KAIO AUGUSTO - Iniciação Científica: CRISTALOGRAFIA E CELULOSe
Março 31, 2022
Março 31, 2022
Fala galera da EQ, tudo bem com vocês? Me chamo Kaio Augusto, sou aluno do oitavo período e vou contar um pouquinho das duas IC’s que eu fiz nessa trajetória de UFMG.
Minha caminhada na faculdade começou em 2016, quando eu ingressei na química. Gostava bastante dos experimentos da área de analítica, esteticamente são os mais bonitos e atrativos, na minha opinião, mas queria fazer uma IC na área depois que tivesse cursado as disciplinas de analítica, que são do meio para o final do curso de química. Então, nesse tempo, fiz as duas matérias de físico-química com a professora Renata e apaixonei com a matéria. Ela faz pesquisas na área de cristalografia e, infelizmente, ela não tinha nenhuma vaga para aluno de IC, mas o professor Bernardo, que é do mesmo grupo de pesquisa, estava com vagas disponíveis. Não pensei duas vezes e entrei para o laboratório. O começo foi muito diferente, não eram experimentos como imaginamos, com um laboratório cheio de vidrarias e várias reações químicas. Envolve muito conhecimento teórico e pesquisas na literatura, principalmente para desenvolver novos cristais.
Fiquei pouco mais de um ano no laboratório, que foi interrompido pela pandemia. Nesse período eu fiz várias reações de compostos inorgânicos na busca de formação de complexos. Alguns deles formaram cristais e levamos para a difração de raio x, para verificar os parâmetros do cristal e se ele estava bom. É muito agradável mexer nessa parte de difração, o equipamento é muito interessante e permite ver o cristal perfeitamente.
Além das reações e difração de raio x, fiz um estudo de alongamento de ligações para entender o comportamento das interações químicas que ocorrem na cristalização e, com esse estudo, fiz uma pesquisa sobre a Superfície de Hirshfeld, que é um modelo que define o espaço que uma molécula ocupa na célula unitária. Nesse estudo foi possível notar que cada átomo de moléculas simétricas, como a fenantrolina, se comporta de uma forma individual quando são alongados.
No meio de 2019 eu entrei para a EQ. Eu já trabalhava com o professor Marcelo Cardoso desde 2016, porque sempre tive vontade de seguir na área de celulose (eu já tinha trabalhado em uma fábrica de celulose antes de ingressar na UFMG), e em maio de 2021 surgiu um projeto de IC do professor Gustavo, inicialmente junto com o professor Marcelo, em parceria com a Cenibra, para otimização de uma planta de evaporadores utilizando um software para simulação. Formamos um grupo de pesquisa para esse projeto, onde teria a participação do professor Brenno, da UFV, e dos alunos Percy, Danielle e eu, além do professor Gustavo.
A primeira parte do projeto foi para familiarizar com o software. Ficamos fazendo simulações com um exemplo que ele mesmo fornecia. Quando conseguimos rodar tudo sem erros, passamos a fazer reuniões com o pessoal da Cenibra para pegar dados da fábrica e montar um modelo que aproximasse do modelo real que eles utilizam durante a operação. Montamos uma planilha enorme no Excel, com todos os parâmetros necessários e que foram fornecidos pela indústria, para iniciarmos a simulação. O primeiro passo foi filtrar os dados, para eliminar aqueles que não estavam dentro do esperado. Depois, excluímos os dados que não seguiam a configuração de operação da fábrica, seja por lavagem dos evaporadores ou por particularidades do processo naquele momento. Enquanto uma parte do grupo criava esses filtros para os dados, uma outra parte trabalhava “criando” a fábrica no software para simulação, para ganharmos tempo.
Após termos filtrado os dados e termos desenvolvido a planta de uma forma que fosse idêntica à fábrica, fizemos uma macro utilizando o VBA do Excel para alimentar o software. Eram mais de 2000 linhas de dados e era totalmente inviável alimentar o programa manualmente. O software recebe esses dados do Excel e simula todo o processo de evaporação, retornando os valores que eram esperados para esses valores de entrada que estávamos inserindo, para as variáveis licor forte, licor fraco, vapor e outros. Com esses resultados é possível que a fábrica faça o comparativo entre o que estão obtendo na operação hoje e o que deveria ser obtido. Se as perdas forem grandes, talvez seja necessário fazerem paradas para que ocorra melhorias no processo para minimizar essas perdas. Além do conhecimento técnico que a IC me proporcionou, pude fazer várias amizades e tive experiências fascinantes. Nessa IC de cristalografia, o laboratório 237 era muito unido, com a maioria dos alunos tendo estudado juntos. Até hoje somos muito próximos, sendo que a maioria já formou ou não está mais lá. Nessa IC de simulação, mesmo que tenha sido totalmente remota, criamos um vínculo bacana e foi um ótimo casamento, onde um complementava o trabalho do outro de uma forma muito natural. Além disso, o contato com os professores é um diferencial (caso eles sejam bacanas). Eu posso dizer que o professor Marcelo é um amigo hoje em dia, e sou grato por ter trabalhado com os professores Bernardo e Renata, na química, além do professor Gustavo aqui na EQ, junto com o professor Brenno.
Kaio Augusto, ingresso em 2019/2. Março 31, 2022
Tem interesse em participar de uma iniciação científica? O Pedro contou um pouco sobre sua experiência da sua IC no DEQ, não deixe de conferir!