CRISTO REI DO UNIVERSO

JESUS CRISTO REI DO UNIVERSO 

DIA DO CRISTÃO LEIGO

26/11/2023 

LINK AUXILIAR:

AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO


1ª Leitura: Ezequiel 34,11-12.15-17 

Salmo Responsorial 22(23)R- O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma. 

2ª Leitura: 1 Coríntios 15,20-26.28 

Evangelho de Mateus 25,31-46

“Quando o Filho do Homem vier em sua glória, acompanhado de todos os anjos, ele se assentará em seu trono glorioso. 32    Todas as nações da terra serão reunidas diante dele, e ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos.33     E colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos, à sua esquerda. 34  Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo! 35        Pois eu estava com fome, e me destes de comer; estava com sede, e me destes de beber; eu era forasteiro, e me recebestes em casa; 36    estava nu e me vestistes; doente, e cuidastes de mim; na prisão, e fostes visitar-me’. 37        Então os justos lhe perguntarão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Com sede, e te demos de beber? 38        Quando foi que te vimos como forasteiro, e te recebemos em casa, sem roupa, e te vestimos? 39   Quando foi que te vimos doente ou preso, e fomos te visitar?’ 40        Então o Rei lhes responderá: ‘Em verdade, vos digo: todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes!’ 41   Depois, o Rei dirá aos que estiverem à sua esquerda: ‘Afastai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno, preparado para o diabo e para os seus anjos. 42Pois eu estava com fome, e não me destes de comer; com sede, e não me destes de beber; 43        eu era forasteiro, e não me recebestes em casa; nu, e não me vestistes; doente e na prisão, e não fostes visitar-me. 44        E estes responderão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome ou com sede, forasteiro ou nu, doente ou preso, e não te servimos?’ 45  Então, o Rei lhes responderá:‘ Em verdade, vos digo, todas as vezes que não fizestes isso a um desses mais pequenos, foi a mim que o deixastes de fazer!’ 46  E estes irão para o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna”.


DOM JÚLIO ENDI AKAMINE, ARCEBISPO DE SOROCABA SP


Mt 25,31-46

O evangelho nos fala de Jesus como pastor que separa ovelhas de cabritos. É uma imagem desconcertante: Jesus sempre falou de si como o bom pastor que reúne as ovelhas em tono de si. Agora ele fala de si como pastor que separa e julga. 

É uma contradição, ou as imagens do Bom Pastor e do Pastor Juiz devem ser relacionadas?

Nossa vida tem dois tempos diferentes. Vivemos agora o tempo favorável, o tempo da salvação, o tempo do Bom Pastor que cuida de nós e que nos conduz à salvação. Mas a salvação não é um processo automático: ela requer a nossa aceitação. Deus nos criou sem nós, mas não nos salvará sem nós! Por isso chegará um outro tempo que nos porá diante do Cristo Juiz. Nesse segundo tempo não poderemos mais mudar o caminho que tomamos, nem reformar nossas decisões.

Normalmente imaginamos o julgamento como um comparecer frente a um juiz que abrirá o livro onde estão registradas as nossas ações boas e más. Talvez a imagem mais correta seja a do reencontro: será com um amigo do passado ou com o Amado da alma? Não podemos negar que vamos sofrer um julgamento. O julgamento divino, porém, não é extrínseco. Pelo contrário, revela a verdade interior de nós mesmos.

O que o julgamento de Cristo vai revelar sobre nós mesmos? Revelará se nós o encontramos neste primeiro tempo em que vivemos. 

Cristo se identifica com os pobres; Ele se identifica com todos os necessitados: tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, estava nu e me vestistes, estava na prisão e me visitastes. Trata-se de uma identificação real e isso é uma surpresa: quem poderia imaginar que Deus se identifique com os necessitados, se não fosse Ele mesmo a revelar tal identificação?

Jesus se identifica realmente com os necessitados, mas não faz isso de maneira evidente. Por isso, os justos perguntam: quando foi que te vimos com fome? Além disso Jesus não fala de justiça, mas de verdadeira caridade. Trata-se de fazer o bem, de ir ao encontro dos necessitados. Jesus não diz que eles merecem a nossa ajuda. Jesus não se identifica com os necessitados porque eles são santos. Jesus se identifica com os necessitados porque são necessitados.

Essa é, de fato, a dimensão divina e verdadeira da caridade: no necessitado está Jesus. Essa presença de Jesus no necessitado é a presença que nos salva. 

O juízo final, revelará com toda clareza e evidência que a salvação nós só podemos receber de Jesus. E como podemos encontrar Jesus? Mais uma vez é preciso reafirmar: para encontrar Jesus é preciso procurá-lo onde ele realmente se encontra.

Deus quer realizar os seus desígnios de salvação com a nossa cooperação. Daqui decorre a necessidade de que a manifestação dos seus caminhos tenha esta dimensão de julgamento dos seres humanos e de suas ações.

É preciso estar ciente de que a justiça divina é essencialmente a salvação. No julgamento, Deus aparecerá como aquele que está presente no pobre e necessitado. O julgamento de Deus mostrará o quanto buscamos a Deus. Mais concretamente, o quanto buscamos Deus nos pobres e necessitados.


Solenidade de Jesus Cristo Rei - José Antonio Pagola


- Mt 25,31-46 – Ano A – 26-11-2023. 

Comemora-se dia dos cristãos leigos e leigas



Um julgamento estranho


o As fontes não admitem dúvidas. Jesus vive focado naqueles que ele vê precisando de ajuda. Ele não consegue passar. Nenhum sofrimento lhe é estranho. Ele se identifica com os menores e mais indefesos e faz tudo o que pode por eles. Para ele, a compaixão vem em primeiro lugar. A única maneira de ser como Deus: “Seja compassivo como seu Pai é compassivo”.

o "Nossas vidas estão em jogo neste momento. Não precisamos esperar por nenhum julgamento. Agora estamos nos aproximando ou nos afastando daqueles que sofrem. Agora estamos nos aproximando ou nos afastando de Cristo. Agora estamos decidindo nossas vidas".


