Nossos Engenheiros no Exterior

Arthur Parreira, Jun 2, 2016

Viver no exterior é o sonho de muitos profissionais brasileiros, mas diversas dúvidas cercam esse objetivo. Por isso, convidamos engenheiros químicos graduados na UFMG para revelar alguns detalhes que tornaram essa meta de vida deles uma realidade.

Ismael Carvalho, profissional de suporte técnico - Manufatura da Orica

Como revela Ismael Carvalho, para aqueles que pensam em trabalhar no Mercosul ou em países associados ao bloco, a tarefa parece ser bem mais simples se comparada a outros lugares do mundo. Ismael atuava na Orica da Austrália e foi transferido para o Chile, onde não encontrou tantas barreiras legais. “Apenas fui ao governo chileno e segui os procedimentos normais. Não foi necessário validar meu diploma para tal, mas o fiz assim mesmo para poder ser responsável técnico e poder assinar meus projetos”, afirma o profissional de Suporte Técnico — Manufatura.

Já para outros países, estar empregado numa companhia antes de colocar os pés lá fora pode ser uma boa alternativa, já que o processo costuma ser mais complexo. Nesse contexto, empresas multinacionais oferecem suporte para a transferência em uma de suas filiais. Foi o que ocorreu com Aline Barros, aprovada num processo seletivo de trainee aqui no Brasil e hoje Coordenadora de Qualidade da Vesuvius Refratários, em Mülheim, na Alemanha. “Tenho um contrato de expatriada por 3 anos, até 2017. Trabalhar como expatriada significa que continuo registrada como funcionária da Vesuvius Brasil, pagando normalmente impostos e INSS. A Vesuvius também cuidou dos procedimentos legais, por meio de uma empresa terceirizada. Como o Brasil não tem um acordo de bitributação com a Alemanha, também tive que entregar uma Declaração de Saída, que me torna não-residente fiscal e evita que meus rendimentos sejam tributados nos dois países”.

Aline Barros, Coordenadora da Vesuvius na Alemanha

Quando perguntados se existe preconceito contra profissionais brasileiros, todos negaram qualquer problema em relação a isso. Wagner, que trabalhou na Rio Tinto em Moçambique e atua na mineração há alguns anos, foi ainda mais enfático. “Acredito que existe até um certo reconhecimento da qualidade da engenharia nacional em função da qualidade técnica, experiência e flexibilidade dos profissionais brasileiros que estão no mercado globa”, defende o engenheiro que hoje vive no Peru como Implementation Leader para a America Latina na McKinsey & Company.

Entre as vantagens do profissional brasileiro, Aline e Wagner citam a flexibilibilidade como ponto forte. “Como vivemos em um país com uma economia oscilante, somos mais bem preparados a lidar com os momentos de crise e incertezas”, lembra Aline. Wagner, contudo, apresenta uma desvantagem do profissional graduado aqui: “os engenheiros brasileiros muitas vezes carecem de habilidades de planejamento e precisam desenvolver a disciplina na execução. Infelizmente a percepção errônea do improviso como uma solução adequada costuma ser parte de nossa cultura e é algo que precisamos mudar”.

Além da saudade de familiares e amigos, Aline afirma que a pior parte de morar e trabalhar no exterior é adaptar-se a tantas mudanças. “No começo era tudo tão novo que realmente me sentia esgotada no final do dia. Tentar aprender a língua, não cometer nenhuma gafe no trabalho, fazer amizades, entender as leis e as regras, procurar e mobiliar um apartamento e cumprir todas as outras burocracias realmente gastou muita energia”. Ismael cita, por outro lado, que a melhor parte é ter a possibilidade de se virar sozinho, mesmo diante de muitas novidades que a vida no exterior pode apresentar a você. “Eu tenho grandes problemas de comunicação e fala. Toda vida tive — o pessoal do DEQ costumava dizer que eu falava para mim e não para os outros. Ter que me explicar em outra língua é difícil, mas me faz construir meus argumentos de forma melhor”.

Wagner Oliveira, Implementation Leader para a America Latina na McKinsey & Company

Para aqueles que pensam em viver longe de casa, nossos engenheiros também dão alguns conselhos. “A primeira dica que eu daria é aprender uma língua estrangeira além do inglês”, revela Aline. Já Wagner explica que um planejamento estratégico de vida e carreira são primordiais, seja no curto, médio ou longo prazo. “O escritor romano Sêneca dizia que ‘se um homem não sabe a que porto se dirige, nenhum vento lhe será favorável’”, reflete. Em seguida, deve-se perceber se viver no exterior está diretamente relacionado ao seu plano de vida. Aline, por fim, ressalta que o respeito à cultura onde você está inserido também são importantes. “Um imigrante deve entender que esses hábitos vieram de uma cultura que se desenvolveu ao longo de muitos anos e não vai ser sua indignação que vai mudar tudo de repente”.

Arthur Parreira, um dos alunos fundadores do SemprEQ, formado em 2016. Jun 2, 2016

Quer saber mais sobre experiências dos engenheiros no exterior? Confira a entrevista com Wagner Oliveira!

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