14º DOM TC-A

14º DOMINGO DO TEMPO COMUM-A

09/07/2023

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AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO


Primeira Leitura: Zacarias 9,9-10

Salmo Responsorial 144(145)R- Bendirei eternamente o vosso nome, ó Senhor! 

Segunda Leitura: Romanos 8,9.11-13

Evangelho: Mateus 11, 25-30

Naquela ocasião, Jesus pronunciou estas palavras: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. 26 Sim, Pai, assim foi do teu agrado. 27 Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar. 28 Vinde a mim, todos vós que estais cansados e carregados de fardos, e eu vos darei descanso. 29 Tomai sobre vós o meu jugo e sede discípulos meus, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vós. 30 Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.


Dom Júlio Endi Akamine, Arcebispo de Sorocaba SP Mt 11,25-30


O Evangelho de hoje nos põe diante da oração de Jesus.

Devemos ter um comportamento de respeito e reverência, afinal se trata de sermos admitidos à intimidade de Jesus. O mais íntimo das pessoas são os seus pensamentos e os sentimentos do seu coração. No evangelho de hoje, Jesus admite os discípulos na sua oração de intimidade com o Pai. Ele ora diante dos discípulos e fazendo isso desvela o mais íntimo de si mesmo, ou melhor, manifesta a sua relação pessoal com Deus.

Na oração de hoje, Jesus manifesta o segredo mais profundo de sua identidade. Faz isso não ensinando, mas orando como o Filho. Ele faz os discípulos intuírem que entre eles um relacionamento único, que não se repete, uma intimidade e uma comunhão que nenhum homem teria podido conceber ou suspeitar. Jesus chama Deus de Abba!

Encontramos na história das religiões alguns casos concretos em que Deus é chamado de “pai”, mas sempre se tratou de uma atribuição simbólica imprópria. Jesus, porém, revela uma familiaridade inaudita.

Ao se relacionar com Deus e ao orar a Ele como o seu Pai em sentido próprio, Jesus se revela como o Filho. Na oração, Jesus não se comporta como o homem perante Deus, mas como o Filho perante o Pai. Nisso consiste a nossa fé em Jesus. Ele não é somente o Cristo, o Messias; é “Filho de Deus que devia vir a este mundo”.

Deus é inteiramente Pai, não só em parte. Tudo nele é doação, amor, o que exclui toda inveja de comunicar ao outro tudo o que é e tem. Não teria sentido que, podendo dar-se inteiramente, não o fizesse. O Pai é assim capacidade infinita de comunicação, capacidade infinita de amor. Por isso o Filho é Deus inteiramente, em tudo igual ao Pai na natureza divina, exceto na paternidade. A natureza divina que o Pai possui originariamente é possuída igualmente pelo Filho, como recebida.

É por isso que a promessa de Jesus nos consola realmente. “Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso”. Quem convida não é mais um de tantos outros pseudo-messias da história. É o próprio Filho! Na história, houve muitos que fizeram o mesmo convite: “vinde a mim, eu vos aliviarei” e, no entanto, a própria história se encarregou de os desmentir. Eles não puderam cumprir suas promessas e só causaram decepção. Jesus, porém, prometeu e cumpriu a promessa na cruz.  


A gratidão dá calor e sabor à vida - Adroaldo Palaoro

09-07-2023

“Dou-te graças, Pai, Senhor do céu e da terra!” (Mt 11,25)


Sabemos, através dos evangelhos, que Jesus foi sempre um homem de oração, de intimidade profunda com o Pai, nos silêncios da noite, nas montanhas, nos desertos...

Nenhum evangelista nos relata o conteúdo da oração nestes momentos de solitude (solidão habitada).

No Evangelho deste domingo, Mateus “pega Jesus em flagra” e nos revela não só o modo como Jesus vivia sua relação com o Pai, mas o conteúdo desta intimidade, através de palavras carregadas de gratidão, de assombro, de admiração...; trata-se de um louvor, um canto à vida.

Estes versículos deixam transparecer um estado de exultação que não nasce de nenhum estímulo exterior concreto. Nada do que precede justifica o canto que segue. Brota, sem dúvida, de um estado permanente, cheio de agradecimento assombrado, que vai mais além de um sentimento momentâneo. É um estado de gratidão que emerge do seu coração comovido, que nem a traição e o fechamento de cidades como Corazim e Betsaida são capazes de fazer sombras.

Mateus reúne aqui vários ditos, que parecem expressar atitudes e sentimentos característicos do Mestre de Nazaré. E, nesses sentimentos, deixa transparecer sua verdade mais profunda: a gratidão, a intimidade com o Pai, a proximidade bondosa para com aqueles que estão suportando fardos desumanos, o convite a permanecer na mansidão e na humildade, o oferecimento de uma mensagem que é descanso...

A gratidão parece brotar aos borbotões das entranhas mesmas de Jesus. Isso não é estranho se temos em conta que, junto com a compaixão, a gratuidade constitui a coluna vertebral de toda sua mensagem. E é impossível experimentar gratuidade sem que surja a gratidão.

Quando tomamos consciência de que tudo é Graça, para além de todas as expressões superficiais, brota um agradecimento espontâneo, permanente e profundo.

Mas isso requer uma condição: experimentar-nos em sintonia com a corrente da Vida que procede do Pai, na qual reconhecemos nossa verdadeira identidade. De fato, ao reconhecer-nos no fluxo da Vida, em meio a tudo o que acontece, descobrimos que a gratidão é outro dos nomes de nossa identidade profunda.

Na medida em que cresce a compreensão de nós mesmos, reconhecemos que, vista a partir do plano espiritual, a gratidão não é simplesmente uma ação ou qualidade – algo que podemos viver com maior ou menor intensidade -, mas outro nome de nosso ser original: “somos gratidão”, é da nossa essência mais nobre. Por isso, ao vivê-la conscientemente, experimentamos comunhão, unificação e plenitude: estamos vivendo o que somos.

A gratidão é, ao mesmo tempo, um sentimento e uma atitude admiravelmente terapêuticos, capaz de sustentar o nosso “tônus vital”. Por um lado, nos afasta do funcionamento da queixa; por outro, constitui o melhor antídoto frente ao desalento ou o desânimo.

Na medida em que a exercitamos, ela vai nos transformando interiormente e enriquecendo nosso modo de viver a relação com os outros. Em certo sentido, poder-se-ia dizer que ela expande o nosso próprio coração, favorece a alegria de viver e facilita poderosamente a convivência.

Por pouco que a observemos, poderemos advertir que a gratidão genuína não depende tanto daquilo que nos acontece, quanto do modo como recebemos aquilo que acontece. Se damos graças unicamente quando nos ocorre algo que consideramos “agradável”, não temos saído ainda de nosso egocentrismo.

A gratidão autêntica é profundamente unida com a vida, flui com ela. Nasce e se apoia na compreensão de que, para além dos juízos que nossa mente possa fazer, no fundo, tudo é graça. A gratidão está intimamente relacionada com a capacidade de “ver”. Por isso, quando sabemos ver, a gratidão aflora sem obstáculos.