As fontes não admitem dúvidas. Jesus vive dedicado àqueles que ele vê necessitados de ajuda. Ele é incapaz de passar indiferente. Nenhum sofrimento lhe é estranho. Ele se identifica com os mais pequenos e desamparados, fazendo por eles tudo o que pode. Para ele, a compaixão vem em primeiro lugar. É a única maneira de nos assemelharmos a Deus: "Sede compassivos como vosso Pai é compassivo".


Não deveria nos surpreender que, ao falar do Juízo Final, Jesus apresente a compaixão como o critério último e decisivo que julgará nossas vidas e nossa identificação com ele. Como podemos ficar surpresos ao vê-lo identificado com todos os pobres e desafortunados da história?


Conforme o relato de Mateus, "todas as nações" comparecem diante do Filho do homem, ou seja, diante de Jesus, o compassivo. Nenhuma diferença é feita entre "povo escolhido" e "povos pagãos". Nada é dito sobre diferentes religiões e cultos. Fala-se de algo muito humano e compreensível por todos: o que fizemos pelos que viveram sofrendo ao nosso lado?


O evangelista não se detém propriamente a descrever os detalhes de um julgamento. O que se destaca é um duplo diálogo que lança uma luz imensa sobre nosso presente e nos abre os olhos para ver que, em última instância, existem duas maneiras de reagir diante dos que sofrem: compadecemo-nos e ajudamo-los, ou desinteressamo-nos e os abandonamos.


"Vinde, benditos de meu Pai"

Quem fala é um juiz identificado com todos os pobres e necessitados: "Todas as vezes que socorrestes um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes". Aqueles que se aproximaram para ajudar um necessitado se aproximaram Dele. Por isso, devem estar junto a Ele no Reino: "Vinde, benditos de meu Pai".


Depois, ele se dirige àqueles que viveram sem compaixão: "Todas as vezes que não socorrestes um destes pequeninos, deixastes de fazer isso comigo". Aqueles que se afastaram dos que sofrem se afastaram de Jesus. É lógico que agora Ele lhes diga: "Afastai-vos de mim". Sigam o vosso caminho.

Nossa vida está sendo decidida neste momento. Não é preciso esperar por nenhum julgamento. Agora estamos nos aproximando ou nos afastando daqueles que sofrem. Agora estamos nos aproximando ou nos afastando de Cristo. Agora estamos decidindo nossa vida.



Cristo Rei: um rei identificado com os sofredores - Adroaldo Palaoro


“Todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes”

Mt 25,40.


Com a festa de “Cristo Rei” chegamos ao final de mais um ano litúrgico; e o evangelho indicado para este último domingo é o conhecido texto do Juízo final (Mateus) que, devido a interpretações fundamentalistas, tem alimentado muito mais medo que confiança. Não podemos aplicar ao termo bíblico “juiz” o mesmo significado que conhecemos dos termos “juiz” e “juízo” em nossos tribunais.

Deus não é um “juiz”; são nossas obras ou omissões diante daqueles que foram despojados de seus direitos mais básicos e de sua dignidade como pessoas, que julgam o êxito ou o fracasso de nossa vida.

O que verdadeiramente nos move e nos interessa na parábola do Juízo Final não é especular sobre as realidades últimas, mas dirigir nossa atenção e nosso pensamento sobre a realidade presente: o que estamos fazendo com o dom da vida nesta vida? Deveríamos nos preocupar muito mais com os chamados “juízos intermédios” que vamos enfrentando cada dia, ou seja, se estamos ajudando a aliviar o “inferno” que muitos estão vivendo nesta terra, oferecendo-lhes um pouquinho de “céu”.

Assim, fechando o ano litúrgico, volta a ressoar de maneira inquietante, nas paredes da história, a pergunta fundamental: “que tens feito, que estás fazendo com teu irmão?”

O Evangelho deste domingo nos recorda que a pergunta pelo Deus de Jesus e seu Reino não remete a uma teoria, ou a um “princípio”, ou a uma “doutrina”, mas a algo tão concreto, histórico e cotidiano como é sempre a pergunta pelo próximo. Por isso, nas relações com os outros, especialmente com os mais empobrecidos e sofredores, é que se fundamenta nossa relação com Ele.

Não há relação nem culto possível ao Deus de Jesus que não passe pela prática da misericórdia, da solidariedade e da justiça com nossos irmãos e irmãs mais vulneráveis. Suas situações de indigência, exploração, expropriação de bens e direitos são padecidas pelo mesmo Deus, porque eles e elas são seus representantes; por isso o que fazemos a um destes humildes, fazemos a Deus.

A parábola que Mateus relata resume muito bem o que é essencial na proposta de Jesus sobre o Reino: os gestos de misericórdia frente às diversas formas de sofrimento. Para caminhar em direção à maturidade no seguimento de Jesus, devemos nos perguntar frequentemente, durante o nosso percurso, o que é mais importante, o imprescindível, o inegociável de nossa fé.

Muitas vezes, nossa vida cristã se perde num emaranhado de normas, doutrinas, leis, práticas “piegas”, que acabam nos afastando da essência do evangelho e da vida de Jesus. Bem sabemos que, segundo os evangelhos, o compromisso primeiro de Jesus foi o de aliviar todo sofrimento humano. Ele não estava preocupado em constituir uma nova religião, com cargas e cobranças sobre os ombros dos seus seguidores. Sua verdadeira religião era a vida; sua missão era reconstruir vidas feridas, excluídas e marginalizadas. Jesus foi um “biófilo”, amigo da vida.

O mais interessante na parábola deste domingo está no fato de apresentar uma pergunta que nos será feita no último “cara-a-cara” com Deus: o que fizemos com nosso irmão sofredor?

Esta mesma pergunta já apareceu no início da humanidade, frente ao fratricídio de Caim sobre Abel: “onde está teu irmão? O que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama da terra a mim” (Gen 4,9-10).

