Sobre as curvas de uma carreira

Naiara Ambrósio, Jun 05, 2020

Se assim como eu você sente uma paz quando pensa que "a vida está sob controle", sabe bem o conforto que é lidar com situações lineares. Me refiro àquelas situações em que a linha de chegada é clara e o percurso também. Pra mim, por exemplo, uma etapa linear da vida foram meus anos de estudante antes ingressar na universidade. O caminho estava dado, o alvo também. Eu tive o privilégio de ter o caminho pavimentado - quantos infelizmente não têm as mesmas oportunidades - e, de certa forma, entrei na Engenharia Química com a expectativa de que os próximos passos continuariam sendo previsíveis. Esse texto é pra compartilhar um pouco de como e porque essa minha expectativa foi frustrada (e ainda bem que foi!), na tentativa de que meu exercício para lidar com o desconforto do não-linear te acrescente de alguma maneira.

Bom, há um pouco mais de 6 anos, aos 18, eu estava no meu primeiro semestre de UFMG cheia das certezas de que seria uma engenheira da Petrobras e seguiria carreira em uma empresa grande e renomada, do jeitinho que meu pai fez. Hoje, aos 24, sou engenheira química e não trabalho na minha área porque de lá pra cá minha trajetória fez várias curvas e em uma esquina esbarrei com a EloGroup, onde trabalho hoje. A Elo (não, não é a do cartão hehe) é uma consultoria de gestão que tem ampliado sua atuação para os pilares de Tecnologia e Analytics. Quem me conhece sabe que sou suspeita pra falar do assunto, porque de fato a Elo é mais do que eu esperava pro meu início de carreira. Costumamos falar que somos uma consultoria que nem parece consultoria. No meu dia a dia, vivo esse lema na prática por estar rodeada de pessoas jovens, talentosas e que me inspiram todos os dias. Pessoas que jogam junto, são empreendedoras e participam ativamente da construção da empresa. E essa foi a cultura que ganhou meu coração, por me mostrar que eu podia unir um estilo de trabalho que descobri que gostava com um local e com pessoas que estivessem alinhados com os meus valores.

Mas esbarrar com a Elo não foi um encontro casual. Antes de descobrir na consultoria possibilidades que me encantavam, minha trajetória na universidade foi de pura experimentação. Desde o dia em que pisei no campus da UFMG, decidi que iria explorar ali todas as oportunidades que me atraíssem. Então me aventurei por iniciativas diversas, que não tinham necessariamente conexão entre si, mas que foram contribuindo para que eu construísse ativamente minha trajetória, decidindo as curvas que eu gostaria de fazer em busca do que fazia mais sentido pra mim. Nas aventuras, transitei em temáticas diferentes: desde pesquisa sobre malária até estágios em startup de educação e indústria alimentícia, incluindo nessa mistura alguns ensaios sobre liderança e recursos humanos no Movimento Empresa Júnior. Parei pra refletir inúmeras vezes durante essa caminhada se eu não estava me perdendo em esforços descoordenados que não me levariam a lugar algum. Mas hoje é claro para mim que todas essas experiências me trouxeram a um momento de felicidade e realização; e que as pessoas que conheci e as situações não lineares que vivi deixaram mais do que aprendizados: elas abriram muitas portas.

Uma das portas mais legais que se abriram recentemente foi a oportunidade de passar um dia inteirinho com a CEO da maior empresa privada de saneamento básico do Brasil. Durante esse dia, pude conhecer a Teresa Vernaglia, CEO da BRK Ambiental, e observar um pouquinho da mulher e líder forte, polivalente e inspiradora que ela é.

Dos aprendizados que a graduação e as experiências vividas me ensinaram, acredito que 4 tenham um valor maior para mim. O primeiro deles foi a comprovação de um aspecto que sempre esteve presente na minha vida por meio do exemplo da minha avó: quando a gente se coloca na posição de "eterno aprendiz", só temos a ganhar. Passei a entender cada vez mais que a vontade/sede por aprendizado contribui para nos tornar pessoas e profissionais mais completos. Na Elo, chamamos essa habilidade (bastante importante para um consultor) de curiosidade intelectual. O segundo ponto que aprendi foi o benefício dos objetivos de médio prazo para a carreira. Bastaram alguns meses de Engenharia Química para que eu percebesse que minha trajetória não seria tão linear quanto eu previa. Fazer carreira de décadas em uma empresa foi excelente para o meu pai e para muitas pessoas da geração dele, mas não era aquilo que funcionaria pra mim. A graduação fez questão de derrubar cada certeza que eu carregava sobre mim e sobre o mundo quando entrei; e isso foi um processo de aprendizagem maravilhoso. Mas então, se ser uma engenharia da Petrobras não era exatamente o que combinava comigo, como descobrir o caminho que eu queria trilhar? Aprendi que estabelecer objetivos de médio prazo era algo que me ajudava. Posso não conseguir me projetar com clareza para daqui 10, 15 anos, mas consigo traçar como quero estar em 3 ou 5 anos e isso se torna um mecanismo para lidar com o desconforto de enfrentar um caminho não linear até lá.

Terceiro ponto: tudo é sempre sobre pessoas. Conheci gente incrível por onde passei e aprendi muito com cada um. Pra além do famoso - mas superficial - networking, os vínculos que vamos criando são o que conta e o que fica. Esse é um dos principais motivos que me levaram à Elo. Foram as trocas e conversas com algumas das várias pessoas incríveis com quem topei que me levaram ao quarto e último aprendizado da lista (esse bastante pessoal): descobri, afinal, que me identificava com uma carreira genérica e mais dinâmica. Foi fazendo cada vez mais sentido pra mim a possibilidade de seguir experimentando diferentes temáticas e setores no início da minha carreira, assim como experimentei durante a faculdade. Dessa forma eu seguiria conhecendo e descobrindo muita coisa sem a necessidade de escolher algo e me especializar naquilo de imediato. Essa descoberta sobre minhas vontades e gostos acabou abrindo espaço para pesquisar mais sobre consultoria e cá estamos há quase 2 anos trabalhando com algo que me faz muito feliz.

Nesse tempo de Elo, já fiz parte de 6 projetos de temáticas variadas: saúde, educação, tecnologia, serviços digitais e bens de consumo. As soluções desenvolvidas em cada contexto também foram diversas e me ofereceram a oportunidade de estudar metodologias diferentes. Trabalhei com redesenho de processos, dimensionamento de pessoas, implantação de plataforma digital, automatização de serviços e estratégia M&A. Tive a oportunidade inclusive de representar a Elo na Argentina. Foram dois anos dinâmicos que me permitiram me reinventar e explorar constantemente o novo. Hoje faço parte de um projeto em que idealizamos e ativamos em alguns estados e municípios uma plataforma inteligente de atendimento virtual dos cidadãos, nascida para apoiar governos no combate ao novo Coronavírus. Vivo um momento que reúne duas coisas valiosas para mim: a satisfação de estarmos contribuindo para a sociedade brasileira de alguma forma e a alegria de estar próxima de um tema que me atrai cada vez mais, a saúde pública.

Tudo o que relatei aqui é fruto de ensaio e experimentação e espero que esse seja só o começo da jornada. Trocar a certeza de uma trajetória linear pela flexibilidade de me reinventar foi bom para mim. Fica também o convite para refletir sobre o que te ajuda a lidar com o desconforto do imprevisível e apreciar as curvas do seu caminho - e da sua carreira.

Time Elo do escritório de Belo Horizonte no evento de encerramento de 2019.

Naiara Ambrósio, formada em 2019 . Jun 05, 2020

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