Pelo contrário, se permanecemos aferrados às nossas expectativas – “a vida deve responder ao meu próprio querer, interesse e desejo” -, a frustração inevitável trará consigo a resistência e o sofrimento, o enfado, a queixa e o vitimismo.

A gratidão, como força que nos “des-egocentra”, nos faz tomar distância de nossos pequenos interesses e nos abre à compreensão profunda de que, em último termo, tudo é dom, tudo é dado, tudo é graça... Somos seres agraciados, “cheios de graça”.

Como o amor, como a alegria, a gratidão é uma arte. E, enquanto tal, precisa ser exercitada em um treinamento cotidiano, no qual, conscientemente, damos graças por tudo.

Assim compreendido, poderíamos dizer que a existência inteira de uma pessoa sábia é vivida entre duas palavras: “agradecido” e “sim”. Por tudo o que aconteceu, agradecido(a)!; diante de tudo o que virá, sim!

Ao entrarmos em sintonia com o coração “manso e humilde” de Jesus temos a oportunidade de recuperar algo que a cultura pós-moderna apagou de nossa consciência: a capacidade de admiração, a possibilidade do assombro diante de tantas realidades, simples, mas divinizadas, que nos passam desapercebidas. Custa-nos muito maravilhar-nos porque não despertamos a capacidade de assombro e de valorizar tudo o que desfrutamos, desde o cosmos até pequenos prazeres diários como tomar um café em boa companhia.

Nosso contexto social não facilita um contínuo louvor, um “canto à vida”. Basta repassar o olhar sobre diferentes realidades – político-econômico-religioso-cultural-ecológico – para nos dar conta da dificuldade objetiva de sairmos dos trilhos das lamentações e queixas. Esquecemos muitas coisas porque não as valorizamos até que nos faltem: saúde, convivência, trabalho, possibilidade de ajudar os outros, a capacidade de superação das adversidades, a própria vida em si mesma como um campo maravilhoso no qual podemos nos esforçar para deixar transparecer as melhores potencialidades de nosso ser...

“Dar graças”, “agradecer”, “louvar” ... é também uma questão de memória. Por isso o Papa Francisco fala com frequência de “memória agradecida”.

Só a “memória agradecida” está em condições de nos ajudar a entender o sentido, a profundidade e a verdade dos acontecimentos, das pessoas, da realidade que nos envolve..., pois temos de adotar determinada perspectiva e certo grau de isenção no julgamento, a fim de decifrar seu significado. Ela nos distancia estrategicamente dos acontecimentos para poder captar outro sentido, escondido neles. Eles passam a serem vistos sob nova luz para serem ressignificados.

Só a “memória redentora” mobiliza nossos melhores recursos, ativa os sentimentos oblativos e é fonte de vida espiritual pois continua alimentando ressonâncias no cotidiano.

Re-cordar (visitar de novo com o coração) os benefícios concedidos por Deus nutrem nosso presente com Sua Santidade e nos desperta para um futuro novo.

Por isso, a “memória agradecida” é o húmus natural de onde brota a gratidão.

Ao “fazer memória” dos dons e bens recebidos, brota naturalmente em nosso interior, o desejo de dar uma resposta generosa e radical ao Deus que é Fonte de tudo. E é

Ele mesmo quem, ao criar-nos gratuitamente no amor, nos ensina a “sermos gratuitos e gratos”; só a generosidade gratuita do coração de Deus é capaz de reconfigurar mentes e corações, encorajando atitudes oblativas em nós.

É a gratidão que ativa em nós o ânimo e a generosidade diante do futuro de nossa missão.

Com isso, a esperança e o entusiasmo por viver vem habitar nosso interior. Trata-se de um momento tão fortalecedor e jubiloso que estremecemos reverentes diante do que vivemos e diante do que virá.

Este é o processo vital que se torna um “estilo de vida”, pois, motiva a busca, desperta o interesse, faz olhar para frente, cria disposição para a construção de respostas novas, desperta o desejo de crescer, amplia os horizontes...


Para meditar na oração

Em sintonia com o coração de Jesus, cheio(a) de gratidão, sinta-se convidado(a) a uma leitura orante de todos os sinais do Amor de Deus manifestados ao longo da história da sua vida, bem como trazer à sua memória todos os bens recebidos ao longo deste tempo. Ponderar com muito afeto tudo o que o Senhor fez por você, por meio de muitas pessoas, da sua história passada e presente; como Ele o(a) cumulou de seus próprios dons e, além disso, continua cumulando-o(a).

Marcado(a) pela experiência da oração, deixe emergir a fina percepção de que tudo é dom de Deus, tudo é Graça, tudo é dado “de graça”. Crie um clima de contínua ação de graças.



Três chamadas de Jesus - José Antonio Pagola

 

O evangelho de Mateus recolheu três chamadas de Jesus que temos de escutar com atenção como seus seguidores, pois podem transformar o clima de desalento, cansaço e aborrecimento que por vezes se respira em alguns setores das nossas comunidades cristãs.

«Vinde a mim todos os que estão fatigados e oprimidos, e Eu os aliviarei».

É a primeira chamada. Está dirigida a todos os que vivem a sua religião como uma carga pesada. Não são poucos os cristãos que vivem oprimidos pela sua consciência. Não são grandes pecadores.

Simplesmente foram educados para ter sempre presente o seu pecado e não conhecem a alegria do perdão contínuo de Deus. Se se encontram com Jesus irão sentir-se aliviados.

Há também cristãos cansados de viver a sua religião como uma tradição gasta. Se se encontram com Jesus aprenderão a viver confiando num Deus Pai. Descobrirão uma alegria interior que hoje não conhecem. Seguirão Jesus não por obrigação, mas por atração.

«Carregai o Meu jugo, porque é suportável, e a minha carga, leve».

É a segunda chamada. Jesus não sobrecarrega ninguém. Pelo contrário, liberta o melhor que há em nós, pois nos propõe viver fazendo a vida mais humana, digna e sã. Não é fácil encontrar um modo mais apaixonante de viver.

Jesus liberta de medos e pressões, não os introduz; faz crescer a nossa liberdade, não nossas servidões; desperta em nós a confiança, nunca a tristeza; atrai-nos para o amor, não para as leis e preceitos. Convida-nos a viver fazendo o bem.

«Aprendei de mim, que sou simples e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas vidas».

É a terceira chamada. Temos de aprender de Jesus a viver como Ele. Jesus não complica a vida. Torna-a mais clara e simples, mais humilde e mais sã. Oferece descanso. Não propõe nunca aos seus seguidores algo que Ele não tenha vivido. Por isso pode entender as nossas dificuldades e os nossos esforços, pode perdoar nossa falta de jeito e nossos erros, animando-nos sempre a levantar-nos.

