O que é inferno e porque não existe no idioma original da Bíblia
O que é o inferno e porque não existe no idioma original da Bíblia
Atualizado por último 29 de março de 2023
Traduzido do hebraico Sheol e do grego Hades, o inferno hoje em dia é considerado o lugar de tormento de fogo para as pessoas más. Essa palavra é frequentemente usada para coagir aqueles que não creem em Jesus, afirmando-se que elas vão para lá se não aceitarem-no. Mas há quem diga que a palavra inferno não existe na Bíblia, isto é, nos idiomas originais em que a mesma foi escrita. Será isso verdade?
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Jesus foi para o inferno?
O primeiro grande questionamento que eu quero trazer aqui é o seguinte: se o inferno é realmente o lugar de tormento e de fogo de punição dos ímpios, então por que certas traduções bíblicas afirmam que o próprio Jesus teria ido para lá após sua morte?
“Porque dele disse Davi: […] Não deixarás a minha alma no inferno, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção. […] Nesta previsão, disse da ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi deixada no inferno, nem a sua carne viu a corrupção.“
(Atos 2:25,27,31 ACF)
O texto acima dá a entender que a alma de Jesus teria ido para o inferno após sua morte, mas que não foi deixada lá.
Mas como pode o Justo, o homem que foi ungido por Deus para salvar e libertar Seu povo, ter ido para o inferno após sua morte? Será que este lugar é realmente o que imaginamos hoje? O que a Bíblia verdadeiramente diz no idioma original em que foi escrita?
“Inferno” no idioma original da Bíblia.
As traduções bíblicas mais comuns e clássicas, como a Almeida Corrigida Fiel, que foi citada acima, nos dizem que a palavra “inferno” foi dita por Jesus nos seguintes textos:
Será possível que Jesus realmente não disse essas palavras que estamos tão acostumados a ler em nossas bíblias e ouvir nos sermões? E se ele não disse tal palavra, o que significaria então? Que o inferno não existe? O que ele realmente disse no idioma no qual ele pregava sua mensagem?
Texto original em grego.
Vamos dar uma olhada no texto em grego, considerado o original pela grande maioria da cristandade. Tomaremos como base o texto de Mateus 5:29, pois a mesma palavra é usada em quase todos os outros versículos.
Observe a última palavra que deixei destacada com a seta vermelha e que normalmente é traduzida por “inferno”.
A palavra “inferno” é proveniente do latim Infernus, derivado de inferus, que significa “o que está abaixo”, de infra, “abaixo”. Note a semelhança entre as palavras “inferior” e “inferno”, por exemplo. Ou seja, originalmente, “inferno” designava algo que está abaixo ou em baixo, e hoje em dia costumamos dizer que quem morreu está “em baixo da terra”, não é mesmo?!
Mas o texto bíblico em grego do chamado “Novo Testamento”, de onde veio quase todas as traduções cristãs, nos informa que o Senhor teria dito a palavra “geena“, e não necessariamente “infernus“. Então o que seria essa tal “geena“, que por exemplo é encontrada em outras traduções bíblicas, como a Tradução Brasileira e a Bíblia de Jerusalém:
Se o teu olho direito te serve de pedra de tropeço, arranca-o e lança-o de ti; pois te convém mais que se perca um dos teus membros, do que todo o teu corpo seja lançado na geena.
(Mt 5:29 Tradução Brasileira)
Caso o teu olho direito te leve a pecar, arranca-o e lança-o para longe de ti, pois é preferível que se perca um dos teus membros do que todo o teu corpo seja lançado na geena.
(Mt 5:29 Bíblia de Jerusalém 2002)
Mas o que é geena afinal de contas?
Vejamos o que diz o Dicionário Bíblico Cristão mais famoso que existe, o Dicionário Strong.
1067 γεεννα geenna, de origem hebraica 1516 e 2011;
“Geena” ou “Geena de fogo” traduz-se como inferno, isto é, o lugar da punição futura. Designava, originalmente, o vale do Hinom, ao sul de Jerusalém, onde o lixo e os animais mortos da cidade eram jogados e queimados.
