Relato de Intercâmbio - ANA LUIZA BOBADILLA
Dez 04, 2020
Dez 04, 2020
Desde antes de iniciar a graduação, eu sabia que, em algum momento da minha vida acadêmica, eu gostaria de ter uma experiência internacional. Conhecer outro país, vivenciar outra cultura e idioma, aliando os desafios pessoais ao desenvolvimento profissional. Apesar disso, eu não sabia muito bem como poderia concretizar essa vontade, uma vez que o Ciências Sem Fronteiras já havia acabado e alguns programas de intercâmbio acabam sendo muito caros. Por isso, eu não costumava pensar muito a respeito.
Nesse contexto, o primeiro programa com o qual me familiarizei foi o Brafitec, muito divulgado na Engenharia Química. No quinto período, comecei a pensar mais em intercâmbio, e decidi aliar a vontade de aprender uma nova língua com a possibilidade de me inscrever no Brafitec, de modo que comecei a estudar francês. Mas, no fim de Junho de 2019, o grêmio divulgou no grupo da minha turma uma oportunidade de estágio no Canadá. De cara me interessei muito, por ser um país que tinha muita vontade de conhecer.
Comecei, então, a pesquisar mais a respeito, entrando em contato com outra aluna que já havia feito esse intercâmbio. A experiência seria na província de Québec, numa cidade próxima a Montreal chamada Sherbrooke, que, coincidentemente, tem como primeira língua o francês. Decidi me inscrever, e após um processo de análise de currículo e realização de um desafio, fui aprovada para o estágio no Biomass Technology Laboratory da Université de Sherbrooke, junto com outros 3 alunos da EQ.
Foi, então, que os desafios e aprendizados começaram de fato. Programas não conveniados à UFMG são classificados como Mobilidade Livre. Neles, o aluno deve cuidar de todos os trâmites entre a universidade de destino e a de origem, um processo bastante demorado e às vezes estressante. Além disso, iniciei as pesquisas para solicitação do meu visto. Depois de um longo processo, que incluiu um visto negado e algumas frustrações, finalmente consegui resolver toda a burocracia para ir.
Durante os 4 meses de intercâmbio, recebi uma bolsa mensal suficiente para cobrir todas as minhas despesas no país. Atuei como estagiária de pesquisa, desenvolvendo um trabalho sobre conversão de metano. O Biomass Technology Laboratory conta com uma infraestrutura muito boa, equipamentos modernos, pesquisas inovadoras e multidisciplinares, de modo que o dia-a-dia no laboratório era muito desafiador e enriquecedor.
Pude conhecer pessoas de diferentes países, além de brasileiros, que me acolheram e tornaram toda a experiência melhor, me fazendo valorizar ainda mais o país e a cultura incrível que temos. Vivenciar esse tempo no Canadá teve muitos desafios também. A começar pelo clima, extremamente frio na época do ano em que fui. Na cidade, as temperaturas chegaram a -30°C, uma sensação que eu sei que nunca vou me esquecer. A neve cobria as ruas e tudo tinha um aspecto de filme, pelo menos pra mim que nunca tinha saído do nosso Brasil tropical. Me apaixonei pela cidade e seu charme, e descobri que o gelo é realmente maravilhoso.
Em meados de Março, a Université de Sherbrooke suspendeu as atividades presenciais devido à pandemia, período em que as coisas pioraram no Brasil também. Esse foi, de longe, o maior desafio: lidar com toda a apreensão e incerteza que se apresentou a partir daí, estando longe da família e num país totalmente diferente. Com os voos de retorno sendo cancelados e remarcados a todo momento, enfrentar a ansiedade e a insegurança se tornou essencial.
Terminei o estágio, então, em home office, e me despedi de Sherbrooke em Junho. Retornei ao Brasil com a certeza de ter crescido mais do que achava possível em 4 meses, hoje vendo como os desafios foram importantes e lembrando de todos os bons momentos, que deixaram um baita gostinho de saudade.
Ana Bobadilla, aluna da turma 2017/1. Dez 4, 2020.
Seu sonho é fazer um intercâmbio? Conheça alguns programas que a UFMG oferece, por exemplo o Minas Mundi, a Gabriela contou como foi sua experiência!