Temos de centrar os nossos esforços em promover um contato mais vital com Jesus nas nossas comunidades, tão necessitadas de alento, descanso e paz. Entristece-me ver que é precisamente o seu modo de entender e de viver a religião que conduz não poucos, quase inevitavelmente, a não conhecer a experiência de confiar em Jesus. Penso em tantas pessoas que, dentro e fora da Igreja, vivem «perdidas», sem saber a que porta chamar. Sei que Jesus poderia ser para elas a grande notícia.

  

Jesus, os Pequenos e a Comunidade: lugar de acolhida e de escuta - Mesters, Lopes e Orofino

 

Esta reflexão mostra a ternura com que Jesus acolhia os pequenos. Ele queria que os pobres encontrassem descanso e paz. Por causa disso, Jesus foi muito criticado e perseguido. Sofreu muito! O mesmo acontece hoje. Para uns, a comunidade é lugar de consolo, descanso e paz. Para outros, é lugar de crítica, desgaste e sofrimento.

Situando

O Sermão da Missão ocupou o capítulo 10. A parte narrativa dos capítulos 11 e 12 descreve como Jesus realizava a Missão. Ao longo desses dois capítulos, aparece a contradição que a sua ação provocava. João Batista, que olhava Jesus com os olhos do passado, não conseguiu entendê-lo (Mt 11,1-15). O povo, que olhava para Jesus com finalidade interesseira, não foi capaz de entendê-lo (Mt 11,16-19). As grandes cidades ao redor do lago, que ouviram a pregação de Jesus e viram seus milagres, não quiseram abrir-se para a sua mensagem (Mt 11,20-24). Os sábios e doutores, que julgavam tudo com base em sua própria ciência, não foram capazes de entender a pregação de Jesus (Mt 11,25). Nem os parentes o entenderam (Mt 12,46-50). Só os pequenos o entenderam e aceitaram a Boa Nova do Reino (Mt 11,25-30). Os outros queriam sacrifício, mas Jesus quer misericórdia (Mt 12,1-8). A reação contra Jesus levou os fariseus a quererem matá-lo (Mt 12,9-14). Eles chamaram Jesus de Beelzebu (Mt 12,22-32). Mas Jesus não voltou atrás, e continuou assumindo a missão de Servo, descrita nas profecias (Mt 12,15-21).

Tudo isso era um reflexo do que se passava nas comunidades da época de Mateus. Certas atitudes, tomadas por alguns membros das comunidades da tendência dos fariseus, escandalizavam os pequenos. Estes já não se sentiam acolhidos na comunidade e procuravam outro abrigo. Novamente, Mateus oferece frases de Jesus para responder a esta problemática das comunidades.

Comentando

Mt 11,25-26: Só os pequenos entendem e aceitam a Boa Nova do Reino

Jesus faz uma prece: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas dos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequenos. Sim, Pai, assim foi do teu agrado!” Os sábios, os doutores daquela época, tinham criado uma série de leis que impunham ao povo em nome de Deus. Eles achavam que Deus exigia do povo estas observâncias. Mas a lei do amor, trazida por Jesus, dizia o contrário. O que importa não é o que nós fazemos para Deus, e sim o que Deus, no seu grande amor, faz por nós! O povo entendia a fala de Jesus e ficava alegre. Os sábios achavam que Jesus estava errado. Eles não podiam entender tal ensinamento.

Mt 11,27: A origem da nova Lei: o Filho conhece o Pai

Jesus, o Filho, conhece o Pai. Ele sabe o que o Pai queria quando, séculos atrás, entregou a Lei a Moisés. Aquilo que o Pai nos tem a dizer, Ele o entregou a Jesus, e Jesus o revelou aos pequenos, porque estes se abriram para a sua mensagem. Hoje também, Jesus ensina muita coisa aos pobres e pequenos. Os sábios e inteligentes fariam bem ao se colocarem como alunos dos pequenos!

Mt 11,28-30: Jesus convida a todos que estão cansados

Jesus convida a todos que estão cansados para vir até ele e promete descanso. É o povo que vive cansado sob o peso dos impostos e das observâncias exigidas pelas leis de pureza. E ele diz: “Aprendam de mim que sou manso e humilde de coração”. Muitas vezes, esta frase foi manipulada para pedir ao povo submissão, mansidão e passividade. O que Jesus quer dizer é o contrário. Ele pede que o povo deixe de lado os professores de religião da época e comece a aprender dele, de Jesus, que é “manso e humilde de coração”. Jesus não faz como os escribas que se exaltam de sua ciência, mas é como o povo que vive humilhado e explorado. Jesus, o novo mestre, sabe por experiência o que se passa no coração do povo e o que o povo sofre.

Alargando

O jeito de Jesus realizar o Sermão da Missão

Uma paixão se revela no jeito de Jesus anunciar a Boa Nova do Reino: paixão pelo Pai e pelo povo pobre e abandonado. Onde encontra gente para escutá-lo, Jesus transmite a Boa Nova. Em qualquer lugar: nas sinagogas durante a celebração da Palavra (Mt 4,23); nas casas de amigos (Mt 13,36); andando pelo caminho com os discípulos (Mt 12,1-8); ao longo do mar, à beira da praia, sentado num barco (Mt 13,1-3); na montanha, de onde proclama as bem-aventuranças (Mt 5,1); nas praças das aldeias e cidades, onde o povo carrega seus doentes (Mt 14,34-36); mesmo no Templo de Jerusalém, durante as peregrinações (Mt 26,55). Em Jesus, tudo é revelação daquilo que o anima por dentro. Ele não só anuncia a Boa Nova do Reino. Ele mesmo é uma amostra viva do Reino. Nele aparece aquilo que acontece quando um ser humano deixa Deus reinar e tomar conta de sua vida.

O convite da Sabedoria Divina para todos os que a buscam

Jesus convida todos que estão sobrecarregados pelo peso das observâncias da Lei a encontrarem nele o descanso e a suavidade, pois ele é manso e humilde de coração, capaz de aliviar e consolar a gente sofrida, fatigada e abatida (Mt 11,25-30). Nesse convite, ressoam as palavras tão bonitas de Isaías que consolava o povo cansado do exílio (Is 55,1-3). Esse convite está relacionado com a Sabedoria Divina, que convida as pessoas para o encontro com ela (Eclo 24,19), dizendo que “seus caminhos são deliciosos e suas trilhas conduzem ao bem-estar” (Pr 3,17). Ela diz ainda: “A Sabedoria educa os seus filhos e cuida daqueles que a procuram. Quem tem amor a ela ama a vida, e os que madrugam para procurá-la ficarão cheios de alegria” (Eclo 4,11-12). Esse convite revela um traço muito importante do rosto feminino de Deus: a ternura e o acolhimento que consolam, revitalizam as pessoas e as levam a se sentirem bem. Jesus é o abrigo que o Pai oferece ao povo cansado.

