Engenharia de processo de descoberta
Eduarda Venturelli, Jul 08, 2022
Eduarda Venturelli, Jul 08, 2022
Descobrir que a Engenharia Química é pra mim não foi fácil, nem rápido. Isso porque sempre fui curiosa. Quando era criança, queria saber como tudo funcionava e porquê. Para exemplificar, lembro de uma vez que fui ao pátio do meu prédio, peguei vários copinhos para café, coloquei álcool em gel e, em cada um deles, coloquei folhas que encontrei, separadas. Assim, conseguia ver qual delas, após embebidas no álcool, soltavam mais “tinta” e, portanto, tinham mais clorofila. Parece bobo, mas eu achei fascinante.
Passei quase todo meu percurso escolar oscilando entre as áreas do conhecimento, sem sentir que o direito, o jornalismo, a medicina, a engenharia ou qualquer outro curso eram pra mim. Incomodada com essa incerteza, resolvi apostar no curso que me exigiria maior desempenho na prova: medicina e, assim, acredito ter escolhido um bom foco para depois realmente deixar o curso certo me escolher. Isso mudou no dia em que fui acompanhar minha irmã para furar o nariz, um vasinho sanguíneo rompeu, eu desmaiei no meio do studio e fui acordada com álcool e risadas de quem estava sendo tatuado. Já no ano de vestibular, percebi que não dava mais tempo de analisar demais as opções e fiz o mais sensato: juntei minha personalidade com as matérias que eu tinha mais gosto em estudar, ainda que não fossem as minhas maiores médias. A partir daí, passei a pesquisar bastante sobre a EQ, ir em palestras da área (inclusive uma da SEQ UFMG) e me ver atuando na profissão.
Deu certo e comecei a faculdade em 2019/2, mas na época estava com algumas questões pessoais e de saúde e não me comprometi com nenhuma atividade extracurricular. Assim, no semestre seguinte, participei do processo seletivo da Mult e permaneci por 1 ano como consultora de projetos e de vendas. Acredito que a maior contribuição dessa experiência foi ter contato com a engenharia química por meio de projetos desafiadores diversos. Executei 2 projetos de viabilidade e planejamento industrial de ativos cosméticos inusitados - provenientes da cebola e de proteínas animal e vegetal -, além de ter estudado também a implementação de uma fábrica de marmitas com capacidade produtiva inicial de 120 mil/dia e a viabilidade de fabricação de sucos saudáveis com pedaços de frutas. Essa vivência possibilitou que eu enxergasse o propósito de matérias do ciclo básico para os processos industriais e me mantivesse mais motivada com a faculdade. Ademais, minha atuação em vendas propiciou o desenvolvimento de maior persistência e, principalmente, de soft skills, habilidades imprescindíveis para um bom desempenho em qualquer área.
A partir do quarto semestre, passei a me dedicar a uma Iniciação Científica com foco em desenvolvimento de fibras a partir de resíduos do agronegócio - laranja, milho, coco e arroz -, na qual me dedico até o presente momento. Por estarmos no período de Ensino Remoto, minha dedicação foi exclusivamente direcionada a pesquisar em artigos e revistas científicos trabalhos voltados para o tema para elaboração de um artigo de revisão. Pude contemplar com maior profundidade as vastas aplicações de materiais que, muitas vezes, são convertidos em produtos de baixo valor agregado quando, por exemplo, poderiam ser utilizados para a confecção de tecidos de luxo, como pode ser aproveitada a casca da laranja.
Blusa estilo boho feita a partir de cascas de laranja, da Salvatore Ferragamo
Hoje, sou estagiária comercial na ArcelorMittal e presto suporte direto aos vendedores da Costa Oeste da América do Sul em vendas técnicas. Meu trabalho é atrelado à engenharia civil e à geotecnia e se dá por meio da facilitação da venda de tubos de aço carbono de grandes dimensões para adutoras, descaracterização de barragens, fundação de portos etc. Somado a isso, encaminho a venda e locação de estacas prancha laminadas a quente para aplicação, principalmente, em contenções, sejam elas de barragem, de encostas, dentre outros. Dessa forma, tenho uma visão ampla de projetos de saneamento, construção civil, mineração, além de ter contato com as maiores empresas desses setores. Atuamos em obras expressivas, como a contenção emergencial dos rejeitos de Brumadinho.
Terminal Salineiro de Areia Branca, cuja fundação são tubos
Quanto ao futuro, sou ambiciosa e quero ser referência na área em que trabalhar, preferencialmente na Indústria Química, mas estas são cenas dos próximos capítulos.
Eduarda Venturelli, Jul 08, 2022
Gostaram de ouvir a história da Eduarda? Confira também outro texto com muitas dicas relacionadas ao curso, do Victor Valles!
Quer compartilhar um pouquinho da sua trajetória na EQ? Manda uma mensagem pra gente!