11/08/2024
LINK AUXILIAR:
1ª Leitura: Reis 19,4-8
Salmo Responsorial 33(34)-R- Provai e vede quão suave é o Senhor!
2ª Leitura: Efésios 4,30-5,2
Evangelho de João 6, 41-51
Naquele tempo, 41-os judeus começaram a murmurar a respeito de Jesus, porque havia dito: “Eu sou o pão que desceu do céu”. 42- Eles comentavam: “Não é este Jesus, o filho de José? Não conhecemos seu pai e sua mãe? Como então pode dizer que desceu do céu? 43-Jesus respondeu: “Não murmureis entre vós. 44Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o atrai. E eu o ressuscitarei no último dia. 45Está escrito nos Profetas: `Todos serão discípulos de Deus.' Ora, todo aquele que escutou o Pai e por ele foi instruído, vem a mim. 46Não que alguém já tenha visto o Pai. Só aquele que vem de junto de Deus viu o Pai. 47Em verdade, em verdade vos digo, quem crê, possui a vida eterna. 48Eu sou o pão da vida. 49Os vossos pais comeram o maná no deserto e, no entanto, morreram. 50Eis aqui o pão que desce do céu: quem dele comer, nunca morrerá. 51Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que eu darei é a minha carne dada para a vida do mundo'. Palavra da Salvação.
Jo 6,41-51
“Eu sou o pão que desceu do céu”. Essa afirmação de Jesus soa como um absurdo total. As pessoas que ouviam Jesus sabiam muito bem quem Ele era: “Este não é Jesus, o filho de José? Não conhecemos nós seu pai e sua mãe? Como pode, agora, dizer: Eu desci do céu?”.
Eles pensavam que conheciam Jesus. Tendo um conhecimento inicial correto julgam conhecer plenamente Jesus. Conhecem sua mãe e seu pai, ou seja, conhecem sua origem humana e, por isso, não conseguem aceitar a afirmação de Jesus: eu sou o pão que desceu do céu.
Jesus nunca responde à questão de sua origem limitando-se somente à sua origem humana. Ele é o enviado do Pai, está em Deus e dele desceu como pão do céu para a vida do homem. Assim, a verdadeira origem de Jesus, sem contradizer a sua origem humana, é o Pai.
Conciliar a origem humana com a verdadeira origem de Jesus só é possível com o dom da fé que Deus concede. Por isso, ninguém pode ir a Jesus se não for conduzido pelo Pai: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, não o atrair”.
O Pai não coage nem força as pessoas a ir até Jesus. A força de atração do Pai é um convite à decisão, é uma interpelação à liberdade das pessoas para ouvir a sua voz por meio da Escritura. Atração significa, portanto, que Deus se revela na Escritura e, em consequência disso, é preciso se deixar ensinar por Ele: “Está escrito nos profetas: todos serão ensinados por Deus. Ora, todo aquele que ouviu o Pai e dele aprendeu, vem a mim”.
Os adversários de Jesus não ouvem a Deus nas Escrituras, por isso eles murmuram. Nesse sentido, murmurar é o indício mais claro de não querer acreditar em Jesus. Só quando há uma verdadeira abertura à ação atrativa do Pai, uma pessoa deixa de murmurar e pode ser conduzida até Cristo. Assim o ensino do Pai se dá em dois níveis: um externo que é feito por Jesus e outro interior, que consiste na ação do Pai no coração dos ouvintes.
Corresponde a esses dois tipos de ensino a nossa atitude em relação a Jesus. Para receber a vida é preciso ir até Jesus e crer no que Ele ensina, e é preciso se alimentar do pão da vida. Fé e comunhão, crer e comer, aderir ao ensino de Jesus e se alimentar do Pão que é Jesus são os dois atos que nos fazem viver da vida de Deus.
O Pão que desce do céu dá a vida eterna. Isso o maná não pode dar. É Jesus e não Moisés quem dá o pão do céu, pois o pão do céu não é o que alimenta para esta vida terrena, mas o que dá a vida eterna. É comendo do Pão do céu, que podemos assimilar a vida plena de Jesus.
19º DomTComum – Jo 6,41-51 – Ano B – 24-08-24
o A descrença começa a brotar em nós a partir do momento em que começamos a organizar nossas vidas de costas para Deus.
o Esta pode ser a nossa maior tragédia. Estamos expulsando Deus dos nossos corações.
o O Concílio Vaticano II fala da ‘consciência’ como ‘o núcleo mais secreto’ do ser humano, o ‘tabernáculo’ no qual a pessoa ‘se senta a sós com Deus’,
o um espaço interior onde ressona a voz de Deus.
