Qual a diferença entre o batismo e o selo do Espírito?
Qual a diferença entre o
batismo e o selo do Espírito?
Em sua carta você fez referência ao
assunto do batismo com o Espírito Santo
ou do Espírito Santo. Na última carta
que lhe enviei, inclui um texto que
traduzi (O Espírito Santo) de um livreto
escrito por H. E. Hayhoe, um irmão
canadense, onde está explicado o
assunto. Creio que aquele artigo, bem
como tudo o que os irmãos que
estiveram aí compartilharam com vocês,
já dão a orientação necessária para você
poder buscar os versículos citados e
pedir ao Senhor luz acerca do assunto.
Não sei ao certo qual aspecto
concernente ao batismo com o Espírito
Santo que possa ter deixado dúvidas. É
importante, ao analisarmos tal assunto,
nos desfazermos de todos os
preconceitos adquiridos pela influência
pentecostal que invade o cristianismo a
passos largos, semeando uma fé baseada
no que se vê e no que se experimenta, o
que é contrário à Palavra de Deus para
hoje (At 20:29; Rm 8:24,25; Hb 11:1).
Talvez se você ler novamente o texto
escrito pelo irmão Hayhoe será possível
identificar quais os pontos que tem
gerado dúvidas. Para mim, colocando de
uma forma simples, embora
generalizada, o batismo com o Espírito
Santo ocorreu em Pentecostes. O Senhor
havia dito aos seus discípulos em Atos
1:5 “Vós sereis batizados com o
Espírito Santo, não muito depois destes
dias”, o que consequentemente
aconteceu em Pentecostes, conforme o
relato em Atos 2, quando todos os santos
foram batizados por um Espírito em um
só corpo (1 Co 12:13).
Isto nos mostra que ninguém pode ser
parte do corpo a menos que seja feito
habitação do Espírito Santo, sendo então
acrescentado ao único corpo formado
por ocasião do batismo do Espírito
Santo ocorrido de uma vez para sempre
em Pentecostes. Não existe nada mais
claro sobre o assunto do que o versículo
em 1 Coríntios 12:13. Quando é que
fomos batizados em um Espírito?
Isto é diferente de sermos selados com o
Espírito Santo, cf. Efésios 1:13, que
aconteceu “depois que ouvistes a
palavra da verdade, o evangelho da
vossa salvação: e, tendo nele também
crido”. Enquanto o batismo com o
Espírito ou no Espírito só aconteceu
uma vez no Pentecostes, e somos
incluídos nele, o selo do Espírito só
acontece uma vez, quando alguém crê e
é assim “marcado” ou selado. Por outro
lado, o “enchei vos com o Espírito” é
algo que deve estar presente
constantemente na vida do crente e, este
sim, é um exercício que devemos
praticar continuamente. O grande erro é
que muitos cristãos usam os termos, e os
versículos, indistintamente. Cada coisa
tem o seu lugar, irmão.
A confusão é formada pelos erros
doutrinários que estão sendo espalhados
pela multidão de seitas e denominações
que surgem a cada dia. Os mesmos que
dão ênfase ao batismo com o Espírito
como sendo uma experiência extática
que ocorre depois da conversão, são os
que semeiam um grande engano no
coração e mentes dos pobres irmãos que
a eles se sujeitam. Digo isto em vista do
grande número de cartas que recebemos
de pentecostais expressando o medo de
perderem a salvação ou de ainda não
possuírem o Espírito Santo, por não
terem passado por alguma experiência
visível ou que se pode sentir.
Em uma pesquisa na qual os
participantes deviam responder se
pertenciam a alguma religião ou
denominação e se tinham certeza da
salvação, cerca de 80 a 90% não tinha
certeza da salvação ou acreditavam que
podem perdê la. Muitos ainda
responderam que não eram mais
pecadores. A sua quase totalidade era
de cristãos ligados a denominações
pentecostais.
Em um curso bíblico enviado a pessoas
de todas as crenças cristãs, verificou-se
que os católicos, que revelavam não
conhecer bem a Bíblia, iam buscar em
suas páginas as respostas para as
questões, conforme orientava o próprio
curso, chegando assim a respostas
corretas e de acordo com os versículos
sugeridos. Por outro lado, a grande
maioria que era doutrinada por líderes
pentecostais respondia de acordo com o
que aprendiam em suas denominações,
ficando muitas vezes a resposta
claramente contrária ao versículo ou
versículos sugeridos no texto! É
realmente triste vermos o que está
acontecendo em razão da semeadura de
um evangelho baseado em emoções e
experiências pessoais.
