12º DOMINGO TC-B

12º DOMINGO DO TEMPO COMUM -ANO B

23/06/2024 

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AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO


Primeira Leitura: Jó 38,1.8-11

Salmo Responsorial 106(107)R- Dai graças ao Senhor, porque ele é bom, porque eterna é a sua misericórdia!

Segunda Leitura: 2 Coríntios 5,14-17

Evangelho de Marcos 4,35-41

Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse aos discípulos: “Passemos para a outra margem!” 36          Eles despediram a multidão e levaram Jesus, do jeito como estava, consigo no barco; e outros barcos o acompanhavam. 37Veio, então, uma ventania tão forte que as ondas se jogavam dentro do barco; e este se enchia de água. 38          Jesus estava na parte de trás, dormindo sobre um travesseiro. Os discípulos o acordaram e disseram-lhe: “Mestre, não te importa que estejamos perecendo?” 39        Ele se levantou e repreendeu o vento e o mar: “Silêncio! Cala-te!” O vento parou, e fez-se uma grande calmaria. 40          Jesus disse-lhes então:“ Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” 41 Eles sentiram grande temor e comentavam uns com os outros: “Quem é este, a quem obedecem até o vento e o mar?”

DOM JÚLIO ENDI AKAMINE, ARCEBISPO DE SOROCABA SP


Mc 4,35-40

A comunidade cristã dos evangelistas era uma comunidade duramente perseguida. Os cristãos do tempo de Marcos experimentavam quotidianamente a insegurança de viver como cristãos: perseguidos por causa da fé em Cristo, proibidos de prestar culto publicamente, obrigados à vida marginal, os fiéis da Igreja deviam experimentar grande consolo e confiança toda vez que ouviam as palavras de Jesus: “Silêncio! Cala-te!”. É possível também que houvesse alguns que se sentissem envergonhados por terem tanto medo da perseguição e das provações: “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” Certamente não eram poucos os que no momento do perigo tinham clamado a Jesus: “Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?” A reação de medo dos discípulos era compreensível: a Igreja em que eles viviam mais parecia uma frágil barca, prestes a afundar e Jesus, mesmo estando na barca, parecia dormir!

Essa mensagem de confiança não perdeu nada de sua força consoladora e ressoa também para nós como encorajamento em meio às provações e como reprovação de nosso medo e pânico. Como no tempo do evangelista Marcos, a Igreja hoje está sendo açoitada pelo vento da contradição e da prova. Por sermos cristãos, somos acusados justa e injustamente. Como no tempo do evangelista Marcos, as ondas do mar em tempestade se precipitam sobre a Igreja: há discussões e intrigas fora e dentro da Igreja. Os sinais são o de que a Igreja está com seus dias contados e perto do naufrágio.

De novo, o Senhor, nos repete o que disse aos discípulos na barca: “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” O mestre parece dormir na barca, mas é Ele que carrega a barca.

Alguns dão por certo o fim da Igreja e que a fé será liquidada em breve. Mas isso também não é novo: sempre houve, em todos os períodos da história, os que decretaram o fim da Igreja e, no entanto, a Igreja continuou, apesar de sermos tão desajeitados e desorientados. Sinal de que a Igreja é guiada e conduzida não por nós, mas pelos Senhor, mesmo que pareça adormecido.

O evangelho de hoje, porém, não está dirigido aos “de fora”, mas a nós, que somos medrosos e pessoas de pouca fé. O episódio da tempestade acalmada é narrado para nós que olhamos mais as ondas que nos ameaçam do que o Senhor que está na barca da Igreja.

Outra coisa importante a ser levada em consideração é que as tempestades mais perigosas não são as que sobrevêm contra a Igreja, mas as tempestades que estão dentro de nosso coração: as tentações, os desânimos, as revoltas. Essas tempestades interiores são muito mais destrutivas e perigosas. Por isso precisamos despertar Jesus que está como que adormecido em nosso coração. “Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?” É necessário despertar Jesus que dorme procurando-o na oração e na prática da caridade.

O mar imenso e profundo com sua calma e com as suas tempestades é, na Bíblia, a criatura que melhor se presta a medir a grandeza e o poder imensos de Deus. Mas mais impressionante do que o mar é a beleza da assembleia dos fiéis reunida para a eucaristia: “O mar é lindo e canta os louvores a Deus, mas quanto mais linda é a assembleia dos fiéis na qual o sussurro misturado das vozes é semelhante às ondas que se quebram na praia: uma só voz de homens, mulheres, crianças se eleva em meio às orações que elevamos a Deus. Uma calma profunda mantém esta voz na paz” (São Basílio Magno). A missa é sacrifício de louvor. Não empobreçamos a missa dominical com elementos estranhos ao louvor, a doxologia, a evocação das maravilhas do Senhor, a ação de graças: torcida, teatro, televisão, show).

