13º T.C.- S. PEDRO E S. PAULO

Solenidade de São Pedro e São Paulo 

DIA DO PAPA

02/07/2023 

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AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO


Primeira Leitura: Atos dos Apóstolos 12,1-11

Salmo Responsorial-33(34)-R- De todos os temores me livrou o Senhor Deus.

Segunda Leitura: 2 Timóteo 4,6-8.17-18


Evangelho: Mateus 16,13-19 (Tu és Pedro...)

Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, 13Jesus foi à região de Cesareia de Filipe e ali perguntou aos seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do homem?” 14Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros, que é Elias; outros, ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas”. 15Então Jesus lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” 16Simão Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. 17Respondendo, Jesus lhe disse: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. 18Por isso eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. 19Eu te darei as chaves do reino dos céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”. – Palavra da salvação. 


DOM JÚLIO ENDI AKAMINE, ARCEBISPO DE SOROCABA SP.

Mt 16,13-19

Celebramos hoje o martírio dos apóstolos Pedro e Paulo. Eles foram mortos na perseguição de Nero mais ou menos no ano 64. Através desses dois apóstolos, a Igreja celebra hoje a sua apostolicidade: a Igreja de Cristo, a verdadeira Igreja é una, santa, católica e apostólica.

O que significa que a Igreja é apostólica?

Dizer que a Igreja é apostólica significa que sua origem está relacionada aos apóstolos. Ela não começou no século passado, não foi fundada por qualquer um. Significa também que, para chegar a ter comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito Santo não há outro caminho a não ser aceitar o testemunho daqueles que, desde o princípio viram o Senhor e conviveram com Ele. Dizer que a Igreja é apostólica é dizer que a Igreja católica está fundada sobre os apóstolos e reconhecer com gratidão que vivemos na Igreja que tem sua origem na Igreja dos Apóstolos.

Por que os apóstolos são importantes para a Igreja?

Isso se deve à originalidade da revelação cristã. A revelação não se fundamenta, em primeira instância, sobre um texto sagrado. Isso acontece, por exemplo, com o Islã que tem uma “Escritura que desceu de Deus”, que disse ao profeta: “Fizemos descer sobre ti a Escritura” (Corão, Sura 39,1-2). No Islã, é o texto e não Maomé o lugar próprio da Palavra de Deus.

No cristianismo, pelo contrario, a revelação de Deus não é primeiramente um livro, mas a pessoa e a vida histórica de Jesus de Nazaré. Jesus, porém, não escreveu, não ditou, nem trouxe consigo um documento sagrado: Ele nada escreveu nem nos entregou um “livro vindo do céu”.

A revelação divina é realizada na pessoa e na história de Jesus e tal revelação pôde chegar até nós somente porque existiram homens que viveram com Ele e que testemunharam para nós tudo o que Ele disse e fez: como viveu, como morreu, como apareceu para eles, depois da morte, ressuscitado. Esses homens que receberam o Evangelho diretamente de Jesus são os Apóstolos. A Igreja atual, a Igreja na qual vivemos, descende da Igreja dos Apóstolos: nós estamos unidos a Jesus Cristo, ao Pai e ao Espirito Santo pela cadeia ininterrupta de testemunho que se origina nos Apóstolos e chega até nós pelos sucessores dos apóstolos que são os bispos.

Por que é tão importante essa transmissão pela sucessão apostólica? Porque a transmissão da fé não é um processo mecânico de comunicação. A fé apostólica é uma vida que só pode ser transmitida por meios vivos e não por meros meios mecânicos ou virtuais.

O texto de hoje fala da confissão de Pedro em Cesaréia de Filipe. Mais ainda, fala da confissão de Jesus. Pedro confessa que Jesus é o Messias, o Filho de Deus; Jesus confessa que Simão é Pedro, pedra sobre a qual edificará a sua Igreja. A Igreja não é uma sociedade de pessoas que decidiram se associar por iniciativa própria para um determinado fim. A Igreja é fundada sobre a fé de Pedro: tu és o Messias, o Filho de Deus. É essa adesão a Cristo que cria entre as pessoas uma nova relação.

Jesus confessa que a fé de Pedro não provém dos homens, mas é uma revelação de Deus. Assim a Igreja fundada sobre Pedro é uma convocação para a fé de Pedro.

A função de Pedro não é meramente honorífica, não é a recompensa de Jesus pela sua confissão de fé. A função de Pedro é um serviço que inclui ligar e desligar. Jesus promete a Pedro que ele terá as chaves de acesso ao Reino de Deus e terá o poder de julgar, perdoar e condenar. Tudo isso será ratificado por Deus: o que ligares na terra será ligado nos céus, o que desligares na terra será desligado nos céus.

Pedro e Paulo foram chamados por Jesus para levar o Evangelho a todas as nações. Mas esse evangelho não é um primeiramente um livro, é o próprio Jesus vivo. E Jesus vivo só pode ser levado por pessoas vivas, que vivem a vida de Jesus. Assim é o bispo para a Igreja: ele não é um mero comunicador de uma mensagem bonita. Ele leva Cristo, sendo Cristo para as pessoas. Evidentemente ele nunca deve ter a pretensão de se substituir a Cristo, mas não há outro meio de ser portador do evangelho a não ser tornando presente Cristo.

Admirável dom! Dom maravilhoso esse! Ao mesmo tempo, quanta responsabilidade! Pois se o recebemos, podemos também tratar esse dom com relaxo e desprezo: é como atirar as pérolas aos porcos, ou dar as coisas santas para os cães. Fazemos isso toda vez que não empenhamos tempo, esforço e energia para corresponder ao dom recebido. Não há como exercer o ministério sacerdotal (ser o Cristo para os outros) sem santidade pessoal (ter os mesmos sentimentos de Cristo e identificar-se com Ele). A identidade do bispo consiste no dom de Jesus: no dom de ser Jesus para os outros, e no dom de se empenhar de verdade em se identificar com Cristo ao longo de toda a vida.


São Pedro e São Paulo - (não consta o autor)

São Paulo

Paulo nasceu em Tarso na Ásia Menor, criou-se em Jerusalém na Palestina, e foi enviado a Damasco na Síria. Depois da sua conversão andou pela Arábia. Passando por Jerusalém, voltou para Tarso e, alguns anos depois, veio morar na comunidade de Antioquia na Síria. De lá foi enviado para a missão e, junto com os companheiros, andou por muitas regiões do Império Romano etc. Passou pela Ásia e entrou para a Europa. Andou de navio pelo Mar Mediterrâneo e foi até Malta e Roma. 

O domicílio natural de Paulo era Tarso. Mas depois que tomou consciência da sua missão, não teve mais domicílio fixo. Era um peregrino sem repouso. Vivia em canto nenhum, e se sentia em casa em todo lugar.

Sendo homem de participação ativa, Paulo recebeu e exerceu muitas tarefas e funções. Sinal de que era uma pessoa com qualidades de liderança. Eis algumas delas:

1. Assistiu o apedrejamento de Estêvão (At 7,58; 8,1); 

2. Provavelmente foi membro do Supremo Tribunal de Jerusalém; 

3. Enviado para Damasco em vista da perseguição aos cristãos (At 9,2); 

4. Delegado dos cristãos convertidos do paganismo para o Concílio Ecumênico de Jerusalém (At 15,2); 

5. Delegado oficial do Concílio de Jerusalém junto às comunidades cristãs do mundo pagão (At 15,22.25); 

6. Responsável oficial pela evangelização dos pagãos (Gl 2,7-9); 

7. Fez diversas viagens de navio e por terra para formar Comunidades de seguidores de Jesus;

8. Escreveu cartas para todas essas Comunidades, depois de as organizar e ir embora

9. A tarefa mais importante: “Ai de mim!, se eu não anunciar o Evangelho!” (1Cor 9,16).

São Pedro

Pedro de pescador de peixes se transformou em pescador de homens (Mc 1.7). Era casado (Mc 1, 30). Homem bondoso, muito humano. Era levado naturalmente a liderar seus companheiros - os doze primeiros discípulos de Jesus. Jesus respeito esta tendência natural e fez de Pedro o animador de sua primeira comunidade (Jo 21.17).