Jesus está discutindo com um grupo de judeus. A certa altura ele faz uma afirmação de grande importância: “Ninguém pode vir a mim se o Pai não o trouxer”. E depois continua: “Quem ouve o que o Pai diz e aprende, vem a mim”.
A descrença começa a brotar em nós a partir do momento em que começamos a organizar nossas vidas de costas para Deus. Simples assim. Deus permanece ali como algo sem importância que está encurralado em algum lugar esquecido de nossas vidas. É fácil então viver ignorando Deus.
Mesmo aqueles de nós que se dizem crentes estão perdendo a capacidade de ouvir a Deus. Não é que Deus não fale no fundo das consciências. Acontece que, cheios de barulho e autossuficiência, não sabemos mais perceber em nós sua presença silenciosa.
Talvez esta seja a nossa maior tragédia. Estamos expulsando Deus de nossos corações. Resistimos a ouvir seu chamado. Escondemo-nos do seu olhar amoroso. Preferimos “outros deuses” com os quais podemos viver de forma mais confortável e menos responsável.
Esquecemos que a paz, a verdade e o amor despertam em nós quando nos deixamos guiar por Deus. Tudo então ganha uma nova luz
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Contudo, sem Deus em nossos corações permanecemos perdidos. Já não sabemos de onde viemos nem para onde vamos. Não reconhecemos o que é essencial e o que não é importante. Cansamos de procurar segurança e paz, mas nossos corações permanecem inquietos e inseguros.
Esquecemos que a paz, a verdade e o amor despertam em nós quando nos deixamos guiar por Deus. Tudo então assume uma nova luz. Tudo começa a ser visto de uma forma mais gentil e esperançosa.
O Concílio Vaticano II fala da “consciência” como “o núcleo mais secreto” do ser humano, o “tabernáculo” onde a pessoa “se senta a sós com Deus”, um espaço interior onde “a voz de Deus ressoa na sua forma mais íntima”. Descer às profundezas desta consciência para ouvir os desejos mais nobres do coração é a maneira mais simples de ouvir Deus. Quem escuta essa voz interior se sentirá atraído por Jesus.
Descer às profundezas desta consciência para ouvir os desejos mais nobres do coração é a maneira mais simples de ouvir Deus
O evangelista João repete expressões e imagens de grande força para gravar bem nas comunidades cristãs que hão de acercar-se de Jesus para descobrir nele uma fonte de vida nova. Um princípio vital que não é comparável com nada que tenha conheceido anteriormente.
Jesus é o “Pão descido do céu”. Não tem de ser confundido com qualquer fonte de vida. Em Jesus Cristo podemos alimentar-nos de uma força, uma luz, uma esperança, um alento vital… que vem do mistério mesmo de Deus, o Criador da vida. Jesus é «o pão da vida».
Por isso, precisamente, não é possível encontrar-se com ele de qualquer maneira. Temos de ir ao mais fundo de nós mesmos, abrir-nos a Deus e «escutar o que nos diz o Pai». Ninguém pode sentir verdadeira atracção por Jesus, «se não o atrai o Pai que O há enviado».
O mais atrativo de Jesus é a Sua capacidade de dar vida. O que acredita em Jesus Cristo e sabe entrar em contacto com Ele, conhece uma vida diferente, de qualidade nova, uma vida que, de alguma maneira, pertence já ao mundo de Deus. João atreve-se a dizer que «o que come deste pão, viverá para sempre».
Se, nas nossas comunidades cristãs, não nos alimentamos do contacto com Jesus, seguiremos ignorando o mais essencial e decisivo do cristianismo. Para isso, nada há pastoralmente mais urgente que cuidar bem da nossa relação com Jesus, o Cristo.
Se, na Igreja, não nos sentimos atraídos por esse Deus encarnado num homem tão humano, próximo e cordial, ninguém nos tirará do estado de mediocridade em que vivemos sumidos habitualmente. Ninguém nos estimulará para ir mais longe que o estabelecido pelas nossas instituições. Ninguém nos alentará para ir mais adiante que o que nos marcam as nossas tradições.
Se Jesus não nos alimenta com o Seu Espírito de criatividade, seguiremos presos ao passado, vivendo a nossa religião desde formas, concepções e sensibilidades nascidas e desenvolvidas noutras épocas e para outros tempos que não são os nossos. Mas, então, Jesus não poderá contar com a nossa cooperação para gerar e alimentar a fé no coração dos homens e mulheres de hoje.
JESUS É O PÃO DA VIDA
O fragmento do evangelho de João (Jo 6,41-51) é continuação do Discurso do Pão da Vida que começamos a refletir na última semana. Por meio desse discurso, Jesus procura abrir os olhos do povo para ele descobrir o rumo certo que deve tomar na vida. Dá olhos novos para ler os fatos e ver melhor as necessidades. Acompanhe!