  

Eu te louvo, Pai, ... Tomaz Hughes

...porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, 

e as revelaste aos pequenos

 

Os primeiros três versículos do texto não têm uma vinculação muito estreita com o contexto em que Mateus os coloca, (Lucas situa o ditado num outro contexto – Lc 10, 21-22), e, por isso, “essas coisas” não se refere ao que veio antes no capítulo (a condenação de Corozaim e Betsaida), mas com os “mistérios do Reino”. Estes são revelados aos pequenos e humildes – neste contexto, os discípulos – e escondidos aos que se acham autossuficientes na sua sabedoria e estudo, ou seja, os fariseus e doutores da Lei (cf. Mt 13,11). Essa oração de louvor de Jesus brotou da sua própria experiência na missão. Enquanto a sua pessoa, ensinamento e projeto de vida foram rejeitados pela elite política, econômica e religiosa da época, os pobres e massacrados pelo sistema o acolheram. A autossuficiência da elite impediu que ela pudesse reconhecer a verdade de Jesus. Os pobres, com a sua espiritualidade do Servo de Javé, conseguiram, em grande parte, acolhê-lo, mesmo sem compreender inteiramente a profundeza da sua identidade.

O texto tem ecos da literatura sapiencial e apocalíptica. Dos Sapienciais, podemos ver reflexos de Pr 8, onde a Sabedoria é personificada, de Eclo 51,1-12, 13-30 e de Sb 6-8. Mas também nos faz lembrar textos apocalípticos como Daniel, onde os sábios são incapazes de decifrar o sentido do sonho de Nabucodonosor (Dn 2,3-13), enquanto o humilde Daniel, confiando na revelação divina, louva a Deus por lhe ter dado a sabedoria (Dn 2,23) e revela que se trata do Reino fundado pelo próprio Deus (Dn 2,44). No tempo de Jesus, os sábios também não conseguem decifrar os mistérios do Reino de Deus, um dom que é dado aos humildes. Em Mateus, os pequenos são os discípulos (Mt 10,42) a quem são revelados os mistérios do Reino dos Céus (Mt 13,11).

Os versículos 26-28 são importantes, pois afirmam o relacionamento único entre Jesus e o seu “Abbá”, seu Querido Pai. Aqui, a comunidade mateana expressa a sua fé em Jesus como Filho Absoluto do Pai Absoluto. É uma de três passagens em Mateus nas quais Jesus expressa, de uma maneira indireta, uma relação única com Deus, seu Pai. As outras são Mt 21,37 e 24,36.

A imagem do “jugo” era bastante conhecida já no Antigo Testamento (cf. Jr 2,20; 5,5; Os 10,11). No judaísmo do tempo de Jesus, era usada como imagem da Lei de Deus escrita e oral (cf. Eclo 6,24-30; 51,26s). O termo não tinha necessariamente uma conotação de peso ou opressão quando usado assim. O nosso texto usa a imagem corrente para contrastar a interpretação farisaica da Lei, que oprimia o povo com exigências casuísticas e conceitos que excluíam muitos, e a interpretação de Jesus, que não rejeita a Lei, mas lhe devolve o seu sentido original – uma garantia de manter viva na comunidade o projeto libertador de Javé. O problema não estava na Lei, mas na sua interpretação. Para os doutores, as práticas externas eram tão exigentes que ofuscavam o rosto misericordioso de Deus, tornando a vivência religiosa um pesadelo para muito. A interpretação de Jesus não é “light” – é exigente, pois exige uma vivência de fraternidade, uma luta pela solidariedade e libertação e a rejeição de todo egoísmo e individualismo. No fundo, é mais exigente do que a dos fariseus, pois não se esgota em práticas externas, mas em um processo infinito de doação de si. Garante que este projeto de vida, exigente como é, traga a alegria do Reino de Deus, e que Jesus sempre ensina e aplica com compaixão e misericórdia.

Esses últimos versículos nos levam a rever a nossa pregação, a nossa interpretação da Lei de Deus, a nossa prática pastoral. Pois, ao longo da história, muitas vezes, a pregação nas Igrejas e na catequese tem sido uma séria de legalismos moralizantes, reduzindo o cristianismo a uma prática externa de normas, frequentemente colocando fardos pesados sobre os menos fortes, sem que fosse oferecido para eles qualquer ajuda para carregá-los. Não poucas vezes, o seguimento de Jesus se reduzia ao cumprimento de leis, ou à vivência de uma moral ou ética, sem a revelação do Deus misericordioso e compassivo, o Deus de vida. Jesus nos mostra que, embora a religião exija leis e moral, fundamentalmente é uma mística, uma experiência do amor de Deus que nos convida a assumir o seu jugo como resposta, um jugo que não mata, mas que liberta, que não esconde o rosto de Deus, mas que traz a alegria do Reino! Não é fácil a nossa conversão para que “a nossa justiça seja maior do que a dos fariseus e doutores da Lei” (cf. Mt 5,20).

  

A escolha do Pai - Ana Maria Casarotti

 

No texto de hoje a Igreja é convidada a conhecer mais profundamente Jesus. Como é sua relação com o seu Pai? Que é aquilo que alegra profundamente sua vida e gera uma louvação ao Pai pelo seu amor, pela sua escolha dos menores e simples?

Esta narrativa situa-se no capítulo 11 de Mateus. Nele, o evangelista coloca seu olhar na atitude que cada pessoa ou grupo apresenta diante de Jesus, diante do Reino de Deus.

Na narrativa anterior, desde o cárcere, João Batista manda perguntar a Jesus se é ele quem deve vir ou devem aguardar outra pessoa (11,2-15). Com grande sabedoria, Jesus não se limita a falar sobre sua pessoa, senão que expõe os frutos de sua atividade, ou seja, a presença do Reino no meio deles. Há outro grupo de pessoas que rejeitam a presença de Jesus, como as cidades de Betsaida e Corazim, onde ele realizou o maior número de milagres, mas que não acolhem suas palavras (11,20-24).

No texto deste domingo, Jesus louva seu Pai por todas as pessoas que desde sua simpleza podem acolher o Reino. Eles são os não-sábios, os pobres. São eles, os desfavorecidos e os pobres que conseguem penetrar o sentido da atividade de Jesus e continuá-la. Eles sintonizam com Jesus desde sua fragilidade e necessidade de uma vida nova.

Mas os sábios e inteligentes, os que se consideram de mãos limpas e coração puro, não são capazes de perceber a presença do Reino no meio deles. Não podem reconhecer que o Messias esperado por tantas gerações privilegie os desfavorecidos. Para eles, que se acreditam doutos, letrados, instruídos, o cumprimento da Lei, dos mandamentos e dos preceitos, é o fundamental. Eles exigiam essa pesada carga para o povo.


São os desfavorecidos, os pequeninos, os escolhidos pelo Pai e os que têm a capacidade para perceber os sentimentos de Jesus.

“Jesus se aproxima dos que sofrem, alivia sua dor, toca os leprosos, liberta os possuídos por espíritos malignos, os resgata da marginalização e os devolve à convivência. O que move a vida de Jesus é a compaixão e a compaixão é expansiva, tem impacto profundo naqueles(as) que estão ao seu redor.” (Reflexão de Adroaldo Palaoro: “A compaixão como fonte do chamado”)

Jesus dá graças ao Pai porque “escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos”. “Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado.”