Antes de entrar na comunidade de Jesus, Pedro se chamava Simão. Jesus lhe deu o apelido de Cefas ou Pedra, que depois se tornou Pedro (L 6, 14).

Por natureza, Pedro podia ser tudo, menos pedra. Era corajoso no falar, mas na hora do perigo deixava-se levar pelo medo e fugia. Por exemplo, certa vez quando Jesus chegou caminhando sobre as águas, Pedro pediu: “Jesus, posso também eu vir contigo sobre as águas?” Jesus respondeu: “Pode vir, Pedro!” Pedro, deixando o barco, começou a caminhar sobre as águas. Mas quando veio uma onda mais alta do normal, ficou com medo, começou a afundar e gritou: “Salva-me, Senhor!” Jesus o agarrou e o salvou (Mt 14,28-31).

Na última ceia, Pedro disse a Jesus “Eu nunca vou te renegar, Senhor!” (Mc 14, 31); mas poucas horas depois, no palácio do sumo sacerdote, diante de uma empregada, quando Jesus já tinha sido preso, Pedro negou com juramento ter qualquer relação com Jesus (Mc 14,66-72).

No jardim das Oliveiras, quando Jesus foi preso, ele chegou mesmo a pegar uma espada (Jo 18.10), mas depois fugiu, deixando Jesus sozinho (Mc 14,50). Por natureza, Pedro não era pedra! No entanto, este Pedro tão fraco e tão humano, tão igual a nós, tornou-se pedra, porque Jesus rezou por ele dizendo: “Eu, porém, orei por ti, para que tua fé não desfaleça. E tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos” (Lc 22,32). Por isso, Jesus podia dizer: “Tu é Pedra e sobre esta pedra eu construirei a minha Igreja” (Mt 16,18). Jesus o ajudou a ser pedra.

 

Conclusão – Pedro e Paulo, os dois formadores das primeiras Comunidades de Seguidores de Jesus, cada um com a sua contribuição. Pedro, o fracassado e medroso que com a graça de Jesus se torna a pedra de alicerce na Comunidade de Seguidores. Quem havia negado Jesus, no fim anuncia destemido, diante de do Império Romano, o nome e a causa de Jesus, quem o matou e por que. E como o fundador das Comunidades (Jesus) também terminou a sua vida sendo crucificado.

Paulo, com o mesmo entusiasmo passou de um perseguidor dos grupos de Seguidores de Jesus, a ser um fervoroso defensor, pregador e formador. “Ai de mim se eu não proclamar” A imagem de Estevão morrendo com luz, alegria e calma no seu rosto perseguiu o Paulo durante tempos até ele cair do cavalo e passar a ser não somente membro do Seguidores de Jesus, do Movimento de Jesus, mas também o membro com maior entusiasmo na defesa da causa e princípios de Jesus e com disposição de travessar mares e terras para formar novas Comunidades.

 

Como integrar Pedro e Paulo em nossas vidas?- Adroaldo Palaoro


“E vós, quem dizeis que eu sou?” (Mt 16,15)


Neste domingo, a liturgia nos convida a “fazer memória” de São Pedro e São Paulo, dois personagens instigantes, inspiradores e motivadores para todos nós cristãos, seguidores(as) d’Aquele que continuamente nos desafia com sua pergunta: “E vós, quem dizeis eu sou?”

Não se trata de dar uma resposta teológica, mas de reforçar nossa adesão e identificação à pessoa de Jesus Cristo. Por isso, cada um responde de maneira diferente, porque não há um seguimento igual para todos.

Foi assim que, Pedro e Paulo, com suas personalidades tão distintas, deixaram-se impactar pela pergunta de Jesus e souberam responder com a vida; por isso, eles são referências para nós.

Há perguntas inofensivas, fáceis de responder e que não nos comprometem. O problema está quando nos fazem perguntas nas quais nos sentimos implicados.

Há perguntas que parecem ser de pesquisas; e há perguntas que nos des-velam por dentro. Há perguntas secundárias sobre as quais podemos dizer qualquer coisa.

E há perguntas essenciais que nos movem a falar de nós mesmos. E essas perguntas doem porque são perguntas que desnudam o fundo de nosso coração. São perguntas que nos implicam naquilo que somos realmente.

O perguntar é ousado, instigante; perguntar contém desafio, provocação; leva dose de irreverência.

“Perguntar é mergulhar no abismo” (Exupéry). As perguntas têm uma força que não encontramos nas respostas. Enquanto perguntamos por alguém, palpita em nós um impulso, um interesse que não se apaga enquanto não sacia nossa curiosidade.

A pergunta é movimento; é a pergunta que faz emergir a novidade, pois ela ativa a busca por uma resposta criativa. Mais ainda, perguntar põe em crise certas convicções, ideias fechadas, modos arcaicos de viver...e nos mantém em busca permanente.

É neste nível que surge a pergunta de Jesus aos discípulos, na região de Cesareia de Filipe.

Ele não pergunta aos seus discípulos sobre o que pensam a respeito do Sermão da Montanha ou sobre sua atuação curativa juntos aos doentes da Galileia. Para seguir Jesus, o decisivo é a adesão à sua Pessoa. Por isso quer saber o que eles pensam e sentem, depois de um tempo de convivência com Ele.

Jesus propõe a pergunta fundamental, “e vós, quem dizeis que eu sou?”; uma pergunta exigindo que eles se examinem a sério, que tomem consciência do que pretendem, que explicitem as reais motivações que os levam a segui-lo. Responder à pergunta “Quem sou eu para vocês?” é fazê-los comprometer com um novo estilo de vida, é assumir o novo caminho com Ele, é arriscar-se numa aventura.

A pergunta é desafiadora, e não simples curiosidade e inquietação, e se dirige a todos. Cada um tem de dar sua resposta. Ela exige uma tomada de posição, um ato de fé.

Pedro e Paulo responderam com suas vidas a pergunta feita por Jesus; por isso, eles não são somente duas colunas que sustentam a grande comunidade cristã; eles representam as duas dimensões essenciais para o dinamismo da Igreja. A liturgia intuiu que é preciso integrar as identidades destes dois personagens. Não se pode privilegiar um em detrimento do outro.

Nos Evangelhos, Pedro é o pescador que, impactado pela presença e pelo convite de Jesus, vai entrando, aos poucos, em sintonia com Ele. Um encontro que vai crescendo em adesão à proposta do Reino; um caminho de seguimento que tem seus momentos de obscuridade e de crise, sobretudo ao ver o fracasso do Mestre condenado pelas autoridades religiosas e políticas.