Uma mesma pergunta que parece ser a única e decisiva em toda a história da salvação. Não seremos perguntados sobre a quantidade e qualidade de nossas orações, santas missas, peregrinações, novenas, penitências, práticas devocionais... Tudo isso só tem sentido quando nos fazem mais sensíveis e nos levam ao compromisso com o irmão que sofre, prolongando o modo de ser e agir de Jesus.


Com efeito, o vers. 40 do texto de Mateus nos revela o fundamento teologal do juízo: “o que fizestes a estes meus irmãos menores, a mim o fizestes”, diz o Filho do Homem. Há, portanto, uma “identificação sacramental” entre Jesus e o sofredor. O texto não diz: “é como se tivessem feito a mim”; ele é muito taxativo: “a mim o fizestes”, ou, “foi a mim que não o fizestes”.

O sacramento primeiro é o compromisso com aquele que é excluído, vítima das estruturas injustas, o rejeitado... Os outros sacramentos só têm sentido quando nos movem para as margens, para uma presença solidária com aqueles que são os prediletos de Deus.

Inspirando-nos na parábola do bom samaritano (Lucas) podemos afirmar que é Jesus quem – identificado com o assaltado – jaz ferido nas margens da história e, portanto, somos nós que devemos “salvá-lo” da morte. Portanto, é o próprio ser humano que é convocado a evitar a dor de Deus na história. E, por isso, a pergunta que normalmente dirigimos a Deus em meio ao sofrimento – “por que não fazes algo?” – nos é devolvida a partir do alto: “o que vocês estão fazendo para aliviar o meu sofrimento?”.

Em nossas mãos está a possibilidade de evitar a dor dos excluídos e das vítimas, que é a dor de Deus na História. Deus sofre na dor dos seus filhos e filhas. Somos nós que devemos dar um copo de água, visitar o enfermo ou o encarcerado, consolar o triste, incluir o excluído... Deus colocou a história em nossas mãos e nos dotou de nobres recursos para que possamos continuar a mesma missão do seu Filho: “aliviar o sofrimento humano”.

A parábola indicada para a festa de Cristo Rei afirma que quem deseja entrar no Reino, não deve comportar-se como um “vassalo” de um rei, mas como um servidor dos mais fracos e excluídos.

Todo ser humano que se “humaniza, humanizando os outros”, faz presente o Reino. No Juízo, a única coisa que se leva em conta na hora de valorizar o ser humano é sua humanidade; nas exigências do “Juiz” não aparece nenhuma conotação “religiosa”, no sentido de práticas religiosas. A pertença ou não ao Reino, não depende de uma atitude religiosa, mas de uma atitude vital de compaixão para com os mais fracos.

Os rostos sofredores dos pobres são rostos sofredores de Cristo. Eles interpelam nossos compromissos. Tudo o que tem a ver com Cristo tem a ver com as vítimas sofredoras e tudo o que é relacionado com os sofredores, diz respeito a Jesus Cristo.

O envolvimento com o “outro” (excluído, pobre, marginalizado...) nos conduz à autenticidade, à libertação de apegos e avareza, à liberdade para partilhar e receber e a uma imensa felicidade.

Em seus olhos “vemos o calor da atenção, o brilho da dignidade, o lampejo do humor, a faísca do protesto. Vemos também as lágrimas da tristeza, do medo e da insegurança, o sofrimento da rejeição, a escuridão do desespero”.

Aproximar-nos do “pobre” e deixar-nos “afetar” pelo seu sofrimento torna-se a maior fonte de nossa espiritualidade. Suas “fraquezas” suscitam em nós o melhor de nós mesmos e ao nos envolver afetivamente em suas vidas, fazem com que vivamos um misto de ternura e indignação a que chamamos compaixão.

Nas experiências de “convivência” com os pobres adquirimos os valores evangélicos da capacidade de celebrar, da simplicidade, da hospitalidade... Eles têm um jeito de nos trazer de volta para o essencial da vida. Eles são uma fonte de esperança, uma fonte de autenticidade. Eles se tornam nossos amigos.

“Nosso compromisso de seguir o Senhor pobre, naturalmente nos faz amigos dos pobres” (Inácio de Loyola).


Para meditar na oração:

Rezar as “obras de misericórdia” encontradas na parábola de Mateus, neste domingo.

No Documento de Aparecida, as tradicionais obras de misericórdia ganham nova feição, traduzindo-se em afirmação da dignidade humana, defesa incondicional da vida, promoção do bem comum, justa distribuição de renda, inclusão social, defesa dos direitos humanos, acesso aos bens culturais, salário justo e segurança alimentar (nn. 358-359).

- Sua experiência de Deus se reduz a algumas práticas religiosas autocentradas, ou é mobilizadora para ativar uma presença solidária e profética junto aos mais sofredores? Qual é o “lugar” do seu encontro com Deus?


Seremos julgados pelo amor - Ana Maria Casarotti


Estamos chegando ao Final do Ano Litúrgico e continuamos lendo o capítulo 25 do Evangelho de Mateus. Jesus continua encorajando e animando os cristãos na espera da Vinda Definitiva do Senhor. Começamos a ler e a refletir sobre este capítulo há dois domingos. Nele Jesus está encorajando e animando os cristãos na espera da Segunda Vinda do Senhor e ensina-lhes as atitudes para viver durante este tempo.

No início lemos o texto das dez virgens que aguardam a chegada do noivo. Para isso devem estar preparadas e ser vigilantes. Há cinco virgens que ficam sem óleo porque cuidavam das aparências e não da totalidade. As outras cinco são nomeadas prudentes. Elas estavam preparadas para os imprevistos como, no texto, o atraso do noivo. Jesus ensina, assim, uma atitude fundamental para viver neste tempo de espera do Senhor.

