Acreditar que é capaz e correr atrás dos seus objetivos
Beatriz Araújo Batista, Set 1, 2020
Beatriz Araújo Batista, Set 1, 2020
Eu sempre gostei muito de estudar e aprender coisas novas. Com o incentivo de minha família e algumas professoras, resolvi fazer o PROUNI e tentar já ingressar na graduação após fazer o ensino médio. Consegui a nota necessária e em 2012 entrei na faculdade da minha cidade, Coronel Fabriciano-MG. Fiz a minha graduação em Engenharia Metalúrgica no Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (Unileste). Durante a graduação consegui realizar dois estágios regulares nas duas empresas siderúrgicas da minha região, primeiro 1 ano e 4 meses na Aperam South America (2014-2015) e depois 11 meses na USIMINAS (2016). Com os estágios tive a oportunidade de ver na prática algumas atividades que são de responsabilidades dos engenheiros e várias áreas que se pode atuar nesta profissão.
Após 6 meses formada, em 2017 decidi começar a fazer disciplina isolada na UFMG no departamento da pós-graduação em Engenharia Química (PPGEQ). Mesmo tendo algumas inseguranças por vir de uma instituição privada e não conhecer os métodos de ensino de uma Federal, decidi encarar mais esse desafio. Fui atraída pelo programa devido à vontade de trabalhar com corrosão em materiais metálicos, pois mesmo sendo uma área de importância em todos os setores que envolvem materiais, já que todos os materiais corroem, é uma área que possui poucos especialistas de forma geral. Eu já conhecia a ótima fama da UFMG e através de uma ex-professora da graduação conheci a professora Vanessa de Freitas Cunha Lins, especialista em corrosão de materiais e quis trabalhar com ela. Em fevereiro de 2018 entrei no programa e acabei tendo o professor Tulio Matencio como orientador, e a professora Vanessa foi a minha coorientadora. O professor Tulio também conhece muito sobre corrosão e é especialista em várias técnicas eletroquímicas como a Espectroscopia de Impedância Eletroquímica (EIE) que foi uma das técnicas que eu utilizei em meu trabalho para analisar a corrosão de minhas amostras.
A minha pesquisa foi algo novo para mim e meus orientadores, com a parceria com o professor Roberto Braga Figueiredo do departamento da pós-graduação em Engenharia Metalúrgica da UFMG (PPGEM), acabamos tendo como tema o estudo da resistência à corrosão e mecânica do ferro ARMCO na solução de Hank após processamento por torção sob alta pressão (High-Pressure Torsion). Está bem estabelecido na literatura que o ferro é um material promissor para uso em aplicações biomédicas. No entanto, ele exibe uma taxa de corrosão muito lenta em meios fisiológicos. Então neste estudo, o ferro puro processado por torção sob alta pressão (HPT-High-Pressure Torsion), que é uma técnica que consiste em aplicar no material uma alta pressão em conjunto com a torção, produzindo assim materiais altamente deformados plasticamente com grãos ultrafinos, foi submetido a diferentes temperaturas de recozimento. A influência do tamanho de grão do ferro nas propriedades mecânicas e na resistência à corrosão foi avaliado. O material do estudo obteve granulometrias ultrafinas de cerca de 5 µm a 200 nm. Tensões de escoamento superiores a 1GPa foram obtidas, possibilitando assim a produção de implantes de suporte de carga com dimensões menores. As amostras exibiram taxas de corrosão muito baixas (cerca de 0,016 mm.ano-1) ao ficarem imersas por 28 dias na solução de Hank. O processamento por deformação plástica severa seguida de recozimento produziu neste estudo ferro puro com propriedades mecânicas melhoradas e com biodegradabilidade mais lenta.
O interessante é que este estudo deu alguns resultados inesperados e buscando trabalhos semelhantes na literatura e livros de teoria pode-se encontrar respostas dos comportamentos de alguns fenômenos que ocorreram. A quantidade de resultados obtidos no estudo possibilitou a publicação de 1 artigo em uma revista de renome e submissão no momento do segundo artigo na mesma revista. Quando se tem a oportunidade de trabalhar com um tema que te interessa e que gera curiosidade e desafio nos resultados para você e seus orientadores a pesquisa consegue fluir com mais facilidade e gerar mais resultados, pois você acaba se envolvendo e querendo entender sobre tudo em relação ao seu material de estudo.
Acho que são coisas como essa que faz um bom pesquisador, a certeza que por mais que se estude tal material sempre há algo novo a se aprender do comportamento do mesmo mediante a um processo ou ensaio e buscar sempre ter a curiosidade de aprender mais e mais e a vontade de divulgar através de artigos os novos conhecimentos adquiridos sobre esse material para as outras pessoas que estão desenvolvendo as suas pesquisas com esse mesmo material ou apenas querem conhece-lo melhor. É a busca por resolver os problemas apresentados.
Beatriz Araújo, mestre em Engenharia Química pela UFMG. Set 1, 2020.
Gostou do texto da Beatriz? Bem legal, né? Vem conferir o texto do Kelvin sobre sua IC no CDTN (Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear)!