É um símbolo apropriado para descrever o perverso e sua destruição futura.
Com exceção de Mt 11:23, 16:18, Lc 10:15 e 16:23, onde no texto grego aparece a palavra “Hades” (ᾅδης), todas as outras ocorrências da palavra “inferno” nas traduções bíblicas provenientes do grego mais conhecidas, o Senhor teria usado a palavra “geena”.
Como vimos, geena se refere ao Vale de Hinom, do qual falaremos mais adiante, enquanto Hades faz referência ao hebraico sheol, que significa literalmente “sepulcro“.
Então sim, é mesmo verdade que a palavra inferno não existe no idioma original da Bíblia! E o conceito de inferno tal como conhecemos hoje foi popularizado em certa ocasião da história, muito posterior aos tempos bíblicos, a qual veremos mais adiante.
A expressão grega geena tem sua origem no aramaico גִהַנָא (gehana’) que, por sua vez, vem do hebraico ניהנם (geyhinnom – lê-se ‘gue‘ e não ‘ge‘).
Na Bíblia Peshitta da Editora BV Books, por exemplo, que tem como fonte textos aramaicos dos Escritos Nazarenos (“Novo Testamento”), Mt 5:29 foi traduzido assim:
E se teu olho direito te é ocasião de tropeço, arranca-o e lança-o de ti, porque é melhor para ti que se perca um dos teus membros e não seja lançado todo o teu corpo à Guehana.
O Vale de Hinom está localizado ao sul da cidade de Jerusalém.
Vale de Hinom ao sul da cidade de Jerusalém, por Ester Inbar
Fazemos questão de lembrar que Jesus (Yeshua) pregava sua mensagem em aramaico, e não em grego, tão pouco em latim. O historiador Eusébio de Cesareia (dentre outros) registra na História Eclesiástica, não só uma vez, que o relato (“evangelho”) de Matias/Mateus foi escrito originalmente em hebraico/aramaico. Este era justamente o idioma que o Senhor se comunicava e pregava, assim como seus discípulos e a nação judaica de seu tempo. Obviamente, havia ainda um certo grupo de judeus de fala grega, vide At 9:29, mas em geral na Palestina, incluindo a Galileia, principal local onde Yeshua exerceu seu ministério, falava-se o aramaico.
Existem centenas de manuscritos em aramaico dos Escritos Nazarenos, sendo alguns deles tão antigos quanto os fragmentos de manuscritos gregos anteriores ao século IV (4). Alguns exemplos são Yonan codex, Khabouris codex, a Peshitta Sinaitica e Curetoniana, dentre outros.
Portanto, nos textos de Mt 5:22,29,30, 10:28, 18:9, 23:15,33, além de Mc 9:43,45,47 e Lucas 12:5, em todas as vezes, o Senhor usa a palavra aramaica Guehanna, que se refere ao Vale de Hinom, e não “inferno”, como vemos na maioria das bíblias comuns..
(Obs.: Clique nos links inseridos nos versículos referenciados acima para ver a palavra “geena” em lugar de “inferno” na Tradução Brasileira).
Sendo assim, o versículo objeto de nosso estudo, numa tradução mais honesta, eu diria, ficaria dessa forma:
Portanto, se o teu olho direito te causa tropeço, arranque-o e atire-o para longe; pois é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no Vale de Hinom!
Mas o que Jesus/Yeshua quis dizer ao mencionar o Vale de Hinom (e não o “inferno”) em seus sermões?
Durante o reinado dos perversos Acaz e seu neto Manassés (respectivamente 735-716 e 697-643 AEC), aconteciam naquele vale atrocidades terríveis. Os israelitas idólatras, imitando costumes de outras nações, queimavam crianças recém nascidas em sacrifício ao deus Moloque, a abominação dos cananeus e dos amonitas. O rei Acaz promoveu essa prática, veja 2º Crônicas 28:13, e seu neto Manassés assassinou até mesmo seus próprios no fogo (2º Cr 33:1,6,9).