Pedro é o protótipo do cristão que vai se convertendo, abrindo-se à presença desconcertante de Deus na conduta histórica de Jesus. Em Pentecostes, Pedro fala em nome dos primeiros discípulos, cuja fé vem a ser normativa para todas as gerações que se sucedem na história da igreja. Ele confessa o artigo central e original da fé cristã: “Jesus Cristo é o Filho de Deus vivo”. E se a Igreja se mantém firme nessa confissão, nada nem ninguém a destruirá.

Entre os discípulos de Jesus, Pedro foi sem dúvida o mais atirado, o mais impulsivo, com o perigo que isso implica. Era o líder do grupo, o primeiro a falar em qualquer circunstância, sem medo de repreender Jesus quando este anuncia sua paixão, sem medo de levar uma reprimenda quando Jesus quer lavar os pés ou quando anuncia que todos o trairão. O fato de ser tão lançado o situa também no lugar mais perigoso, o da negação de Jesus. Mas, ele mesmo termina confessando depois da ressurreição: “Tu sabes tudo, tu sabes que te amo”. Não é novidade que Jesus o visse como o líder natural do grupo depois de sua morte e ressurreição.

Paulo, por sua vez, é o homem universal. Alcançado e convertido pela presença do Ressuscitado, ele abriu a Igreja ao mundo grego e romano, superando os moldes da religião judaica. Com sua itinerância, rompeu as fronteiras geográficas, culturais e religiosas, pois, para ele, o Evangelho de Jesus é anúncio de salvação para todos os povos. O que muitos não conhecem é a revelação que Deus lhe fez e que ele tanto insiste em suas cartas: que a boa notícia de Jesus não era só para os judeus, mas também para toda a humanidade.

A expansão da Igreja primitiva é humanamente inconcebível sem a figura de Paulo. Percorreu milhares de quilômetros e se expôs a todo tipo de perigos para levar o anúncio de Jesus “até os confins da terra”.

Em chave de interioridade podemos afirmar que Pedro e Paulo são também dimensões de nosso ser. “Pedro” representa a solidez interior, a certeza, a convicção, os valores... Viver a “dimensão Pedro” é cuidar dos fundamentos de nossa vida, a rocha sobre a qual construímos a maneira de viver o seguimento de Jesus.

Nossa própria interioridade é a rocha consistente e firme, bem talhada e preciosa que temos, para encontrar segurança e caminhar no seguimento superando as dificuldades e os inevitáveis golpes na luta pela vida. É no “eu mais profundo” que as forças vitais se acham disponíveis para nos ajudar a crescer dia-a-dia, tornando-nos aquilo para o qual fomos chamados a ser. Trata-se da dimensão mais verdadeira de nós mesmos, a sede das decisões vitais, o lugar das riquezas pessoais, do melhor que há em nós, onde se encontram os dinamismos do nosso crescimento, de onde partem as nossas aspirações e desejos fundamentais, onde percebemos as dimensões do Absoluto e do Infinito da sua vida.

“Paulo”, por sua vez, nos fala da força expansiva, da saída de nós mesmos, de abertura às realidades diferentes. Das raízes profundas brotam as respostas mais criativas e duradouras; a interioridade desvelada ativa a solidariedade e o compromisso como acesso à realidade para transformá-la, desencadeando um movimento de profundas mudanças.

Fundamentados sobre a rocha interior, nossa vida se expande, nos tornamos mais abertos e sensíveis, capazes de escutar os acontecimentos, alimentar uma atenção contemplativa frente à realidade que nos cerca, respondendo a seus apelos e tomando decisões maduras e evangélicas.

Viver a “dimensão Paulo” é abrir-nos à desafiante realidade, entrando no fluxo da “Encarnação do Verbo no mundo” e sendo presenças portadoras da Boa-Notícia do Evangelho.

Como harmonizar “Pedro e Paulo” em nossa vida, para que nosso seguimento de Jesus tenha a marca da criatividade?

Inspirados por eles, nossa vida cristã se centra na identificação com Jesus; afinal, não somos seguidores de uma religião, doutrina, rito..., mas de uma pessoa. E essa identificação se expressa como resposta que damos à pergunta feita na região de Cesareia de Felipe: “e vós, quem dizeis que eu sou?”

Para meditar na oração

Busque, na oração, cavar mais profundamente, até atingir a rocha de seu ser, o fundamento original e consistente de sua personalidade.

- Quais são os valores perenes, as visões ousadas, as experiências fundantes, as opções duradouras... que constituem a rocha inabalável, sobre a qual construir sua vida? Como ser “presença paulina” no seu contexto social, religioso, cultural...?



- A comunidade de fé -  Mesters, Lopes e Orofino

Mt 16,13-19 

Neste texto, aparecem muitas opiniões sobre Jesus e várias maneiras de se expressar a fé. Pedro, por exemplo, tem opiniões e atitudes tão opostas entre si que parece não caberem na vida de uma mesma pessoa. Hoje, também existem muitas opiniões diferentes sobre Jesus e também várias maneiras de viver a fé, tanto dentro da gente como dentro da comunidade. Vamos conversar sobre isso.

Situando

Estamos na parte da narrativa entre o Sermão das Parábolas (Mt 13) e o Sermão da Comunidade (Mt 18). Geralmente, nestas partes narrativas que ligam entre si os cinco sermões, Mateus costuma seguir a sequência do Evangelho de Marcos. De vez em quando, cita outras informações, também conhecidas por Lucas. E aqui e acolá, traz textos que só aparecem no Evangelho de Mateus, como é o caso da conversa entre Jesus e Pedro no texto de hoje. Este texto recebe interpretações diversas e até opostas nas várias igrejas cristãs.

Naquele tempo, as comunidades cultivavam uma ligação afetiva muito forte com as lideranças que tinham dado origem a elas. Por exemplo, as comunidades de Antioquia na Síria cultivavam a sua ligação com Pedro. As da Grécia, com Paulo. Algumas comunidades da Ásia, com o Discípulo Amado. Outras, com o profeta João do Apocalipse. Uma identificação com estes líderes da sua origem ajudava as comunidades a cultivar melhor a sua identidade e espiritualidade. Mas também podia ser motivo de briga, como no caso da comunidade de Corinto (1Cor 1,11-12).

 Comentando

Mt 16,13-16: As opiniões do povo e dos discípulos a respeito de Jesus

Jesus faz um levantamento da opinião do povo a seu respeito. As respostas são variadas: João Batista, Elias, Jeremias, algum dos profetas. Quando pergunta pela opinião dos discípulos, Pedro se torna porta-voz e diz: “Tu és Cristo, o Filho do Deus vivo!” A resposta não é nova. Anteriormente, os discípulos já tinham dito a mesma coisa (Mt 14,33). No Evangelho de João, a mesma profissão de fé é feita por Marta (Jo 11,27). Ela significa que Jesus realiza as esperanças proféticas do Antigo Testamento.

 Mt 16,17: A resposta de Jesus a Pedro: “Feliz é você, Pedro!”

Jesus proclama Pedro “feliz”, porque recebeu uma revelação do Pai. Aqui também, a resposta de Jesus não é nova. Anteriormente, Jesus tinha louvado o Pai por ele ter revelado o Filho aos pequenos e não aos sábios (Mt 11,25-27) e tinha feito a mesma proclamação de felicidade aos discípulos por estarem vendo e ouvindo coisas que antes ninguém conhecia (Mt 13,16). 

Mt 16,18-19: As atribuições de Pedro: ser pedra e tomar conta das chaves do Reino

Ser pedra: Pedro deve ser pedra, isto é, deve ser fundamento firme para a igreja a ponto de ela poder resistir contra as portas do inferno. Com estas palavras de Jesus a Pedro, Mateus anima as comunidades perseguidas da Síria e da Palestina que viam em Pedro a liderança marcante da sua origem. Apesar de fraca e perseguida, a comunidade tem fundamento firme, garantido pela palavra de Jesus.

