus. Três grupos se aproximaram de Jesus e três respostas diferentes, mas complementares. Vamos meditar em cada uma das respostas de Jesus:
“Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem; e quem tiver comida, faça o mesmo!”
A pergunta é formulada no plural e a resposta é pessoal para cada um. Aquele que tem algo deve compartilhar, dar ao outro que não tem. A cultura consumista na qual estamos imersos nos convida a acumular sem sentido, a manter indefinidamente aquilo que também nos foi dado, mesmo que acreditemos que o obtivemos com nosso próprio esforço. O que temos não é nosso, mesmo que o tenhamos “adquirido” e que tenha envolvido nosso trabalho. De maneira simples, mas muito direta, João responde: se você tem “dois”, dê aos que não têm, e se você tem comida, compartilhe.
“Os cobradores de impostos, e perguntaram a João: ‘Mestre, que devemos fazer?’ João respondeu: ‘Não cobreis mais do que foi estabelecido’”.
Diante da mesma pergunta, João adapta sua resposta ao grupo que o questiona: não cobrar a mais, ou seja, não pegar o dinheiro dos outros, respeitar o que está estipulado, isto é, não roubar. Palavras fortes, claras e diretas. Para esse imposto, há algo que já está estipulado e João simplesmente diz a eles que sigam esse slogan. Eles administram o dinheiro de outras pessoas, que é um determinado imposto ou tarifa a ser dado a outros. É algo que foi “imposto”, uma taxa que deve ser paga por aqueles que estão em uma situação de inferioridade em relação ao grupo dominante. João diz claramente a eles que não cobrem a mais, que sejam transparentes ao lidar com o dinheiro de outras pessoas.
Havia também soldados que perguntavam: “E nós, que devemos fazer?” E João responde: “Não tomeis à força dinheiro de ninguém, nem façais falsas acusações; ficai satisfeitos com o vosso salário!”
Os soldados têm um poder que é acompanhado pelo grupo que representam, são guardiões da segurança, têm autoridade. João coloca essa autoridade em seu devido lugar: não usem seu poder para roubar, nem para serem subornados, não mintam sobre outras pessoas, não acusem, favorecendo sentenças falsas, gerando condenações injustas. Ele os exorta a serem honestos e gratos pelo salário que recebem. Seu lugar é ser servo do povo e cuidar dele em sua vida diária.
Não acumular, mas compartilhar, ser honesto e transparente com o uso do dinheiro de outras pessoas e ser servo das pessoas, cuidando e protegendo seus interesses e suas vidas, são três chaves com as quais João nos convida a continuar nos preparando para a vinda do Messias. Seguindo o chamado de João, nós nos perguntamos: quais são essas “túnicas” e esses alimentos que estamos acumulando e que devemos compartilhar? Como administramos o dinheiro dos outros, o que fazemos com a confiança que os outros depositaram em nós? Aumentamos nosso capital, nosso ego, nossas possibilidades? E, por fim, também somos convidados a analisar o uso do poder que nos foi dado para cuidar e servir aos outros. A resposta de João é bem-vinda para nos ajudar a preparar o caminho e continuar a nos preparar para a vinda do Senhor.:
(traduzido automaticamente pelo tradutor Google, sem nossa correção)
Terceiro Domingo do Advento (alegrar): Sua presença é nossa alegria
Primeira Leitura (Sf 3,14-18):
O contexto do pequeno salmo de Sofonias apresenta-nos a restauração que Deus operará em benefício de Judá e de todos os povos (cf. 3,9-10). Com a sua intervenção Deus eliminará todo o pecado e toda a infidelidade num grupo chamado “resto de Israel”, um povo humilde e pobre (cf. 3,11-13). Segue-se depois um convite à alegria e à felicidade dirigido à “filha de Sião”, “Israel” e “filha de Jerusalém” (cf. 3, 14-17); o que lemos hoje. A razão de tanta alegria e regozijo é porque O Senhor perdoou seus pecados e a libertou de seus inimigos. Esta mulher simboliza Jerusalém como uma esposa abandonada ou repudiada; e agora ela está cheia de alegria porque seu marido a perdoou e está morando com ela novamente. Já não é uma promessa futura, como no domingo passado, é uma realidade presente. A alegria não é fruto do Deus que há de vir, mas"do Senhor teu Deus, que está no meio de ti". Duas vezes se repete esta afirmação da presença de Deus na cidade de Jerusalém. E esta presença de Deus deve afastar todo o medo, é o Bem Supremo que afasta todo o mal.
O último versículo é muito interessante, porque expressa que o próprio Deus “exulta e grita de alegria” sobre Jerusalém. Deus se alegra com a sua obra, que é renovar o seu amor por Jerusalém (a tradução do lecionário aqui segue a versão grega).