Diante do Pai, o coração de Jesus enche-se de alegria e louvor porque são os inocentes, os genuínos que têm a capacidade de acolher a revelação.

Como disse José María Castillo no seu artigo “A teologia do Papa Francisco é, sobretudo, a do seguimento de Jesus”. Artigo de José María Castillo: “...A melhor coisa que qualquer pessoa tem não é o que ela sabe, o que ela disse ou o que ela tem, mas a qualidade da sua sensibilidade. Uma qualidade que se mede pelas coisas com que ela sintoniza. É evidente que sintonizar com os sábios e com os poderosos, com os ricos e com os governantes, com os famosos e os importantes, tudo isso é vulgar".

Para eles, que levam tanta dor e sofrimento sobre suas costas, olhar para Jesus é um alívio. Nele encontram seu repouso e descanso. Em Jesus encontram sensibilidade e compaixão. Por isso nos três convites que ele anuncia eles se sentem espelhados. “Venham para mim todos vocês que estão cansados de carregar o peso do seu fardo, e eu lhes darei descanso”.

"Carreguem a minha carga e aprendam de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para suas vidas. Porque a minha carga é suave e o meu fardo é leve".

Para Jesus, Deus é "misericordioso" e "compassivo". [...]Deus é "Pai amado" (Abba), que tem entranhas de mãe: Deus sente, em relação a nós, o que uma mãe sente em relação a um filho que carregou no ventre. Esta é a imagem preferida de Jesus. Deus nos carrega em suas entranhas (Disponível em: Jesus, misericórdia encarnada de Deus. Conferência de José Antonio Pagola).

Jesus nos convida a ir ao seu lado, ter uma maior sensibilidade e participar dos sentimentos de louvor de Jesus. Somos convidados a entregar-lhe aquilo que ainda é uma carga para nós "porque ele nos dará descanso”.

"Venham a mim...". E deixemos que Ele seja nosso Mestre e Bom Pastor que nos leva a verdes pastagens para descansar e que nos conduz a fontes tranquilas (cf. Sl 23).

Oração

Um pobre assim, um Deus assim

Pobre

daquele que descobriu

a dor do mundo

como dor de Deus,

a injustiça dos povos

como rejeição de Deus,

a exclusão dos fracos

como batalha contra Deus!

Já tem a cruz assegurada!

Feliz

o que descobriu

no protesto do pobre

a ruptura do sepulcro,

na comunidade marginal

o por-vir de Jesus,

nos últimos que nos acolhem

o regaço materno de Deus!

Já começou a ressuscitar!

Pobre

do que se encontrou

com um pobre assim,

com um Deus assim!

Feliz dele!


O POVO SIMPLES - Benjamin Gonzalez Buelta


Jesus não teve problemas com as pessoas simples. O povo sintonizava facilmente com Ele. Aquelas pessoas humildes que viviam a trabalhar as suas terras para levar para adiante a família, acolhiam com alegria a Sua mensagem de um Deus Pai, preocupado com todos os Seus filhos, sobretudo, os mais esquecidos.

Os mais desamparados procuravam a Sua bênção: junto de Jesus sentiam Deus mais próximo. Muitas doentes, contagiados pela sua fé num Deus bom, voltavam a confiar no Pai do céu. As mulheres intuíam que Deus tem que amar os Seus filhos e filhas como dizia Jesus, com um fundo de mãe.

O povo sentia que Jesus, com a Sua forma de falar de Deus, com a Sua forma de ser e com o Seu modo de reagir ante os mais pobres e necessitados, anunciava-lhes o Deus que eles necessitavam. Em Jesus experimentavam a proximidade salvadora do Pai.

A atitude dos «entendidos» era diferente. O que ao povo simples lhe enche de alegria a eles indigna-os. Os mestres da lei não podem entender que Jesus se preocupe tanto com o sofrimento e tão pouco com o cumprimento do sábado. Os dirigentes religiosos de Jerusalém olham-no com receio: o Deus Pai de que fala Jesus não é uma Boa Nova, mas um perigo para a sua religião.

Para Jesus, esta reação tão diferente ante a Sua mensagem não é algo casual. Ao Pai parece-lhe o melhor. Por isso dá-Lhe graças diante de todos: «Te dou graças, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas dos sábios e entendidos e as deste a conhecer aos simples. Sim, Pai, assim te pareceu melhor».

Também hoje o povo simples capta melhor que ninguém, o Evangelho. Não têm problemas para sintonizar-se com Jesus. A eles revela-se o Pai melhor que aos “entendidos” em religião. Quando ouvem falar de Jesus, confiam Nele de forma quase espontânea.

Hoje, praticamente, tudo o que é importante se pensa e se decide na Igreja, sem o povo simples e longe dele. No entanto, dificilmente, se poderá fazer algo de novo e bom para o cristianismo do futuro sem contar com ele. É o povo simples que nos arrastará para uma Igreja mais evangélica, não os teólogos nem os dirigentes religiosos.

Temos de redescobrir o potencial evangélico que se encerra no povo crente. Muitos cristãos simples intuem, desejam e pedem para viver a sua adesão a Cristo de forma mais evangélica, dentro de uma Igreja renovada pelo Espírito de Jesus. Reclamam mais evangelho e menos doutrina. Pedem o essencial, não frivolidades.

 

Eis-me aqui, Senhor

Eis-me aqui, Senhor! Eis-me aqui, Senhor!

Pra fazer tua vontade, pra viver do teu amor.

Pra fazer tua vontade, pra viver do teu amor.

Eis-me aqui, Senhor!

1. O Senhor é o pastor que me conduz,

por caminhos nunca vistos me enviou.

Sou chamado a ser fermento, sal e luz

E por isso eu respondi: Aqui estou!

2. Ele pôs em minha boca uma canção,

me ungiu como profeta e trovador,

da história e da vida do meu povo

e por isso eu respondi: Aqui estou!

3. Ponho minha confiança no Senhor,

da esperança sou chamado a ser sinal,

seu ouvido se inclinou ao meu clamor,

e por isso respondi: Aqui estou!


TEXTO EM ESPANHOL - DOM DAMIÁN NANNINI, ARGENTINA

 

DOMINGO 14 DURANTE EL AÑO CICLO "A"


Primera lectura (Zac 9,9-10)


Este texto comienza con una invitación a la alegría. Jerusalén, la hija de Sión, debe alegrarse porque a ella vuelve un rey victorioso. La imagen se refiere con probabilidad al regreso del Rey a su ciudad después de una triunfal campaña militar que devuelve la paz a sus habitantes. Lo sorprendente es que esta entrada triunfal solía caracterizarse por una gran demostración de fuerza y poder, un auténtico "desfile militar"; mientras que aquí se trata de un rey humilde ('anî), montado sobre un asno. En cierto modo está en las antípodas de un mesianismo triunfalista y militarista. Esta imagen se refuerza con lo que obrará este rey: suprimirá los carros, los caballos y los arcos de guerra. Los carros y caballos son para algunos profetas símbolos del militarismo (cf. Is 2,7; Miq 5,9). Viene como rey pacífico, humilde, y su misión es establecer la paz (shalom) en las naciones.