COMENTANDO
JOÃO 6, 41-51: 4º Diálogo – Quem se abre para Deus aceita Jesus e a sua proposta
A conversa se torna mais exigente. Agora são os judeus, os líderes do povo, que murmuram: “Esse não é Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe conhecemos? Como é que ele pode dizer que desceu do céu?” Eles pensam conhecer as coisas de Deus.
Na realidade, não é nada disso. Se fossem realmente abertos e fiéis a Deus, sentiriam dentro de si o impulso de Deus atraindo-os para Jesus e reconheceriam que Jesus vem de Deus (Jo 6,45).
Na celebração da Páscoa, os judeus lembravam o pão do deserto. Jesus os ajuda a dar um passo. Quem celebra a Páscoa lembrando só o pão que os pais comeram no passado, vai acabar morrendo como todos eles!
O verdadeiro sentido da Páscoa não é lembrar o maná que caiu do céu, mas sim aceitar Jesus como Pão da Vida e seguir pelo caminho que ele ensinou. Não é comer a carne do cordeiro pascal, mas sim comer a carne de Jesus, que desceu do céu para a vida do mundo!
ALARGANDO
O discurso sobre o Pão da Vida (Jo 6,22-58)
Este longo discurso feito na sinagoga de Cafarnaum está relacionado com o capítulo 16 do livro do Êxodo. Vale a pena ler todo este capítulo de Êxodo, percebendo as dificuldades que o povo teve que enfrentar na sua caminhada, para podermos compreender os ensinamentos de Jesus aqui no capítulo 6 do Evangelho de João. Quando Jesus fala de “um alimento que perece” (Jo 6,27), ele está lembrando Ex 16,20. Da mesma forma, quando os judeus “murmuram” (Jo 6,41), fazem a mesma coisa que os israelitas no deserto, quando duvidam da presença de Deus junto com eles durante a travessia. A falta de alimentos fazia com que o povo duvidasse que Deus estivesse com eles, de que Deus fosse Javé, resmungando e murmurando contra Deus e contra Moisés. Aqui também os judeus duvidam da presença de Deus em Jesus de Nazaré (Jo 6,42).
Texto extraído do livro “RAIO-X DA VIDA: Círculos Bíblicos do Evangelho de João. Coleção A Palavra na Vida 147/148. Autores: . Mais informações vendas@cebi.org.br.
“Eu sou o pão da vida” (Jo 6,48)
Jesus Homem se faz “pão”, Humanidade convertida em alimento para os outros. A Vida Eterna não se revela num gesto de pura interioridade, mas no encontro e comunhão de uns com outros... Quem crê nos demais, quem compartilha com eles a vida (fazendo-se eucaristia) tem a vida eterna, porque Deus é Comunhão de Vida e porque Jesus é a revelação mais alta desse Deus entre nós.
Jesus deseja e se faz para nós um alimento substancioso. É preciso que tenhamos acesso a um alimento que possa nutrir nossa identidade essencial. É preciso nutrir em nós o que não morrerá. Existe em nós algo que se alimenta de ternura, que se alimenta de poesia, que se alimenta da qualidade de nossas relações. O silêncio, a luz, a gratuidade, o encantamento, a simples presença... alimentam nosso ser espiritual.
Portanto, não podemos transformar a Eucaristia em um rito puramente cultual, ou numa pesada obrigação que pesa sobre as pessoas, nem convertê-la em uma cerimônia rotineira, que demostra a falta absoluta de convicção e compromisso. Cada vez que participamos, devemos fazer com profunda gratidão e veneração e, sobretudo, com compaixão pelos que dela não podem participar.
Nesse contexto é preciso dizer que o verdadeiro alimento é a vida mesma do ser humano: Jesus se fez alimento para os outros, saciou a fome de justiça e amor. Ele é o alimento que gera vida nova no mundo, vida oferecida e compartilhada. Um alimento “subversivo” porque subverte a tradicional “ordem” das coisas. “Eu sou o pão da vida ”. Antes de partir o pão, Jesus parte-se a si mesmo, faz-se alimento. Toda sua vida foi entrega. Sua vida inteira dá significado ao partir, compartilhar e repartir o pão da vida.
Jesus, desde pequeno, admirava o milagre do pão; sabia sua história: os minúsculos grãos de trigo semeados na terra, desaparecidos, mortos; a surpresa do pequeno broto verde, tão tímido; o prodígio da espiga, esbelta e frágil, que vai amarelando ao sol; a abundância contida, apertada, das dezenas de pequenos grãos, filhos renascidos do velho grão, enterrado e morto; o moinho implacável, que parece matar sem piedade os grãos indefesos; a farinha, a flor da farinha tão pura que podia ser apresentada como oferenda ao Senhor; o milagre do pão.
