Izabella Gottschalg - Combustíveis e a Engenharia Química

Nov 20, 2020

Olá, EQ! Como estão?

Meu nome é Izabella e fui convidada pela equipe do SemprEQ para falar sobre a minha iniciação científica na área de biocombustíveis. Fiquei bem feliz com o convite, já que a experiência que tive foi muito importante para o meu desenvolvimento e pode ser um caminho interessante para alguém que deseja conhecer as iniciativas existentes na UFMG. No entanto, acho relevante falar um pouco da minha trajetória até chegar na Engenharia Química.

Antes de ingressar na universidade, ainda no ensino médio, tive muita dificuldade para decidir o que escolheria como profissão, mas no final do terceiro ano surgiu uma oportunidade ímpar na área científica. Participei do desenvolvimento de um projeto de espumas a partir de resíduos, e tive a certeza que gostaria de trabalhar com algo parecido. Desde pequena sempre gostei muito de entender o funcionamento das coisas, e sobretudo de associar os fenômenos com as explicações fornecidas pela ciência. Antes mesmo de optar por um curso, eu determinei que estudaria na UFMG, e isso foi um sonho ao longo da minha vida estudantil.

Em 2018, eu ingressei no curso de Química na UFMG, mas não estava totalmente realizada. Já havia feito algumas visitas em indústrias e me identifiquei muito trabalhando nesses locais. Além disso, eu tenho grande interesse na área de combustíveis e energia, sendo a grande motivação de fazer a minha iniciação científica e, ademais, de mudar para o curso de Engenharia Química. Após conversar com alguns químicos e engenheiros químicos e fazer pesquisas, decidi fazer a mudança e hoje tenho a certeza absoluta de estar no curso certo, na universidade que sempre almejei e extremamente feliz por estar construindo minha vida profissional com a ajuda de tantas pessoas competentes e, mais ainda, por sentir uma enorme identificação com essa carreira.

Logo nos primeiros dias que estava na universidade, conheci os laboratórios do Departamento de Química, e resolvi que tentaria alguma iniciação científica. Existem inúmeros grupos de pesquisa, mas eu queria ter um contato com a área de combustíveis, e conheci o LEC - Laboratório de Ensaios de Combustíveis, administrado pela professora Vânya Pasa. Fiquei encantada, inicialmente, pela estrutura e pelos projetos desenvolvidos. Gosto da área porque acredito que é um ramo que precisa se reinventar e inovar constantemente para promover cada vez mais o desenvolvimento tecnológico, sem jamais esquecer do pilar da sustentabilidade, que é um grande desafio atual.

Na época, não existiam bolsas de iniciação científica, mas mesmo assim conversei com a professora Vânya para saber se poderia ajudar em algum grupo de pesquisa como voluntária. O LEC é um laboratório multiusuário, com total integração entre ensino-pesquisa-extensão. Ele foi estruturado no início de 2000 para realização de testes para identificar possíveis estabelecimentos que estivessem realizando adulteração de combustíveis, em parceria com a ANP - Agência Nacional de Petróleo, com Ministério Público e com o Procon.

No meu primeiro semestre como aluna do laboratório, auxiliei uma pesquisa sobre o BioQav - Bioquerosene de Aviação. O projeto já estava no final, mas tive contato com a rotina de um laboratório, acompanhei a execução de reações químicas em um reator, participei de algumas aulas da pós-graduação sobre catálise, li artigos científicos, participei da análise dos resultados dos processos químicos e elaborei alguns catalisadores feitos com diferentes metais pelo método de impregnação.

Em 2019, fui convidada para participar de um novo projeto, também uma pesquisa de doutorado, que envolvia diretamente o estudo de catalisadores para a conversão de óleos, focando nas propriedades físicas e principalmente químicas dos metais utilizados na catálise e nos resultados das reações. Nessa época, fiz diferentes tipos de catalisadores, avaliando a influência do metal escolhido, da porcentagem de determinado metal no composto e do tipo de suporte usado. Acompanhei a minha orientadora em inúmeras reações e reduções feitas em um reator sob condições de pressão e temperatura específicas com cada um dos catalisadores que elaboramos. Analisamos, além da eficiência de cada catalisador, como a pressão e a temperatura usada nas reações interferia na conversão final.

Mandamos amostras dos produtos gerados para análises laboratoriais e descobrimos que os catalisadores usados não estavam promovendo o resultado esperado. É imprescindível ressaltar esse fato, dado que muitas vezes temos a ideia equivocada de que a pesquisa é algo simples e rápido, mas demanda muito esforço, dedicação e saber lidar com os possíveis resultados fora da curva, que acontecem com frequência. Hodiernamente, deve-se ter em mente que os cientistas estão se desdobrando para desenvolver o mais rápido possível uma solução eficaz e definitiva para a COVID-19, e a sociedade precisa ter paciência e nunca esquecer de defender a pesquisa.

Não consigo descrever o quanto eu aprendi no LEC, e recordo que, nos meus primeiros dias na bancada do laboratório, tinha medo até de pesar reagentes. Agradeço imensamente a oportunidade de ter trabalhado com uma equipe competente e muito dedicada. Apesar de amar a pesquisa, não me vejo na área acadêmica, e é por isso que a vivência das iniciativas existentes na universidade são cruciais, já que podemos definir melhor o nosso perfil profissional. Atualmente, estou na empresa júnior da Engenharia Química, a Mult, que também contribui diariamente para o meu crescimento. Fazer parte da UFMG e da Engenharia Química é motivo de muito orgulho para mim, e me considero sortuda de ter tido acesso a esse ‘fantástico mundo’ que o nosso curso oferece.

Izabella Gottschalg, aluna da turma 2019/2. Nov 20, 2020

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