Nosso louvor está contaminado de vaidade, de interesses e de adulação. Esse louvor não é digno de Deus e ele não chega ao céu. Mas nós temos Jesus na barca! Mais uma vez peçamos a Ele que purifique o nosso louvor a Deus. Melhor que seja Ele o nosso alto-falante vivo junto ao Pai. Que nosso louvor chega ao Pai por Cristo, em Cristo e com Cristo, e seja transportando pelo sopro poderoso do Espírito Santo. 



Medo de acreditar - José Antonio Pagola. 


Os homens geralmente preferem o mais fácil e passamos a vida tentando evitar o que exige verdadeiro risco e sacrifício. Recuamos ou nos fechamos na passividade quando descobrimos as exigências e lutas que acompanham viver com alguma profundidade.

Temos medo de levar a sério nossa vida assumindo nossa própria existência com total responsabilidade. É mais fácil "se acomodar" e "seguir tocando", sem nos atrevermos a enfrentar o sentido último de nosso viver diário.

Quantos homens e mulheres vivem sem saber como, por que ou para onde. Eles estão lá. A vida continua, mas, por enquanto, que ninguém os incomode. Eles estão ocupados com seu trabalho, à noite os espera seu programa de televisão, as férias estão próximas. O que mais há para procurar?

Vivemos tempos difíceis, e de alguma forma precisamos nos defender. E assim cada um vai procurando, com mais ou menos esforço, o tranquilizante que mais lhe convém, embora dentro de nós se abra um vazio cada vez mais imenso de falta de sentido e de covardia para viver nossa existência em toda sua profundidade.


Por isso, nós que facilmente nos chamamos de crentes deveríamos ouvir sinceramente as palavras de Jesus: "Por que vocês são tão covardes? Ainda não têm fé?". Talvez nosso maior pecado contra a fé, o que mais bloqueia gravemente nossa aceitação do evangelho, seja a covardia. Vamos dizer sinceramente. Não nos atrevemos a levar a sério tudo o que o evangelho significa. Temos medo de ouvir os chamados de Jesus.


Frequentemente isso é uma covardia oculta, quase inconsciente. Alguém falou da "heresia disfarçada" (Maurice Bellet) daqueles que defendem o cristianismo até com agressividade, mas nunca se abrem às exigências mais fundamentais do evangelho.

Então o cristianismo corre o risco de se tornar mais um tranquilizante. Um amontoado de coisas que precisam ser acreditadas, praticadas e defendidas. Coisas que, "na medida certa", são boas e ajudam a viver.


Mas então tudo pode ser falsificado. Pode-se estar vivendo sua "própria religião tranquilizante", não muito diferente do paganismo vulgar, que se alimenta de conforto, dinheiro e sexo, evitando de mil maneiras o "perigo supremo" de nos encontrarmos com o Deus vivo de Jesus, que nos chama à justiça, à fraternidade e à proximidade com os pobres.



Somos seres de travessia - “Passemos para a outra margem” (Mc 4,35) - Adroaldo Palaoro


No relato evangélico deste domingo, Marcos prepara a cena desde o início; diz-nos que era “ao cair da tarde”. Logo descerão as trevas da noite sobre o lago de Genesaré. É Jesus quem toma a iniciativa daquela estranha travessia: “passemos para a outra margem”. A expressão tem forte sentido: Ele convida os discípulos a passarem juntos, na mesma barca, para outro mundo, para além do conhecido: a região da Decápole.

Na vida de Jesus de Nazaré, segundo o evangelho de Marcos, a “outra margem” é, sobretudo, território pagão e desconhecido. Está próxima, pode-se ver suas colinas a partir do lado de cá do lago. Mas, as pessoas do outro lado estão distantes: distintas pela cultura e religião, pelas tradições e maneiras de viver.

Para a comunidade pós-pascal, como para Jesus, “passar para a outra margem” implica todo um deslocamento para sair da “margem” rotineira e conhecida, ir ao encontro dos outros e descobrir ali os caminhos do Evangelho. Pois, Jesus não se desloca à outra margem com a rota já estabelecida e com as respostas preparadas. Ele é o “homem da margem”, pois aprende com o diferente e se deixa transformar em sua visão de Deus e sobre o Reino, como no encontro com a mulher cananeia.

No fundo, “passar para a outra margem” é, para Jesus um prolongamento do dinamismo da própria Encarnação, quando cruzou a fronteira, a mais radical, aquela que separa as margens aparentemente mais distintas: a do divino e do humano. A Encarnação é expressão de um Deus que sai de si e atravessa fronteiras, não por necessidade, mas por amor, porque lhe move um desejo irrefreável de relacionar-se, de ser-conosco, de “fazer morada” no interior do ser humano.

Assim, a Encarnação revela-se como uma ousada “travessia” do Deus que se humaniza; identificados com o “Deus em contínua travessia”, também nós, na essência somos “seres de travessias”.