Em sua casa, certamente Jesus tinha visto, inúmeras vezes, sua mãe amassar o trigo, pôr na massa uma pitada de fermento, deixá-la em repouso. Quando criança, Jesus levava a massa já fermentada ao forno comunitário; esperava um pouco ou saía a brincar, ou ajudar José na oficina; depois, voltava à casa cantarolando, abraçado ao pão para sentir seu calor, embriagado de seu aroma, com vontade de tirar um pedacinho enquanto subia à sua casa.
O milagre do pão, nascido da morte do grão de trigo; nascido para morrer e dar a vida.
Partir o pão e reparti-lo antes de começar a refeição. Isto fazia José, bendizendo o Senhor pelo dom tão precioso. E Jesus, com seu pedaço de pão na mão, pensava, sem dúvida, no grão desaparecido meses antes na terra, multiplicado pela força sagrada em seu interior, pelo poder e sabedoria do Pai dos Céus, que agora, com a primeira mordida, iria desaparecer para sempre e transformar-se em seu próprio corpo.
Não sabemos quando nem como Jesus soube que para isso estava no mundo: para ser semeado, para morrer no inverno debaixo da terra, para ser pisado e apertado até que morresse para multiplicar a vida.
E, algumas horas antes de morrer, na ceia que Ele sabia que ia ser a última, Jesus se viu a si mesmo, em cima da mesa, em forma de pão. E disse: “meu corpo entregue é pão”. E Ele sabia que ia ao moinho para ser triturado e se tornar pão para muitos. “Fazei isto em memória de mim”. “Isto” se refere ao partir e partilhar o pão em torno à mesa; “isto” significa comungar com Jesus e com todos que O comungam, formar um só Pão para alimento do mundo.
Porque Jesus é “pão descido do céu” e porque compartilhamos sua vida, também nós podemos e devemos “descer” e sermos comunhão de vida. Neste sentido, todos somos pão de Eucaristia. Cada ser humano é “pão vivo, descido do céu” para outro ser humano; cada homem, cada mulher é revelação de Deus, pão de vida eterna para os outros. Por viver neste nível, por entregar-se e compartilhar a vida neste plano, os homens e mulheres “não morrem”, tem vida eterna.
E é isso que, no nível mais profundo, somos todos. Todos somos Vida, todos somos “pão de vida”. O pão da vida não se encontra fora de nós; é o que “somos” em profundidade; é nossa essência. Somos pão quando alimentamos o outro na esperança, no perdão, na acolhida, na compaixão, no compromisso... Sim, podemos multiplicar o pão da festa, da alegria, o pão da justiça, o pão da ajuda fraterna... Quanto pão para ser dividido! “Tornar-nos pão” significa “descer” em nossa própria condição humana para expandi-la em atitudes de serviço, partilha, solidariedade...
Já estamos saturados do “pão venenoso” do ódio, da intolerância e do preconceito...
Ser “pão para a vida” é confessar que ser seguidor(a) de Jesus é ser-para-os-demais, é comprometer-se a ser fermento de unidade, de amor, de paz, é consumir-se para que outros vivam. Se nossa participação no “pão da mesa” não colocar em questão nossos egoísmos, nossos preconceitos, nossas rivalidades, nossos complexos de superioridade..., não tem nada a ver com o que Jesus quis expressar com o “discurso do Pão da Vida”.
Aproximar-nos do Pão da Vida para sermos “pão de vida” constitui-se como o momento mais subversivo (subverte nossa maneira petrificada de ser e viver) que podemos imaginar: fazemos memória do que Jesus foi durante sua vida (pão para os outros) e nos comprometemos a viver como Ele viveu (“fazer-se pão para os outros”). N’Ele, também nós tornamos “pão” para o mundo.
Por isso Jesus Cristo, em sua oração messiânica, nos motiva a dizer: “o pão nosso de cada dia nos dai hoje”. Este continua sendo o “pão nosso”, pão de todos, produto do trabalho de homens e mulheres, que deve ser compartilhado. Mas, ao mesmo tempo, é “pão de Deus”, dom a ser multiplicado. Enquanto houver fome no mundo, a Eucaristia não está completa.
Ao comer o pão e beber o vinho “fazendo memória”, estamos prolongando um “estilo de vida” fundamentado no modo de viver de Jesus. Isso quer dizer que fazemos nossa Sua vida e nos comprometemos a nos identificar com o que Ele foi e fez. Tomar o pão e o vinho na Eucaristia é fazer memória de uma presença que nos devolve à realidade, faminta de sentido, de esperança, de comunhão...
