Uma trajetória movida pela curiosidade e pela busca do conhecimento

Gabriela Rodrigues Niquini, Out 2, 2020

Desde sempre eu gosto de estudar e me desafiar, e minha escolha pela Engenharia Química passa por isso. Eu sabia que seria um curso difícil, já começando pelo vestibular, mas nunca vi isso como um entrave, muito pelo contrário. Eu me considero cientista no sentido mais bonito da palavra: ser curiosa, duvidar (no bom sentido) de tudo que me falam e correr atrás de respostas por mim mesma.

Ingressei na graduação em 2013 na UFMG, e minha trajetória foi relativamente linear. Bem no começo do curso, realizei iniciação científica no Laboratório de Corrosão, com a professora Vanessa, e, embora eu fosse muito “crua”, essa experiência me apresentou para o mundo da pesquisa, mostrando que ele é bem diferente das aulas práticas, nas quais o passo-a-passo está pronto, e cabe ao aluno segui-lo. Parte importante da pesquisa é exatamente descobrir qual caminho deve ser percorrido, e isso é um desafio para mim até hoje, muito mais que propriamente executar o plano.

Entre 2015 e 2016, realizei intercâmbio para os Estados Unidos. No retorno ao Brasil, fiz nova iniciação científica, desta vez com a professora Andréa. Trabalhei com levantamento e tratamento de dados (algo totalmente diferente de corrosão), e o período de quase dois anos me rendeu duas publicações em periódicos científicos. Concluí o curso em 2018 e fui contemplada com a medalha de ouro pelas notas obtidas durante o percurso. Dada a minha trajetória acadêmica, meu perfil e alguns feedbacks importantes que recebi ao longo do caminho, a escolha pela pós-graduação me pareceu natural.

Ingressei no mestrado em 2019 e sou orientada pelo professor Esly, trabalhando no Laboratório de Modelagem e Otimização de Processos. Minha escolha pelo tema do mestrado foi um tanto tardia, principalmente pela minha vontade de fazer algo diferente do que seria minha zona de conforto. Essa escolha passou pela ida ao Simpósio Brasileiro de Pesquisa Operacional, no qual apresentei um trabalho realizado em uma disciplina na graduação. Nesse simpósio, eu entrei em contato com a chamada Pesquisa Operacional, uma área do conhecimento que se propõe a formular e resolver problemas de otimização a partir de situações práticas das mais variadas naturezas. No Brasil, esta é uma área mais estudada na Engenharia de Produção, mas eu considerei que eu tinha o conhecimento básico suficiente e me propus a correr atrás do resto, com o respaldo e as diretrizes do meu orientador.

O meu trabalho de mestrado está sendo realizado em parceria com uma indústria de papel-cartão para embalagens – caixas para bebidas, alimentos congelados e afins. Essa indústria deve atender a uma demanda mensal para cada uma das variedades de papel-cartão. Estes são produzidos em uma máquina operando em regime contínuo e, para cada troca entre duas variedades de papel, existe um tempo, chamado tempo de setup, em que se produz refugo ou papel de qualidade inferior. Esse tempo depende dos papéis envolvidos na troca. O objetivo do trabalho consiste em minimizar o tempo total de setup para o planejamento mensal, alterando-se a sequência de produção dos lotes. Concomitantemente, deve ser observada a dimensão dos lotes, obedecendo a um limite mínimo e a um limite máximo. Um menor tempo total de setup implica em economia para a indústria e menor geração de resíduos. Mesmo ainda sendo necessários ajustes no modelo, já foi possível verificar reduções expressivas no tempo total de setup respeitando as restrições do processo.

De maneira geral, estou orgulhosa do meu trabalho. É um tema desafiador, por fugir um pouco do universo da Engenharia Química e que está me forçando a estudar de maneira autônoma.

Ademais, por ser uma parceria com uma indústria, os resultados obtidos podem ser diretamente aplicados à produção, atingindo a tão almejada conexão entre a pesquisa nas universidades públicas e a indústria. Quanto ao meu futuro, o doutorado é uma opção – a mais provável delas –, mas não descarto a ideia de adquirir vivência no mercado de trabalho. Independentemente do caminho a ser seguido, me sinto extremamente realizada no meu mestrado e acredito que a missão de formar uma pesquisadora tenha sido cumprida.

Gabriela Niquini, mestre em Engenharia Química pela UFMG. Out 2, 2020.

Gostou do texto da Gabriela? Bem legal, né? Vem conferir o texto do Ricardo Dorledo sobre seu doutorado!

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