o processo de transformação de um engenheiro em um gestor de pessoas

Rafael wu, Abr 23, 2021

Quando eu comecei o curso de Engenharia Química em 2007, tinha um sonho de me graduar e passar em um bom concurso, de preferência na Petrobras. Adorava química, matemática, física e me imaginava no futuro fazendo complicados cálculos de dimensionamento, balanços de massa e energia de reatores gigantescos em alguma indústria química. O sonho da maioria dos aspirantes a engenheiros da época!

O caminho da graduação seguiu conforme esperado (com alguns percalços no caminho, é claro): consegui uma bolsa de IC no DEQ-UFMG (abraço, professor Ricardo Geraldo!), que me fez ver que eu não levava muito jeito pra vida acadêmica; participei do Grêmio, organizei CHUEQs e CopaEQs; fiz 1 ano de estágio na Vale, meu primeiro contato com o mercado de trabalho e com o mundo corporativo.

Quase formando e recém-formado, aquela angústia de 95% dos aspirantes a engenheiro: fui recusado em mais de 10 processos de trainee! Comecei a achar que o problema era eu mesmo, até conseguir o meu primeiro emprego como engenheiro júnior, na SEI Engenharia. Atuei na área de Gerenciamento de Projetos e PMO durante 6 meses, até que, em agosto de 2013, minha vida mudaria bruscamente: eu tinha passado no concorrido Programa Trainee Industrial da Cervejaria Ambev.

Durante os 7 anos e 6 meses que fiquei na Ambev, fui supervisor, coordenador de produção, staff de qualidade e produtividade e gerente de Processo. Morei em 4 cidades diferentes, viajei o Brasil todo e tive a oportunidade de ir para o exterior duas vezes. Em 2017 me formei mestre-cervejeiro pela Anheuser-Busch InBev, diploma recebido com louvor no salão da cervejaria De Hoorn de 1366 e que futuramente se tornaria a cervejaria Stella Artois em Leuven, na Bélgica. Em 2017 na Cervejaria Sete Lagoas ficamos em 1° Lugar no Programa de Excelência Fabril da Ambev; entre 2018 e 2020, como Gerente de Processo na Cervejaria da Bahia, reestruturei toda a área produtiva de cerveja, mudando o patamar dos resultados de produtividade e qualidade e sendo a área destaque por 3 anos consecutivos nas auditorias corporativas do sistema de gestão. Tive o prazer de formar duas mestres-cervejeiras, um gerente e também o prazer de efetivar 4 estagiários sob minha tutela.

A contribuição da Ambev na minha vida foi muito além do conhecimento cervejeiro acumulado ao longo desse tempo todo. Apesar de ter tudo a ver com a Engenharia Química, descobri que minha maior habilidade na Ambev era, na verdade, lidar com pessoas. Lá, aprendi a liderar e a criar gosto em desenvolver gente, montando equipes multidisciplinares e entregando resultados consistentemente. Aprendi que o consumidor é o patrão, e aprendi também que você é medido pela qualidade das suas equipes.

Recentemente, no início de março de 2021, aceitei um desafio novo: ingressei na Heineken do Brasil como Especialista de Tecnologia Cervejeira. Agora é hora de usar todo o conhecimento adquirido nessa caminhada para continuar trilhando meu caminho fazendo o que mais gosto: cerveja!

Como recado para quem ainda vai se formar, aproveitem o tempo de vocês para fazer conexões. Se envolvam em qualquer atividade extracurricular que houver: tudo gera aprendizado e experiência. O profissional moderno não é mais só aquele que tira belas notas nas principais disciplinas do curso, mas sim aquele que se melhor se adapta a diferentes meios e que tem sede de aprender. Cheers!

Rafael Wu, formado em Engenharia Química na UFMG em 08/2012. Abr 23, 2021

Gostou do texto da Rafael? Quer ler mais sobre as experiências de um engenheiro químico no mercado de trabalho? Leia também o texto da Mariana Canuto!

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