Para meditar na oração:
Ao “amassar” a minha vida para querer ser pão... de que sou feito
A massa de minha vida é constituída, em primeiro lugar, de farinha; é ela que dá consistência e firmeza ao pão, brindando-o com diferentes formas e aromas. A farinha é a minha verdadeira identidade, minha essência; é nela que minha vida se sustenta; ela é constituída dos meus recursos, dons, capacidades...
- A água me dá maciez e elasticidade; é também aquela que me dá unidade, que une os diferentes ingredientes, transformando a mistura numa autêntica massa. Significa o afeto que me revitaliza, me devolve a ternura, me faz terno como o pão recém-assado. E, assim, me dá um sentido na vida, um “para que”.
- O sal é o que torna saboroso o pão, aquele que lhe realça sua característica. Meu sal é meu próprio sabor, o mais original e único em mim.
- O fermento é o que faz aumentar o tamanho do pão. Meu fermento é aquilo que me faz crescer, o que me impulsiona a sair de mim mesmo, a superar meus limites, me desafia a ser mais, a ir mais além, a transcender-me. É constituído de meus sonhos e minhas esperanças, para alcançar aquilo que “quero e desejo”. É a força criadora que me habita, que potencia tudo o que sou e tenho, para que cada dimensão de meu ser se faça plena.
- Por fim, o forno. Não é exatamente um ingrediente, mas é igualmente imprescindível para eu deixar de ser massa, e revelar minha identidade de pão. Não há verdadeiro pão sem forno, assim como não há homem ou mulher sem paixão, sem amor, sem o calor daquilo que me faz vibrar, que me comove, que me transforma.
Neste texto nos encontramos no meio do discurso de Jesus sobre o “Pão da Vida”. O gancho que João usa para pendurar o discurso é o pedido dos judeus em v. 35: “Senhor, dá-nos sempre desse pão”. Em resposta Jesus começa o seu grande discurso.
Divide-se em duas partes. Na primeira parte (vv. 35-50), que inclui o texto de hoje, o pão celestial que nos nutre é a revelação ou o ensinamento de Jesus (o tema sapiencial); na segunda parte (vv. 51-58) será a eucaristia (tema sacramental). O redator da comunidade joanina combinou “o pão do céu” com o material eucarístico da Última Ceia e assim formou a segunda parte do discurso como texto paralelo à primeira. Isso explica a ausência de um relato da instituição da Eucaristia nos textos da Ceia em João – pois o seu conteúdo básico foi colocado aqui.
Como os seus antepassados murmuravam no deserto contra o pão que Deus mandava – o maná – agora eles se queixam do novo maná. Aqui logo aparece uma característica do João – a ironia. Os judeus (aqui se entende as autoridades judaicas e não o povo judeu) dizem que conhecem a origem de Jesus, pois só pensam na sua família de origem; Jesus mostra que na verdade não a conhecem, pois eles não viram o Pai, a sua verdadeira origem. Aqui também aparece em v. 47 mais uma característica joanina – a “escatologia realizada”. Enquanto para os Sinóticos o juízo é algo que acontece no último dia, para João, frequentemente, já aconteceu, pois a pessoa é salva ou condenada já, pela sua aceitação ou não de Jesus como o Filho de Deus.
Aqui, de novo, João nos dá o que talvez seja uma variante das palavras da instituição da Eucaristia:
“O pão que eu vou dar é a minha própria carne, para que o mundo tenha a vida” (v. 51).
João enfatiza que o Verbo Divino se tornou carne e tem entregado a sua carne como alimento da vida eterna.
O texto não é fácil, pois é extraído de um discurso muito mais comprido e que forma uma unidade. Mas, está ligado em cap. 6 à multiplicação dos pães – a participação eucarística no Corpo e Sangue de Jesus exige uma vivência de partilha e solidariedade. Esse tema é caro a João e é retomado na sua Primeira Carta.
(Traduzido automaticamente do Tradutor Google sem nossa correção)
19º DOMINGO DO ANO – CICLO “B”
Primeira leitura (1 Reis 19,1-8)
Lendo estes versículos em relação ao capítulo anterior, encontramos verdadeiramente “um episódio surpreendente”. O profeta vitorioso e corajoso foge com medo da ameaça de Jezabel como um perdedor e covarde. Por isso devemos nos perguntar: o que esse texto de 1 Reis 19 busca comunicar? Ou ainda, qual é o propósito desta narrativa? Encontramos a resposta no mesmo texto, tendo em conta que a narrativa está estruturada em duas cenas: vv. 4-8 e vv. 9-18.