No domingo passado, continuamos a leitura do capítulo 25 de Mateus e meditamos sobre a narrativa do administrador que confia seus bens aos empregados e no seu retorno recolhe aquilo que foi produzido. O Senhor nos incentiva a não ter medo e arriscar os bens, as riquezas, os dons que recebemos, com a confiança daquele que não enterra sua vida no egoísmo, na segurança aparente, numa falta de prudência que é gerada pela covardia.

Hoje lemos o texto conhecido como o Juízo Final. Desde o início, Jesus nos situa sobre a Vinda do Filho do Homem que, “na sua glória, acompanhado de todos os anjos, então se assentará em seu trono glorioso”.

Jesus apresenta-se desde o primeiro momento como um Rei que convoca todos os povos da terra para um encontro. Ele tem um poder universal, nenhum povo fica excluído da sua presença. Mas ele fala de um encontro que tem um objetivo específico, comparado à atividade de um pastor. “Ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos.”

É um rei/pastor. Em diferentes momentos, Jesus identifica-se com um pastor que cuida de suas ovelhas, que as protege dos perigos. Um pastor que procura aquela ovelha que se perdeu para levá-la ao seu rebanho e que chama cada uma pelo nome.

Neste texto Jesus se apresenta como um rei que atua como um pastor, e assim nos convida a partilhar seu amor por cada uma das suas ovelhas. É um rei que julgará os povos, mas um rei com as caraterísticas próprias de um pastor.

No texto, Jesus esclarece quais são as ações daqueles que ficam à direita e dos outros que são colocados à sua esquerda.

Não são atos desconhecidos ou singulares. O Juiz está se posicionando desde a prática da misericórdia. E esse amor está descrito segundo aquilo que foi feito e aquilo que não foi realizado.

É um amor que se visibiliza, que implica o compromisso com cada uma das pessoas que tivemos ao nosso lado. O que determina a separação para um lado ou para o outro é um estilo de vida.

Houve misericórdia com a necessidade dos que estavam ao nosso redor? Houve compaixão com o sofrimento daquele/a que estava ao nosso lado?

Essa compaixão levou a atuar com misericórdia. A omissão de um bem que pode ser realizado conduz ao desconhecimento do sofrimento que nos rodeia, das pessoas que precisam de nossa ajuda e amor.

Qual é a prática do amor que cada um e cada uma tiveram durante sua vida?

Para entender o coração deste Juiz, que é Rei do amor, lembremo-nos do hino cristão primitivo que Paulo insere em Fil 2, 6-11. Ele nos diz que Cristo foi exaltado sobre tudo quanto existe – foi Rei, portanto – porque, “esquecendo” sua condição divina, tomou a forma de servo, e experimentou na Cruz a morte reservada aos escravos. De fato, “ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15,13)!

Nosso juiz profere, sim, sentenças, mas sentenças de amor. O juízo – o particular, de cada um, e o de todo o mundo – é o encontro definitivo e final com o Deus do amor misericordioso e fiel.

Que ideia faço do juízo final? Que imagem tenho de Deus como juiz?

Podemos nos perguntar como cada um/a de nós vive o seguimento de Jesus, convertendo-nos em pastores nos diferentes lugares onde nos encontramos que reflitam a compaixão e amor de Jesus.



Oração

O bem estar da aparência

Ai daqueles

que saboreiam o doce do açúcar em pratos refinados

mas não têm paladar para a amargura do haitiano que corta a cana;

que olham a beleza nas fachadas dos grandes edifícios

mas não ouvem nas pedras o grito dos operários mal pagos

que passeiam em carros de luxo pelas novas avenidas,

mas não têm memória para as famílias desalojadas como escombros

que exibem roupa elegante em corpos bem cuidados

mas não se preocupam com as mãos que colhem o algodão;

porque deixam resvalar sobre a vida seu olhar de turistas

e não contemplam por trás das fachadas com olhos de profeta!

Ai daqueles

que só vêem no pobre uma mão que mendiga

e não uma dignidade indestrutível que busca a justiça;

que só vêem nas numerosas crianças marginalizadas uma praga

e não uma esperança para todos que há que cultivar;

que só escutam nos gritos dos pobres caos e perigos

e não ouvem o protesto de Deus contra os fortes;

que só contemplam o sadio, belo e poderoso

e não esperam salvação desde o mais baixo e humilhado,

porque não poderão contemplar a salvação

que brota em Jesus marginalizado desde baixo!

(Benjamin González Buelta)



O poder de Cristo Rei no juízo final - Frei Jacir de Freitas Faria


"Jesus, o Cristo Rei, estabeleceu o único critério: a relação de inclusão do ausente. Com isso, estão incluídos todos e todo o mundo habitado. Não vale o medo, mas a fé a serviço da justiça social, humanitária. Hoje, a Igreja valoriza o Juízo Particular, na hora da morte, que o Juízo Final".

A festa de Cristo Rei do universo foi instituída, na Igreja, pelo Papa Pio XI, em 1925, com o objetivo de se opor ao movimento de leigos que rejeitavam os valores do cristianismo.

O evangelho que inspira a nossa reflexão é o polêmico Mt 25,31-46, cuja temática é o Juízo Final, quando o Filho do homem vier em sua glória, isto é, com seu poder sobre a natureza e a história. Essa passagem inspirou a arte e foi a base da pastoral do medo da morte e do inferno na Idade Média e Moderna.

Você deve estar se perguntando pelo porquê dessa afirmativa. Imagine que você esteja no ano de 1513, na cidade de Florença, na Itália, numa missa. O padre se chama Francesco. Numa homília, tendo lido Mt 25,31-46, ele prega: “Haverá sangue por toda parte. Haverá sangue nas ruas, sangue no rio; as pessoas navegarão em ondas de sangue, lagos de sangue, rios de sangue... dois milhões de demônios estão soltos... porque mais mal foi cometido ao longo destes dezoito anos do que no decorrer dos cinco mil anteriores”.

