Sem nenhum vinculo com o sistema religioso, usamos este espaço com as escritura, para mostrar os erros deste sistema corrupto de entendimento.
É possível congregar com
desprendimento
denominacional?
Você falou em congregar com
“desprendimento denominacional” e eu
acrescentaria que não existe um
desprendimento denominacional na
prática se não houver uma separação do
sistema denominacional para estar
reunido somente ao nome do Senhor
Jesus Cristo, o nome tão digno ao Pai
que é, infelizmente, muitas vezes,
considerado por nós de somenos
importância.
Quantas vezes nos prontificamos a
alterar só um pouquinho o nosso rumo a
fim de não sofrermos por causa deste
nome tão maravilhoso. E então caímos,
como a grande maioria de nossos irmãos
espalhados pelas divisões, na tentação
de nos identificarmos por mais algum
nome, esquecendo-nos do valor que seu
bendito nome tem para Deus,
esquecendo nos que “Jesus Cristo” é,
segundo o propósito de Deus, aquele
“do qual toda a família nos céus e na
terra toma o nome” (Ef 3:15). Mas por
que tanta importância deve ser dada ao
seu nome? Porque Deus faz assim e
porque disto depende o testemunho da
unidade da Igreja sobre a terra,
testemunho este apresentado aos homens
(Jo 17:23) e aos anjos (Ef 10:3).
Infelizmente vemos o nome de Cristo
sendo considerado algo secundário e os
cristãos passam a dar mais valor à união
dos crentes do que à unidade do um só
corpo, comprometendo assim o
testemunho desta unidade e passando
por cima da verdade. Existe uma
diferença entre união, no sentido em que
estou mostrando aqui, e unidade.
Unidade é aquilo que já temos. Deus fez
a igreja UM SÓ CORPO (Ef 4:4), e isto
independente de nós. Foi ele quem a fez
assim. Cabe agora a nós, darmos
testemunho desta unidade que é tão
preciosa aos olhos de Deus. Ninguém
pode destruir a UNIDADE do Corpo de
Cristo, mas os homens conseguiram
arruinar o TESTEMUNHO desta
unidade, ou seja, aquilo que é visível
aos homens e aos anjos e que coube aos
homens preservar. “Rogo vos, porém,
irmãos, pelo nome de nosso Senhor
Jesus Cristo, que digais todos uma
mesma coisa, e que não haja entre vós
dissensões; antes sejais unidos em um
mesmo sentido e em um mesmo
parecer... Está Cristo dividido?” (1 Co
1:10-13).
Quanto à UNIÃO dos crentes, ela deve
existir (Fp 2:2 diz, na versão atualizada,
para sermos unidos de alma), mas nunca
deve comprometer a verdade. Os
homens dizem: “Não importa que
doutrina você professe ou que
denominação tenha; o importante é
estarmos unidos.” Isto é uma mentira.
Deus nunca coloca o seu selo em algo
que não é segundo a verdade. As doze
tribos de Israel foram divididas, tendo
dez tribos seguido a Jeroboão, que fez
altares para que o povo adorasse fora de
Jerusalém, e duas tribos ficado com
Roboão, adorando em Jerusalém. Deus
permitiu tal divisão, pois ela expressava
o coração do povo, mas, embora Deus
considerasse como seu povo as doze
tribos, reconhecia apenas Judá e
Benjamim como estando no lugar que
ele havia escolhido para por o seu nome
(Dt 12; 2 Cr 10:1 19). Embora as dez
tribos estivessem no lugar errado,
adorando de maneira errada, Deus não
permitiu que Judá e Benjamim lutassem
contra seus irmãos das dez tribos,
mesmo que tal luta fosse para reuni-los
novamente em um só Israel (2 Cr
11:1 4). Mesmo no lugar errado,
continuavam a ser o povo de Deus.
Mas vemos um alerta em 2 Crônicas
11:13 16 que mostra, por um lado, a
bênção de se estar onde Deus colocou o
seu nome (no caso era Jerusalém — o
“UM LUGAR” de Deuteronômio 12) e o
declínio, por outro lado, entre aqueles
que se conectaram com o erro. Jeroboão
lançou fora os verdadeiros sacerdotes
do Senhor, pois não queria que eles
ministrassem entre o povo, e elegeu para
si mesmo sacerdotes, do mais baixo do
povo, que não eram da tribo de Levi (1
Rs 12:31). Assim é o homem: escolhe
para si aquilo que lhe agrada, passando
por cima do que Deus determinou. Isso
acabou em grassa idolatria como
sabemos muito bem. Por outro lado,
“aqueles de todas as tribos de Israel, OS
QUE DERAM O SEU CORAÇÃO A
BUSCAREM AO SENHOR DEUS DE
ISRAEL, vieram a Jerusalém para
oferecerem sacrifícios ao Senhor Deus
de seus pais”.