Desde un punto de vista cristiano es un texto claramente mesiánico pues se orienta a Jesús; por ello es citado literalmente por Mt 21,5 y Jn 12,5 cuando hablan de su entrada en Jerusalén.


Evangelio (Mt 11,25-30)


En el evangelio de hoy distinguimos con claridad tres frases de Jesús. La primera (vv. 25-26) consiste en una alabanza dirigida al Padre, de fuerte contenido teológico. La segunda (v. 27) es una frase de Jesús que podemos llamar de “revelación”; mientras que la tercera es una exhortación a recibir la enseñanza de Jesús seguida de una invitación a imitar su actitud (vv. 28-30).

Para comprender mejor estas frases, conviene recordar que las mismas siguen al lamento del mismo Jesús ante el rechazo sufrido en las ciudades de Galilea (Corazaín; Betsaida y Cafarnaúm) dónde, a pesar de los milagros realizados allí, no han creído en él (cf. Mt 11,16-24). Ante esta situación aparentemente negativa, Jesús eleva esta oración de alabanza porque se cumple así la voluntad de Dios de revelarse ocultamente. Justamente L. Monloubou  insiste mucho, a la hora de interpretar este texto, en tener en cuenta justamente el contexto previo de estas palabras de Jesús, que son de condena a las ciudades de Corazaín, Betsaida y Cafarnaún: "Entonces Jesús comenzó a recriminar a aquellas ciudades donde había realizado más milagros, porque no se habían convertido" (Mt 11,20). Hay aquí una cierta constatación del fracaso de la predicación de Jesús en Galilea. Justamente a este reconocimiento del fracaso o rechazo, sigue una oración de bendición al Padre, lo cual es muy significativo, como nota el mismo Monloubou : "Jesús bendice a Dios porque, sin olvidar nada de la responsabilidad que a los incrédulos corresponde en su fracaso (la condena de las ciudades es un testimonio), reconoce un misterio divino; sabe que Dios está presente en este drama que ha reducido casi a la nada su esfuerzo evangelizador. Y admira esta presencia, esta obra de Dios. Él se ha mostrado como un Dios presente; más que presente: como un Dios paterno".


En cuanto al contenido de la alabanza, notemos en primer lugar que se identifica al Padre de Jesús con Dios; y subrayando la soberanía divina ("Señor del cielo y de la tierra"), Jesús se sitúa en un plano de igualdad con Dios, en una proximidad inmediata con un trato familiar con Él llamándolo "Padre".

En segundo lugar vemos que se refiere al ocultamiento de la revelación del Padre a los sabios (σοφῶν) e inteligentes (συνετῶν); en contraste con los pequeños o niños (νηπίοις) a quienes va dirigida la misma. Notemos que el Padre es el sujeto activo que oculta o esconde estas cosas (ἔκρυψας ταῦτα) a los sabios e inteligentes y las revela o manifiesta (ἀπεκάλυψας αὐτὰ) a los niños o pequeños. Al respecto, A. Levoratti  dice que, teniendo en cuenta el estilo semítico de la contraposición, el motivo de la alabanza está más bien en la revelación o manifestación positiva por parte de Dios en favor de los pequeños que en el ocultamiento a los sabios y prudentes.

Para los exégetas es clave el intento por identificar a estos dos grupos: los sabios y los pequeños. M. Grilli – C. Langner  notan que para Mateo los pequeños son los niños (παῖδας) cuando en el templo lo reconocen a Jesús como el Mesías y lo aclaman diciendo: ¡Hosanna al hijo de David! (cf. Mt 21,15). En esta misma escena aparecen los sumos sacerdotes y los escribas quienes se indignan ante los prodigios de Jesús y la aclamación de los niños. Y le dicen a Jesús: "¿Oyes lo que dicen estos?". "Sí, respondió Jesús, ¿Pero nunca han leído este pasaje: «De la boca de las criaturas (νηπίων) y de los niños de pecho, has hecho brotar una alabanza»?" (Mt 21,16). Notemos que aquí se utiliza népios (nh,pioj) al igual que en nuestro texto (11,25) pero traducido por «criaturas», aunque este concepto incluye a los simples, pequeños, niños, a quienes no saben aún. Por su parte, estos mismos autores sostienen que “por sabios y prudentes se entiende a quienes destacan por su conocimiento particularmente profundo de las Escrituras y por la observancia de las prescripciones divinas, esto es, a los escribas y maestros de la Ley, pero también a algunos fariseos” .

Según U. Luz: "la expresión es fuerte: el Padre no se ha revelado a aquellos que normalmente lo esperan, sino a la gente sencilla. ¿A quién se refiere? […] el Padre no se revela a las elites religiosas, ya sean de signo apocalíptico, esenio o letrado. Jesús pensará en sus oyentes: las mujeres, los galileos, los pobres del campo que no tienen tiempo ni posibilidad de ir a la escuela de los 'sabios'. La doxología forma parte del anuncio del reino de Dios por Jesús, anuncio por el que Dios llega preferentemente a los pobres, simples y desclasados de Israel" . 

Por tanto, la revelación del Padre por parte del Hijo tiene como distintivo la sencillez, tanto es así que los sabios y prudentes de este mundo no la tomarán en consideración, mientras que los ignorantes, simples o pequeños (népios) la aceptarán. Al respecto dice L. H. Rivas : “La pequeñez designa esa cualidad que Jesús señala como primera condición para poder ser discípulo. Es equivalente a la pobreza de corazón, a la humildad, a la mansedumbre. Es todo lo opuesto a la soberbia, al orgullo, a la autosuficiencia, a la confianza puesta en la fuerza o en los bienes. Pero también hay que incluir en este grupo de los pequeños a los pobres y a los ignorantes, que eran menospreciados por los más religiosos de su tiempo, pero que gozaban de la predilección de Jesús”. 

En el mismo sentido, A. Levoratti  sostiene que “los sabios y prudentes apunta a los doctores de la ley, que ocupan la cátedra de Moisés (23,2) y atribuyen la obra de Jesús al poder de Belzebul, el príncipe de los demonios (12,24) […] En contraposición con los sabios y prudentes están los pequeños. El término griego es nepioi, literalmente “niños pequeños”, que incluye una clara connotación de ingenuidad e ignorancia. Más aún, el vocablo tiene un matiz peyorativo: se trata del simple, del ignorante, de alguien que desde el punto de vista humano no tiene demasiadas luces… La ignorancia de la gente sencilla no constituye una virtud ni es algo meritorio que explique la razón de la preferencia. La raíz de todo está en el beneplácito del Padre”.

En conclusión, el Padre tiene predilección por los hombres que ante el mundo nada o poco significan (cf. 1Cor 1,26-29) y ha elegido darse a conocer preferencialmente a ellos.