O V. 4 apresenta-nos o estado de espírito de Elias: “Basta, Senhor, tira-me a vida…”. Ele claramente atingiu o fundo do poço. Esta crise do profeta tem vários paralelos na tradição bíblica como Nm 11,14-15; TB 3,6; Jon 4,3.8; Jó 7:15; 2Cor 1,8-9 e especialmente Jer 15,10-11. O objetivo desta crise poderia ser purificar Elías de um certo preconceito de vaidade ou excessiva autoconfiança como consequência de uma vitória tão brilhante como a descrita no capítulo anterior. Esta crise provoca no profeta uma forte consciência da sua fragilidade humana, expressa na sua exclamação: “Não sou melhor que os meus pais”[1].
Nesta situação de desânimo, a consolação divina chega-lhe através de um anjo (vv. 5-6). Junto com a restauração das forças físicas, Elias recebe a iluminação, recupera o sentido de caminhar e dirige-se ao local da segunda cena: “o monte de Deus, Horebe” (vv. 7-8). Este encontro com Deus significa para Elias sair da sua maior depressão e redescobrir o significado profundo do seu ser diante do Senhor, fonte da sua identidade de profeta.
Evangelho (Jo 6,41-51):
O evangelho do domingo passado terminou com uma forte afirmação de Jesus: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim nunca terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede” (Jo 6,35). Seguem alguns versículos (Jo 6,36-40), que não são lidos hoje, e onde Jesus declara que a vontade do Pai é que todos vão até Ele pela fé para terem vida, para que Ele os ressuscite no último dia.
O texto de hoje começa com a reação dos judeus a estas declarações de Jesus, que é a murmuração (γογγύζω). Frequentemente encontramos esta mesma reacção nas histórias da viagem de Israel através do deserto em direcção à terra prometida. Ali o povo murmura repetidamente (verbo hebraico lûn) contra Deus e contra Moisés (cf. Ex 15,24; 16,2.7; 17,3; Nm 14,2.27.29.36...). Qual é a raiz da murmuração nesses textos? Na base comum existe um esquema mental em que se pensa que, na dificuldade, Deus é insuficiente. No fundo, Deus está sendo reduzido ao nível humano e, por isso, é o início da idolatria. O oposto da murmuração é a fé como acolhimento e confiança em Deus (cf. Nm 14,11), e como escuta da sua voz, isto é, obediência (cf. Nm 14,22).
Em Jo 6,41 a murmuração é a reação dos judeus diante de Jesus que se apresenta como maná novo e verdadeiro, como pão que desceu do céu; e a raiz desta atitude é a mesma em ambos os testamentos: não compreender nem acreditar na obra de Deus.
Por isso, Jesus pede-lhes que tenham fé, que acreditem, que vão até Ele e confiem Nele, que O aceitem. Os judeus resistem, murmuram, ficam escandalizados porque, vendo a sua humanidade e conhecendo a sua origem natural, os seus pais não aceitam que ele possa dizer que “desceu do céu”.
A seguir, e como muito bem escreve L. Rivas[2], «Jesus responde-lhes que a dificuldade que experimentam em “vir a Ele”, que é o mesmo que “acreditar Nele”, é resolvida se se entender que a Fé requer uma ação prévia de Deus para “vir” é necessário “ser atraído” (v. 44; ver v. 65), como mostra o texto profético (v.45). Precisamente do texto de Isaías 54,13, Jesus deduz a necessidade de ouvir e aprender do Pai. Ora, conforme especificado abaixo, ver o Pai é exclusivo de Jesus, que o viu porque veio de Deus. Esta afirmação já havia aparecido no prólogo do Evangelho, apresentando Jesus, pela sua condição de Filho, como o autêntico "revelador" do Pai: "Ninguém jamais viu a Deus: o Filho Unigênito, que está no seio do Pai, Ele o anunciou” (Jo 1,18).
Depois Jesus repete o que se obtém pela fé: a vida eterna. Ressaltamos que o verbo acreditar está no particípio presente (aquele que está acreditando) e o verbo ter no presente (tem). Portanto, a fé nos torna participantes, a partir de agora, da vida eterna.
Nos versículos 48-50 Jesus insiste na diferença essencial entre o maná que os pais comeram no deserto e a sua pessoa como Pão da Vida. O maná, mesmo sendo um alimento que desceu do céu, ou seja, de Deus, não evitou que os israelitas morressem. Pelo contrário, Jesus apresenta-se, oferece-se, como o Pão que desceu do céu que dá a vida eterna, que faz com que quem dele se alimenta não morra.