Resumindo: Deus te perdoa, Deus te liberta dos inimigos, Deus está no meio de vocês, Deus te renova com seu amor. Esta é a causa da alegria e da alegria que Jerusalém e Deus partilham. Há comunhão de alegria.
Seguindo a regra hermenêutica dos Padres da Igreja, segundo a qual o que se diz de Jerusalém pode ser aplicado à Igreja, a Maria e à alma, esta primeira leitura já exprime a mensagem e o espírito deste terceiro Domingo do Advento.
Salmo responsorial (Is 12,2-6):
O cântico de Is 12,2-6 foi escolhido como salmo, que contém motivos de alegria semelhantes aos do texto de Sofonias: o Senhor salva, protege e vive no meio do seu povo; Ele faz grandes coisas. Além da alegria, essas obras de Deus nos convidam a confiar e não a temer.
Segunda Leitura (Flp 4,4-7):
Assim como Jerusalém é convidada pelo profeta Sofonias a exultar de alegria porque o Senhor (Deus) está no meio dela; Da mesma forma, São Paulo convida os Filipenses a alegrarem-se porque o Senhor (Jesus) está próximo. Aqui a alegria brota não tanto da presença presente do Senhor, mas da certeza da sua vinda. É a alegria da esperança.
Como nos textos paulinos dos domingos anteriores, A oração é o que alimenta e mantém viva a esperança. Vivemos na esperança, no “já mas ainda não”, na proximidade do Senhor que ainda não é presença definitiva; mas também podemos saborear os frutos da sua salvação. Lembremos a citação de R. Cantalamessa1: "Não é verdade que a eternidade aqui embaixo seja apenas uma promessa e uma esperança. É também uma presença e uma experiência!".
O fruto da oração será aquele "A paz de Deus, que excede tudo o que podemos pensar, cuidará de seus corações e pensamentos em Cristo Jesus." (4,7). É a paz de Deus, que não vem do mundo e está além de toda imaginação. A paz de Deus que protege, cuida do coração e da mente em Cristo Jesus.
A paz é o sinal da presença de Deus na alma. A paz é fruto e condição da Vinda do Senhor ao coração dos homens.
Evangelho (Lc 3,2-3.10-18):
No domingo passado foi tempo de ler a primeira parte da pregação de João Baptista, convidando à conversão, para preparar o caminho para a vinda do Senhor. Hoje, saltando uma parte do discurso (Lc 3,4-9), “Em forma de diálogo, são oferecidos exemplos concretos do que significa converter-se aqui e agora [...] A conversão para o Batista não consiste em imitar sua vida austera, mas de amor e de justiça. Se converter é regressar à aliança, a Deus e aos irmãos, isto implica que cada um deve fazer uma mudança, regressando aos irmãos da sua situação específica face a um mundo mais fraterno.”2.
Na verdade, somos apresentados ao mesmo João Baptista que responde três vezes à mesma pergunta: “o que devemos fazer? (o que devemos fazer em Lc 3,10.12.14)" que o povo, os publicanos e os soldados lhe fazem. Desta forma, especificam-se os gestos concretos da vida que expressam a conversão interior. Como diz com razão J. M. Lagrange3: "Muitas vezes tem sido descrito (esta seção) como uma pregação para os vários estados (de vida). Mas seria mais justo considerá-lo como um guia de como fazer penitência... Não pretende regular todas as situações, mas sim mostrar que a penitência é compatível com todos, com a condição de viver sem cometer injustiças.". Seria necessário esclarecer que fazer penitência e conversão Eles são usados aqui como sinônimos porque são traduções diferentes da mesma palavra grega. metanóia.
A primeira pergunta vem de equipe, das pessoas em geral; e a resposta do Batista é um convite a compartilhe o que você tem, referindo-se primeiro a duas necessidades básicas, como vestuário e alimentação. Hoje diríamos que é um chamado para ser solidário, não se deixar dominar pelo egoísmo. De acordo com JM Lagrange4: "A melhor penitência é a prática da caridade".
Acompanhe a pergunta de alguns publicanos ou cobradores de impostos a quem o Batista responde exortando honestidade e justiça; não se deixar dominar pela ganância ou pelo desejo de dinheiro.
Finalmente, alguns perguntam soldados e o Batista responde-lhes que Não devem abusar da sua própria força ou poder, nem recorrer ao engano, e não devem ser gananciosos.. De acordo com F. Bovon5 A finalidade do abuso de poder é a aquisição ilegítima de dinheiro, portanto "Tanto para os soldados como para os publicanos, Lucas está interessado numa ética da justa aquisição de bens e do bom uso do dinheiro.“Isso reflete que para o evangelista a ganância é um pecado dominante.