Vou procurar agora me ater às suas
perguntas, embora suas dúvidas tenham
a ver com o que escrevi acima. Sei, pois
passei pelo mesmo problema, que é
muito fácil sermos influenciados pelo
“pacote” pentecostal que busca no nosso
estado emocional, e não na Palavra de
Deus, o termômetro para sabermos se
estamos salvos ou não, se estamos
seguros ou não.
Não posso contestar alguém que me diz
ter tido visões, falado línguas estranhas,
feito previsões proféticas de
acontecimentos, ou entrado em êxtases
profundos. Não posso contestar a
experiência pela qual uma pessoa
passou. Mas posso e devo buscar na
Palavra de Deus a confirmação para
saber se aquilo está de acordo ou não.
Em resumo, devo julgar as experiências
pela Palavra de Deus e não adaptar a
Palavra a elas. Veja, por exemplo, o
caso mais polêmico no meio pentecostal
que são as línguas estranhas. Não me
atrevo a dizer que uma pessoa, que
afirme falá las, não possa fazê lo. Mas
tenho a Palavra de Deus como minha
bússola e devo me orientar por ela.
A Palavra de Deus, escrita pela
inspiração do Espírito Santo, dá cinco
condições para se falar em línguas. Se
forem atendidas menos do que as cinco,
não poderei crer que se trata de uma
manifestação do Espírito, pois se ele se
manifesta de uma maneira diferente
daquela que ordenou, já não poderemos
mais confiar na Palavra escrita. Pode se
verificar se as cinco condições estão
sendo atendidas, fazendo as seguintes
perguntas:
- A reunião onde são manifestadas as
línguas é de portas abertas para todos
ou reservada apenas aos crentes ou
membros da denominação? “De sorte
que as línguas são um sinal, NÃO
PARA OS FIÉIS, mas para os infiéis”
(1 Co: 14:22).
- São no máximo três pessoas que
falam em línguas estranhas ou são
muitas? “E se alguém falar em língua
estranha, faça se isso por dois, ou
QUANDO MUITO três” (1 Co 14:27a).
- Falam um de cada vez ou todos
juntos? “e por sua vez” (1 Co 14:27b).
- Existe interpretação simultânea de
todos os que falam? “... e haja
intérprete. Mas se não houver intérprete,
esteja calado na igreja” (1 Co 14:27c).
- As mulheres também falam? “As
mulheres estejam caladas nas igrejas;
porque lhes não é permitido falar” (1 Co
14:34).
Pode se acrescentar ainda a pergunta:
- Existem judeus presentes? Pois Deus
não enviou os sinais para convencer os
gentios (ou gregos), mas sim os judeus,
“porque os judeus pedem sinal, e os
gregos buscam sabedoria” (1 Co 1:22).
Eu, particularmente, nunca encontrei um
grupo de cristãos que cumprisse as
cinco condições em tal manifestação.
Como dizia, não devemos partir da
experiência para então buscar apoio na
Palavra de Deus, pois fazendo assim
iremos chegar à conclusão que tem
afligido você, ou seja, “me sinto
miserável e SE me sinto miserável,
PORTANTO deve haver algo de errado
com minha salvação”. Isto acontece
quando deixamos de olhar para Cristo e
para sua Palavra e passamos a nos
ocupar com nossos sentimentos. Aliás,
não é exatamente isto o que a maior
parte dos cristãos busca em nossos dias?
Recentemente escutei uma pregação feita
por um pastor pentecostal. Girava em
torno de termos vida em Cristo. Ele
disse que se você for a Cristo, você SE
SENTIRÁ BEM, seus problemas
acabarão, suas enfermidades serão
curadas, sua vida melhorará, etc. Em
nenhum momento ele disse que somos
pecadores e que Cristo derramou seu
sangue sobre a cruz para nos salvar. O
que ele estava fazendo nada mais era do
que oferecer ao homem natural e carnal
um paliativo para seus muitos males. O
mesmo sermão poderia ter sido pregado
em uma sessão espírita ou numa reunião
da seicho no iê ou de outra seita
semelhante.
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Mario Persona