O rei Josias (641-609 AEC), neto de Manassés, acabou com as idolatrias neste lugar, profanando todos os altares e demais utensílios idólatras, veja 2º Reis 23:10. Ele transformou este vale numa espécie de “lixão” (grande depósito de lixo e entulhos), e ninguém mais praticou idolatrias ali. O Vale também era usado como sepulcro para diversos tipos de pessoas e animais, como mencionado no Dicionário Bíblico que lemos mais acima. Até hoje, ninguém construiu no Vale de HInom, pois é considerado um lugar maldito. Suas ruínas podem ser vistas por qualquer um. Veja abaixo uma filmagem do Canal Cafe Torah no local, para você constatar com os próprios olhos.
Se o inferno não existe na Bíblia, e Jesus falou originalmente o Vale de Hinom, o que ele quis dizer com essa analogia?
Como este depósito de lixo ficava constantemente em chamas devido o uso de enxofre, fez que este vale tipificasse o destino final dos pecadores impenitentes, destinados ao fogo que nunca se apaga, ou seja, a uma destruição completa e sem volta! Assim como o fogo queima algo por completo, aos poucos, até virar cinzas, isto é, até ser destruído completamente.
O mestre Yeshua então cita o Vale como analogia a uma morte desprezível, onde o fogo consumia completamente o lixo, ou os vermes comiam os corpos sepultados ali e as coisas que não eram alcançadas pelo fogo.
O próprio Deus declarou, através do profeta Jeremias (um contemporâneo do rei Josias), que aquele lugar abominável se tornaria uma espécie de cemitério, veja Jr 7:31,32. E até os dias de hoje é um local abandonado, com várias ruínas de sepulcros. Pensando dessa forma, textos como Mt 10:28 fazem muito mais sentido; vejamos:
Não temais os que matam o corpo, mas não podem matar a alma, antes temais Aquele que pode fazer perecer tanto a alma como o corpo na Guehana.
(Mt 10:28 Bíblia Peshitta BV Books)
Perecer é destruir, pôr fim à existência (veja também Jo 3:15-16).
Confira ainda Mc 9:43 e Jd 1:7 como outros exemplos onde o fogo eterno é mencionado como uma analogia à destruição completa. Especialmente no caso das cidades de Sodoma e Gomorra, citadas nessa última referência, que não ficaram queimando para sempre, mas para sempre foram destruídas pelo fogo.
Por fim, o Senhor usa a palavra aramaica guehanna como uma espécie de metáfora para o dia do juízo, quando as pessoas que não herdarem a vida eterna por meio da fidelidade a ele perecerão. Assim como aquele fogo incinerava os cadáveres e o lixo lançados naquele vale, também as pessoas hipócritas e perversas pereceriam.
Então, perecer no Vale de Hinom se refere a uma morte desprezível, a não herança da vida eterna.
Foto de um local no Vale de Hinom, Jerusalém.
Com tudo isso, não seria uma espécie de adulteração do texto bíblico mudar o que Jesus realmente disse por outra coisa que ele não disse? Além do mais, nós perdemos de vista todo este contexto histórico e teológico abordado acima, e acabamos desconhecendo a relação dessas palavras do Mestre com as profecias acerca do Vale, registradas também em Isaías 66:23-24.
Muitos teólogos tem o hábito de assimilar narrativas bíblicas e ensinamentos do Senhor com o contexto histórico-religioso greco-romano. Porém, o mestre Yeshua não era grego e muito menos romano; ele não era adepto das religiões e crenças dessas nações, nem tão pouco as utilizava como ensinamento original divino. Ele era um homem israelita/judeu, apregoava a Lei do Deus de Israel (Mt 5:17-19) e defendia que a “teologia” correta era proveniente dos judeus, ou seja, era aquela que os judeus receberam de Deus por meio de seus profetas, basta ver João 4:22.
Analisando todo este contexto, você não acha que deveríamos conhecer melhor a Bíblia nos idiomas que o Mestre e os profetas anunciaram a mensagem divina, isto é, o aramaico e o hebraico, em vez de ficar fazendo assimilações com crenças alheias às originais das Escrituras?
