A amplitude da Engenharia Química – desafio ou oportunidade?

Igor Lacerda, Ago 11, 2020

Faz 8 anos eu me encontrava nos meses que precediam meu ingresso na graduação. A decisão pelo curso de Engenharia Química, diferentemente de boa parte dos demais alunos que conheci durante a graduação, foi tomada com muita certeza de que aquele seria o curso adequado para mim. Essa certeza veio de uma vocação de um dia poder trabalhar em uma grande indústria e a engenharia era o caminho mais lógico, mas, e a Engenharia Química? Quais seriam as minhas possibilidades de atuação?

Ingressei no curso tendo a ciência de que teria uma formação ampla e generalista, e, apesar de considerado um curso requisitado pelo mercado de trabalho, essa amplitude me assustava. Era como se eu não tivesse nem mesmo uma dica de qual seria o meu futuro trabalho. Gradualmente, as muitas oportunidades de formação extraclasse que o curso de Engenharia Química da UFMG nos oferece deram forma aos possíveis caminhos enquanto engenheiro químico.

A primeira delas foi a iniciação científica, na qual tive a oportunidade de trabalhar no departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG com o tratamento de efluentes da indústria têxtil. Tão interessante quanto compreender um pouco do meio acadêmico e testemunhar a geração de conhecimento dentro da universidade, foi ver muitos engenheiros químicos trabalhando na temática de meio ambiente. Mas o meu desejo de trabalhar na indústria permanecia forte, e uma forma de me preparar para ingressar nesse mercado de trabalho foi a empresa júnior. Foram dois anos de muito aprendizado sobre processos, gestão de pessoas, indicadores, gerenciamento de projetos, entre outros – conceitos básicos que não são ensinados no curso, mas que permeiam a realidade de toda empresa do ramo industrial.

A expansão da minha visão de mundo que a empresa júnior me proporcionou foi essencial nas etapas seguintes da minha graduação. Tive a oportunidade de fazer um intercâmbio na Alemanha, onde realizei o meu primeiro estágio em uma multinacional do ramo de filtração, uma das muitas operações unitárias que vemos no curso. Essa experiência foi seguida de dois estágios em mineradoras, na Vale e na Ferrous, ambos com engenharia de processos, testando variáveis operacionais nos processos de beneficiamento de minérios.

A conclusão da graduação veio em um momento no qual já me eram muito claras minhas opções de carreira, e a vocação pela indústria seguia presente. Me arrisquei. Em um cenário de grande competitividade para as vagas de trainees industriais, não me fazia sentido abandonar esse sonho pelo medo de não conseguir atingi-lo. Foram muitos processos seletivos (mais de 30), muitas viagens, dinâmicas, entrevistas, muitos “quase”. Hoje posso dizer que sou muito grato ao curso e às experiências que me possibilitaram ser analista de projetos trainee na Ternium, a maior siderúrgica da América Latina.

A amplitude da Engenharia Química é sim um desafio enquanto não encontramos a nossa vocação profissional, que pode acontecer antes, durante ou mesmo após a graduação. Ao mesmo tempo, ela nos dá a incrível oportunidade de direcionar a nossa carreira para as áreas que temos maior afinidade, sejam elas relacionadas à Engenharia Química ou não. Se eu puder deixar uma dica, se envolvam em atividades que os ajudem a descobrir com o que gostariam (ou não gostariam) de trabalhar e aproveitem ao máximo os aprendizados dessa jornada.

Igor Lacerda, formado em 2018. Ago 4, 2020

Legal saber como as experiências do Igor o ajudaram a chegar onde ele está hoje, né? Leia também o texto do Rafael Ferreira, que hoje trabalha com simulação em uma grande multinacional!

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