…sobre a faculdade, aprendizado e papo de boteco

Filipe Quintiliano, Mai 18, 2016

Bom, há algumas semanas, recebi o convite do pessoal do SemprEQ para escrever um texto para o blog. Fiquei realmente muito contente e agradeço pela oportunidade. A Ginger me pediu para escrever sobre a importância de se aproveitar as oportunidades que existem dentro da Universidade. Ou algo perto disso.

Ao invés de fazer um texto somente contando algumas das coisas bacanas que existem aqui e das quais pude participar, num tom estritamente narrativo, vou optar por aprofundar um pouco mais a conversa, se me permitem.

É que não dá para falar sobre Grêmio, SEQ, Equalizar ou Mult sem “filosofar” sobre o porquê de fazer parte disso tudo. E o porquê está ligado à forma como eu acho que a gente aprende as coisas.

Depois de um tempo morando em BH, é realmente fácil estar adaptado às mesas de bar e às conversas filosóficas que surgem nesses ambientes. Bora tomar uma e jogar conversa fora.

Eu acredito que a grande chave para se aprender alguma coisa é adotar uma postura ativa. Eu não tinha noção clara disso até vir para a faculdade. Mas se a gente parar para pensar, nós crescemos num modelo um pouco antinatural: “vá para a escola às 7h da manhã, sente-se na sua cadeira por cinco ou seis horários de aula, nos quais o professor fala e você escuta. Vocês têm um tempo para lanche, educação física, e depois todo mundo vai pra casa e faz o dever”.

É antinatural porque pedir para que uma criança ou um adolescente sejam passivos assim é (quase) impedir que ajam de forma instintiva. Ao contrário, creio que o natural é que elas queiram fazer alguma coisa, interagir e ocupar-se com jogos ou atividades.

Como eu disse, uma vez que a gente cresce nesse modelo, não é fácil se dar conta de suas falhas, principalmente no início da nossa vida, quando as escolas de Ensino Fundamental e Médio, salvo raras exceções, não fogem desses moldes. Na Universidade, entretanto, a gente se depara mais claramente com algumas iniciativas acontecendo fora da sala de aula, e é aí que vem o que eu disse sobre ter uma postura um pouco mais ativa sobre nosso próprio desenvolvimento.

Este é Walker. Walker quer andar.

Certa vez, li num livro que uma pesquisa da CapitalWorks estimou que “75% do que se adquire de competências profissionais ocorrem de maneira informal — com aplicação prática, troca de conhecimentos com colegas e gerentes, ou outras formas semelhantes”. Independentemente do número (75, 80, 83% — até porque eu, particularmente, não faço ideia de como chegar a um número neste assunto), a parte importante da mensagem é que grande parte do nosso aprendizado de verdade se dá é resolvendo problemas, assumindo responsabilidades e interagindo com outras pessoas. Até porque no mundo profissional, ou ainda na vida pessoal, o TCHAN (HA!) é encontrar soluções para as situações de maneiras novas, diferentes. Assim, nem de longe o processo de aprendizagem é solitário, estático e passível de ser “reproduzido em massa.

Vejo o aprender como sendo um processo que se inicia no momento em que tomamos a decisão de aprender. As coisas têm início quando você decide se expor às situações que vão te colocar em posição de tomar decisões que influenciem outras pessoas, em ocasiões de estresse e risco, em locais que gerem frio na barriga e ansiedade.

Uma criança só aprende a andar depois que toma a decisão de colocar o pé, cheio de incertezas, na frente do outro. A pessoa tímida vai começar a dominar a arte de se apresentar em público a partir do momento em que se expuser a ocasiões em que terá que falar para a plateia.

Assim, se o seu objetivo ao entrar na faculdade é se preparar para o universo profissional, acho difícil dar como atingido o propósito se, no dia da formatura, você olhar para sua trajetória e ver que ela não te ajudou a desenvolver as atitudes e habilidades que seu caminho vão exigir dali para frente. E obviamente, isso independe se você quer ir trabalhar numa fábrica, numa agência de turismo ou realizar pesquisas num laboratório.

Participar do Grêmio, da Mult, do Equalizar, e da equipe da SEQ foi a maneira que vi de correr atrás de desenvolver aspectos que sei que serão importantes para mim no futuro. Tudo aquilo que já disse antes, e muito mais. E mais além, foi também a forma que encontrei para vivenciar ao máximo o tempo de faculdade. Conhecer pessoas além das que entraram na mesma sala que eu, encontrar gente com ideias parecidas com as minhas e muitas outras com ideias que nunca havia cogitado.

Alguém bem esperto um dia disse que “o desempenho é fruto da ação e não do conhecimento guardado na cabeça”. Realmente não achei o nome da pessoa que disse isso. Se permitem o clichê, de fato, a dica realmente é pegar para fazer. Não há, absolutamente, outra forma de adquirir aquele tipo de conhecimento enraizado, tácito. Não se aprende o forró sem se descalçar, amigo.

Sinta o chão, assim como o pequeno Walker.

Filipe Quintiliano, Mai 18, 2016

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