Por isso, o apelo “passemos para a outra margem!” indica duas coisas importantes. A primeira é que a expressão “passemos” está manifestando uma vontade de colocar-nos em movimento. Ou melhor, de começar a mover-nos. A segunda indica a direção da marcha: para onde é preciso ir? “À outra margem”.

Isso significa que há duas margens, e que nós estamos numa, onde até agora nos encontrávamos tranquilos e seguros. É nosso “ninho”. Agora, no entanto, descobrimos uma inquietação interior que nos impulsiona a “sair”, a nos deslocar para o outro lado; não estamos a gosto aqui, do lado de cá. Esta inquietação nos diz, de alguma maneira, que no nosso desejo já atingimos a “outra margem”, embora não a tenhamos pisado ainda. Começamos a pressentir que ali há algo mais importante e desafiante, e que não temos do lado de cá; é necessário mobilizar-nos... e “sair”. Para fazer a travessia é preciso “remar mar adentro”. Porque adentrar-nos não é ter chegado. É algo inacabado e em processo. Fala do sentido do êxodo, de viver em trânsito e em um permanente movimento de busca que leva conosco certa incerteza: deixamos de ver o lugar do qual procedemos e ainda não vemos o lugar ao qual vamos chegar.

“Passar para a outra margem” tem muito de “adentrar-nos”, ou de submergir-nos, de empapar-nos, de molhar-nos, de deixar-nos levar mais para dentro do mar da vida das pessoas, para descobrir aí o novo, o diferente, os “traços” originais d’Aquele que já fez a travessia e nos espera do outro lado.

Ao mesmo tempo, somos desafiados também a nos adentrar no mar dos desafios de nosso mundo, com seus dramas e carências, para ajudar a sanar suas feridas e estabelecer uma rede de solidariedade.

Somos convidados também a montar tendas leves nas encruzilhadas dos caminhos inexplorados e a descobrir a geografia dos “aforas” como uma fonte de revelação.

Assim, passar para a outra margem é acolher o que nos é oferecido com gratuidade.

A imagem da “travessia” do lago de Genesaré é também reveladora de nossa “travessia” no mar interior. Como toda travessia, a da nossa interioridade também não é pacífica; os desafios e as dificuldades estão expressos nas imagens de vento forte, ondas impetuosas, barco instável.

Nosso eu profundo - “a barca” -, mesmo atrevendo-se a sair de seu mundo habitual, experimenta um movimento forte das ondas ameaçadoras no qual teme afundar-se sem saída.

Mas, não podemos evitar de pensar e dar espaço dentro de nós ao fato tão simples e tantas vezes esquecido de que há “outra margem”, outra perspectiva, outro olhar...

Entendemos que se trata de uma experiência original, que mobiliza nossos melhores recursos e que ativa nossa criatividade. Nosso amadurecimento no seguimento de Jesus se dá através da “travessia” da margem do nosso “ego” (autocentrado, fechado aos outros...), à outra margem que é a de nossa identidade profunda. Por isso, a primeira margem é “fechada”, pois tem os mesmos limites que o ego, enquanto a segunda é ilimitada. Na margem antiga controlamos tudo a partir da primazia do ego; na nova margem, entramos no fluxo da Vida mesma e que se expressa em tudo e que esvazia o ego de seu protagonismo anterior.

Nossa margem interior é mais libertadora, não tem tantos pré-juízos, nem tantas feridas e complexos.

Que bonita é a outra margem quando nos aderimos à pessoa de Jesus que, serenamente descansa em nosso barco da vida! Ele, com sua presença, estabelece a calma só com sua palavra. Imediatamente, frente tal qualidade de presença, o mar se torna pacificado, e o medo angustiante se converte em confiança admirada e agradecida.

Cruzar nosso lago existencial com Ele é uma experiência chave para partilhar o que somos e o que temos. Como “seres de travessias”, vamos criando um estilo de vida que vai dando sentido à nossa vida cristã envelhecida, normótica e sem inspiração.

Para sairmos de nossa comodidade temos de nos deixar comover pelo sofrimento das pessoas e pelos clamores que vem da “outra margem”. E isso não é fácil numa sociedade que nos anestesia, nos atordoa e embota nossa sensibilidade.

Não se trata só de ir à outra margem, mas de “deixar-nos conduzir”, ou seja, não podemos nos deslocar a partir de nossos próprios planos, a partir de nossas próprias forças.


Como seguidores(as) d’Aquele que se “fez travessia”, somos chamados(as) a nos reinventar, a aventurar-nos por mares desconhecidos, a navegar para a “outra margem”, para uma terra nova...

Quem se sente fascinado pelo mar acaba por descobrir a maneira de construir barcos e de navegar.

Para isso é indispensável uma forte dose de ousadia... Não pode fugir, nem trair. É preciso ousar para não perecer; é preciso aventurar-se e arriscar o primeiro passo; é preciso peregrinar infatigavelmente para dar origem a uma nova humanidade; é preciso ser nômade seduzido por novos horizontes.