Mesmo em meio à ruína, sempre haverá
aqueles que desejarão fazer as coisas
conforme a vontade do Senhor, negando
a sua própria vontade. Não duvido que
tenha sido difícil para muitos terem
tomado tal decisão. Se pensarmos que a
grande maioria do povo não adorava no
lugar estabelecido por Deus (dez tribos
contra apenas duas), o mais fácil para
qualquer israelita era adorar mais
próximo de casa. Mas existiram aqueles,
e Deus os recompensará por sua
fidelidade, que saíam de suas casas,
talvez escondidos dos guardas de
Jeroboão, e iam até Jerusalém para
adorar a Deus no lugar e da maneira que
ele havia instituído. Quão preciosa cena
devia ser, aos olhos de Deus, um
israelita fiel enfrentar os perigos e
cansaços da viagem para fazer a sua
vontade! Com certeza isto ficou
registrado no coração de Deus.
Mais adiante encontramos um rei
temente a Deus, Josafá, reinando sobre
Judá e Benjamim (2 Cr 17). Seu reino
foi forte, pois Deus o abençoou
grandemente. Ele não apenas estava no
lugar de testemunho estabelecido por
Deus, mas procurava andar segundo a
sua Palavra (17:4 9). Mas ele errou ao
se aparentar com Acabe, rei de Israel
(as dez tribos), indo se encontrar com
ele em Samaria. Isto é procurar união
fora dos princípios de Deus e fora do
lugar que ele estabeleceu.
Evidentemente Josafá foi bem recebido
e nós também somos bem recebidos
quando nos afastamos daquilo que Deus
nos ordena.
Mas isto somente no começo. Há sempre
uma cilada escondida por trás dos
presentes e das lisonjas que possamos
ganhar e você verá que Acabe preparou
uma armadilha para que Josafá fosse
morto em seu lugar durante a batalha (2
Cr 18). Outra característica daquele que
deixou o lugar que Deus havia
estabelecido, associando se com
aqueles que, embora seus irmãos, não
estavam num lugar de obediência, foi
sua incapacidade de julgar e discernir a
vontade de Deus. Como se diz na
linguagem popular, Josafá passou a
“engolir” tudo sem nenhum julgamento.
Tanto é que quando escuta um
verdadeiro profeta declarar a verdade,
se faz de surdo e segue adiante como se
nada tivesse acontecido. Ele nem mesmo
intercedeu pelo profeta quando este foi
trancafiado, e preferiu seguir adiante
dando ouvidos àqueles que diziam
“coisas aprazíveis” (Is 30:10), tendo
que colher frutos amargos de sua
desobediência.
Enquanto em Roboão vemos que Deus
não permitiu que LUTASSE contra
aqueles que estavam fora do lugar, em
Josafá vemos que Deus não queria que
se UNISSE com aqueles que estavam
fora do lugar. Eram irmãos, povo de
Deus e, portanto não deviam ser
combatidos. Mas estavam fora do lugar
estabelecido por Deus e da forma que
este havia dado para adorarem. Portanto
não deveriam ir a eles. Em um tempo de
maior desvio da verdade, encontramos o
profeta Jeremias sentando se, e
sentindo se, solitário (Jr 15:17) por
causa da impiedade que se espalhava
por toda a parte. E qual foi a
admoestação que Deus lhe deu?
“Portanto assim diz o Senhor: Se tu
voltares, então te trarei, e estarás
diante da minha face; e se apartares o
precioso do vil, serás como a minha
boca; TORNEM SE ELES PARA TI,
MAS NÃO VOLTES TU PARA ELES”.
(Jr 15:19).
Mas o que tem tudo isso que aconteceu a
Israel a ver conosco que somos
cristãos? “Porque TUDO que dantes foi
escrito para nosso ensino foi escrito,
para que pela paciência e consolação
das Escrituras tenhamos esperança”
(Rm 15:4). São lições claras para nós e
seremos néscios se não as atendermos.
Na história de Israel as dez tribos foram
logo dispersas, a ponto de nunca mais
poderem ser consideradas um
testemunho do povo de Deus: “Assim
andaram os filhos de Israel em todos os
pecados que Jeroboão tinha feito:
nunca se apartaram deles. Até que o
Senhor tirou a Israel (as dez tribos) de
diante da sua presença, como falara
pelo ministério de todos os seus servos,
os profetas: assim foi Israel (as dez
tribos) transportado da sua terra à
Assíria até ao dia de hoje. E o rei da
Assíria trouxe gente de Babel, e de
Cuta... e a fez habitar nas cidades de
Samaria, em lugar dos filhos de
Israel...” (2 Rs 17:22 24).
As dez tribos foram dispersas e se
misturaram com as nações e hoje homem
algum poderá identificar um israelita
dessas tribos. Eles serão congregados
novamente somente quando o Senhor
vier para reinar no milênio. No lugar
deles, na terra de Samaria, foram
colocados gentios que aprenderam os
costumes de Israel e tornaram-se os
samaritanos que encontramos no Novo
Testamento. Restou apenas Judá e
Benjamim, que embora tenham sido
levados cativos mais tarde, foram, por
Deus, trazidos de volta a Jerusalém (um
pequeno remanescente) em
Esdras/Neemias, para que houvesse
sempre um testemunho naquele lugar. E
não devemos nos esquecer de que
mesmo no exílio os judeus oravam
voltados para Jerusalém, pois
consideravam o lugar que Deus havia
estabelecido (Dn 6:10).