Ser pedra como fundamento da fé evoca a palavra de Deus ao povo no exílio: “Vocês que buscam a Deus e procuram a justiça, olhem para a rocha (pedra) de onde foram talhados, olhem para a pedreira de onde foram extraídos. Olhem para Abraão seu pai e para Sara sua mãe. Quando os chamei, eles eram um só, mas se multiplicaram por causa da minha bênção” (Is 51,1-2).

Indica um novo começo do povo de Deus. Em outros textos, Jesus é a pedra fundamental que os construtores rejeitaram (Mt 21,42; cf. Sl 118,22; 1Cor 3,10-11).

As chaves do Reino: Pedro recebe as chaves do Reino. O mesmo que confere o poder de ligar e desligar também diz: “É necessário que o Messias sofra e seja morto em Jerusalém” (v. 21). Dizendo que “é necessário”, Jesus indica que o sofrimento fazia parte da vida dos profetas. Não só o triunfo da glória, também o caminho da cruz. Se os discípulos aceitam Jesus como Messias e Filho de Deus, devem aceitá-lo também como Messias Servo que será morto. Porém, Pedro não aceita a correção de Jesus e procura dissuadi-lo.

 Alargando

Igreja, Assembleia

A Palavra Igreja, em grego ekklésia, aparece 105 vezes no Novo Testamento, quase exclusivamente nos Atos dos Apóstolos e nas Cartas. Nos Evangelhos aparece três vezes, só em Mateus. A palavra significa literalmente “convocada” ou “escolhida”. Ela indica o povo que se reúne convocado pela Palavra de Deus e procura viver a mensagem do Reino que Jesus trouxe. A Igreja ou a comunidade não é o Reino de Deus, mas sim um instrumento e uma amostra do Reino. O Reino é maior. Na Igreja, na comunidade deve ou deveria aparecer aos olhos de todos aquilo que acontece quando um grupo humano deixa Deus reinar e tomar conta de suas vidas. 

Pedro, Pedra

Jesus deu a Simão o apelido de pedra (Pedro). Pedro era fraco na fé, duvidou, tentou desviar Jesus, teve medo no horto, dormiu e fugiu, não entendia o que Jesus falava. Ele era como os pequenos que Jesus proclamou felizes. Pedro era apenas um dos doze e deles se fazia porta-voz. Mais tarde, depois da morte e ressurreição de Jesus, a sua figura cresceu e se tornou símbolo da comunidade.


Pedro e Paulo dois gigantes da fé - François Lestang e de Alain Marchadour. 

Publicada no site Croire, 

Tradução Francisco O. Lara, João Bosco Lara e José J. Lara.

 

Pedro era um pescador Galileu, das margens do Lago de Tiberíades. Paulo era um judeu letrado, cidadão romano da cidade de Tarso. Ambos viram sua vida ser revirada por Jesus e foram os primeiros propagadores da fé nascente. São as duas colunas da Igreja. A tradição sempre os festejou juntos, em 29 de junho

Uma fé de ressuscitado

Depois da ressurreição e da ascensão, Pedro torna-se o porta-voz de toda a comunidade; seus discursos manifestam que lhe foi aberta a inteligência das Escrituras. Homem de fé, nós o vemos curar um coxo de nascença, em nome de Jesus, e a tantos outros que, colocados em macas, são levados para a rua “para que, ao passar Pedro, ao menos a sua sombra cobrisse alguns deles”. Chegou até mesmo a ressuscitar uma viúva. Homem de fé, vemo-lo afirmar perante as autoridades do Templo: "não há debaixo do céu outro nome dado aos homens (senão o de Jesus) pelo qual devamos ser salvos" (Atos 4,12). E, junto com João, ao serem levados à prisão por causa de Jesus, encherem-se de alegria por sofrer pelo Messias, certos da sua vitória. Quando o Senhor quis estender a comunidade crente para além dos limites do judaísmo, uma visão foi enviada a Pedro, para fazê-lo compreender que os pagãos também são chamados à fé em Jesus. E tornou-se o artífice da acolhida destes à comunidade dos crentes (Atos 10-11). Quando, enfim, Pedro foi ameaçado de morte pelo rei Herodes Agripa, por ocasião da Páscoa (Atos 12), Deus o libertou das correntes da prisão, assim como o foi Jesus das cadeias da morte. Agora, Pedro pode partir para dar testemunho da sua fé aonde Deus irá conduzi-lo[1].

O fariseu torna-se discípulo de Jesus

Paulo, este gigante da história religiosa, se viu transfigurar por seu encontro com Jesus, na estrada de Damasco. Seus escritos não cessaram desde então de iluminar a fé dos crentes. Suas cartas às comunidades abrem uma janela sobre a vida e as crenças dos primeiros cristãos. Os cristãos de hoje conhecem muitas coisas sobre Paulo, graças particularmente à liturgia. Mas sabem também que a sua história e a sua personalidade comportam zonas de sombra. Já no fim do primeiro século, a segunda carta de Pedro sublinha que "em suas cartas se encontram alguns pontos difíceis de entender, que os ignorantes e vacilantes torcem o sentido" (2 Pedro 3,16). Ora, 2.000 anos mais tarde, as coisas não são mais simples. Na missa, proclamamos “leitura da carta aos Romanos”, mas não somos Romanos nem, menos ainda, seus contemporâneos. Isto, no entanto, não deve ser motivo para nos desencorajarmos. Estes pontos obscuros são inevitáveis, em se tratando de um homem que viveu há 2.000 anos. De qual personagem do primeiro século podemos dispor de documentação tão farta como a que temos de Paulo? Uma simples constatação: tanto os Atos como as cartas de Paulo são muito discretos sobre a sua vida privada. O que é devido ao pudor natural do homem bíblico e, portanto, também de Paulo. Ele não gosta de falar do que não está ligado diretamente à sua missão. Somente para se defender, aceita abrir algumas brechas, tão mais preciosas quanto raras. Tem-se também a impressão de que a iluminação do caminho de Damasco tenha sido de tal modo poderosa, que jogou como que um véu em cima de tudo o que foi a sua vida pregressa[2].

Pedro e Paulo, dois gigantes da fé

Pedro e Paulo permaneceram juntos em sua confissão de fé até ao derramamento do sangue, em Roma, onde foram martirizados por sua fé em Jesus. Três anos depois de sua conversão (em 37), Paulo desejou ir a Jerusalém para ver Pedro (Gálatas 1,18-19). São dois gigantes da fé que se encontram. Para Paulo, suspeito de manter-se afastado dos outros, é essencial fazer os Gálatas compreenderem que, desde o início, jamais foi este o caso. É verdade que esperou três anos, o que sublinha a sua liberdade e a sua vocação própria, nascida no caminho de Damasco. Mas, para confrontar a acusação de se manter isolado e à parte, faz questão de que os Gálatas saibam que quis se encontrar com o chefe da Igreja.

