Posso me casar com uma incrédula?
Posso me casar com uma
incrédula?
Recebi sua carta de 1 de setembro e
vejo que tem passado por dificuldades
quanto às questões que costumam afligir
a todo jovem. Antes de tudo, devo
lembrar lhe que o verdadeiro cristão
não anda segundo os seus sentimentos ou
segundo os conselhos e costumes deste
mundo, e nem mesmo segundo o seu
próprio coração, que é enganoso, mas
segundo Deus e a sua Palavra. Você está
pronto a aceitar a vontade de Deus
conforme ela é mostrada na sua Palavra?
Se assim for, você será feliz, pois ele
sabe o que é melhor para nós.
Suas perguntas giram em torno de
casamento e sexo, preocupações estas
bastante normais aos jovens. Pelo que
me falou da jovem por quem tem
afeição, não posso considerá la uma
crente em Cristo. Ser membro de uma
denominação não é o mesmo que ser
crente, pois se assim fosse eu não
poderia ser considerado crente, pois não
pertenço a nenhuma denominação.
Ser crente é crer verdadeiramente em
Cristo como Salvador. E, quando assim
cremos, recebemos o Espírito Santo que
convence o mundo do pecado. E, tendo
ele habitando em nós, passamos a ter
aversão ao pecado, como aconteceu com
você quando foi convidado a fazer o que
era contrário à vontade de Deus. Porém
uma pessoa que leva uma vida tão
leviana, não tem as características de
alguém que verdadeiramente crê em
Cristo. E um crente nunca deve se unir
em matrimônio com uma incrédula.
Que Deus não aceita o casamento de
seus filhos com os filhos das trevas, é
algo bastante claro nas Escrituras.
“Porque noutro tempo éreis trevas,
mas agora sois luz no Senhor” (Ef 5:8).
“Éramos por natureza filhos da ira”
(Ef 2:3). O incrédulo permanece nas
trevas; continua sendo um filho das
trevas; continua andando segundo “o
príncipe das potestades do ar” (Ef
2:2). Talvez você ame uma jovem e não
veja nela mais do que o exterior, mas
Deus declara que, se ela ainda não é
salva, ela continua nas trevas e por que
você iniciaria um relacionamento nesta
vida, sabendo que logo vocês se
separariam indo você para o Senhor e
ela para o tormento eterno? Não seria
um relacionamento feliz, evidentemente.
Leia 2 Co 6:14 18 e você verá que Deus
não admite nenhuma união, seja
casamento, sociedade, etc., com algum
que não seja salvo. O “jugo” de que fala
ali é o que costumamos chamar de
“canga”, um pedaço de madeira que,
colocado sobre as espáduas de dois
bois, os unem para que juntos puxem um
arado ou carroça. No Antigo
Testamento, falando em figura, Deus
proibiu que se atrelasse um boi e um
jumento, por exemplo, sob um mesmo
jugo. Eles têm alturas diferentes, passos
diferentes, força diferente, etc. Não
daria certo. A passagem de 2 Coríntios
revela o que Deus quis dizer. Um
convertido não pode ser “atrelado” a um
incrédulo, pois seu andar é diferente.
Como somos sempre mais propensos ao
mal, logo o crente estaria acompanhando
os passos de seu parceiro ou parceira
incrédulo(a).
Alguns têm dúvidas sobre 1 Coríntios
7:12, como se fosse uma permissão para
o casamento com incrédulos, mas o
assunto ali é claramente sobre pessoas
que já estavam casadas quando um dos
dois se converteu: “Mas aos outros
digo eu, não o Senhor: Se algum irmão
tem mulher descrente, e ela consente
em habitar com ele, não a deixe...
Porque o marido incrédulo é
santificado no convívio da esposa, e a
esposa incrédula é santificada no
convívio do marido crente. Doutra
sorte, os vossos filhos seriam impuros;
porém, agora, são santos.” Obviamente
o texto também pode se aplicar a alguém
que errou ao se casar com um incrédulo
e depois acha que poderia se separar
por isso.
Se ler o livro de Neemias, verá no cap.
3 a construção dos muros (separação) e
das portas. No versículo 1 Eliasibe
edifica a porta, mas nada diz sobre
colocar fechaduras e ferrolhos. Os que
constroem as outras portas (vers. 3, etc.)
sempre colocavam fechaduras. Eliasibe
deixou sua porta aberta.
Tobias era inimigo de Israel (Ne 2:10,
4:3, 4:7, etc.). Mas Eliasibe, que deixou
a porta sem fechadura, acaba se
aparentando com Tobias e, pela porta
aberta, permite que seja construída uma
casa para Tobias dentro do templo! Veja
isso no capítulo 13. É o resultado de não
nos guardarmos contra o mal, de nos
aparentarmos com os inimigos de Deus,
de termos jugo desigual com incrédulos.
Quando menos esperamos, o mal está
dentro e até mesmo onde mesmo
suspeitaríamos que ele tivesse a audácia
de entrar.
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Mario Persona