radiação gama no pré-tratamento do bagaço da cana-de-açúcar

Isabel Garabini, Jul 21, 2023

Olá pessoal! Tudo bem? 

Meu nome é Isabel e estou atualmente indo para o 7º período do curso de Engenharia Química. Fui convidada pela equipe do SemprEQ para compartilhar um pouco da minha experiência com o meu projeto de iniciação científica, intitulado "Investigação experimental do uso da radiação gama para pré-tratamento do bagaço da cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) visando a produção de biocombustíveis", realizado no Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN/CNEN).

Desde o início, eu era uma pessoa bastante indecisa na hora de escolher o meu curso. Optei pela Engenharia Química por ser um curso com diversos caminhos e possibilidades dentro da área de exatas/engenharias. No entanto, mesmo após escolher o curso, me vi em uma nova indecisão: qual caminho ou área profissional seguir dentro da Engenharia Química? Para sanar essa dúvida, busquei aproveitar ao máximo as atividades extracurriculares oferecidas pelo curso. Participei da empresa júnior (Mult - Consultoria e Projetos) e atualmente estou envolvida na iniciação científica e na organização da 39ª Semana de Engenharia Química da UFMG.


Sempre tive dúvidas sobre minha inclinação para ser pesquisadora, e não há melhor maneira de sanar essa dúvida do que ingressando em uma iniciação científica, por isso entrei para a IC no início do meu 5º período. Essa oportunidade me permitiu vivenciar a pesquisa de perto e descobrir se era realmente o caminho que eu desejava seguir. A iniciação científica proporciona uma oportunidade única para desenvolver habilidades e enfrentar desafios. Durante esse período, aprendi a ser mais proativa, a consultar bibliografias relevantes para o meu projeto, a analisar resultados de forma crítica e a lidar com a frustração quando as coisas não saiam como planejado. Além disso, a comunicação efetiva com os orientadores e outros profissionais da área foi uma parte essencial do meu crescimento.

A minha iniciação científica foi realizada no CDTN, uma instituição de pesquisa que sempre me fascinou por sua estrutura, atividades e projetos desenvolvidos. Durante o programa, tive o privilégio de acompanhar o trabalho de mestrado do Leonardo Yago Zwetsch Varella, que consistiu no estudo dos efeitos da radiação gama no bagaço de cana-de-açúcar para pré-tratamento. Como orientador tivemos o professor Amir Zacarias Mesquita, coordenador do  LIG (Laboratório de Irradiação Gama). Durante esse processo, realizamos análises de aspectos físicos, solubilidade em água, cristalinidade e teor de celulose e lignina. 

Tivemos o suporte e a orientação valiosa do professor Amir, como também dos professores Erika Cristina Cren e Daniel Bastos de Rezende do Departamento de Engenharia Química (DEQ) da universidade. O título da dissertação é: “"Investigação experimental do uso da radiação gama para pré-tratamento do bagaço da cana-de-açúcar (Saccharum spp.) visando a produção de biocombustíveis" 

O pré-tratamento do bagaço da cana-de-açúcar é uma etapa crucial para a produção de etanol de segunda geração. Esse processo consiste em tornar a biomassa mais acessível às enzimas que serão utilizadas na etapa subsequente, a hidrólise enzimática. O bagaço, que é uma fonte rica em celulose, hemicelulose e lignina, passa por tratamentos físico-químicos, como a aplicação de radiação gama, com o objetivo de quebrar as estruturas complexas da biomassa e torná-la mais suscetível à ação das enzimas.

A importância desse pré-tratamento reside na eficiência e no aumento da produção de etanol de segunda geração. Ao tornar a biomassa mais acessível às enzimas, é possível obter uma maior conversão dos açúcares presentes na celulose e na hemicelulose em etanol. Além disso, o pré-tratamento contribui para a redução dos custos de produção, uma vez que permite o aproveitamento de resíduos agrícolas, como o bagaço da cana-de-açúcar, que antes eram descartados. Dessa forma, o pré-tratamento do bagaço de cana-de-açúcar para a produção de etanol de segunda geração é uma etapa-chave para viabilizar uma fonte de energia renovável e sustentável, contribuindo para a diversificação da matriz energética.

Antes da entrega do mestrado, o trabalho esteve presente no VI SENCIR - Semana Nacional de Engenharia Nuclear e da Energia e Ciências das Radiações, onde os resultados foram apresentados na Escola de Engenharia UFMG. Atualmente, o mestrado do Leonardo foi finalizado e ele foi aprovado com sucesso! No momento, estou utilizando a matéria-prima restante do material irradiado para produzir, por fim, o etanol.

Uma dica valiosa que gostaria de compartilhar com vocês é aproveitar ao máximo todas as oportunidades que a UFMG oferece. Vivenciar essas iniciativas dentro da faculdade foi de extrema importância para o meu desenvolvimento pessoal e acadêmico, pois me proporcionaram um espaço para descobrir e direcionar o curso para a área com a qual mais me identifico. Participar da iniciação científica e envolver-me em outras atividades extracurriculares me permitiu explorar diferentes áreas da Engenharia Química, adquirir novos conhecimentos e conhecer profissionais inspiradores. Aproveitem cada momento e busquem oportunidades que despertem o interesse de vocês, pois essas experiências serão fundamentais na jornada acadêmica e no futuro profissional.

Isabel Garabini, ingressa em 2020/2. Julho 21, 2023. 

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