É importante salientar o dimensão comunitária dado que As três respostas do Batista têm em comum a relação com os outros. É também digno de nota que a menção a publicanos ou cobradores de impostos (e talvez também a soldados, quer sejam mercenários de Herodes Agripa ou da guarda romana) indica que ninguém está excluído do arrependimento; todos são chamados à conversão pois "todos verão a salvação de Deus" (Lucas 3:6). Neste mesmo sentido, o comentário de L. Sabourin é interessante.6 que destaca que, ao contrário da comunidade vizinha de Qumran, que recomendou o afastamento da vida quotidiana em busca de um ideal sectário, a pregação de João Baptista é dirigida a todas as classes de pessoas que não são obrigadas a mudar de profissão, mas sim a reformar as suas vidas, se necessário.
Com relação aos últimos versículos podemos dizer que procuram diferenciar e subordinar o batismo e a figura de João ao batismo cristão e à figura de Cristo (Messias). Seu propósito é corrigir as expectativas errôneas das pessoas sobre o Messias, porque João declara abertamente que ele não é o Messias e que virá depois dele. A este respeito, L. H. Rivas comenta7: "No final da sua missão, João Baptista reconheceu-se inferior a Jesus, dizendo que não era digno nem de desamarrar a tira das sandálias. Nos tempos antigos, esta tarefa era
Ele considerou isso tão humilhante que apenas escravos faziam isso. Recorrendo a esta figura, o Baptista diz que, diante de Jesus, ele é tão inferior que se sente menos escravo diante do seu senhor. Esta diferença responde à função que cada um cumpre: Juan Bautista batizar, isto é imergir apenas na água. Mas Jesus é quem tem o poder de batizar (imergir) no Espírito Santo, dando vida divina a todos os que nele crêem".
A ação de Jesus de batizar com o Espírito Santo e com fogo, que João profetiza, será realizada por Jesus ressuscitado quando ele enviar o Espírito no Pentecostes (cf. Hb 2,33). Posteriormente, o Espírito Santo será dado no batismo realizado pelos apóstolos (cf. Hb 11,16), um batismo que, como o de João, é também para a conversão dos pecados, mas que, ao contrário do primeiro, concede o que João Ele só poderia anunciar para o futuro (cf. Hb 2,38).
A conversão que João Baptista convida como preparação para a vinda do Senhor não implica abandonar a vida e ir para o deserto, mas sim viver a própria situação sem pecado. É sobre ser solidário e fazer a coisa certa em nossas vidas. A prática destas virtudes é apenas o começo e a preparação. A autêntica vida cristã envolve a graça, o fogo do Espírito Santo para poder vivê-la plenamente. E esta será a obra do Senhor Jesus e do seu Espírito Santo em nós.
Algumas reflexões:
O Natal está mais próximo e temos que nos preparar bem para receber o Senhor Jesus que vem nossas vidas. Surge então a grande questão: “o que temos que fazer?” João Batista responde a esta mesma pergunta no evangelho de hoje, dando-nos indicações concretas sobre o chamada para conversão o que ele fez conosco no domingo passado. Em suma, podemos dizer que a conversão à qual João Baptista convida como preparação para a vinda do Senhor não implica abandonar a vida e ir para o deserto, mas sim viver a própria situação de vida sem pecado. É sobre ser solidário e fazer a coisa certa em nossas vidas. Não se trata de fazer coisas extraordinárias ou impossíveis. Cada um, na sua vida concreta e quotidiana, deve praticar a solidariedade, a justiça, a retidão e a honestidade. Portanto, devemos evitar a tentação de considerar que para viver bem a vida cristã devemos renunciar a estar no mundo. É uma ilusão que nos distancia da verdadeira santidade, que compromete toda a vida e inclui a relação com o próximo. Na verdade, hoje, mais do que nunca, somos convidados a levar uma vida honesta e responsável nas nossas atividades diárias. Agora, a prática destas virtudes é apenas o começo e a preparação; porque sabemos que a nossa preparação é acima de tudo uma disposição para que Ele aja; e que tudo o que fazemos não é suficiente para “merecer” o Senhor. A autêntica vida cristã requer a graça, o fogo do Espírito Santo, para poder vivê-la plenamente. E esta será a obra do Senhor em nós através do seu Batismo no Espírito Santo e no fogo que pode verdadeiramente transformar a nossa vida.