Luego de la alabanza a Dios en 11,27 se pone de manifiesto el carácter único de Jesús como 'receptor' y ‘revelador’ del conocimiento del Padre, señalando su condición exclusiva de Hijo. Ese 'todo' (panta) que le ha sido entregado por el Padre es el mismo conocimiento exclusivo del Padre que tiene en cuanto Hijo. Al utilizar el mismo verbo “conocer” o “reconocer” (ἐπιγινώσκει) con el Padre y el Hijo como sujetos resalta la reciprocidad y exclusividad de este conocimiento; dando razón de por qué sólo puede ser revelado por el Hijo. Por tanto, al beneplácito (εὐδοκία) del Padre (11,26) sigue la firme decisión de la voluntad del Hijo (tal el sentido del verbo βούληται - bouletai - utilizado en 11,27) de revelar (ἀποκαλύψαι) este conocimiento del Padre a los sencillos.

Por su parte los discípulos ocupan su lugar en esta relación Padre-Hijo como receptores secundarios. Ellos son los pequeños quienes, por beneplácito del Padre, pueden descubrir en el ministerio de Jesús su identidad de Hijo; y por revelación del Hijo pueden llegar a conocer al Padre. 

Acto seguido Jesús dice: "Vengan a mí todos los que están afligidos y agobiados, y yo los aliviaré.  Carguen sobre ustedes mi yugo y aprendan de mí, porque soy paciente y humilde de corazón, y así encontrarán alivio.  Porque mi yugo es suave y mi carga liviana" (Mt 11,28-30).

El “yugo” (ζυγόν) era la pieza de madera que se colocaba sobre el cuello de los bueyes para sujetarlos al carro o al arado; pero ya en el Antiguo Testamento se utiliza simbólicamente esta expresión para describir la autoridad o las normas a las que una persona está sujeta (cf. Lam 3,27); o el aprendizaje de la sabiduría para vivir según sus consejos (cf. Eclo 40,1; 51,26). También, en el judaísmo de aquel tiempo las expresiones cargar el "yugo de la ley" o "yugo de la Torá" eran comunes para referirse al aprendizaje y cumplimiento de los mandamientos y leyes de Dios . Hay una frase de san Pedro en los Hechos de los Apóstoles dirigida contra los fariseos judaizantes que puede ayudarnos a entender lo que significa aquí llevar el “yugo”: "¿Por qué ahora ustedes tientan a Dios, pretendiendo imponer a los discípulos un yugo que ni nuestros padres ni nosotros pudimos soportar?" (He 15,10).

Por tanto, en la frase de Jesús se supone que “el yugo de la Ley engendraba hombres cansados y agobiados. Se buscaba agradar a Dios mediante el cumplimiento exacto de toda la legislación del Antiguo Testamento, y de esta manera la santificación del hombre aparecía como obra del mismo hombre, que jamás era capaz de cumplir a la perfección todas las prescripciones. El sentimiento de fracaso por una parte y la angustia de sentirse culpable por otra, hacían que los piadosos estuvieran siempre bajo el peso de una carga insoportable” . 

Entonces, Jesús llama aquí a todos los que con esfuerzo y fatiga tratan de caminar por la senda de los mandamientos, pero sin alegría, viviendo esto como un peso, y los invita a cargar con su yugo y a aprender de él, a imitarlo en la mansedumbre y humildad de corazón. El texto utiliza el verbo griego manqa,nw – manzáno – (aprender) que se refiere no tanto a un aprendizaje teórico sino ético, de conducta, de actitud. 

Jesús se describe a sí mismo con los adjetivos “manso” (πραῢς) y “humilde” (ταπεινὸς). El primero aparece en la segunda bienaventuranza (Mt 5,5) y en la cita de Zac 9,9 aplicada a Jesús para presentarlo como rey Mesías humilde-manso en su ingreso a Jerusalén (21,5). En la Biblia la mansedumbre viene descrita como un comportamiento caracterizado por un dominio de las propias emociones, tendencias y deseos; y por el pleno respeto por la persona del otro en contraposición a todo lo que sea ira, contienda y atropello (cf. Sal 37). Su sentido es muy similar al segundo adjetivo, “humilde o abajado” (ταπεινὸς), que es lo contrario al poderoso o agrandado (cf. Lc 1,52). Al respecto dice M. Grilli – C. Langner : “las declaraciones sobre sí mismo y sobre su yugo se explican recíprocamente, pues una persona mansa y de corazón humilde sólo puede tratar así a los demás: la humildad y la mansedumbre de Jesús se muestran en que él da descanso a los demás y en que su yugo no es ninguna carga”.

Por tanto, se trata de ir a Jesús para llegar a experimentar la paternidad de Dios y sentirnos hijos amados por Él; y entonces el yugo de los mandamientos se vuelve suave y su carga liviana. Es la obediencia filial que vivió Jesús como Hijo manso y humilde lo que estamos invitados a vivir. 

En 11,30 el yugo suave de Jesús se pone en paralelo con la “carga” (φορτίον) ligera; dónde este término también se utilizaba simbólicamente para referirse al “peso” de cumplir o llevar los mandamientos. De hecho, en Mt 23,4 Jesús recrimina a los escribas y fariseos porque “atan pesadas cargas (φορτίον) y las ponen sobre los hombros de los demás, mientras que ellos no quieren moverlas ni siquiera con el dedo”. Si relacionamos esta última frase de Jesús con las dos anteriores, se refuerza la contraposición entre la enseñanza de Jesús con la de los escribas y fariseos, los sabios y prudentes, quienes atan pesadas cargas sobre los demás y ellos no las llevan. En cambio, Jesús se muestra como un maestro manso y humilde que conduce con su enseñanza al descanso del Reino del Padre; y que pone en práctica lo que enseña. Esto es lo que hay que aprender de Él. 



Algunas reflexiones:


La primera lectura y el evangelio de hoy nos orientan, en primer lugar, a considerar la invitación que Jesús nos hace a todos, especialmente cuando estamos cansados, afligidos y angustiados: “vengan a mí” para encontrar alivio, descanso. Y esta invitación resulta muy atractiva y atrayente pues Jesús se presenta como Mesías manso y humilde. Se trata de aceptar al Señor cómo él mismo quiso presentarse: como el Hijo del Padre que quiere revelar a los hombres la paternidad amorosa de Dios. Jesús no es un legislador frío que presenta crudamente las exigencias de la ley de Dios. Por el contrario, es manso y humilde, no atropella ni agobia con sus exigencias, es comprensivo con la fragilidad humana. Y nos revela lo esencial: el amor del Padre y la condición de hijos suyos para todos los hombres. En esta relación de amor filial las exigencias del evangelio como manifestación de la voluntad del Padre, reales y fuertes, se vuelven llevaderas y livianas.