O primeiro Concílio

O segundo encontro entre Paulo e Pedro se dá muito mais tarde, após a segunda viagem de Paulo, sem dúvida em 51. Paulo havia adquirido experiência, havia recebido muito da comunidade de Antioquia, onde passou doze anos. Aprendeu a trabalhar com Barnabé, e depois sozinho, como responsável pela Igreja, sendo ajudado por colaboradores bem escolhidos. Em seu longo período missionário, surgiram conflitos entre as diversas correntes, no que se referia sobretudo à abertura para o mundo pagão: seria preciso impor aos pagãos as instituições e os ritos judeus (circuncisão, festas, sábado, regras alimentares), como pensava Tiago, o irmão do Senhor? Ou, conforme a prática de Paulo, seria preciso libertar-se destes ritos, para oferecer a mensagem de Jesus em sua radicalidade e sua pureza às nações pagãs? O conflito é sério. Um encontro oficial entre as grandes figuras da Igreja foi então organizado em Jerusalém, para se buscar compor um bom discernimento a respeito .

Duas decisões são tomadas

Temos duas versões: uma nos Atos (Atos 15,1-29) e outra na carta aos Gálatas (Gálatas 2,1-10). Com nuanças, as duas se encontram, quanto ao essencial. Duas decisões são tomadas: primeiro, as missões respectivas de Pedro, para com os Judeus, e de Paulo, para com os pagãos, são ambas reconhecidas como legítimas: "Tiago, Cefas e João, os notáveis tidos como colunas da Igreja, estenderam-nos a mão, a mim e a Barnabé, em sinal de comunhão: nós pregaríamos aos gentios e eles aos da Circuncisão". (Gálatas 2,9). É um passo importante, que deveria fazer calar os judaizantes, opositores de Paulo, e conferir-lhe uma maior liberdade de espírito para prosseguir no trabalho junto aos pagãos. E a segunda decisão, referente aos ritos alimentares particulares que os pagãos seriam convidados a respeitar (Atos 15,29). Mas parece que Paulo jamais os impôs às suas Igrejas.

  

A rocha da humildade - Ana Maria Casarotti

 

Celebra-se neste domingo a Festa dos apóstolos Pedro e Paulo. Considerados dois grandes pilares da Igreja, é possível conhecê-los melhor nos evangelhos, no caso de Pedro, e no livro dos Atos dos Apóstolos. Neles apreciamos seu grande impulso missionário, mas também as divergências, as discussões e seus modos diferentes de pensar e de agir.

Apesar de suas discordâncias e até choques, por exemplo, a respeito do posicionamento diante dos judeus, eles atuam em comunhão, por isso a Igreja decidiu celebrar estes dois grandes pilares da Igreja juntos.

Aprecia-se assim a diversidade, mas também e comunhão da vida cristã nas primeiras comunidades. No livro dos Atos o protagonista é o Espírito Santo, o Dom de Deus que espalha a Boa Nova de maneira original e não responde aos nossos critérios nem desejos. O Espírito conduz a Igreja por caminhos novos que são gerados muitas vezes pelas divergências diante do costumeiro, do “sempre se fez assim”.

Como recordou Francisco "A deixar-nos guiar pelo Espírito que recorda-nos que não somos seres anônimos, abstratos, seres sem rosto, sem história, sem identidade. Não somos seres vazios ou superficiais. Existe uma rede espiritual muito forte que nos une, ‘nos conecta’ e nos sustenta e que é mais forte que qualquer outro tipo de conexão”.

Nesta festa lembramos de forma especial a vida de Pedro e Paulo que desde sua originalidade souberam abrir novos caminhos sem perder suas raízes, sua história, senão comunicando a novidade do Evangelho que os transformou em profetas e anunciadores da Boa Nova.

E assim Francisco exorta a "abrir caminhos para caminhar juntos e realizar aquele sonho que é profecia: sem amor e sem Deus, nenhum homem pode viver na terra". 

No texto evangélico que lemos hoje Jesus e seus discípulos chegam à região de Cesareia de Filipe. Jesus está tentando ensinar seus discípulos sobre seu relacionamento com os fariseus e os saduceus. Previamente tinha-lhes dito: “Prestem atenção, e tomem cuidado com o fermento dos fariseus e dos  saduceus”. Mas como acontece em outras ocasiões quando os discípulos não compreendem o que Jesus lhes diz, é preciso que eles expressem o que pensam sobre a identidade de Jesus, qual é seu olhar e seu sentir?

Possivelmente Jesus percebe que nas pessoas que o escutavam há uma imagem distorcida dele e por isso é necessário um diálogo a sós com os discípulos/as que o seguiam e estavam junto dele. Quem é ele para aqueles que o escutam, que estão ao seu lado, que o acompanham?

Num primeiro momento pergunta-lhes sobre a opinião das pessoas pela sua identidade: "Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?"

"Alguns dizem que é João Batista; outros, que é Elias; outros ainda, que é Jeremias, ou algum dos profetas." Na resposta dos discípulos Jesus situa-se na linha dos grandes profetas, especialmente na busca da justiça como manifestação do Amor de Deus. Assim é reconhecido pelas pessoas que o escutam, que o seguem e foram testemunhas do seu agir.

Mas no ensinamento que Jesus tenta dar aos discípulos isso não é suficiente! Eles precisam esclarecer quem é ele. Neste dia junto com os discípulos também escutamos sua pergunta: "E vocês, quem dizem que eu sou?"

Sua presença leva-nos a perguntar-nos mais profundamente: quem é Jesus? Em quem se baseia a minha fé? Procuro seguir Jesus ou há alguma outra intenção no meu seguimento? Quem é ele para os/as que o escutamos, acompanhamos e seguimos? Jesus questiona-nos sobre sua identidade?

“Tu és Pedro e sobre esta rocha edificarei minha Igreja..."

E sobre ela, ao longo dos séculos, se assentou a fé dos cristãos de todos os tempos. Mas a Pedra da qual Cristo fala não é Pedro, pois a pedra da sua presunção, de sua segurança, de seu orgulho se transformou em cacos com suas negações na noite da Paixão. Mais tarde, Pedro, estará em condição de entender que a Pedra é unicamente Jesus. Somente Ele oferece toda a segurança. Pedro nos alenta na fé: confirma os seus irmãos, mas a fé é em Jesus Cristo. (Texto completo: Quando Jesus é ‘rocha’ em nosso interior)

A resposta de Pedro explicita de forma muito clara nossa fé em Jesus como o Messias. Pensemos que isso não é fácil, considerando que eles tinham sido rejeitados pelos fariseus e saduceus, ou seja, os que se consideravam os donos da fé e deveriam ser os primeiros a reconhecer o Messias. O reinado desse Messias que os judeus aguardavam se manifestaria aqui nesta terra, oferecendo-lhes vida nova, terras novas e igualdade entre eles.

E Jesus não tem nada a ver com isso! Seu reinado se manifesta de outra forma e Pedro consegue ver nele esse reinado esperado. Um Messias que proclama a igualdade e a justiça. Representados na pessoa de Pedro, são os pobres que conseguem perceber a verdadeira identidade de Jesus e podem proclamar nele o Messias esperado.

Cada um e cada uma de nós pode receber a resposta de Jesus a Pedro: na medida em que sejamos pessoas e comunidades pobres, simples, onde habite a igualdade e a justiça, seremos uma rocha para a fé dos nossos irmãos e irmãs.

E como disse o papa Francisco, para seguir o caminho traçado por Jesus e a vida das comunidades cristãs é preciso não perder a alegria de viver, a liberdade do anúncio do Evangelho que se comunica na alegria das pequenas ações de cada dia. “O Evangelho não irá em frente com evangelizadores enfadonhos, amargurados. Não. Somente irá em frente com evangelizadores alegres e cheios de vida. A alegria no receber a Palavra de Deus, a alegria de ser cristãos, a alegria de seguir em frente, a capacidade de festejar sem se envergonhar e não ser cristãos formais, cristãos prisioneiros das formalidades".

