Entrevista - Mônica Leão

Fev 4, 2016

A professora Mônica Leão é engenheira química formada na UFMG em 1980, doutora em Engenharia de Antipoluição pela INSA-França (1984) e especializada em Engenharia de Segurança do Trabalho, pela UFMG (1999). Atualmente é professora associada do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental (DESA) e líder do grupo de pesquisa POA Control, que objetiva o tratamento de efluentes através dos Processos Oxidativos Avançados. Possui experiência em vários segmentos da engenharia ambiental: tratamento e reuso de efluentes industriais, processos oxidativos avançados, adsorção, qualidade da água e química aquática e qualidade do ar.

Quem é Mônica Leão?

“Além de ser professora, engenheira química, etc. Sou uma pessoa que sempre gostou de química: fiz curso técnico em química pelo COLTEC e, a princípio, queria até cursar Química pura, mas acabei optando pela Engenharia Química (porque não queria ser professora).”

Como era a perspectiva de um estudante de engenharia química na sua época de estudante?

“Péssima! Tanto durante o curso quanto depois de formada. O período no qual me formei, os anos 1980, foi uma época ruim pra qualquer trabalhador no Brasil. Não tinha estágio, não tinha emprego, não tinha nada. Somando isso à dificuldade do curso, pensei em trocá-lo várias vezes. Pensava até em filosofia, em história, mas acabei decidindo levar o curso até o fim. Vários colegas de classe depois de formarem acabaram rumando para outras áreas. Por exemplo, quatro deles acabarem virando fiscais de imposto de renda.”

Conte-nos como foi a transição da EQ para a área ambiental.

“No meu curso de Engenharia Química, se eu ouvi a palavra “poluição” duas vezes já foi muito. Antigamente em quase todos os processos industriais o que era insumo era insumo, o que era produto era produto e o resto era simplesmente rejeito. A preocupação em caracterizar, estudar e tratar o efluente estava apenas . Meu contato com a área ambiental só veio quando um dia vi um cartaz que oferecia uma oportunidade de doutorado em Engenharia Química na França. Uma das áreas ofertadas foi a de Controle e Prevenção da Poluição, na qual sempre fui bastante interessada, então fui sem pensar duas vezes.

Então enquanto estava fazendo meu doutorado, recebi uma carta de um professor daqui da UFMG perguntando se eu tinha interesse de trabalhar como professora aqui. Aceitei o convite e voltei da França uma bolsa de recém-doutor para trabalhar aqui, onde sou professora até hoje.

A época que comecei a trabalhar, por volta de 1984, o controle da poluição era algo muito incipiente no Brasil. Então após esse período seguiu uma época muito ativa, com bastante demanda das empresas, que queriam criar ou reformular a planta de gerenciamento de seus resíduos (também foi quando a legislação ambiental começava a ser efetivada no Brasil). Foi uma época de um crescimento profissional enorme e onde realmente pude atuar na prática na área ambiental."

Você acha que o curso de Engenharia Química faz diferença na atuação na área ambiental?

“Certamente. Vários pontos abordados no curso fazem total diferença. Principalmente compreensão dos processos, operações unitárias e conhecimento de conversões químicas. Basicamente, o curso te propõe uma capacidade de compreensão dos processos que faz toda a diferença na prática.”

Que conselho você daria a um aluno que queira explorar alguma outra área já durante a graduação?

“No principal, eu diria para não desistirem do curso, e estudarem bastante até o final. Para quem tem interesse em outras áreas da engenharia, o curso de Engenharia Química te dá realmente uma base muito forte para atuar em qualquer outra área. Essa compreensão total e profunda dos processos é uma ferramenta mais poderosa do que aparenta ser durante o curso.”


Fev 4, 2016

Gostou da entrevista da Mônica? Então confere a entrevista que fizemos com a prof.ª Virgínia Ciminelli!

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