Al respecto decía el Papa Francisco en el ángelus del 9 de julio de 2017: “Él nos espera, nos espera siempre, no para resolvernos mágicamente los problemas, sino para hacernos fuertes en nuestros problemas. Jesús no nos quita los pesos de la vida, sino la angustia del corazón; no nos quita la cruz, sino que la lleva con nosotros. Y con Él cada peso se hace ligero (cf. v. 30) porque Él es el descanso que buscamos. Cuando en la vida entra Jesús, llega la paz, la que permanece en las pruebas, en los sufrimientos. Vayamos a Jesús, démosle nuestro tiempo, encontrémosle cada día en la oración, en un diálogo confiado y personal; familiaricemos con su Palabra, redescubramos sin miedo su perdón, saciémonos con su Pan de vida: nos sentiremos amados y consolados por Él”.

En segundo lugar, está el contenido teológico de la oración-bendición. Sólo Jesús puede darnos a conocer al Padre y sólo el Padre puede darnos a conocer a Jesús. La fe es un don, un regalo maravilloso. Y sólo Jesús puede hacernos este regalo, esta revelación que nos permite conocer el amor del Padre y del Hijo. Y se trata aquí de un "conocimiento" en sentido bíblico, es decir, comunión, relación, vínculo personal. Y lo reciben los que se vuelven discípulos, esto es, aprendices, alumnos que reconocen que tienen que ser enseñados. Los que piensan que ya conocen y saben todo de Dios, los sabios e inteligentes, no pueden llegar a conocerlo de verdad. 

En tercer lugar, está la invitación de Jesús a ser mansos y humildes de corazón como Él. Son las actitudes propias del niño, del hijo y del discípulo. Mateo al colocar aquí este llamado lo interpreta como una invitación de Jesús a ir en su seguimiento para llegar a experimentar la paternidad de Dios, donde está el alivio y dónde el yugo es suave y la carga liviana. Quien conoce al Padre, al Padre amoroso, por medio de Jesús, se vuelve también hijo como Él. Y entonces ya no se trata del cumplimiento de una ley externa, de un yugo de esclavos como dirá San Pablo (cf. Gal 5,1), sino de una dulce obediencia filial. Será la actitud de buscar devolver algo al Padre de quien hemos recibido "todo", como lo recibió Jesús mismo. También nosotros recibimos del Padre el amor para cumplir sus mandamientos, para seguir su camino, para vivir como hijos. En efecto, "liberados del pesado fardo del obrar "por deber", así como de la tiranía de nuestro egoísmo, podremos asumir el "yugo suave" de Jesús, el mandamiento nuevo del amor, cuya "carga ligera" eleva hacia lo alto a quien la lleva" . Como decía San Agustín, con su clásica brevedad y profundidad: "Por duro que sea lo que se nos impone, el amor lo hace ligero" (Sermo 96,1).

Importa reconocer que la tentación del pelagianismo es muy actual, como nos lo ha advertido el Papa Francisco en Gaudete et exsultate n°57 : “Todavía hay cristianos que se empeñan en seguir otro camino: el de la justificación por las propias fuerzas, el de la adoración de la voluntad humana y de la propia capacidad, que se traduce en una autocomplacencia egocéntrica y elitista privada del verdadero amor. Se manifiesta en muchas actitudes aparentemente distintas: la obsesión por la ley, la fascinación por mostrar conquistas sociales y políticas, la ostentación en el cuidado de la liturgia, de la doctrina y del prestigio de la Iglesia, la vanagloria ligada a la gestión de asuntos prácticos, el embeleso por las dinámicas de autoayuda y de realización autorreferencial. En esto algunos cristianos gastan sus energías y su tiempo, en lugar de dejarse llevar por el Espíritu en el camino del amor, de apasionarse por comunicar la hermosura y la alegría del Evangelio y de buscar a los perdidos en esas inmensas multitudes sedientas de Cristo”.

Ante esta tentación de un neopelagianismo es muy importante lo que dice M. D. Molinié : “Amar no es primer lugar ser heroico en el desinterés: al contrario, esta perfección sólo llega al final. Amar es, en primer lugar, ser atraído, seducido, cautivado. El primer acto libre y meritorio que se nos pide es el de ceder a esta seducción, a este atractivo de dejarse hacer. Es algo muy simple que se desencadena en nuestro corazón, no se sabe cómo ni por qué, y que hace fácil todo lo demás (mi yugo es suave y mi carga ligera)”.


En esta línea, no nos vendrá mal una interpretación pastoral del evangelio de hoy, por cuanto "el fragmento evangélico nos hace penetrar no sólo en la oración de Jesús, sino en su mismo corazón, y no como intrusos, sino como huéspedes invitados y esperados. La misión de Jesús se ha encontrado con desconfianza y cierres; sin embargo, es capaz de elevar la mirada al cielo y bendecir al Padre, que es Señor del cielo y de la tierra" .

Sobre esto nos dice el Card. Vanhoye : "La ocasión que provoca la gratitud de Jesús es una circunstancia en la que nosotros, ciertamente, no pensaríamos en dar gracias: un fracaso en su ministerio. Jesús ha predicado, pero su predicación no ha sido acogida ni por los sabios ni por los entendidos, es decir, por la gente bien, que es la que se encuentra en mejores condiciones para apreciar la predicación de Jesús […] Jesús da gracias al Padre en esta situación, porque ha intuido su designio […] Jesús comprende el designio del Padre, que se opone al orgullo humano y quiere revelarse a los sencillos".

Y no nos olvidemos que Jesús nos invita a ser mansos y humildes de corazón como Él. Esto supone tener nosotros la misma actitud del Señor para con los demás, especialmente cuando los vemos cansados y agobiados. Lo explica bien el Papa Francisco: “Jesús promete dar alivio a todos, pero nos hace también una invitación, que es como un mandamiento: Tomad mi yugo sobre vosotros y aprended de mí, que soy manso y humilde de corazón. El "yugo" del Señor consiste en cargar con el peso de los demás con amor fraternal. Una vez recibido el alivio y el consuelo de Cristo, estamos llamados a su vez a convertirnos en descanso y consuelo para los hermanos, con actitud mansa y humilde, a imitación del Maestro. La mansedumbre y la humildad del corazón nos ayudan no sólo a cargar con el peso de los demás, sino también a no cargar sobre ellos nuestros puntos de vista personales, y nuestros juicios, nuestras críticas o nuestra indiferencia.” (13 de julio de 2014).



PARA LA ORACIÓN (RESONANCIAS DEL EVANGELIO EN UNA ORANTE):


Yo espero, pequeño, y lo alabo


Una carga liviana llevo

Es el yugo de Dios: su Misterio

Cuando Él lo desea 

Se descubre ante mí y me colma


Entre los afanes de cada día

Con ansiedad lo espero

Y me pregunta si confío, 

Sobreviene la calma y aprendo


Busco la alegría, y le ruego

Voy a él, a dejar mis pesares

El agobio y la aflicción de estas horas 

Oh mi Dios y Señor !


Corazón infinito el tuyo

Acoge y recibe todo mi yugo

Para darme por consuelo: 

Mi deseo más profundo.


El padre tierno sabe de mi sed

Se ocupa de mis anhelos

Yo espero, pequeño, y lo alabo

Y el cielo me es revelado. Amén.