Hoje, consigo enxergar como cada uma dessas experiências se conecta para eu estar exatamente onde eu gostaria de estar e fazendo o que eu amo. O fato de ter tentado e experimentado tantas coisas diferentes me faz hoje ter a certeza de que encontrei o que procurava – e que nem imaginava ser uma possibilidade quando iniciei a graduação.

Entrei na Nexa (para quem não conhece, é a mineradora que lidera a mineração e metalurgia do zinco no Brasil) através de um processo de estágio para o qual me inscrevi quando estava finalizando o oitavo período do curso. Quando vi a oportunidade e li a descrição da vaga eu fiquei encantada, mas logo bateu a dúvida quando vi que as oportunidades eram pra cidades bem longe de BH. Ainda tinha matérias para fazer e nunca tinha pensado em morar naqueles lugares. Vazante? Nunca nem tinha ouvido falar. Mas mesmo assim resolvi me inscrever e alguns meses depois, cá estava, me mudando para Vazante sem nunca ter ao menos visitado a cidade.

Meu estágio foi amor à primeira vista. Fiquei simplesmente encantada com a dimensão da planta, dos equipamentos, com os processos... quem me conhece sabe a empolgação que eu tinha a cada descoberta e novo aprendizado. Sinto que nesse pouco mais de um ano de Nexa fiz uma “segunda graduação”, pela quantidade e intensidade de aprendizados que tive (e tenho!) todos os dias. A Nexa é uma excelente escola, e o principal pra mim: uma escola extremamente prática.

O fato de ser mulher num ambiente ainda tão dominado por homens – a Nexa tem hoje 13% do seu quadro composto por mulheres – me exigiu em muitos momentos lutar pelo meu espaço e reforçar meu interesse e vontade de colocar a mão na massa, estar no campo e aprender aquilo que eu tinha vontade. Uma grande vantagem do meu processo de estágio foi a empresa ter permitido que eu moldasse meu caminho e guiasse meus aprendizados (claro, conciliando os interesses e necessidades da empresa com os meus).

Ao completar 10 meses como estagiária fui contratada e estou atuando a 4 meses como engenheira de processos.

E Bruna, o que faz uma engenheira de processos?

A área de processos existe como um suporte à área de operação (beneficiamento), auxiliando no controle de estabilidade das operações e na garantia de que todas as operações estão trabalhando em seu melhor desempenho – nos patamares ótimos de operação, dentro dos padrões de processo previamente definidos e estabelecidos. Assim, minha área atua realizando análises críticas dos dados que a usina gera, realizando amostragens para identificação de algum problema ou anomalia que ocorra, garantindo o ideal funcionamento de amostradores automáticos, densímetros... o laboratório químico e de processo, que realiza todas as análises da planta, faz parte também da área de processos e é lá que são tratadas as amostras coletadas na planta, para gerar insumo para análises que são feitas em conjunto com a área da operação. Isso ajuda a tomarmos decisões de modificações ou de manutenção nos processos da planta de forma mais clara e embasada.

Na minha visão, além de uma boa analista de dados, uma engenheira de processos precisa ter um bom conhecimento da operação e do dia a dia da planta, para conseguir analisar criticamente os números e dados, entender se eles realmente fazem sentido. Para mim, o melhor do cargo é ter a junção entre a parte de análises de dados, que eu gosto muito; e a parte do contato com o dia a dia da operação, de ver os equipamentos funcionando e entender como cada variável interfere no funcionamento e desempenho deles, o que eu também acho incrível.

Além do trabalho técnico, faço parte também do comitê de voluntariado da Nexa, que promove diversas ações sociais na comunidade de Vazante e cidades próximas; e participo de uma frente de trabalho para tornar a mineração um ambiente mais inclusivo e seguro para mulheres, do ponto de vista físico e psicológico. A Nexa, assim como a indústria de mineração como um todo, está em um forte movimento de mudança de cultura e atualização – a mineração sempre foi uma indústria bastante tradicional e por isso somente hoje esses movimentos têm despertado e ganhado força no segmento. Mas sem dúvida, fazer parte dessa transformação me transforma também de muitas maneiras - no sentido de entender as dores que mulheres de diferentes áreas e posições sentem, entender a contribuição que cada uma traz para sua área, e tentar pensar de forma prática sobre como vamos efetivamente construir a mineração do futuro. Sou muito feliz por fazer parte, representar e dar voz a tantas mulheres que fizeram, fazem e ainda farão parte desse setor incrível. Espero que em breve sejamos muitas mais.

Bruna Silveira, formada em 2019. Ago 18, 2020

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