No versículo final desta perícope (v. 51), a declaração inicial (v. 41) é repetida: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu”, com o acréscimo de “vivo” (ὁ ἄρτος ὁ ζῶν). Desta forma, os símbolos do pão e da vida aparecem mais intimamente unidos. Porque é Pão vivo, vivo, pode dar Vida.
A segunda parte do versículo reforça essa ideia e introduz um novo elemento: “quem come deste pão viverá para sempre, e o pão que eu darei é a minha carne para (ὑπὲρ) a Vida do mundo”. A novidade é que Jesus identifica com a sua própria carne o pão que dará para a (hiper)vida do mundo. A preposição hiper em João tem o significado, não só de por ou para, mas de a favor de, ou em vez de, como no caso do Bom Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas (Jo 10,11.15) ou quando o o sumo sacerdote Caifás profetizou, sem querer, que Jesus iria morrer por toda a nação (Jo 11,50-52); ou quando Pedro quer dar a vida por Jesus (13,37.38); ou quando Jesus disse que não há amor maior do que dar a vida pelos amigos (15:13). Vale dizer que, se unirmos esse sentido de doação “a favor” ou “a favor de” que hiper tem com a expressão carne (σάρξ indica a condição terrena e mortal de Jesus), temos uma clara alusão à entrega sacrificial de Cristo para a vida do mundo (τοῦ κόσμου ζωῆς). Assim, no que se segue do discurso – e que veremos no próximo domingo – a carne substitui o pão e, desta forma, acentua-se a dimensão sacrificial e eucarística da doação de Jesus.
ALGUNS PENSAMENTOS:
Como temos dito, um dos temas-chave deste sexto capítulo de João é a FÉ, que tem aqui características e acentuações próprias que devem ser especificadas. Em 6:29 Jesus respondeu aos judeus dizendo-lhes que "A obra de Deus é que você acredite naquele que ele enviou". A fé é então apresentada como "a obra de Deus"; mas ao mesmo tempo como a "obra do homem" que quer estar em sintonia com a "obra de Deus". Estes dois aspectos essenciais da fé aparecem no texto de hoje Assim, já em Jo 6,35 a Fé do homem é identificada com um “.vá para Cristo"que convida a todos para"venha até mim"Agora isso"indo para Cristo"foi precedido pelo"vinda de Deus em seu Filho" como Pão da Vida que tem desça do céu. Portanto, há uma vinda ou aproximação de Deus aos homens em Cristo (A fé como um presente) o que implica um convite dos homens para “ir até Jesus” (A fé como resposta, como tarefa).
Por outro lado, em Jo 6,44 afirma-se que para "vá para Jesus"é necessário ser"atraído pelo Pai"Não existe dúvida que Em São João é especialmente enfatizada a ação de Deus no processo da fé.. Mas esta ênfase não nega a responsabilidade do homem, que não pode desculpar-se pela sua incredulidade dizendo que não recebeu o dom da Fé Precisamente em Jo 6,45 (“.todo aquele que escuta o Pai e aprende vem a mim") especifica que a "atração ou tração" que o Pai exerce não é física, mas moral; isto é, ele o faz através do ensinamento, das Palavras e dos Sinais de Jesus. A escuta é um ato livre do homem que está diante de Deus na condição de discípulo (usa o verbo árvore de maçã, aprender, de onde vem não muitofoitfoié, discípulo). Quer dizer, A escuta, a atitude de discipulado, é a condição para sermos atraídos pelo Pai, para irmos ter com Jesus crendo.
Acrescentemos a isto que no Evangelho de São João a liberdade do homem se manifesta sobretudo na a capacidade de rejeitar Deus, de resistir à sua atração. Portanto, a incredulidade ou falta de fé é culpada (cf. Jo 3,18-21; 5,40; 8,44; 12,43).
Em última análise, no evangelho de João, o opção fundamental do homem diante de Deus é uma escolha livre entre permanecer centrado em si mesmo, nos seus próprios interesses, na busca da sua glória pessoal, enfim, na escuridão; ou aberto a Deus, ao seu amor manifestado em Cristo, ao dom da vida nova e eterna, em suma, à luz. Esta segunda atitude é o que nos permite ser atraídos pelo Pai e faz da fé um dom complementado pela fé como opção de vida, como tarefa.
Neste ponto é importante recuperar uma visão contemplativa de todo o processo de Fé onde se marca o protagonismo de Deus. Com efeito, o Pai dá-nos o seu Filho como Pão da Vida. O Pai também nos atrai a Jesus. Jesus oferece-nos a si mesmo, a sua carne pela vida do mundo; e nos convida a ir até Ele para ter a vida eterna, para vencer a morte. Em suma, a Pessoa de Jesus é o Dom do Pai para nós, para que possamos viver. E a Fé, isto é, recebê-la, ir ao encontro de Jesus-Pão é possível pela atração interior do Pai que NÃO deve ser resistida, mas livremente acolhida e acompanhada.