O contexto bíblico greco-romano pode ser considerado como um complemento histórico cultural e religioso para se entender determinados acontecimentos. No entanto, o povo de Deus tem seu próprio ensinamento “religioso” recebido do ETERNO. Então não podemos tomar como base de crença e doutrina interpretações teológicas influenciadas por outras culturas ou religiões antigas, porque os conceitos teológicos deles eram simplesmente divorciados da verdadeira palavra de Deus.De fato, muitos teólogos contemporâneos e modernos tem o hábito de comparar ensinamentos do Senhor com a cultura e teologia greco-romana. Isso acontece porque eles carregam consigo a errônea ideia de pensar que os Escritos Nazarenos foram produzidos primeiramente na língua grega, e que os discípulos do Senhor em sua maioria ou totalidade falavam o grego. A história, no entanto, nos mostra um lado totalmente diferente.
Qual a origem da palavra “inferno” e por que ela está na Bíblia que lemos hoje?
Infelizmente, não poucas traduções bíblicas que lemos nos dias de hoje trazem consigo uma série de palavras modificadas com ideologias de outras culturas e crenças antigas. À medida que a Bíblia foi sendo traduzida para diversos idiomas ao longo da história, por pessoas que não tinham conexão com a língua original e o povo eleito, vários conceitos estranhos à verdadeira fé bíblica foram introduzidos, e isso acabou fazendo parte de nossa cultura. Tais mudanças também nos faz perder de vista muito conteúdo histórico, além de distorcer ensinamentos teológicos diversos. Como consequência, nossa qualidade de vida e relacionamento com Deus são prejudicados.
Muitos tradutores e copistas infelizmente, ao longo da história, se deixaram levar pelas culturas e crenças que os cercavam só porque eram populares. Além disso, por desconhecerem certas palavras do hebraico bíblico, usaram de conhecimento fora do contexto das Escrituras para traduzi-las. Alguns se esforçaram conforme podiam e conforme os recursos que tinham ao alcance naquele momento histórico para fazer suas traduções; quem sabe, de certa forma, a estes devemos nossos agradecimentos por termos acesso hoje a uma Bíblia em nosso idioma.
Mas outros tradutores, de fato, especialmente os modernos, que desfrutam de mais liberdade e recursos, não quiseram se desapegar do que já estava e está enraizado em nossa cultura, mesmo não sendo o correto.
Dessa forma,eles continuam a alimentar entendimentos distorcidos do texto bíblico original. Além do mais, vários tradutores ainda tentam “facilitar” o entendimento do texto bíblico para o leitor moderno, mas o que eles acabam fazendo, na verdade, é distorcê-lo ou continuar alimentando deturpações. Tal atitude tem feito que a verdade bíblica seja ferida, deturpada, suprimida ou solapada. E quantas crenças mais temos que a grande maioria da população pensa estar correta, mas que se colocadas em comparação ao texto bíblico em seu contexto e idioma original, não está?
Por fim, a palavra “inferno” tem origem no latim, como já dissemos, e seu conceito é um tanto diferente da guehana.
A origem do termo inferno é latino: infernum, que significa “as profundezas” ou o “mundo inferior“. Origina-se da palavra latina pré-cristã inferus, que quer dizer “lugares baixos“, infernus.
Como podemos notar, inicialmente, nos primeiros séculos de nossa era, a palavra “inferno” não designava um lugar de tormento e de fogo, mas sua ideia era mais próxima ao Hades grego, ou seja, um submundo onde os mortos estariam “vagando”, digamos assim.
A primeira tradução das Escrituras Sagradas para o latim surgiu nas últimas décadas do século 2 e posteriormente foi revisada em meados do século 4.
Primeiro havia os textos da Antiga Latina ou Vetus Latina. E, por fim, o monge São Jerônimo fez uma tradução completamente nova de toda a Bíblia para o latim. Ela ficou popularmente conhecida como Vulgata Latina.