“Tudo que valeu a pena, inicialmente me aterrorizou” (Betty Bender)

Pergunte a um velejador quais os seus melhores momentos no mar e ele lhe contará sobre um perigo que o colocou diante de seus limites.

O medo e o prazer caminham juntos. Eles se fundem no desafio. O mar da vida é o lugar do novo, do risco, da coragem e da ousadia. A vida consiste na constante aventura de ousar.

Para meditar na oração:

Para viver em atitude de “travessia” é preciso estar em eterna vigilância; e, ao mesmo tempo, abrir-se a um constante assombro e gratidão, porque cada manhã é um milagre.

Só vive a travessia quem está desperto, entre o realismo e a esperança.

- Que está acontecendo com os cristãos de hoje que, diante de tantos desafios, sentem medo de fazer a travessia e se escondem atrás de ritualismos vazios, devoções estéreis, práticas religiosas egoicas que não desembocam no compromisso com aqueles que “estão do outro lado, à margem”?

- Por que buscamos segurança no conhecido e no estabelecido no passado, e não escutamos o chamado de Jesus a “passar para a outra margem” para prolongarmos seu modo de ser e viver, aberto ao novo e diferente?


Arriscar a travessia pelas águas desconhecidas -       Ana Maria Casarotti.


No final deste dia Jesus aparece cansado. No capítulo 3 Jesus havia entrado na sinagoga onde estava o homem com uma mão seca e também “havia aí algumas pessoas espiando, para verem se Jesus ia curá-lo em dia de sábado, e assim poderem acusá-lo”.Jesus cura o homem e esse gesto traz como consequência a vontade de matá-lo e, para isso, os fariseus e alguns do partido de Herodes começam a planejar a sua morte. Jesus logo se retira para a beira do rio e muitas pessoas vão ao seu encontro para ser curadas por ele, para receber benção ou escutá-lo. Depois Jesus chama os que deseja escolher e constitui o grupo dos Doze.

Quando ele vai para sua casa são tantas as pessoas que o procuram que não tem tempo nem para comer. Neste momento seus parentes o procuram porque diziam que tinha ficado louco.

No início da proclamação das parábolas, Jesus é procurado por sua mãe e seus irmãos. Sua resposta diante desta busca é constituir uma nova família! “Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.

No capítulo seguinte (Mc 4) Jesus continua com o anúncio das parábolas e finaliza este capítulo com o texto que acabamos de ouvir. “Quando chegou a tarde, Jesus disse a seus discípulos: ‘Vamos para o outro lado do mar”. Então os discípulos deixaram a multidão e o levaram na barca, onde Jesus já se encontrava”.

Chega a tarde e podemos pensar que para Jesus foi um dia de muito cansaço, continuamente rodeado de pessoas que o procuravam para ser curadas por ele, para escutá-lo, apesar de possivelmente não conseguirem entender muito o seu ensinamento através das parábolas.

Jesus pede para atravessar o mar e eles deixam a multidão e o levam na barca. Podemos imaginar que Jesus está fatigado e merece descansar num espaço com pessoas de confiança, aqueles que ele tinha escolhido. Lembremos que o mar simboliza o perigo, as ameaças à vida, tudo aquilo que destrói a firmeza e segurança da terra, fundamentalmente quando se procura atravessá-lo numa pequena barca.

Há sempre a possibilidade de uma tormenta, do vento que ameace a estabilidade da barca, mas Jesus não se preocupa com isto. Ele descansa sem medo, confiando no seu Pai.

Quando começa “a soprar um vento muito forte, e as ondas se lançavam dentro da barca, de modo que a barca já estava se enchendo de água”, os discípulos não podem acreditar que Jesus continue dormindo. Como é possível que ele possa continuar dormindo sem preocupar-se? Ele não tem sensibilidade, ou não percebe a força desse vento e das águas que já estão enchendo a barca? Seu pedido foi claro: ir para o outro lado do mar, ou seja, atravessar o mar da Galileia para ir à terra dos pagãos e continuar sua missão.

Mas quando começa a tormenta e o vento forte, podemos imaginar o assombro dos discípulos diante desta situação. Jesus continua dormindo!!! Eles o acordam e em suas palavras há um protesto pela sua impassibilidade: “Mestre, não te importa que morramos?”.

A resposta de Jesus não são palavras, é uma atitude que manifesta seu domínio sobre o mar e tudo aquilo que simbolize perigo e, neste caso, até risco de morte. Ele reage com palavras claras: ameaça o vento e diz ao mar: "Cale-se! Acalme-se!"

O vento para, mas não acaba aqui: Jesus se dirige aos discípulos com palavras duras pelo seu medo e sua falta de fé.

E podemos perguntar-nos: “Quais são os mares que as diferentes comunidades estão atravessando hoje para continuar assim a missão que Jesus lhes confia”?