Como não ficar cheios de espanto, de admiração, diante de tanta “preocupação” de Deus Pai e de Jesus pelo homem, por cada um de nós! Ninguém parece estar mais interessado em acreditarmos e vivermos do que o próprio Deus!
E o que a fé nos dá? A fé abre a nossa vida para um horizonte maior; Ter fé é como poder colocar a cabeça para fora do submarino onde passamos um tempo; A fé é sair à luz do dia depois de ter sido trancada num quarto escuro; Ter fé é como ver um céu azul claro depois de muitos dias nublados e sem sol. A fé nos convida a superar os limites da humanidade. A fé abre-nos um belo caminho de amizade com Jesus, que nos toma pela mão e nos conduz pela vida, ajudando-nos a superar as provações e as trevas que nunca faltam. A fé nos permite encontrar sentido naquilo que vivemos todos os dias. A fé permite que Jesus entre em nossos corações e nos liberte do egoísmo. É muito verdade o que ele diz o Papa Francisco: "A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira de quem encontra Jesus. Quem se deixa salvar por Ele é libertado do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo a alegria sempre nasce e renasce”(EG 1).
A fé é luz, é calor, é esperança, é um novo olhar para ver a vida com outros olhos, descobrindo tudo de bom e belo que Deus semeou no mundo. A fé também é como uma rocha sobre a qual podemos permanecer firmes nos momentos de dificuldade, quando parece que tudo está desmoronando e muitas certezas desmoronam. A fé permite-nos confiar naquilo que permanece para sempre, naquilo que é eterno e definitivo, que é o amor de Deus.
Penso que é disto que nos fala o evangelho de hoje: uma fé que consiste, principalmente, mas não exclusivamente, em acolher o Dom de Deus, em deixar-nos amar por Ele sem impor limites nem medi-lo com a nossa escala de méritos. De uma fé que é ouvir e obedecer ao Pai, aceitando com confiança aquilo que não vemos nem entendemos, aquilo que nos ultrapassa infinitamente, como o Seu Amor, no fundo, é ter fé. 'deixe Deus ser Deus'.
Em conclusão, "A fé é antes de tudo um dom que se recebe e o seu amadurecimento é um caminho a seguir. Mas antes de tudo isto é preciso reafirmar que «não se começa a ser cristão através de uma decisão ética ou de uma grande ideia, mas através do encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com uma orientação decisiva” (DC 1; GE 7). A partir desse encontro se configura uma experiência que transforma a existência, orientando-a de forma dialógica e responsável. À medida que cada jovem cresce, percebe que a vida é maior que ele, que não controla tudo sobre a sua existência; Ele se dá conta de que é o que é graças ao cuidado que os outros lhe reservaram, em primeiro lugar os seus pais; Ele se convence de que, para viver bem a sua história, deve assumir a responsabilidade pelos outros, reproduzindo aquelas atitudes de cuidado e serviço que o fizeram crescer.”(Instrumentum laboris do Sínodo da Juventude, 82).
PARA ORAÇÃO (RESSONÂNCIAS DO EVANGELHO EM ORAÇÃO):
Verdadeira delicadeza
O pão do céu, alimento para este peregrino
Andando por caminhos estranhos
Migrantes como pássaros
Mal tocando este chão
Desça até mim, alimento abençoado
Acalme a fome desse pobre homem
Para você simples servo
Apaixonado e disposto
Espero pela vida eterna, meu Senhor
Quando posso ver seu rosto
e lembre-se do seu desejo
para salvar minha alma e meu corpo
E você fala com as pessoas novamente
Você se entrega a nós no altar
Venha até mim e coma,
Esta é a verdadeira Delicadeza. Amém
[1] Cf. J. Helewa, "El profeta Elías", 54.
[2] El evangelio de Juan (San Benito; Buenos Aires 2006) 227.
[3] Comenta san Agustín: “¿Y qué significa ser atraídos por el Padre, sino aprender del Padre? ¿Y qué significa aprender del Padre, sino escuchar al Padre? ¿Y qué significa escuchar al Padre, sino escuchar al Verbo del Padre, que soy yo?... Podrías objetar: Si no hemos visto nunca al Padre, ¿cómo hemos podido acoger su enseñanza? Os respondo:… Yo conozco al Padre, vengo de él, pero como viene la Palabra de aquel a quien pertenece; no como una palabra que suena y pasa, sino como la Palabra que permanece en quien la pronuncia y que atrae a quien la escucha”, In Iohannem 26, 9: PL 35, 1610