A reação provocada em todos os presentes terá sido de uma angústia escatológica, seguida dos pensamentos: o fim do mundo estava próximo; estou com medo de ir para o inferno; Jesus está voltando. Sentado no seu trono, ele vai nos julgar, separando as ovelhas dos cabritos, os bons dos maus. As ovelhas, os justos, irão para a vida eterna e os maus, os cabritos, para o castigo eterno de um inferno dantesco, conforme afresco de Dante Alghieri (1265-1321), medonho e pavoroso.

A motivação bíblica para a Igreja ensinar desse modo tem sua origem em Ap 21,1-6, mas, sobretudo, em Mt 25,34 diz: “Vinde, benditos de meu Pai, recebei por herança o Reino preparado para vós desde a fundação do mundo”. Unido ao versículo 41: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno preparado para o Diabo e para os seus anjos”. O fogo eterno é o sinal da não vida, a morte eterna. A interpretação, motivado pela busca de poder da Igreja na sociedade, a cristandade, excluiu a ligação do julgamento proposto por Jesus, o do acolhimento do nu, do doente e do preso, e fez sedimentar a ideia do Juízo Final que seria realizado por Jesus.

Pregadores da Igreja difundiam que o fim do mundo estava prestes a acontecer. O dominicano Manfredo de Vercelli induziu mulheres a deixarem seus maridos para se reencontrarem com eles no Juízo Final.

“Logo, sem tardar, em muito pouco tempo” era fórmula usada pelos pregadores para se referirem ao fim do mundo. Peças teatrais sobre o Juízo Final espalharam-se pela Europa.


Jesus é claro, o critério para se salvar não é a titulação em vida, o poder econômico, mas o acolhimento do necessitado, do empobrecido, do doente, do faminto, do estrangeiro. Esses são critérios que definem um justo.

Mt 25,31-4 fecha o último discurso de Mateus e se une à abertura do primeiro, que fala das   dos pobres. Mateus faz uma inclusão literária, o que estava no início, os pobres, são agora retomados como critério para ter a vida eterna. A Igreja com esse texto, encerra o tempo comum e abre o advento, tempo de preparação para o Natal.

Nas iconografias inspiradas no Juízo Final de Mateus dos séculos XII e XIII aparecem vários elementos: Jesus, o grande juiz, cercado de anjos e apóstolos. O anjo de destaque é Miguel, pois a ele cabe a tarefa de pesar as almas, atitude que se caracteriza pela salvação ou condenação da alma. É também desse século a figura do advogado diante do juiz que não aparece no texto de Mateus. Os parentes do juiz podem suplicar em favor dos condenados. 

Aparecem as figuras de Maria e João Evangelista aos pés da cruz, suplicando, pedindo ao juiz (Jesus) para agir com misericórdia. Maria assume, no século XIII, o papel de suplicante em favor das almas. As iconografias do Juízo Final permanecem nos séculos seguintes, mas foram perdendo força para a visão de que a ressurreição ocorreria na hora da morte pessoal, o Juízo Particular, ideia que a Igreja sustenta em nossos dias.

Volto a insistir, ainda que, lamentavelmente, Igrejas ainda pregam o pavor do juízo implacável de Deus, esse juízo, seja ele particular ou final, o critério não é simplesmente as obras de caridade, mas a relação estabelecida com o pobre, o excluído, o doente, que para o judeu impuro, pois a doença era punição de Deus, o estrangeiro que não podia entrar na sinagoga. Jesus, o Cristo Rei, estabeleceu o único critério: a relação de inclusão do ausente. 

Com isso, estão incluídos todos e todo o mundo habitado. Não vale o medo, mas a fé a serviço da justiça social, humanitária. Hoje, a Igreja valoriza o Juízo Particular, na hora da morte, que o Juízo Final.

Termino com a intuição de Nelson Cavaquinho, na música Juízo Final, eternizada na voz de Clara Nunes:

“O sol há de brilhar mais uma vez/A luz há de chegar aos corações/ O mal será queimada a semente/ O amor será eterno novamente/ É o Juízo Final/ A história do bem e do mal/ Quero ter olhos para ver a maldade desaparecer".



 TEXTO EM ESPANHOL...Dom Damián Nannini, Argentina


DOMINGO 34 DURANTE EL AÑO CICLO "A"


Damian Nannini


Primera lectura (Ez 34,11-12.15-17):


El capítulo 34 de Ezequiel comienza con unos oráculos de condena a los pastores de Israel que se apacientan a sí mismo y no al rebaño (34,1-10). Luego de esta denuncia, Dios anuncia por medio del profeta que Él mismo cuidará de su rebaño. Aquí comienza el texto de este domingo. Esta promesa de actividad "pastoral" directa del mismo Dios viene descrita como ideal: se ocupará de sus ovejas estando en medio de ellas, las librará, las apacentará y llevará a descansar, buscará la oveja perdida y la descarriada, curará las enfermas. Podemos decir que, al contrario de los pastores que buscaban ante todo su propio bien, Dios busca el bien de las ovejas, se ocupa y preocupa por ellas. Es una imagen de la caridad pastoral en su fuente: Dios.

El oráculo cierra con unas palabras de Dios dirigidas directamente a sus ovejas: les anuncia que "juzgará entre oveja y oveja, entre carneros y chivos". Esta actitud judicial no hay que contraponerla con la actitud de amor antes descrita, sino que hay que integrarla. El Señor es al mismo tiempo el Buen Pastor y el Juez de las ovejas.


Segunda Lectura (1Cor 15,20-26.28)


Este texto forma parte de una sub-sección (15,12-34) donde San Pablo busca demostrar la intrínseca unidad que existe entre la resurrección de Cristo, afirmada como núcleo del kerigma, y la resurrección de los muertos, situación que es posible iluminar a partir de la fe recibida.

