Um cristão pode dançar?
Um cristão pode dançar?
Sua dúvida é se o crente pode dançar ou
não. Antes é preciso saber o que é um
crente. Será que é alguém que se filia a
uma denominação evangélica, põe uma
Bíblia debaixo do braço e uma gravata
no pescoço, ou, se for mulher, não corta
o cabelo e não raspa a perna? Algumas
pessoas pensam que ser crente é adotar
tais costumes.
Em João 3:16 lemos: “Porque Deus
amou o mundo de tal maneira que deu
o seu Filho unigênito, para que todo
aquele que nele crê não pereça, mas
tenha a vida eterna”. O que diz aí? “...
para que todo aquele que não dança não
pereça?” Certamente que não é assim
que está. Diz apenas “para que todo o
que nele (em Cristo) CRÊ!”. O apóstolo
Paulo escreveu uma carta aos crentes da
Galácia, os quais afirmavam que para
ser salvo era necessário não apenas crer
em Cristo, mas também guardar a Lei, ou
seja, praticar determinadas obras. A
eles Paulo responde: “Ó insensatos
gálatas... Só quisera saber isto de vós:
recebestes o Espírito pelas obras da lei
ou pela pregação da fé? Sois vós tão
insensatos que, tendo começado pelo
Espírito, acabeis agora pela carne?”
(Gl. 4:9, 10.).
Só Cristo pode nos salvar, pois morreu
na cruz sendo castigado por Deus Pai no
lugar do pecador. Todo aquele que nele
crê tem a vida eterna, está salvo
eternamente. E isso não depende do que
fazemos ou deixamos de fazer, mas do
que Cristo fez; “e isto não vem de vós, é
dom de Deus” (Ef 2:8). Portanto, a
nossa salvação depende
EXCLUSIVAMENTE de Cristo e de sua
obra; não depende de nós, pois se
dependesse de nós, a glória seria nossa.
Mas, graças a Deus, não depende de nós
que somos pecadores e sempre
propensos a pecar.
Quando um pecador vem a Cristo,
arrependido de seu estado pecaminoso,
isto só acontece por obra do Espírito
Santo em seu coração, pois é o Espírito
quem nos convence do pecado (Jo 16:8).
Então, pela fé, o pecador crê que Cristo
tomou o seu lugar na cruz carregando o
seu pecado (do pecador). Quando o
pecador assim crê, Deus lhe dá a
salvação que é completa; Deus lhe dá o
perdão que também é completo e essa
pessoa nunca mais perderá a salvação,
pois é um dom de Deus (Ef 2:8) e nunca
lhe será tirada por Deus “porque os
dons e a vocação de Deus são sem
arrependimento” (Rm 11:29).
Deus não “tira” a salvação do crente, e
ninguém mais pode fazê-lo “porque
estou bem certo de que, nem a morte,
nem a vida, nem os anjos, nem os
principados, nem as potestades, nem o
presente, nem o porvir, nem a altura,
nem a profundidade, nem alguma outra
criatura nos poderá separar do amor
de Deus, que está em Cristo Jesus
nosso Senhor!” (Rm 8:38, 39).
Agora vem o outro lado da questão, ou
seja, depois que alguém já tem
assegurada a sua salvação. Será este o
seu caso? Será que você já se decidiu a
aceitar a Cristo como seu Salvador? Se
já fez isto, então irá querer viver uma
vida para agradá-lo, não é mesmo?
Havia um leilão de escravos (no tempo
da escravidão), onde escravos eram
vendidos a vários preços, dependendo
da idade, saúde, força para o trabalho,
etc. Quando foi apresentado um escravo
velho, fraco e doente, ninguém se
interessou, mas todos se surpreenderam
quando ouviram um fazendeiro gritar um
lance num valor tão alto que daria para
comprar todos os escravos que estavam
sendo vendidos naquele dia.
Obviamente ele acabou comprando
aquele escravo fraco e doente, diante do
espanto de todos, inclusive do próprio
escravo que foi chegando perto do seu
novo dono trêmulo de medo.
— Vá embora — disse o fazendeiro. —
Você está livre!
O escravo tremeu mais ainda e
perguntou:
— Mas o senhor pagou aquele alto
preço para me mandar embora, livre?
— Isso mesmo. Eu paguei um preço
altíssimo porque tive pena de você e
queria ter certeza de que ninguém
ofereceria uma soma maior. Eu comprei
a sua liberdade; pode ir embora para
onde quiser. A partir de hoje você é um
homem livre!
O escravo, caindo aos pés do seu
libertador, levantou seu rosto e, com os
olhos banhados em lágrimas, falou com
voz forte e resoluta: — Senhor, por
causa do que o senhor fez, eu irei, POR
AMOR, servi-lo até o fim dos meus
dias!
Esta história ilustra bem a situação de
um salvo. Cristo nos salvou do pecado e
da morte, para a liberdade (1 Co 7:23).
Não fez isto porque éramos justos, mas
pecadores (Rm 5:8). Não nos salvou
para sermos novamente escravos de
ordenanças (Cl 2:20-23). O cristão,
salvo por Cristo, pode fazer tudo o que
desejar (1 Co 6.12), mas não se deixará
dominar pelas coisas que desejar. O seu
desejo principal será usar o seu corpo
para glorificar a Deus (1 Co 6:20) e não
sei como alguém poderá glorificar a
Deus em um baile.
Assim como o escravo da história, que
estava totalmente livre para fazer o que
bem entendesse, uma pessoa
verdadeiramente convertida a Cristo
também está livre, porém vai desejar
fazer somente aquilo que agrade ao seu
Senhor que sofreu tanto por sua
salvação. O verdadeiro cristão não
procura andar em santidade de vida
porque isto vai garantir sua salvação.
Ele procura fazer a vontade do Senhor
para agradá-lo em tudo, expressando a
sua gratidão por tão grande salvação.
Fomos chamados à liberdade, mas não
para dar ocasião à carne (Gl 5:13).
Falando especificamente da dança, você
acredita que irá glorificar a Cristo
fazendo isso? Seria interessante avaliar
o ambiente onde pretende fazê-lo e
ponderar se é um lugar adequado para
um cristão. Acho que você vai precisar
orar a respeito. Espero que com isto
tenha esclarecido suas dúvidas. Lembrese
que o que o cristão deve ter sempre
em mente não são pensamentos do tipo:
“O que posso fazer para agradar os
meus desejos”, mas sim “O que posso
fazer para agradar ao Senhor”.
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Mario Persona