Quais são os ventos que ameaçam continuamente nossa barca para que fique sempre na mesma beira do mar, sem preocupar-se com os outros e outras e ir ao desconhecido, ou como disse o Papa, ir às fronteiras?

Quais são as vozes que escutamos e nos atraem para ficar como uma Igreja aparentemente tranquila, sem movimento, sem estender seu olhar para além do conhecido e do seguro?

Falta-nos fé e confiança naquele que nos chama e nos convida a viver na fé e na confiança nele, sem deixar que o medo nos aprisione.

Os discípulos se perguntam: “Quem é este?”. Surpreendidos pelo seu poder sobre o vento e sobre o mar, diante da atitude de Jesus, eles têm muito medo! Se a comunidade segue os passos do seu Mestre, sofrerá perseguições, experimentará tormentas, mas o poder de Deus é maior que tudo isso.

Neste dia somos convidados a escutar suas palavras e passar assim da desconfiança ou do medo para uma fé confiada, a ponto de poder dormir mesmo na tormenta da travessia missionária.


TEXTO DE DOM DAMIÁN NANNINI, ARGENTINA 

(Traduzido pelo Tradutor Google, sem correção nossa) 



 12º DOMINGO DO TEMPO COMUM – CICLO "B"

  

Primeira leitura (Jó 38,1.8-11):      


Este texto é dominado pela imagem do mar que simboliza o poder da natureza, algo muito forte, incontrolável e ameaçador ao mesmo tempo. Por isso ele é, às vezes, também figura do mal, do inimigo. Mas, para além de toda a sua força e bravura, Deus, o Criador, pode dominar o mar e limitá-lo.


 Evangelho (Mc 4,35-41):  


         A história começa com uma referência temporal (“ao pôr do sol desse mesmo dia”) e outra espacial (“vamos atravessar para a outra margem”) que têm a função de ligá-la ao que a precede. Jesus estava ensinando em parábolas à beira-mar, no barco (cf. 4:1); e agora nesse mesmo barco, tal como estava, levam-no para a outra margem do lago, a oriental, terra dos pagãos.


Assim que Jesus sai da costa, a história centra-se exclusivamente na relação de Jesus com os seus discípulos numa situação perigosa. Esta relação domina grande parte do evangelho segundo São Marcos, pois um de seus objetivos é a formação do catecúmeno, o discípulo de Jesus.


         Imediatamente, e brevemente, é descrita uma situação dramática: surge um forte vento de furacão que provoca a queda de grandes ondas sobre o barco; que logo ficou cheio e em perigo de naufrágio. Como o Lago da Galiléia está localizado em uma depressão no terreno e cercado por montanhas, essas tempestades prematuras e perigosas ocorrem com frequência.


         Alguns autores sugerem que tenhamos como pano de fundo a história de Jonas, que também dormiu no barco durante a tempestade (cf. Jn 1,5) quando fugia da missão que Deus lhe havia pedido para ir a Nínive, terra de pagãos. , para pregar-lhes a conversão. Depois «poder-se-ia dizer que a tempestade se levanta para deter o avanço libertador do mensageiro da boa nova e do seu grupo de discípulos, ou seja, é uma espécie de metáfora que descreve a luta entre os poderes do mal, personificados no mar, e Deus, encarnado em Jesus. O fato de Jesus estar dormindo nos fala de sua confiança em Deus, ou no poder que Deus lhe deu para combater Satanás, o homem forte de 3,27”[1]. A verdade é que a história deixa evidente o contraste entre a agitação dos discípulos e a serenidade de Jesus que dorme num travesseiro na popa (proa) do barco.


         M. Navarro Puerto[2] nos informa sobre um certo paralelo entre a atitude de Jesus nesta cena e a parábola da semente que cresce por si mesma, pois são usados ​​os mesmos verbos “dormir” e “levantar-se”: “E ele disse: “O Reino de Deus é semelhante a um homem que lança a semente à terra: quer durma quer se levante, noite e dia, a semente germina e cresce, sem que ele saiba como” (Marcos 4:26-27). no caso do agricultor, ele adormece e levanta-se expressando o ritmo de vida confiante; por outro lado, Jesus dorme confiante, mas é acordado pelos seus discípulos. não se importa (οὐ μέλει σοι) que pereçamos." Vale lembrar aqui que alguns dos discípulos eram pescadores e daquele mesmo lugar, portanto a avaliação deles sobre o perigo da situação deve ter sido muito real. No entanto, a reprovação , mais do que um pedido de ajuda urgente - um SOS -, tem a forma de uma reclamação emocional, de uma reclamação a Jesus por não lhes dar atenção e ser indiferente ao seu destino. Jesus recebe uma reprovação semelhante de Marta, irmã de Maria, em Lucas 10:40: "Senhor, não te importa (οὐ μέλει σοι) que minha irmã me deixe sozinha no trabalho?"