Pablo comienza su argumentación (15,12-19) con una serie de oraciones condicionales que sacan a luz la flagrante contradicción en que caen quienes afirman que los muertos no resucitan. En un segundo momento de su argumentación (15,20-28, el texto de hoy) Pablo comienza afirmando claramente la verdad de la resurrección de Cristo y cómo la misma es la garantía de la resurrección futura de los cristianos. Para demostrar esta relación entre la resurrección de Cristo y la de los cristianos, que negaban algunos corintios, recurre a la comparación antitética entre Adán y Cristo (tema que desarrollará en Rom 5). Por aquel vino la muerte para todo hombre, por Cristo viene la vida, también para todos los hombres. Pero con un orden progresivo: primero Cristo, ya resucitado, luego, en la parusía, los que son de Cristo; y la conclusión con el sometimiento de todo a Dios Padre. 

Este texto paulino relaciona la soberanía o reinado de Cristo con su Resurrección; con la aniquilación de todo Principado, Dominio y Poder; y con su victoria sobre la Muerte, el último enemigo. Una vez que todo ha sido sometido al Hijo, Él entregará el Reino al Padre.

Cristo es presentado con su soberanía real, pero precisando que su poder se manifiesta en el perdón del pecado de Adán, en la reconciliación de los hombres con Dios al liberarlos de todo lo que les impide una vida plena. Jesús, el Hijo de Dios resucitado, es Rey soberano que venció al pecado y a la muerte, y que entrega el Reino al Padre, fin último de todo.


Evangelio (Mt 25, 31-46)


Esta parábola cierra el discurso escatológico en el evangelio de Mateo (Mt 24,1-25,46), aspecto a tener en cuenta a la hora de su interpretación. Desde el comienzo el texto nos invita a representarnos el juicio universal a través de las imágenes del “hijo del hombre” que viene en su gloria rodeado de ángeles y se sienta en su trono glorioso. Esta figura del “hijo del hombre” como juez escatológico ya apareció en Mateo varias veces (cf. 10,23; 13,41; 16,27; 19,28; 24,44) y su trasfondo es Dn 7, 13-14; pero notemos que “como siempre en el nuevo testamento, el Hijo del hombre, Jesús, es juez universal, y no, como en la tradición de Daniel, mero secretario o testigo del juicio” . 

Una vez que el “hijo del hombre” asume su papel de juez universal, sentándose en el “trono de Dios”, su primera acción es convocar ante él a "todas las naciones" (pa,nta ta. e;qnh). Dado que tanto en la LXX como en el mismo evangelio de Mateo (cf. Mt 4,15; 6,32; 10,5.18; 20,19; 24,14) cuando se habla de "las naciones" suele referirse a los pueblos paganos, no-judíos, algunos exégetas piensan que la parábola trata del juicio solamente a los gentiles o paganos. Pero el contexto del discurso de las parábolas, donde forman parte de los juzgados también los miembros de la comunidad cristiana, invita a una interpretación universal del término. Se trataría de una anticipación de Mt 28,19 donde la misma expresión (pa,nta ta. e;qnh) se refiere a todos los pueblos, sin excepción alguna. A esto le podemos sumar la imagen del pastor que separa las ovejas de los cabritos, tomado de la profecía de Ezequiel que está dirigida al pueblo de Israel (cf. Ez 34,2-31), y que sería otro trasfondo cierto de esta parábola. 

En síntesis, se trata del juicio universal de todos los hombres. “Es un juicio sobre el hombre”, dice con precisión el Cardenal C. M. Martini .

Una vez que han comparecido todas las naciones, el juez universal "separará a los unos de los otros, como el pastor separa las ovejas de los cabritos". El verbo separar (avfori,zw) ya lo utilizó Mateo con este sentido judicial en 13,49 donde los ángeles "separarán a los malos de entre los justos". Las ovejas son colocadas a la derecha, que es el lado del poder y del triunfo (Sal 110,1: "Dice el Señor a mi Señor siéntate a mi derecha"; He 2,33: "[Jesús] exaltado por la diestra de Dios"; He 7,55: "Esteban, lleno del Espíritu Santo y con los ojos fijos en el cielo, vio la gloria de Dios, y a Jesús, que estaba de pie a la derecha de Dios"). Los cabritos van a la izquierda .

La sentencia del Rey comienza con los de la derecha, quienes son llamados "benditos de mi Padre" y son invitados a entrar en posesión del Reino prometido. Siguen las razones de este juicio favorable: el Rey confiesa haber sido objeto de seis obras de misericordia por parte de ellos. Mateo presenta aquí una lista de seis situaciones de carencia: hambre, sed, forastero, desnudo, enfermo y preso que son cubiertas por obras de amor; las cuales son comunes en la tradición bíblica y judía (cf. Is 58,6-7) .

Toman entonces la palabra los de la derecha, que ahora son identificados como "los justos", y preguntan cuándo han realizado estas obras en favor del Rey. Como bien nota M. Grilli-C. Langner : “la sorpresa deja en claro que ellos con sus acciones sólo pensaban en los demás, en los necesitados; han actuado de esta manera sólo por estos, y no con la intención de hacer con ello algo bueno a su Señor o incluso merecer la herencia. Esta forma de actuar que sólo ve al otro y a la que únicamente le interesa hacer el bien por el bien es la que los lectores pueden reconocer como una motivación fundamental, aunque desde su perspectiva actual ya saben que, al comportarse así, están haciendo algo bueno a Jesús, al hacérselo a los pequeños”. 

La respuesta del Rey a la pregunta de los justos importa citarla literalmente: "Les aseguro que cada vez que lo hicieron a uno de estos hermanos míos más pequeños, lo hicieron conmigo" (25,40). Nos informa J. Jeremías que en un texto rabínico (Midr. Tann. sobre Dt 15,9) se lee que Dios dice a Israel: “Hijos míos, si habéis dado de comer a los pobres, os lo tengo en cuenta como si me hubieseis dado de comer a Mí”; y que en Mt 25,40 Jesús está colocado en lugar de Dios . 

Las distintas interpretaciones de la parábola surgen de la diversa identificación de estos "hermanos míos más pequeños” de Jesús. La interpretación hoy más difundida los identifica con todos los hombres necesitados, tanto cristianos como no cristianos. Como nos informa U. Luz , esta interpretación no es antigua sino que se origina en el s. XIX con la exégesis liberal que propugna un cristianismo no dogmático y práctico. Adquiere, más recientemente, una fuerte adhesión por parte de los teólogos de la liberación quienes hablan del sacramento del pobre o del prójimo como camino hacia Dios. 