E continuam fazendo eco no nosso interior as palavras de Jesus: “E vós, quem dizeis que eu sou?”

“A pergunta de Cristo encontrou nas palavras, nas escolhas, na vida e na morte de Pedro e Paulo uma resposta convicta e convincente. Mas essa pergunta continua vibrando, hoje, para cada cristão e para toda a Igreja: quem é Cristo para nós?” (Duas histórias que narram um mistério)

Peçamos ao Senhor que nos conceda a capacidade dos Apóstolos Paulo e Pedro que não perderam a alegria de viver e o entusiasmo pelo anúncio do Evangelho, que souberam reconhecer em Jesus o Messias que traz o Reino da justiça e da verdade.

 

Oração

A festa dos Apóstolos

alegra todo o mundo

até os seus extremos

com júbilo profundo.

Louvamos Pedro e Paulo,

por Cristo consagrados

colunas das Igrejas

no sangue derramado.

São duas oliveiras

diante do Senhor,

brilhantes candelabros

de esplêndido fulgor.

Do céu luzeiros claros,

desatam todo laço

de culpa, abrindo aos santos

de Deus o eterno Paço.

Ao Pai louvor e glória

nos tempos sem fronteiras.

Império a vós, o Filho,

beleza verdadeira.

Poder ao Santo Espírito,

Amor e Sumo Bem.

Louvores à Trindade

nos séculos. Amém.

 

O FANATISMO - Dom Paulo Peixoto

 

Uma forma paranoica, com base religiosa ou política, como algumas pessoas agem, pode ser identificada como fanatismo. Há aí marcas psicológicas excessivas, irracionais e persistentes, como apaixonada adesão a uma causa, que pode chegar até ao delírio. Está muito claro que nessas atitudes extremas existe demonstração de desequilíbrios e situações preocupantes para a ordem social.

Na Igreja é celebrada a Festa de São Pedro e São Paulo. Pedro era um pescador, homem simples e trabalhador, mas Paulo era um religioso fanático, defensor da tradição dos antigos e, louco para assassinar os seguidores de Jesus Cristo. Para ele a doutrina cristã era uma afronta aos princípios do Império. Nele entendemos que o fanatismo provoca a morte e nunca ajuda na ordem pública.

O Brasil está passando por alguns fanatismos perigosos, deixando a população inconformada, cheia de interrogações e com o perigo de explosão incontrolável. Já basta a situação do Covid-19, o transtorno causado e a insegurança da grande maioria das pessoas. A perda de controle das instituições governamentais, dos poderes da República, está colocando em risco a democracia e todo o país.

O apóstolo Paulo, de uma postura totalmente fanática contra os cristãos, transformou-se em um dos grandes defensores da doutrina cristã. Ele passou por um processo exigente de conversão e conseguiu entender que a realidade da vida era outra. Esse processo não lhe foi fácil porque exigiu dele grandes renúncias para fazer uma aventura de amor e de seguimento de Jesus Cristo.

Infelizmente, ou felizmente, o mundo passa por uma grande reviravolta no seu itinerário. É quase impossível acreditar num futuro promissor com tanta degradação da natureza. O pior é saber que o tipo de desenvolvimento se torna ameaçador, porque não coloca como alvo principal a dignidade da pessoa humana. Há até quem usa da morte de pessoas para aumentar sua capacidade econômica.

Qualquer instituição humana, para ter estabilidade, depende de bases bem construídas e sólidas. Pedro e Paulo são referências fundantes da Igreja, e nela as pessoas podem e fazem a experiência profunda de Deus, seguindo as orientações que veem de sua Palavra. A Carta Constitucional brasileira é a base da democracia. Ela deve ser respeitada para dar condição de ordem e progresso proclamados.

Dom Paulo Mendes Peixoto

Arcebispo de Uberaba.


Duas histórias que narram um mistério- Irmão Emanuele 

-da Comunidade de Bose. 

Pedro e Paulo foram testemunhas e anunciadores do Cristo crucificado e ressuscitado, cada um com sua própria originalidade. Duas histórias que narram o dom e o mistério do chamado, da fé, da conversão: quem negará o Cristo é também aquele que tem a graça de confessá-lo como Senhor e Filho do Deus vivo, enquanto o perseguidor da Igreja se tornará seu “paraninfo”.  

Em caminhos diferentes eles seguiram as pegadas de Cristo, para levar seu Evangelho até as extremidades da terra. Como canta a liturgia: 

Eles são as asas do conhecimento de Deus 

Que percorreram voando os confins da terra e se levantaram até o céu; 

São as mãos do evangelho da graça, 

Os pés da verdade do anúncio, os rios da sabedoria, os braços da cruz”.


 “E vós, quem dizeis que eu sou?” A pergunta de Cristo encontrou nas palavras, nas escolhas, na vida e na morte de Pedro e Paulo uma resposta convicta e convincente. Pergunta essa que continua vibrando, até hoje, para cada cristão e para toda a Igreja: quem é Cristo para nós?

E a resposta, inevitavelmente, não pode se limitar a uma mera profissão de fé em palavras, a uma fórmula na cabeça, mas pede para ser traduzida em palavras capazes de vida, em gestos carregados de esperança, em ações capazes de contar o amor.

Paulo pergunta aos cristãos de Roma e a nós com eles: 

“Então quem pode nos separar do amor de Cristo? Serão os sofrimentos, as dificuldades, a perseguição, a fome, a pobreza, o perigo ou a morte? Como dizem as Escrituras Sagradas: “Por causa de ti estamos em perigo de morte o dia inteiro; somos tratados como ovelhas que vão para o matadouro.” Em todas essas situações temos a vitória completa por meio daquele que nos amou. Pois eu tenho a certeza de que nada pode nos separar do amor de Deus: nem a morte, nem a vida; nem os anjos, nem outras autoridades ou poderes celestiais; nem o presente, nem o futuro; nem o mundo lá de cima, nem o mundo lá de baixo. Em todo o Universo não há nada que possa nos separar do amor de Deus, que é nosso por meio de Cristo Jesus, o nosso Senhor.” (Rm 8, 35-39).

Que essa seja a palavra da fé, também para nós, daquela fé que repousa sobre a rocha de um fundamento inabalável (cf. Mt 16, 18), daquela fé que confirma os irmãos (cf. Lc 22, 32).


TEXTO EM ESPANHOL - DOM DAMIÁN NANNINI, ARGENTINA



 O TEXTO EM ESPANHOL É DO 13º DOMINGO COMUM. NA ARGENTINA A FESTA DE S. PEDRO E S. PAULO É CELEBRADA NO DIA PRÓPRIO DA FESTA, 29. 


TRIGÉSIMO DOMINGO DURANTE EL AÑO CICLO "A"


Primera lectura (2 Reyes 4.8-11.14-16a)


El ciclo literario completo de Eliseo abarca 2 Re 2,1-9,13; 13,14-21. Sigue a continuación del ciclo de Elías, de quien es claramente su sucesor (1 Re 19,15-19); con la misión de prolongar la campaña de retorno a la fe israelita comenzada por este profeta. En la mayor parte en este ciclo se narran historias que cuentan simples milagros obrados por el profeta Eliseo con sus circunstancias inmediatas. Comienzan con una descripción de los hechos que muestran la necesidad del milagro; siguen con la presentación de un momento de desesperación (nada se puede hacer) y terminan con una solución satisfactoria traída por el milagro. Acerca de los protagonistas nada se nos dice de su carácter o psicología; sólo sabemos que son gente del pueblo, anónima. En cambio, en 2 Re 4,8-37 se describe la relación del profeta con la sunamita y se relatan dos milagros, pero la narración aporta muchos más datos. Hay además una verdadera trama (plot) del relato; incluso con cierto dramatismo. Los personajes son descritos con más amplitud. Tenemos una radiografía de los estados anímicos de la mujer (4,13-14.18.22) y de la sensibilidad del profeta poniendo de relieve el aspecto moral del hombre de Dios.

