Letícia Bittencourt - TRATAMENTO DE REJEITOS RADIOATIVOS ORG NICOS: LÍQUIDOS DE CINTILAÇÃO

Junho 11, 2021

Olá, pessoal!

Fui convidada pelo SemprEQ para falar um pouco sobre minha vivência durante a iniciação científica e aqui estou eu!

Antes de entrar na faculdade, nunca tive um sonho de me formar em uma profissão específica. Durante os anos de estudo para o vestibular, porém, comecei a me identificar com a engenharia química, passei para a UFMG e hoje sou completamente apaixonada pelo curso. Atualmente, estou no nono período e já faço estágio, mas minha trajetória na faculdade foi marcada por diversas participações extracurriculares.

Durante o ciclo básico, participei de projetos como a Mult e a Semana de Engenharia Química, porém, sempre senti a necessidade de conhecer o ramo da pesquisa, pois o ambiente acadêmico também me interessa.

Dessa forma, assim que finalizei minha participação na empresa júnior, estava a procura de uma iniciação científica. Meu interesse era mais focado na experiência, por isso não estava preocupada com programas de bolsas. Porém, ao visualizar stories no instagram (rsrsrs), um conhecido estava divulgando uma bolsa de iniciação no CDTN. Decidi, então, entrar em contato com a orientadora disponível no anúncio e ela rapidamente marcou nossa entrevista. Me lembro de fazer a entrevista de manhã e de tarde receber o e-mail de aprovação.

O CDTN (Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear) é um centro de pesquisa vinculado ao CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) e possui vários serviços como pesquisas, pós-graduação e destinação de resíduos com isótopos radioativos. A orientadora da pesquisa que participei, Valeria Cuccia, é formada em Engenharia Química também pela UFMG e faz parte do SEGRE, gerência que é responsável pelos resíduos em geral. O meu trabalho, mais especificamente, era voltado para o tratamento de rejeitos que eram gerados nos laboratórios do próprio centro. Isso porque, em uma das técnicas de identificação de radioisótopos, um certo tipo de solvente orgânico, chamado líquido de cintilação, era utilizado e acabava por agregar componentes como trítio (3H). Assim sendo, pela legislação ambiental vigente, era necessário certo tratamento desse material para posterior deposição. Nossa tese era a de usar um polímero comercial para a imobilização do rejeito, de acordo com as normas especificadas pela própria CNEN.

Na verdade verdadeira, eu não escolhi a área nuclear, ela que me escolheu pois o meu foco naquele momento era conhecer o processo de desenvolvimento de conhecimentos científicos, sejam quais fossem esses conhecimentos. Hoje em dia, porém, me sinto muito grata por ter podido conhecer essa área dentro da minha graduação. Isso porque não temos uma disciplina com esse foco no curso e é algo muito interessante, com várias vertentes de estudo, muito a ser melhorado e diversas perspectivas futuras.

Em março de 2020, como já é de conhecimento de todos, iniciou-se para nós, no Brasil, a pandemia da COVID. Esse ponto foi, para mim e imagino que para o resto do mundo, muito difícil, pois tive que abandonar a prática do laboratório em razão das restrições de circulação. Dessa forma, eu e minha orientadora tivemos que adaptar nosso trabalho a forma remota, o que impediu que mais resultados práticos fossem obtidos e limitou nossas opções a escrita de relatórios e artigos. Para nossa organização, eu ficava responsável pela escrita e leitura de fontes bibliográficas e ela pela revisão do relatório e determinação dos próximos passos. Nesse modo de trabalho eu sentia dificuldades em manter o ritmo, estando em casa e em meio a toda incerteza que estávamos vivendo. Porém, a Valeria sempre foi muito zelosa e compreensiva, e, aos poucos, fomos acertando as entregas e finalizando as tarefas.

Costumo dizer, já durante a IC e até hoje, que a minha vivência no CDTN foi agregadora como profissional, como estudante e também como pessoa. Isso porque eu fui capaz de desbravar um campo do qual eu não tinha conhecimento e que até hoje me fascina, que é a área nuclear, bem como desenvolver habilidades de organização, leitura de artigos e senso crítico e, além disso, aprender com uma orientadora que, sendo mulher e engenheira, serviu e serve de inspiração para mim.

Atualmente, tendo conhecido a ciência nuclear bem como o campo de pesquisas, me sinto mais segura para afirmar que essa é uma das minhas opções como profissional e que, se minhas experiências nesse ramo forem tão boas quanto a IC, terei um ótimo caminho pela frente.

Por fim, para quem leu até aqui e se interessou pela área nuclear, pelo CDTN ou pela linha de pesquisa da Valeria, envie um e-mail para ela até o fim de junho, pois ela estará avaliando a inclusão de um novo bolsista.

Letícia Bittencourt, ingressa em 2017/1. Junho 10, 2021

Tem interesse em fazer uma IC? A Izabella contou sobre suas experiências dentro do LEC! Não deixe de ler o relato completo!

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