Na Vulgata, foi usado o termo latino infernus 61 vezes para traduzir o hebraico sheol, o grego hades e geena, sem distinção.
Isso fatalmente causou vários mal-entendidos ao longo da história, quando desenvolveu-se, fora do ambiente bíblico, o conceito de inferno como um lugar espiritual de tormento e de fogo. Entretanto, assim como hades na cultura grega, infernus inicialmente se referia ao mundo dos mortos na mitologia romana, ou simplesmente ao sepulcro (debaixo da terra). Ora, se essa palavra permanecesse com este último sentido em nossa mentalidade, seria uma tradução adequada para sheol, pelo menos. Mas o problema é que o significado dela “evoluiu”.
É um engano achar que sheol (hebraico), hades (grego) e infernus (latim) são termos sinônimos pelo seguinte motivo: sheol é um termo encontrado apenas na Bíblia Hebraica sem ideias mitológicas; já hades era um termo claramente mitológico no tempo em que foi produzida a Septuaginta (séc. III AEC). Tratava-se de uma palavra carregada de conteúdo religioso sobre a vida após a morte. O Sheol, no entanto, significa simplesmente “sepultura” ou “cova”, em fim, a morte, o fim da vida e da existência.
Jó, por exemplo, desejou ir para o sheol durante seu sofrimento. Ele queria ficar lá até que sua fase difícil passasse (14:13). Então, se o sheol pudesse ser comparado ao inferno tal como conhecemos hoje, como alguém poderia desejar ir para lá procurando alívio para seus sofrimentos? Ou como uma mesma palavra poderia descrever duas coisas tão antagônicas: a sepultura como o fim da vida e da existência, e o suposto inferno, como local tormento sem fim?
Aliás, o próprio Deus afirmou que o homem voltaria ao pó da terra ao morrer, ou seja, pereceria sua vida e seria sepultado debaixo da terra, e não que iria para um tal de inferno ou para o céu (Gn 3:19).
Ao usar o termo “inferno”, a maioria das versões bíblicas em português seguem a tradição da Bíblia Vulgata Latina, e não dos originais bíblicos hebraico e aramaico.
Embora inicialmente não tinha a ideia de tormento no fogo eterno, é atribuído a Dante Alighieri, em sua obra clássica A Divina Comédia, escrita no século 14 EC, a popularização do conceito de inferno como local de fogo onde os demônios atormentam as almas condenadas. Essa visão veio a se tornar a ideia popular entre cristãos e não cristãos de como é o inferno. E isso permanece até hoje. Talvez você já tenha ouvido a expressão “inferno de Dante” por aí, estou certo?!
Então, será que o tal lugar de tormento de fogo chamado “inferno” não existe? Bom, as Escrituras originais falam por si mesmas…
Por fim, a realidade então, consequentemente, é que, quando acreditamos em um tal lugar de tormento e fogo eterno chamado “inferno”, estamos acreditando na Divina Comédia do autor Dante, ou em crenças religiosas antigas, e não em um ensinamento teológico bíblico de verdade.
Não é um tanto ridículo ver que tal palavra adentrou nas traduções bíblicas, em detrimento das palavras que o Senhor realmente pronunciou?
Embora a palavra “inferno” originalmente não designasse tal lugar fictício de fogo e tormento, posteriormente ganhou tal conotação popular através da obra de Dante, homem que foi elogiado pelo Papa Francisco.
Poeta italiano Dante Alighieri
Os tradutores bíblicos modernos, aderindo à crença popular majoritariamente difundida com a publicação do livro de estórias A Divina Comédia, continuam a modificar as palavras do Salvador em suas traduções bíblicas, talvez por causa de fins comerciais, mas naturalmente religiosos também.
Além de tudo isso, a inexistência da palavra “inferno” nos idiomas bíblicos originais nos traz novos questionamentos. Por exemplo, o que o Senhor quis dizer, com o que é trazido nas traduções bíblicas mais tradicionais, “as portas do ‘inferno’ não prevalecerão contra a minha ‘igreja'”? (Mt 16:18)