Assim que se levanta, Jesus “repreende o vento” e “manda silêncio” ao mar. E imediatamente tudo se acalma. A situação é diferente.


         As expressões de Jesus dirigidas ao vento e ao mar têm paralelos em histórias de exorcismo como Marcos 1:25 e 9:25, de modo que esta ação de Jesus é apresentada como um exorcismo cósmico que diz respeito à natureza. Isto teria sua razão na concepção da época que considerava os poderes malignos como causadores da agitação dos elementos da natureza. Portanto, existe uma certa correspondência simbólica entre terra > vida e mar > morte. Não esqueçamos que Israel é uma cidade mediterrânica, do interior, pelo que o mar representava uma potência perigosa e misteriosa. A este detalhe devemos acrescentar o elemento temporal: a tempestade acontece à noite, na escuridão, o que também tem um sentido simbólico do mal.


O contexto do Antigo Testamento ajuda-nos a compreender o alcance do que Jesus realizou com a sua única palavra: estabelecer um limite para o mar é um ato do poder divino. A primeira leitura e o salmo de hoje são um claro exemplo desta concepção. Sl 107:23-31 é uma ação de graças pela salvação de um vento tempestuoso com ondas subindo para o céu e marinheiros clamando ao Senhor em sua extrema angústia. Mas vejamos outros:


 Salmo 74:13: Você destruiu o mar com seu poder e quebrou as cabeças do dragão do mar;


Sal 89:10: Dominas a soberba do mar e acalmas a arrogância das suas ondas;


Jó 26:12: Com a sua força conteve o Mar, com a sua inteligência derrotou Raabe.


 Como J. Gnilka observa com razão: “É importante perceber que o poder atribuído a Yahweh no Antigo Testamento é agora afirmado por Jesus”.


         É importante também que Jesus domine o vento e o mar com a sua única Palavra. A palavra do Mestre é uma palavra cheia de poder, capaz de trazer calma num mar agitado.


A reprovação de Jesus aos seus discípulos é dura porque ele usa o termo “covardes” (δειλοί) (cf. Ap 21,8 onde encabeça a lista daqueles que serão lançados no lago de fogo e enxofre que é a segunda morte) . Então ele os repreende por ainda não terem fé.


         A história termina com uma nova reação dos discípulos, também caracterizada pelo medo, mas com uma nuance diferente da anterior, que foi a covardia, refletida no uso de um termo diferente (φόβοs). Neste caso, trata-se mais de perplexidade e perplexidade diante de tal ato de poder por parte de Jesus, o que levanta a questão sobre sua identidade. A este respeito, é interessante o que diz A. Rodríguez Carmona[4]: “Apesar de estarem com Jesus, ainda não o conhecem e, por isso, são tímidos diante da dificuldade, mas têm a capacidade de surpreender no face do mistério e são capazes de questionar-se, com uma pergunta aberta, sobre o mistério da pessoa de Jesus, que se revela como Senhor da criação”.


 Algumas reflexões: 


         É importante lembrar sempre que a fé é um processo, uma jornada que dura a vida toda. E embora possa nos surpreender, a fé sempre terá a dúvida como companheira de viagem. São John Henry Newman é responsável pela frase: “fé é a capacidade de suportar dúvidas”. Esta luta entre a fé e a dúvida faz parte da condição humana. Assim como o crente será assaltado pela dúvida se a sua fé, aquilo em que acredita e em quem acredita, é real; O incrédulo também será “tetado pela fé”, no sentido de se perguntar se a fé não é real e se ele tomou o caminho errado ao rejeitá-la. Isto foi expresso pelo jovem Joseph Ratzinger na sua obra “Introdução ao Cristianismo”: “tanto o crente como o não crente participam, cada um à sua maneira, na dúvida e na fé, desde que não se escondam de si mesmos”. . a verdade do seu ser. Ninguém pode escapar completamente da dúvida ou da fé. Para um, a fé estará presente apesar da dúvida, para o outro através da dúvida ou na forma de dúvida. É uma lei fundamental do destino humano encontrar o que é decisivo para a sua existência na rivalidade perpétua entre a dúvida e a fé, entre a contestação e a certeza. A dúvida impede que ambos se fechem hermeticamente no ego e ao mesmo tempo constrói uma ponte que os comunica. Impede que ambos se fechem em si mesmos: aproxima o crente de quem duvida e aproxima o que duvida do crente; por um lado, é participar do destino do incrédulo; Para o outro, a dúvida é a forma como a fé, apesar de tudo, subsiste nele como exigência”.


         E esta dúvida torna-se mais forte, mais penetrante, nos momentos difíceis onde parece que estamos afundando e que o Senhor não se importa com isso. Esta foi precisamente a experiência dos apóstolos narrada no evangelho de hoje. É um texto revelador para os discípulos de Jesus, ontem e hoje, porque nos faz descobrir que não podemos estar demasiado seguros da fé/confiança que temos. É bom perguntar-nos se temos a fé/confiança que Jesus espera de nós, porque diante das dificuldades e dos contratempos da vida enlouquecemos e perdemos a paz do coração. E também é bom perguntar-nos por que é verdade que a presença de Jesus não exclui ameaças e perigos.