Por su parte, la interpretación eclesial clásica o antigua ve en los “hermanos míos más pequeños” a los miembros de la comunidad cristiana. Esta postura se apoya hoy en el contexto del evangelio de Mateo donde se llama hermanos de Jesús a los que cumplen la voluntad del Padre, más concretamente, a los discípulos o apóstoles (cf. 12,49-50; 28,10). Si consideramos también Mt 10,42 ("Les aseguro que cualquiera que dé a beber, aunque sólo sea un vaso de agua fresca, a uno de estos pequeños por ser mi discípulo, no quedará sin recompensa"), la interpretación se inclina por la identificación con los discípulos de Cristo en sentido amplio, incluyendo los misioneros itinerantes, como sostiene U. Luz, quien, no obstante, piensa que es legítimo ampliar el sentido literal del texto hacia una interpretación universalista. L. Rivas, por su parte, primero reconoce que “hermanos de Jesús” y “pequeños” son dos nombres que se da a los discípulos en el evangelio, "pero lo más sorprendente de las palabras del evangelio es que Jesús se está dirigiendo a todas las naciones, y no hay indicios de que esté tratando de la situación de los cristianos dispersos por el mundo, sino más bien de todos los menesterosos, sin diferencia de origen o de religión. Jesús se solidariza con estos necesitados hasta el punto de que considera como hecho a él mismo todo lo que se haga a quienes se encuentran en estas situaciones, aunque no sean cristianos" . 

Ahora bien, más allá del contexto de Mateo, el texto de la parábola se refiere a “uno de estos hermanos míos más pequeños” (ἑνὶ τούτων τῶν ἀδελφῶν μου τῶν ἐλαχίστων en Mt 25,40.45), en clara alusión a los carenciados sin más a los que acaba de hacer referencia: los hambrientos, los sedientos, los sin techo, los sin ropa, los enfermos y los encarcelados. Por tanto, como señala J. Macín "la vivencia de la fraternidad no se acota al ámbito eclesial; se abre a todos los seres humanos. Si bien es cierto, la Iglesia será el espacio primario donde ejercitarse en el amor al hermano y desde donde el discípulo de Jesús se proyecta a un amor universal y sin límites […] Así, la fraternidad solidaria que nos propone el primer evangelio tiene dos fundamentos excluyentes: la paternidad de Dios y el misterio de la encarnación del Hijo, quien ha elegido a los pobres e indigentes como un modelo privilegiado de presencia suya en la historia" .

La segunda parte de la parábola – la reprobación de los de la izquierda – es clara: se los condena por no haber asistido al Rey en los necesitados. Notemos que no han hecho algo malo; sino que han omitido hacer algo bueno, y esto es lo malo.

El Cardenal C. M. Martini concluye que esta parábola “está construida con gran simetría y el peso cae sobre los dos finales: «cada vez que lo habéis hecho, lo habéis hecho a mí» y «cuando no lo habéis hecho, no lo habéis hecho a mí»”. Es aquí, dice el C. M. Martini, donde está la enseñanza fundamental de la parábola: “la relación del hombre con el Hijo del hombre se juega en la relación entre el hombre y el hombre […] porque hay una relación especial entre la relación con Dios y la relación con el prójimo: las dos cosas se juegan juntas […] hay una relación particular del pequeño y del pobre con Dios. Estas dos cosas siguen estrechamente unidas e inseparables; Jesús no dice aquí: no importa la relación con Dios, sólo interesa la relación entre los hombres, sino: estos dos aspectos tienen que ir unidos. De ninguna manera se trata de una enseñanza de horizontalismo, sino que se nos dice que lo fundamental del hombre es el Reino de Dios, la relación con Dios, que se establece en esta relación con el prójimo” . 

Por su parte, A. Rodríguez Carmona , teniendo en cuenta el contexto del discurso escatológico y las parábolas precedentes, sostiene que: “antes se ha enseñado que vigilar es conservar la lámpara encendida, multiplicar los talentos recibidos; y ahora se concreta que todo esto consiste en servir por amor a todo tipo de necesitados, en los que está presente el Señor resucitado. Éste será el criterio de juicio: las obras de misericordia”.

Sin negar esta acentuación, pero para evitar interpretaciones erróneas, bien vale citar la recomendación que al respecto nos hace L. Rivas : "Finalmente, conviene reiterar que el texto de la descripción del juicio final es un texto didáctico. Pretende instruirnos acerca de un aspecto de la vida cristiana, sin ocuparse de otros. No se dice nada, por ejemplo, de la necesidad de la fe para alcanzar la salvación. Se cometería un grave error si se absolutizara este texto y, prescindiendo de otros textos igualmente importantes, se dijera que toda la vida cristiana se puede circunscribir sola y exclusivamente a la atención de los necesitados". 


Algunas reflexiones:


El fin del año litúrgico obviamente nos invita a meditar sobre el fin de la historia y el juicio final. Pero en primer lugar nos invita a dirigir nuestra mirada de fe a Cristo Rey, Señor y Juez Universal. Es Él quien nos juzgará en nombre de Dios y, por eso, importa atender a sus criterios de juicio. Las lecturas de hoy nos presentan distintas imágenes de este juicio.

La primera lectura nos llama a considerar de modo exclusivo el juicio de Dios, no el de los hombres. En efecto, los pastores-jueces de Israel no supieron juzgar-pastorear con criterios divinos al pueblo, por ello Dios mismo asume personalmente el rol de Pastor-Juez. Aquí se nos revela que Dios es el Buen Pastor que se ocupa y preocupa por sus ovejas. Pero esta suprema bondad va unida también con la justicia pues separará a buenos de malos.