En breve, el profeta Eliseo sabe ser agradecido con la hospitalidad de este matrimonio anciano y sin hijos, e intercede por ellos para que tengan su ansiada descendencia. Es decir, la sunamita y su marido se ven recompensados, bendecidos por Dios, en razón de haber recibido al profeta con generosidad y delicadeza. Esta idea es la que reaparece en la segunda parte del evangelio de hoy y por eso se ha elegido este texto.

Evangelio (Mt 10,37-42)


Este domingo leemos el final del "sermón o discurso apostólico" de Jesús (cf. Mt 9,36-11,1). 

En este texto podemos distinguir dos partes - los versículos 37-39 por un lado y 40-42 por otro – ya que, si bien Jesús sigue hablándole a los apóstoles, en los primeros versículos se refiere a actitudes que ellos deben tener; mientras que en los segundos se refiere a la de quienes los reciban.

En relación a los versículos anteriores, recordemos que Jesús había advertido de los peligros y enemigos exteriores que pueden llenar de miedo al misionero; mientras que ahora se concentra más bien en las disposiciones interiores del misionero, concretamente en su vida afectiva, teniendo en cuenta que el evangelio vivido puede generar rechazo en el seno de su propia familia: “el hombre tendrá como enemigos a los de su propia casa” leemos en el versículo inmediatamente anterior (10,36). Por eso, como bien nota A. Rodríguez Carmona : “para superar las dificultades, Jesús tiene que ser el primer valor efectivo (10,37-39). En caso de colisión de valores, el evangelio exige sacrificarlo todo a Jesús para ser digno de él”.

Concretamente en 10,37-39 presenta, en negativo, tres condiciones necesarias que si no las cumplen los apóstoles no son “dignos de Él”. Las dos primeras son la exigencia de un amor (φιλέω) a su Persona por encima de los vínculos humanos más fuertes como son la relación con los padres y con los hijos. Es útil recordar aquí que el amor a los padres es uno de los mandamientos del decálogo; por tanto, no se trata de no amar a los padres (o a los hijos), sino de amar a Jesús por encima de ellos. De este modo el apóstol pondrá al Señor y a su misión como prioritaria. En tercer lugar, pide “tomar la cruz y seguirlo”; mientras que la exigencia final sería un desarrollo de la tercera que nos esclarece el sentido de la expresión “tomar la cruz”: un amor dispuesto a dar la vida, a perderla. Al respecto dice U. Luz que “la expresión «tomar la cruz» conecta directamente con la costumbre romana de que el condenado llevara su propia cruz al lugar del suplicio. El dicho se refiere entonces a la pena capital que amenazaba a los seguidores, y significa literalmente: el seguidor debe hacerse a la idea de morir ajusticiado. Así, la disposición a la muerte se establece como la condición para ser discípulo” . De la misma opinión es L. H. Rivas , aunque amplia el sentido de la cruz abarcando deshonra, acusaciones, azotes, burlas…

En resumen, para el discípulo misionero “sus vínculos afectivos están jerarquizadas por el amor a Jesús (v.37). Jesús es el valor absoluto para el discípulo, quien le hace capaz de afrontar los sufrimientos e incluso la muerte (vv.38ss)” .

Ahora bien, por tres veces se repite en estos versículos la expresión “no es digno de mí” (οὐκ ἔστιν μου ἄξιος) con la función de motivar la exigencia propuesta por Jesús. Según el Kittel , el sentido estricto del adjetivo “digno” (ἄξιος, ία, ον) sería el de “subir el otro plato de la balanza para que se equiparen”; de aquí también su sentido de “equiparar o igualar”; y llevado al orden moral de “merecer” o “ser digno” de alguien o de algo. De hecho, en este mismo discurso Mateo utiliza este mismo adjetivo para designar a una persona “digna o merecedora” (10,11) de recibir la visita del apóstol y de una casa “digna o merecedora” (10,13) de recibir la paz. Por su parte en Mt 22,8 se considera como “no dignos” a los primeros invitados al banquete que se excusaron a concurrir, dando razón del castigo recibido con sentido escatológico.

Vale decir que Jesús está pidiendo a sus apóstoles o enviados que equiparen o igualen su amor, su opción de dar la vida por ellos; con un amor, una dedicación y una entrega semejante; equiparable. Si no llegan a este nivel, no se le equiparan; no son dignos de Él. Por eso, sólo quien está dispuesto a esta opción radical por Jesús es digno de su amor, de su amistad, de ser su enviado.


Llamativamente las últimas palabras del discurso misionero (10,40-42) no se refieren directamente a los enviados; sino a los que los reciban. Es tal la identidad, fruto de la comunión de amor, entre Jesús que envía y sus discípulos enviados, que recibirlos a ellos es lo mismo que recibirlos a Él. Por tanto, la hospitalidad, recepción y atención de un enviado tiene la promesa de una recompensa por parte de Dios mismo, que es quien los envía. En efecto, “quien acoge al misionero también vive un vínculo de comunión intenso con Jesús y con el Padre, ya que, según la concepción común del judaísmo, el enviado es igual al que envía; quien acoge al misionero acoge a Jesús y en él al Padre que lo ha mandado (v.40). Actuando así rnanifiesta fe concreta, amor humilde y servicial. También quien abre la casa y el corazón al misionero coopera en la extensión del Reino de Dios y participa de la misma dicha que el misionero (vv.41ss). ”



Algunas reflexiones:


Más de una vez nos hemos preguntado si “estaremos a la altura” de las circunstancias o de las exigencias que nos tocará vivir. Puede ser ante un trabajo o una misión recibida; ante una meta que se quiere alcanzar; o también ante un vínculo afectivo. En especial en este último caso nos preguntamos si somos dignos, si merecemos este amor, si somos los suficientemente buenos para el que nos ama. Como bien dice san Juan de la Cruz: “el que ama no está satisfecho hasta que siente que ama cuanto es amado” (Cant. B, 38,3). Es decir, si somos amados nos importa mucho corresponder a ese amor “al mismo nivel”. Y si nos regalan algo queremos retribuir “al mismo nivel”. De igual manera si somos nosotros los que amamos a alguien o los que hacemos un regalo. Pues bien, Jesús en el evangelio de hoy nos declara las actitudes que tenemos que tener nosotros para estar “a su altura”; para “elevar nuestro plato de la balanza a su mismo nivel” de amor, para “ser dignos de Él”. 

Entonces, lo primero es saber cuál es la altura o el nivel de su amor por nosotros para intentar igualarlo. El evangelio nos dice que Jesús nos puso por encima de su propia vida, que cargó con su cruz y perdió, entregó su vida por nosotros: “tanto amó Dios al mundo que entregó a su Hijo” … “no hay amor más grande que dar la vida por sus amigos” … “no he venido a ser servido sino a servir y dar mi vida en rescate” … “me amó y se entregó por mí”. 