         O barco da Igreja, onde nos encontramos nós, crentes, tem a missão de prolongar a obra que Jesus fez, com Ele e no seu mesmo caminho e com os seus mesmos meios. Assim, como diz com razão LH Rivas[5]: “Não podemos esperar que nas nossas pequenas comunidades tudo aconteça sem dificuldades, nem que no nosso trabalho evangelizador tudo se faça sem contratempos. Mas no meio de todos os contratempos devemos manter a serenidade porque Cristo está conosco”. Ou seja, já passamos e passaremos por muitas tempestades, mas a fé em Jesus, na sua presença no meio de nós, nos permite manter a calma em meio à tempestade.


          E junto com a dúvida, somos assombrados também pelo medo que nos paralisa, que nos prende em nós mesmos e no nosso grupo, que nos impede de viver uma vida apostólica ousada pessoal e eclesiasticamente. Os discípulos reagem com diferentes tipos de medo. Como observa M. Navarro Puerto[6], Jesus com a sua palavra poderosa acalma o vento e o mar, libertando assim os discípulos da sua covardia, do seu medo. Mas ao mesmo tempo, com este gesto poderoso, ele liberta outro medo que reside nos seus corações: o medo do desconhecido, da revelação da identidade de Jesus que escapa aos esquemas quotidianos. Na verdade, todo medo é uma reação à ameaça de algo que não podemos controlar, que nos vence, seja pela sua força (como a tempestade no mar); ou porque nos é desconhecido ou nos surpreende (como o poder de Deus operando em Jesus).


Como diz o Papa Francisco na GE: “Precisamos do impulso do Espírito para não ficarmos paralisados ​​pelo medo e pelo cálculo, para não nos habituarmos a caminhar apenas dentro de limites seguros” (133). “Deus é sempre novo, que nos impulsiona a recomeçar e a ir além do que é conhecido, em direção às periferias e às fronteiras. Leva-nos até onde a humanidade está mais ferida e onde os seres humanos, sob a aparência de superficialidade e conformidade, continuam a procurar a resposta à questão do sentido da vida. Deus não tem medo! Não tem medo! Ele sempre vai além dos nossos esquemas e não tem medo das periferias. Ele próprio tornou-se uma periferia (cf. Fl 2, 6-8; Jo 1, 14). Portanto, se ousarmos chegar às periferias, lá o encontraremos, ele já estará lá. Jesus primeiro-nos no coração daquele irmão, na sua carne ferida, na sua vida oprimida, na sua alma obscurecida. Ele já está lá” (135).


         Isto é, a missão da Igreja deve enfrentar riscos quando sai para evangelizar. Não podemos permitir que o medo nos pare e nos prenda. Como diz com razão OD Vena[7]: «Deus não nos pede para não sermos humanos, para nunca experimentarmos o medo, mas pede-nos para sermos fiéis, mesmo no meio do medo […] O Cristo ressuscitado é aquele que foi crucificado. A vitória do evangelho é alcançada através do sofrimento, pois os poderes que se opõem à vida não se rendem tão facilmente. Por isso, certamente, sentiremos medo e quereremos abandonar a nossa vocação de semear o reino de Deus, mas lembremo-nos: Jesus está conosco no barco. Ele sabe bem o que é o medo, porque o venceu, e também pode nos dar a capacidade de superar nossos medos e chegar à outra margem, onde há muitos que precisam ouvir a mensagem libertadora de Deus”.


         É obrigatório citar aqui as luminosas palavras do Papa Francisco, comentando o mesmo evangelho deste domingo, em sua mensagem A cidade e o mundo durante o momento extraordinário de oração no átrio da Basílica de São Pedro, em 27 de março de 2020: «Por que você está com medo? Você ainda não tem fé?». Senhor, você nos dirige um chamado, um chamado à fé. O que não é tanto acreditar que você existe, mas sim ir em sua direção e confiar em você. «Por que você está com medo? Você ainda não tem fé?». O início da fé é saber que precisamos de salvação. Não somos autossuficientes; sozinhos afundamos. Precisamos do Senhor como os antigos marinheiros precisavam das estrelas. Vamos convidar Jesus para o barco da nossa vida. Vamos entregar-lhe os nossos medos, para que ele possa superá-los. Como os discípulos, experimentaremos que, com Ele a bordo, não há naufrágio. Porque esta é a força de Deus: transformar tudo o que nos acontece em algo bom, mesmo o ruim. Ele traz serenidade às nossas tempestades, porque com Deus a vida nunca morre... Abraçar a sua Cruz é ousar abraçar todos os reveses do tempo presente, abandonando por um momento o nosso desejo de onipotência e posse para dar espaço à criatividade que só o Espírito é capaz de despertar. Significa incentivar espaços onde todos possam sentir-se convidados e permitir novas formas de hospitalidade, fraternidade e solidariedade. Na sua Cruz fomos salvos para abrigar a esperança e deixar que ela fortaleça e sustente todas as medidas e caminhos possíveis que nos ajudem a cuidar de nós mesmos e a cuidar de nós mesmos.  Abrace o Senhor para abraçar a esperança. Esta é a força da fé, que nos liberta do medo e nos dá esperança”. 