La segunda lectura nos presenta a Jesús vencedor del pecado y de la muerte quien presenta el Reino definitivo a Dios Padre. Aquí son juzgados-condenados los enemigos de los hombres y de Dios: los poderes soberbios y la muerte.

El evangelio toma la imagen del Juez y Rey soberano que separa entre buenos y malos de la tradición judía, pero el gran aporte aquí es el criterio de juicio que será el amor concreto al prójimo necesitado. En efecto, Mateo insiste en la necesidad de las buenas obras, por tanto, "no se trata de los sentimientos que tuvieron por los pobres, ni de las intenciones, ni de las horas dedicadas a hablar sobre ellos lo que nos hará del grupo de las ovejas sino lo que concretamente hagamos por ellos, los gestos de ayuda y solidaridad" .

Al respecto el Papa Benedicto XVI hace referencia al evangelio de hoy en su encíclica “Dios es amor” n° 15 resaltando su importante lugar en el mensaje de Jesús: "En fin, se ha de recordar de modo particular la gran parábola del Juicio final (cf. Mt 25, 31-46), en el cual el amor se convierte en el criterio para la decisión definitiva sobre la valoración positiva o negativa de una vida humana. Jesús se identifica con los pobres: los hambrientos y sedientos, los forasteros, los desnudos, enfermos o encarcelados. «Cada vez que lo hicisteis con uno de estos mis humildes hermanos, conmigo lo hicisteis» (Mt 25, 40). Amor a Dios y amor al prójimo se funden entre sí: en el más humilde encontramos a Jesús mismo y en Jesús encontramos a Dios".

Por tanto, este evangelio nos revela no solamente el criterio del juicio final, sino el criterio orientador de toda nuestra vida en el seguimiento de Jesús, el auténtico camino de la santidad cristiana. Lo decía el Papa Francisco en Gaudete et exultate n° 107: “Quien de verdad quiera dar gloria a Dios con su vida, quien realmente anhele santificarse para que su existencia glorifique al Santo, está llamado a obsesionarse, desgastarse y cansarse intentando vivir las obras de misericordia. Es lo que había comprendido muy bien santa Teresa de Calcuta: «Sí, tengo muchas debilidades humanas, muchas miserias humanas. […] Pero él baja y nos usa, a usted y a mí, para ser su amor y su compasión en el mundo, a pesar de nuestros pecados, a pesar de nuestras miserias y defectos. Él depende de nosotros para amar al mundo y demostrarle lo mucho que lo ama. Si nos ocupamos demasiado de nosotros mismos, no nos quedará tiempo para los demás»”.

El amor es el motor para el don, y es también el mismo don: “A la Iglesia, los pobres le piden amor. Por amor se entiende respeto, acogida y reconocimiento, sin los cuales, proporcionar comida, dinero o servicios sociales representa una forma de asistencia, ciertamente importante, pero que no se hace plenamente cargo de la dignidad de la persona” (Relación de síntesis del Sínodo 4a). Al respecto dijo el Papa Francisco en su mensaje para la jornada mundial de los pobres de este año: “Lo que de seguro necesitan con mayor urgencia es nuestra humanidad, nuestro corazón abierto al amor. No lo olvidemos: «Estamos llamados a descubrir a Cristo en ellos, a prestarles nuestra voz en sus causas, pero también a ser sus amigos, a escucharlos, a interpretarlos y a recoger la misteriosa sabiduría que Dios quiere comunicarnos a través de ellos» (Evangelii gaudium, 198). La fe nos enseña que cada uno de los pobres es hijo de Dios y que en él o en ella está presente Cristo: «Cada vez que lo hicieron con el más pequeño de mis hermanos, lo hicieron conmigo» (Mt 25,40)”.

Es conocida la frase de San Juan de la Cruz: "Al atardecer de la vida te examinarán en el amor". Y es muy exacta. Se trata del amor como búsqueda del bien del prójimo, de donación y entrega sincera de sí mismo a los demás. Los justos para Dios son los que saben amar, preocuparse y ocuparse de los necesitados. Los injustos son los que viven sólo para sí mismo, sin preocuparse de las necesidades de los demás. En el día del juicio esto quedará a la vista. 

En síntesis, Jesús nos está dando las preguntas del examen final antes del mismo para que no lo reprobemos. Por tanto, más que discutir sobre si es justo que Cristo condene a los que no sabían de su identificación con los necesitados, lo importante es que nosotros ahora sí lo sabemos y, por tanto, esto es lo que tenemos que vivir. 

En fin, Cristo es Rey de amor, quien acepta que Él reine en su vida, acepta vivir en el amor al Padre y a los hermanos. Entonces, si alguien ama gratuitamente, desinteresadamente a los pobres y necesitados, es porque tiene en su corazón el amor de Dios, es porque Cristo está reinando en su corazón. Y por eso a la hora del juicio será declarado bendito y recibirá en herencia el reino eterno.


PARA LA ORACIÓN (RESONANCIAS DEL EVANGELIO EN UNA ORANTE):


Mi Rey en Cruz


Cuando te vi en la Cruz con ojos de niño

Lastimado y herido

Pensé: ¿qué habías hecho, Señor?

Para ganarte este castigo. 

Y recé por ti, quería ayudarte, 

Dar por finalizado el suplicio


Pasado el tiempo te volví a ver, tan repetido

Tirado en la vereda bajo un trapo sucio

Hambriento en una esquina, muerto de frío

Prisionero entre paredes húmedas, rasgadas

Sediento de adicciones, sin razón ni sentido

Enfermo y olvidado…


Hoy quisiera instalarme en tu promesa

Verte venir en la Gloria y la Riqueza

Rodeado de la corte que te rodea

Y preguntándonos a todos, a cada uno,

Y a mí…

¡Hay de mí!


Señor, tú lo puedes hacer, te pido:

¡Devuélveme esos ojos de niño!

Ya no pienso en lo que has hecho

Ni si lo has merecido, solo quisiera que aquel día

Haya al menos yo rezado, 

Por el fin de esos suplicios. Amén