Como solemos decir hoy: nos dejó la vara muy alta. Sí, inalcanzable para nuestra humana capacidad de amar. Pero nos ha dejado su Espíritu Santo para hacer posible lo imposible, pues “Él nos iguala”, nos ha dado “gracia sobre gracia” “para poder llegar a ser también nosotros hijos de Dios” (cf. Jn 1,12.16).

Ahora sí, habiendo conocido y creído en el amor de Jesús, que nos amó primero y de tal modo; y nos ha dado su Espíritu de Amor, el Espíritu Santo; ya podemos empezar a caminar por la senda del Evangelio que nos propone realmente una jerarquía u orden de los “amores” donde el amor a Jesús debe ocupar el primer lugar. Justamente se trata de amar más; no de amar menos o de no amar. Por tanto, queda claro que es bueno y legítimo amar mucho a los padres y a los hijos; y también a la propia vida. Pero en la novedad de vida que trae Jesús hay que subordinar estos amores legítimos y sanos al vínculo absoluto y primordial que establecemos con Jesús. San Benito, con su simplicidad y profundidad, sintetiza todo esto es una frase sapiencial: "No anteponer nada al amor de Cristo". Y este amor a Jesús es algo muy concreto pues implica estar dispuesto a cargar la cruz y seguirlo; estar dispuesto a perder la vida por Él; así como Él cargo su cruz y perdió su vida por mí.

Al respecto decía san Agustín: “Ardiendo en este amor, o, mejor, para que ardamos en él, dice: Quien ama a su padre o a su madre más que a mí, no es digno de mí, y quien no toma su cruz y me sigue, no es digno de mí. No ha eliminado el amor a los padres, a la esposa, a los hijos, sino que lo ha colocado en el lugar que le corresponde. No dijo: «Quien ama», sino: quien ama más que a mí. Es lo que dice la Iglesia en el Cantar de los Cantares: Ordenó en mí el amor. Ama a tu padre, pero no más que al Señor; ama a quien te ha engendrado, pero no más que a quien te ha creado… Ama, pues, a tu padre, pero no por encima de Dios; ama a tu madre, pero no por encima de la Iglesia, que te engendró para la vida eterna. Finalmente, deduce del amor que sientes por tus padres cuánto debes amar a Dios y a la Iglesia. Pues si tanto ha de amarse a quienes te engendraron para la muerte, ¡con cuánto amor han de ser amados quienes te engendraron para que llegues a la vida eterna y permanezcas por la eternidad! Ama a tu esposa, ama a tus hijos según Dios, inculcándoles que adoren contigo a Dios. Una vez que te hayas unido a él, no has de temer separación alguna”, (Sermón 344,2). 


La “igualdad” de amor con Jesús se manifiesta en una comunión de vida con Él y da la identidad más profunda al apóstol. Como decían los antiguos: “el cristiano es otro Cristo”. Desde aquí se comprende que el que recibe a un apóstol, a un enviado por Jesús, recibe al mismo Jesús y al Padre. 

Pero notemos, en primer lugar, que la cuestión de la acogida o recepción del enviado tiene que ver con la transmisión y recepción de la fe por cuanto el evangelio se nos comunica por mediación de hombres, de enviados a anunciar la Palabra de Dios. Por eso aceptar al cristiano enviado es aceptar a Cristo que lo envía; y aceptar a Cristo es aceptar al Padre.  Esta modalidad “mediada” y “comunitaria” hace a la esencia de la transmisión de la fe, por eso Jesús se lo dice aquí a sus apóstoles o enviados. 

En segundo lugar, se sigue de aquí la invitación del evangelio de hoy, junto con la primera lectura, a ser hospitalarios con los enviados del Señor; actitud que recibirá una recompensa de parte del que envía, de parte de Dios. En efecto, la lectura del libro de los reyes nos enseña que Dios valora y premia a los que reciben a un profeta o enviado suyo. Del mismo modo Jesús habla de la recompensa que alcanzarán quienes reciban a sus discípulos misioneros y los atienden de buen modo. Hay una valoración positiva y recompensada de la virtud humana de la hospitalidad. Notemos que aquí también el amor del Señor “iguala”, pues promete al que recibe a un enviado suyo, sea profeta, justo o apóstol, por ser tal, la misma recompensa del enviado.

En síntesis: “En este domingo, el Evangelio (cf. Mateo 10, 37-42) expresa con fuerza la invitación a vivir plenamente y sin vacilación nuestra fidelidad al Señor. Jesús pide a sus discípulos que tomen en serio las exigencias del Evangelio, incluso cuando esto requiere sacrificio y esfuerzo […] La plenitud de la vida y la alegría se encuentra al entregarse por el Evangelio y por los hermanos, con apertura, aceptación y benevolencia. De este modo, podemos experimentar la generosidad y la gratitud de Dios. Nos lo recuerda Jesús: «Quien a vosotros acoge, a mí me acoge […]. Y todo aquel que dé de beber tan sólo un vaso de agua fresca a uno de estos pequeños […] no perderá su recompensa» (vv. 40; 42). La generosa gratitud de Dios Padre tiene en cuenta hasta el más pequeño gesto de amor y de servicio prestado a nuestros hermanos. En estos días, un sacerdote me contó que se había conmovido porque un niño de la parroquia se le acercó y le dijo: “Padre, estos son mis ahorros, una cosa pequeña, es para sus pobres, para aquellos que hoy lo necesitan a causa de la pandemia”. ¡Pequeña cosa, pero grande! Es una gratitud contagiosa que nos ayuda a cada uno de nosotros a mostrar gratitud hacia aquellos que se preocupan por nuestras necesidades. Cuando alguien nos ofrece un servicio, no debemos pensar que todo nos es debido. No, muchos servicios se realizan de forma gratuita. Se hace por amor, simplemente por servicio. La gratitud, el reconocimiento, es en primer lugar una señal de buenos modales, pero también es una característica distintiva del cristiano. Es un simple pero genuino signo del reino de Dios, que es el reino del amor gratuito y generoso.

Que María Santísima, que amó a Jesús más que a su propia vida y lo siguió hasta la cruz, nos ayude a ponernos siempre ante Dios con el corazón abierto, dejando que su Palabra juzgue nuestro comportamiento y nuestras opciones”, (Papa Francisco, Ángelus del 28 de junio de 2020).


PARA LA ORACIÓN (RESONANCIAS DEL EVANGELIO EN UNA ORANTE):


Ayúdame Amigo


Ayúdame Amigo,

A encontrar mi dignidad,

Hace tiempo la he perdido

Me hice esclavo cuando era hijo

Y dejé atrás la alegría. 


La cruz de cada día se tornaba pesada

Me apartaba de ella 

Y olvidé quién era y dónde estaba

Me hice sordo a tu Palabra.


Busqué una vida, sin desearla

Ignorante y ciego me extravié en la causa

Y ahora me siento muerto

Sumergido en la vergüenza y el miedo.


Uno de los tuyos me pidió de beber

Volví hacia él la mirada y me hizo saber

De tu espera confiada.

Entonces…me puse en marcha.


Y cuando llegué hasta ti

Casi sin fuerzas me arrojé a tus pies

Frente al altar donde silencioso morabas

En un trozo de pan. 

Y te rogaba…


- Ayúdame Amigo,

A encontrar mi dignidad,

Hace tiempo la he perdido

Déjame cargar la cruz contigo 

Y entregar mi vida para ser tu discípulo.

Amén.