Assim, embora Deus nunca tenha
deixado de considerar as dez tribos
como seu povo (e as trará de volta no
final), ele colocou o seu selo sobre
Judá/Benjamim para que fossem seu
testemunho na terra até a formação da
Igreja, e também depois que a Igreja for
arrebatada. Seriam os de
Judá/Benjamim melhores israelitas do
que os outros? Não! Eles eram iguais.
Mas guardaram a Palavra do Senhor e
não negaram o seu nome que estava
sobre Jerusalém, o único lugar que tinha
o selo de Deus para que os israelitas
fossem ali adorar.
Há lições para nós? Muitas! Hoje Deus
tem um povo: todos os seus filhos
nascidos de novo; lavados pelo precioso
sangue do Cordeiro e destinados ao céu.
Mas, assim como Israel falhou em
guardar a unidade, este povo de Deus,
que é a Igreja, falhou igualmente. Deus
não tem mais um lugar no sentido
terreno, como era Jerusalém, mas
continua tendo um lugar: “ONDE
estiverem dois ou três reunidos em meu
nome, AÍ, estou EU no meio deles” (Mt
18:20). Somente este lugar, onde Cristo
é reconhecido, sua Palavra TODA é
aceita e o seu nome é o ÚNICO em
evidência, é o lugar que Deus coloca o
seu selo como sendo o seu testemunho
sobre a terra. Embora nem todos os
israelitas adorassem em Jerusalém,
TODOS eram ali representados como
testemunho. Embora nem todos os
cristãos do mundo se reúnam ao nome
do Senhor somente, todos estão ali
representados no único pão. E é dado,
assim, testemunho da unidade e Deus é
glorificado nisso.
Mas o que devemos fazer com respeito
aos nossos amados irmãos que se
encontram fora do bendito lugar de
reunião estabelecido por Deus? O que
fazer com aqueles que não consideram o
nome de Cristo como suficiente para
identificá los, adotando diferentes
denominações? O que fazer com aqueles
que, embora nossos irmãos amados, não
se sujeitam a Cristo como cabeça na
assembleia, colocando homens para
dirigi los e tolhendo, assim, a liberdade
do Espírito? O que fazer com relação
àqueles que estarão junto conosco no
céu, mas que aqui na terra se organizam
em diferentes denominações que não
existirão no céu?
Uma resposta já temos: devemos
amá los e considerá los como irmãos,
ou seja, não fazer guerra contra eles
(como Roboão). E outra coisa que
devemos fazer é não irmos a eles e nem
nos associarmos com eles em suas
denominações e organizações. “O
Senhor conhece os que são seus, e
qualquer que profere o nome de Cristo
aparte se da iniquidade” (2 Tm 2:19).
Se entendermos a gravidade que é
alguém dividir os filhos de Deus por
diferentes nomes; se entendermos a
desonra que é para o Senhor nos
identificarmos com algum outro nome
além do dele; se entendermos o
desprezo à sua bendita Pessoa que é
colocar algum homem dirigindo nos em
adoração; e se entendermos o dano que
tudo isso causou ao testemunho da
unidade do corpo de Cristo, nos
manteremos afastados das
denominações, dos seus sistemas
humanos e dos seus cultos.
Mas, se não entendermos que tudo isso é
“iniquidade”, nossos sentidos estarão
embotados e já teremos sido seduzidos
pelas “oportunidades” que poderão se
nos apresentar no meio denominacional.
“Porque virá tempo em que não
sofrerão a sã doutrina; mas, tendo
comichão nos ouvidos, amontoarão
para si doutores conforme as suas
próprias concupiscências; e desviarão
os ouvidos da verdade, voltando às
fábulas.” (2 Tm 4:3, 4).
Faz algum tempo um pastor que conheci
numa cidade próxima daqui,
convidou me para falar em sua igreja.
Com todo o cuidado para não ofendê lo,
expliquei a ele como me reunia, e
atenderia ao seu convite se fosse para
falar, por exemplo, em sua própria casa.
Mas, expliquei, minha consciência não
me permitiria reunir em um lugar que
estivesse sob a placa de uma
denominação que divide os crentes. Na
oportunidade dei de presente a ele
alguma literatura.
A última notícia que tive dele, dada por
duas pessoas diferentes, membros de sua
denominação, foi que ele, no púlpito,
pregou contra a literatura que ganhara,
dizendo que se tratava de algo
produzido por uma organização com o
objetivo de destruir as denominações.
Na ocasião ele chamou no púlpito
irmãos e irmãs que receberam literatura
semelhante, para que se
comprometessem a trazer a ele toda
literatura para ser queimada. Isso
demonstrou o que há no coração daquele
líder eclesiástico. Deus, em toda a sua
Palavra, exalta a Cristo como cabeça
sobre a sua Igreja. E não deveríamos
nós também exaltá lo assim? Não
importa quanta oposição iremos receber
(e sempre haverá oposição), devemos
nos firmar na Verdade, custe o que
custar. “Toda a planta, que meu Pai
celestial não plantou, será arrancada”
(Mt 15:13).
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Mario Persona