Graduação além da sala de aula

Manuela Cota Guimarães, Jun 04, 2021

Escolher o que, na teoria, você vai fazer pro resto da sua vida é muito difícil. Para uma menina que, como eu, sempre amou aprender e gostava de várias áreas diferentes, então, parece uma tarefa impossível. Entre as minhas várias opções estava a engenharia química, por influência das minhas professoras de química do ensino médio e, na hora de decidir para que concorrer, escolhi tentar uma vaga para EQ e medicina. Passei para os dois cursos em mais de uma faculdade, mas quis experimentar a engenharia, confesso que sem tanta fé de que iria gostar realmente.

Entrei na UFMG, fui muito acolhida pelos veteranos, pelo pessoal do GEQLMS, pelos meus colegas de sala e, como sempre pensei que fosse trabalhar com ciência e ser pesquisadora (como meu pai, que é professor na UFMG), logo no primeiro mês do curso consegui começar uma iniciação científica, afinal, precisava ver se era aquilo mesmo que eu queria. Trabalhei durante um ano no CeNanoI² laboratório do grupo Lasmat, no Departamento de Engenharia de Materiais em um projeto de funcionalização de nanopartículas magnéticas com ácido fólico para aplicações no tratamento e diagnóstico de câncer de mama. Foi um desafio e tanto encarar uma IC no primeiro período da faculdade, sem ter visto muito conteúdo, sem tanta experiência no laboratório. Tive que estudar muito, sobre ensaios de caracterização, polímeros, reações orgânicas e muito mais. Aprendi muito nesse um ano, mas vi que o que eu queria mesmo não era ficar dentro do laboratório, eu queria ver as coisas indo para o mundo real.

Em uma das palestras que assistimos na disciplina de Introdução à Engenharia, um moço muito empolgado e sorridente apresentou para os calouros uma iniciativa ainda muito jovem, a Liga de Mercado e Negócios da UFMG e, na hora, eu, que nunca tive o menor interesse por finanças, pensei “eu quero fazer isso aí”! No próximo processo seletivo que abriram eu me inscrevi, e, já no segundo período do curso, ingressei na iniciativa. A Liga foi uma das experiências mais marcantes que tive na UFMG, com certeza absoluta. Aprendi muito sobre gestão e mercado, assuntos antes completamente desconhecidos por mim, atuei como coordenadora de eventos, organizando uma área muito importante da LMN e, como membro da equipe de Orientação Financeira, tive a oportunidade de co-criar um curso de finanças pessoais para universitários, o que foi muito legal. Mas mais que tudo isso, o mais incrível que a Liga me trouxe foram as pessoas, um grupo de doidos muito comprometidos com o que faziam, empolgados para aprender e muito legais, de verdade, pessoas que quero ter perto de mim pro resto da minha vida e que fizeram total diferença na forma como eu enxergo o mundo e a minha carreira.

Equipe de orientação financeira LMN no curso START

Equipe do LMN em 2019/1

Depois de um ano e meio na liga, senti que era a hora de buscar novos ares. Desde o começo do curso, a Mult é muito presente na nossa vida, com eventos, os colegas que tentam processo seletivo, os que entram… À princípio eu pensava que a Mult não era pra mim, via a EJ como um espaço muito rígido e isso não me animava, então nem tentei o processo seletivo nos primeiros semestres. Porém, alguns amigos muito próximos entraram e se apaixonaram completamente pela empresa, trazendo um pouquinho disso pra mim também: me convenceram de que a Mult era sim o meu lugar e fizeram com que eu começasse o PS já sentindo que fazia parte. Comecei na Mult no meu terceiro período como trainee e logo depois entrei como consultora de projetos e vendas, uma experiência muito diferente de tudo que já tinha feito. Era muito mágico ver que o que eu estava fazendo ia realmente ser aplicado em uma fábrica, em pouquíssimo tempo. Depois de um semestre, me tornei gerente de projetos e vendas e iniciei essa jornada gerenciando um projeto para dois mesmos clientes de projetos que tinha realizado como consultora, o que foi muito legal. Ao todo, estive envolvida em 4 projetos diretamente e em vários outros indiretamente nesse período.

Equipe Mult no Reconcentre

Equipe Mult pós fechamento de projeto

Imersão de membros Mult Jr em 2020/1

Em paralelo a tudo isso, tem o voluntariado. Desde muito nova fiz trabalho social e isso não mudou na faculdade. Fui professora de espanhol durante o ano de 2019 no Cursinho Popular Humanizar, da FAFICH, uma oportunidade que surgiu um pouco do nada mas foi muito importante na minha vida, pessoalmente. Também atuei na TETO Minas como voluntária de formação e voluntariado (fev) durante um semestre em 2019 e, em 2020, no NAAÇÃO. Meus últimos meses na Mult aconteceram durante a pandemia, quando tudo virou de cabeça pra baixo na nossa vida. Nesse mesmo período, eu entrei como voluntária no NAAÇÃO, um ONG que atua em crises humanitárias com foco em desenvolvimento pelo empreendedorismo e liderança.

Comecei como voluntária do marketing, com o pouco que tinha aprendido na Mult e comecei a me encantar pela iniciativa e estudar muito sobre o tema. Em alguns meses, assumi a liderança de toda a área de comunicação e, junto com uma equipe de voluntários, consegui estruturar essa divisão e fazer crescer muito o alcance da ONG, ao mesmo tempo que me envolvi com os direcionamentos estratégicos da organização e, principalmente, com a captação de recursos. Comecei um trabalho de captação de parcerias e de captação internacional, antes inexistentes e foi possível, inclusive, seduzir alguns colegas da EQ para trabalharem como voluntários comigo nessas frentes. O trabalho voluntário me deu muitas oportunidades de aprender e crescer ao longo da vida e eu sou muito grata por esse ano no NAAÇÃO e por todas as organizações por que passei.

Depois de mais de um ano de pandemia e já no fim do 6° período, entendi que era hora de buscar um estágio e, para isso, direcionei minhas buscas para a atuação em consultorias em gestão e para atuação diretamente com engenharia química na indústria. Entrei para o IEBT, consultoria em inovação que tem uma forte relação com a UFMG, como estagiária de projetos internos no início de 2021 e, desde então, já pude desenvolver trabalhos de melhoria de processos junto com a equipe, aprendendo muito sobre gestão de projetos e business intelligence e tive também a oportunidade de auxiliar em iniciativas de inovação. Esse é um estágio com menos horas de trabalho semanais e, com a minha saída do NAAÇÃO, tinha um tempinho para fazer algo diferente. Queria muito ter uma experiência profissional em projetos de engenharia química e por isso me voluntariei para fazer um trabalho na PYPIV, startup do setor de energia que atua no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis para produção de energia a partir da pirólise de resíduos.

Assim, sigo experimentando um pouco de tudo e procurando sempre trazer para o que eu faço o impacto social e ambiental, que quero sempre gerar em minha carreira. E se você é calouro e,assim como eu, chegou perdido, sem saber nem se Engenharia Química é mesmo o que você quer, eu tenho só um conselho: experimente, de tudo, o máximo que puder!

Manuela Cota, Ingressa em 2018/1. Jun 04, 2021

Muito interessante as vivências da Manuela, né? Então, não deixe de conferir o texto da Laís Guimarães sobre suas experiências no curso!

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