Em suma, Jesus espera dos seus discípulos a fé, a confiança, o abandono Nele, a serenidade pela sua presença (mesmo que durma). E esta confiança é apoiada pela Presença e pela Palavra de Jesus. Notemos os efeitos da palavra poderosa de Jesus: silêncio e calma. Jesus silencia o barulho e a agitação interior e nos devolve o silêncio e a calma. Temos aqui um critério claro para discernir a ação do Senhor na nossa vida: ele silencia os nossos ruídos e nos introduz no seu silêncio e na sua paz. 

A título de atualização, é válida a apresentação de L. Monloubou8: "A anedota referida no nosso texto manifesta o gesto misericordioso de Jesus, ansioso por aparecer aos seus discípulos como alguém em quem podem confiar, por mais dramática que a situação lhes possa parecer. Mas este medo dos amigos de Jesus, enlouquecidos pelas dificuldades que bloqueiam o seu caminho, não pertence apenas aos primeiros discípulos; É o medo de todas as gerações de cristãos que temem que o barco em que se reuniram à volta de Jesus afunde; que se surpreendem com o seu silêncio e que se assustam por não o verem agir antes mesmo de as dificuldades realmente surgirem. A todos estes corações inquietos, o evangelho de hoje fala-lhes da doce compaixão que Jesus tem pela vacilação da sua fé; Expressa, sobretudo, o domínio absoluto que exerce sobre todas as forças do mal". 

Uma grande mestra de confiança em Deus, Santa Teresinha do Menino Jesus, tinha certa predileção por esta imagem de Jesus dormindo no barco no meio da tempestade. E costuma aplicar isso tanto à sua própria vida quanto à de sua irmã Celina. Sobre sua vida ela escreve à Madre Superiora: "Antes de lhe falar desta prova, querida Madre, deveria ter-lhe falado dos exercícios espirituais que precederam a minha profissão. Aqueles exercícios não só não me deram nenhum consolo, mas neles a mais absoluta aridez e quase o abandono foram meus companheiros. Jesus dormiu, como sempre, no meu barquinho." E então ele expressa isso poeticamente: 


Viver com amor é enquanto Jesus dorme 


Fique calmo 

no meio do mar afogado. 

Não tenha medo, ó Senhor, para que eu possa te despertar, 

Espero em paz pela costa do céu... 

Em breve a fé rasgará o seu véu 

e minha espera será de apenas um dia. 

A caridade me empurra, enche minha vela, 

Eu vivo por amor! 


PARA ORAÇÃO (RESSONÂNCIAS DO EVANGELHO EM ORAÇÃO): 

Ao vento e ao mar 

Senhor Jesus 

Nosso Deus, todo-poderoso  

Eu vivo entre os homens de todos os tempos 

Pedimos-lhe que ouça o clamor do seu povo 

O barco que nos leva até você 

Está abalado pela tempestade 

A tempestade chicoteia suas velas 

Furacões, tempestades 

Muitos dizem... Deus adormeceu 

E o desespero e o medo se espalharam 

Nós nos agitamos no escuro, confusos 

Oramos a ti, salva-nos Senhor! 

E você espera pelo momento  

Para nos lembrar que a fé é aquilo 

Esteja sempre atento, acordado 

Vigiando em oração e se necessário 

Chore alto para o céu 

Saber que somos filhos ternos, mas fortes 

Confiante do Pai que você nos fez saber 

Rosto que ilumina este navio, 

Não nos deixará morrer 

Seu caminho tem um destino eterno: 

A vida prometida, a terra do encontro 

Onde o mar é calmo e tem brisa, o vento. Amém



[1] O. D. Vena, Evangelio de Marcos. Comentario para exégesis y traducción (SBU; Miami 2008) 104.

[2] Marcos (Verbo Divino; Estella 2006) 168.

[3] El evangelio según San Marcos. Vol. I (Sígueme; Salamanca 1992) 228.

[4] Evangelio de Marcos (DDB; Sevilla 2006) 64.

[5] Jesús habla a su pueblo. Ciclo B (CEA; Buenos Aires 2002) 89.

[6] Marcos (Verbo Divino; Estella 2006) 170-172.

[7] Evangelio de Marcos. Comentario para exégesis y traducción (SBU; Miami 2008) 105.

[8] Leer y predicar el evangelio de Marcos (Sal Terrae; Santander 1981) 71.