Relato de intercâmbio - BRUNO JOSÉ

Abr 14, 2023

E aí, pessoal! Como vocês estão? Meu nome é Bruno e atualmente estou no 6º período da EQ. Fiquei muito feliz por ter sido convidado pelo SemprEQ para compartilhar um pouco da minha experiência de intercâmbio no último semestre. Espero que a minha história possa ajudar quem está pensando em seguir o mesmo caminho.

Para começar, acho importante contar um pouco sobre a minha trajetória. Eu nasci e cresci em Sete Lagoas, e, para ser sincero, Engenharia Química nunca foi o meu sonho. Por ter estudado em um colégio cristão no interior, só fui conhecer uma universidade no primeiro ano do ensino médio, quando fui incentivado a prestar vestibulares seriados.

Desde o primeiro contato, fiquei encantado com a química, mas a parte da engenharia sempre foi uma grande incógnita. Como o curso é muito amplo, decidi entrar na EQ-UFMG para me descobrir em cada área, tanto profissional quanto pessoalmente, de modo a me poupar da escolha da carreira sendo tão novo.

Durante a graduação, participei de diversas iniciativas para tentar me encontrar em cada canto, como a Mult, GEQLMS, algumas matérias optativas e duas Iniciações Científicas. No entanto, sempre pensei: por que não fazer um intercâmbio? Os processos seletivos disponíveis pareciam muito obscuros e distantes, meu mundinho de Sete Lagoas já havia se expandido bastante quando tive que vir morar em BH e, além disso, eu só tinha saído de Minas duas vezes na vida, então ir para fora do país parecia inalcançável.

Os principais processos disponíveis hoje para Engenharia são o Edital Unificado (que compreende todos os programas gerenciados pelo DRI-UFMG, com ou sem bolsa, como Minas Mundi, Escala Estudantil e ELAP), BRAFITEC (um ano como bolsista CAPES em Lille, na França) e o ParisTech (dois anos de duplo diploma nas mais prestigiadas escolas de Engenharia francesas). Meu foco sempre foi o ParisTech, mas como o processo seletivo do Edital Unificado é muito simples, decidi aplicar para ver no que dava e acabei passando – meio que ao azar - para a Bélgica.

Logo, pela minha trajetória, fica claro que a Bélgica não estava nem perto dos meus planos. O que um país onde o símbolo nacional é um menininho fazendo xixi e a principal comida é waffle poderia me oferecer? Bem, à primeira vista, nada! Mas como a plataforma do SiGA só nos dava um dia para confirmar nossa vaga antes de rodar as listas de espera, decidi aceitar o desafio para me testar e ver se passar dois anos no exterior (no caso do ParisTech) era o que eu realmente queria, assim como se eu iria me adaptar às novidades e desafios.

Quando cheguei lá, fui apadrinhado por um estudante belga da Université de Liège, que me ajudou desde quando desembarquei do avião até quando fui à prefeitura regularizar minha documentação. Com ele - e após com outros - percebi que, apesar de serem relativamente frios e fechados, assim como nos estereótipos, os belgas são bastante prestativos, gentis e educados. No entanto, como em toda regra há exceções, logo no primeiro local que achei para morar - uma espécie de "coabitação", em que vivemos no quarto da casa de uma família, chamada de "kot" - sofri desrespeito do proprietário e, por isso, fiquei alguns dias em um hostel que, por coincidência, estava contratando novos voluntários em troca de estadia e alimentação. Trabalhei lavando louça e limpando a cozinha lá até o fim do intercâmbio.


A Bélgica me encantou com novas culturas, mas também me fez valorizar a nossa. Percebi que a Europa é extremamente romantizada e que eles sofrem de vários problemas semelhantes aos nossos (como pobreza e violência) e outros que já temos soluções há décadas (utilização de combustíveis e fontes energéticas renováveis), mas mesmo assim nos sentimos incapazes, quando, na verdade, nossa formação é por vezes bem mais rigorosa que a deles. De fato, questões como qualidade de vida e trabalho são mais facilitadas (mas longe de serem garantidas!), mas outras questões como clima, alimentação, distância da família/amigos e apatia das pessoas talvez pesem tanto quanto ou até mais na hora de decidir morar no exterior.

Assim, fiquei 7 meses em um país francófono sem ter feito nem um ano de francês, realizei 6 disciplinas (3 em inglês e 3 em francês) sobre as diversas áreas da EQ, viajei para vários países e cidades vizinhas, fiz amizades de diversas nacionalidades e vivi realidades completamente diferentes de tudo que tinha visto antes. No fim das contas, essa experiência trouxe muito mais desenvolvimento pessoal do que acadêmico, pois aumentou demais aquele meu mundinho. Antes, tudo o que eu conhecia poderia facilmente caber em um raio de 80 km a partir da Lagoa Paulino, no centro de Sete Lagoas. Hoje, vejo quão gigante é o mundo, mas ao mesmo tempo minúsculo para quem tem vontade suficiente para conhecê-lo.

Como sei que o processo é extenso, chato, difícil e nebuloso, mas imensuravelmente recompensador, me disponho a tirar qualquer dúvida que possam ter! 

Até mais e au revoir!

Minha cidade favorita dentre as que visitei na verdade é um país !! Luxemburgo é maravilhoso, com transporte público gratuito, natureza e construções medievais incríveis.

Eu não acredito que eu posso falar que eu fui num castelo medieval DE VERDADE !! Gent (e outras cidades na região norte da bélgica) tem um castelo aberto à visitação no meio de canais, com áudio-guia e lojinhas bem bacanas.

Olha o mijão aí. Me contaram que teve um grande incêndio na bélgica e um meninho o apagou fazendo xixi (?????????). A estátua verdadeira fica em um museu algumas esquinas atrás desse lugar, mas mesmo sendo falso -  e não tendo mais nada pra fazer além de olhar o garoto - aí sempre tá lotado de turista.

Bruno José, aluno da turma de 2020. Ago 27, 2021

Quer ler outro relato de intercâmbio para a França? Então confira o depoimento da Vanessa Aquino sobre a experiência dela nesses países!

Quer compartilhar um pouquinho da sua trajetória na EQ? Manda uma mensagem pra gente!