A segunda coisa que as leituras de hoje nos propõem para nos prepararmos para a vinda do Senhor é alegrar. Sim, o Senhor vem para nos salvar e isso deve ser um grande motivo de alegria para todos nós. Devemos mudar o rosto, deixar surgir o sorriso, encher-nos de alegre esperança pela vinda do Senhor. A alegria cristã é fruto da presença do Senhor no meio do seu povo. O olhar do crente percebe e descobre esta proximidade do Senhor e o coração se enche de alegria e alegria. Agora que estamos perto do Natal, a nossa espera no Senhor deve ser alegre e alegre. Lembremos que a alegria é um sinal claro da ação de Deus em nossas vidas, como ensina Santo Inácio em suas regras de discernimento espiritual: “É característico de Deus e de Seus anjos, em seus movimentos, dar a verdadeira alegria e alegria espiritual, afastando toda tristeza e perturbação induzida pelo inimigo, do qual é característico lutar contra tal alegria e consolação espiritual propondo razões aparentes, sutilezas e falácias contínuas." (E. 329).
Portanto, o primeiro fruto e sinal de uma conversão autêntica é a alegria, ou melhor, a alegria que inunda o coração do crente. Madre Teresa de Calcutá expressou-o muito bem: “Alegria é oração; alegria é força; alegria é amor. Quem dá com alegria dá mais. Às crianças e aos pobres, a todos aqueles que sofrem e estão sozinhos, dai-lhes sempre um sorriso alegre; não só a eles dê o seu cuidado, mas também o seu coração. Podemos não ser capazes de dar muito, mas sempre podemos proporcionar a alegria que vem de um coração cheio de amor. Além disso, a melhor forma de demonstrar gratidão é aceitar tudo com alegria. Se você tiver alegria, ela brilhará nos seus olhos e na sua aparência, na sua conversa e no seu contentamento. Você não conseguirá esconder porque a alegria transborda. A alegria é muito contagiante. Procure, portanto, estar sempre transbordando de alegria por onde passar.".
O Papa Francisco disse isso, comentando as respostas de João Batista.: “A cada um dirige uma palavra específica, relativa à situação real da sua vida. Isso nos oferece uma lição valiosa: a fé se encarna na vida concreta. Não é uma teoria abstrata. A fé não é uma teoria abstrata, uma teoria generalizada, não, a fé toca a carne e transforma a vida de cada pessoa […] Nestes dias que antecedem o Natal: Como posso fazer a minha parte? Assumamos um compromisso concreto, mesmo que pequeno, que se adapte à nossa situação de vida, e levemo-lo em frente para nos prepararmos para este Natal. Por exemplo: posso ligar para aquela pessoa que está sozinha no telefone, visitar aquele idoso ou doente, fazer alguma coisa para atender uma pessoa pobre, uma pessoa necessitada. E mais: talvez você tenha um perdão a pedir ou um perdão a dar, uma situação a esclarecer, uma dívida a saldar. Talvez eu tenha negligenciado a oração e depois de muito tempo seja hora de me aproximar do perdão do Senhor.” (Angelus 12 de dezembro de 2021).
Em suma, alegria, alegria e paz vêm de Deus, não de nós mesmos. São presentes, presentes de Natal, não conquistas humanas. A abertura a Deus para recebê-los inclui misericórdia e justiça nas nossas relações sociais. Isto é o que devemos fazer, o que devemos fazer, para que o Senhor possa completar a sua obra em nós.
PARA ORAÇÃO (RESSONÂNCIAS DO EVANGELHO EM ORAÇÃO): O fogo
O Tentador teme o Fogo
A promessa que esperamos
Limpará o lugar sagrado
Onde você quiser morar
Apagará o egoísmo e estenderá nossas mãos
Os necessitados virão até nós
O atordoado desta vez,
Doente, sozinho, esquecido
Ele secará as lágrimas com seu próprio choro
Ele não exigirá mais e com tão pouco ficará satisfeito
Restaurará a inocência e a alegria
Ele procurará habitar cada um
Acredite irmão, você só desejará aquele Fogo
O da Pessoa Divina, o Espírito Santo
Seu Batismo é a Porta
Para as pequenas almas
Fique em silêncio, recomponha-se e peça sua força
Você nunca será negado, isso virá
São as boas novas
Difícil ouvir hoje
Peça para conhecê-lo, como Juan fez
Ele entendeu que se rebaixar era o segredo
Afaste-se neste deserto
Para deixá-lo reinar. Amém
[1] R. Cantalamessa, Jesucristo el Santo de Dios, Madrid 1991, 100.
[2] A. Rodríguez Carmona, Evangelio según san Lucas, BAC, Madrid, 2014, 63.
[3] M.-J. Lagrange, Évangile selon Saint Luc, Paris 1948, 108-109.
[4] M.-J. Lagrange, Évangile selon Saint Luc, Paris 1948, 108.
[5] El Evangelio según San Lucas. Lc 1-9. Vol. I (Sígueme; Salamanca 1995) 252.
[6] La obra de Lucas I. El evangelio (Ágape; Buenos Aires 2012) 47.
[7] La alegría, sal de la vida cristiana (Bonum; Buenos Aires 2010) 10.114-115.-