17º DOM TC-A

17º DOMINGO COMUM -ANO A

30/07/2023

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AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO


1ª Leitura: 1 Reis 3,5.7-12

Salmo Responsorial 118 (119)R- Como eu amo, Senhor, a vossa lei, vossa palavra! 

2ª Leitura: Romanos 8,28-30

Evangelho: Mateus 13,44-52 

“O Reino dos Céus é como um tesouro escondido num campo. Alguém o encontra, deixa-o lá bem escondido e, cheio de alegria, vai vender todos os seus bens e compra aquele campo. 45 O Reino dos Céus é também como um negociante que procura pérolas preciosas. 46 Ao encontrar uma de grande valor, ele vai, vende todos os bens e compra aquela pérola. 47 “O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que pegou peixes de todo tipo. 48 Quando ficou cheia, os pescadores puxaram a rede para a praia, sentaram-se, recolheram os peixes bons em cestos e jogaram fora os que não prestavam. 49 Assim acontecerá no fim do mundo: os anjos virão para separar os maus dos justos, 50 e lançarão os maus na fornalha de fogo. Aí haverá choro e ranger de dentes. 51 “Entendestes tudo isso?” – “Sim”, responderam eles. 52 Então ele acrescentou: “Assim, pois, todo escriba que se torna discípulo do Reino dos Céus é como um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas”.


DOM JÚLIO ENDI AKAMINE, ARCEBISPO DE SOROCABA SP


Mt 13,44-52

Jesus fala do Reino através de Parábolas. No domingo passado as parábolas apresentavam em primeiro plano o Reino de Deus em si mesmo. O Reino recolhe em si bons e maus (joio e o trigo), mesmo pequeno tem o poder de transformar tudo (fermento na massa) e contém dentro de si uma força de crescimento muito grande (o grão de mostarda). As parábolas de hoje põem em evidência a nossa atitude diante do reino: a parábola do negociante que busca uma pérola de grande valor, a do agricultor que encontra o tesouro escondido.

Qual deve ser nosso comportamento em relação ao Reino que Jesus veio trazer? Todas as nossas atitudes estão sintetizadas na decisão do agricultor de tudo vender para comprar aquele campo que esconde o tesouro e na do negociante que de tudo se desfaz para comprar a pérola a tempo buscada e finalmente encontrada. O agricultor não estava buscando tesouro, mas o encontra; o mercador, pelo contrário, empreende uma longa busca até encontrar o que procura. Ambos têm o mesmo comportamento: ante a superioridade do bem encontrado não hesitam e se desfazer dos bens menores para possuir o que é mais precioso.

Jesus propõe o Reino a nós e nos põe diante de uma escolha do bem absoluto. O Reino é um tesouro, ou melhor, o único bem realmente importante. Tanto que quando o possuímos, mesmo que não tenha nada, não sentimos falta de mais nada. O Reino é um tesouro que se não o possuirmos, mesmo que tenhamos tudo, nada nos satisfaz. “Que servirá ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a própria vida? Ou que dará ele em troca de sua vida?” O Reino não é uma coisa, mas a Vida. 

Para ganhar tão grande tesouro, vale a pena não só renunciar a todas as coisas como até a própria vida. De novo, o Reino não é uma coisa, é a Vida. Por causa da Vida sou capaz até mesmo de perder a vida. É um paradoxo que só pode ser superado pelo próprio Reino.

O Reino é, portanto, este tesouro único, incomparável no qual nós encontramos a salvação, o sentido da vida, a felicidade plena. Mas, como diz a parábola da pérola, é um tesouro difícil de ser descoberto. Para se dar conta disto, basta pensar em todos os que ainda não conhecem o evangelho a Igreja, mesmo depois de 2 mil anos que tal tesouro existe sobre a terra. Ou então, sem ir longe demais, basta pensar em nós batizados que vivemos ainda com um conhecimento superficial do Evangelho: quanto devemos ainda descobrir do Reino; quanto devemos ainda viver do Evangelho!

O tesouro do Reino é uma realidade em vista da qual devemos nos desapegar de tudo. Mas o Reino é sobretudo uma pessoa a quem devemos seguir, mesmo à custa do sacrifício da própria vida. Mais uma vez, o Reino não é uma coisa, mas a Vida que é Jesus.


No chão da vida está escondido nosso verdadeiro tesouro.- Pe Adroaldo Paloro



17° DomTComum – Mt 13, 44-52 – Ano A – 30-07-2023



“O Reino dos Céus é como um tesouro escondido no campo...; é também como um comprador de pérolas preciosas” (Mt 13,44-45)


As parábolas têm sua força na luz da proposta e não na agressividade do contraste. São implicativas, tem valor universal, não precisam de um passo prévio de preparação intelectual para poderem ser compreendidas. São entendidas porque são transparentes, pequenas, sem contornos sofisticados.

As parábolas nos evangelhos despertam o dinamismo da fé para acolher a novidade do Reino apresentada por Jesus. É na mesma fé que elas adquirem força para serem propostas, compartilhadas e presenteadas.

As parábolas são parte essencial dos métodos terapêuticos de Jesus. Ele cura por meio de histórias, cura usando palavras que abrem o coração dos ouvintes para a própria verdade e para uma relação mais sadia com o Pai. Com seus relatos, Jesus desperta e extrai o melhor e mais nobre presente no interior de cada um; quem o escuta sente um novo movimento que o faz sair de si e abrir-se às surpresas da vida.

Por isso, as parábolas apresentam uma linguagem simples, comum, próxima. Para quem as escuta ou as lê, é preciso alargar seus espaços interiores numa atitude de atenção acolhedora, de encontro, de deixar-se envolver e provocar por elas, sem ter que forçar o texto ou uma interpretação. As parábolas apresentam-se sempre como relatos abertos, provocando diferentes reações, despertando e ampliando a vida.

Podemos, então, dizer que as parábolas contadas por Jesus são “arriscadas”. Não pertencem à literatura de consumo; ampliam a vida e a comprometem; pronunciá-las ou assumi-las como estilo de vida, dá medo... Colocam-nos no fluxo do divino e precisamente por isso tem um atrativo muito especial: são incontestáveis.

As parábolas do tesouro escondido ou da pérola procurada, presentes em diferentes tradições sapienciais, constitui um convite a encontrar ou descobrir aquilo que, mesmo sem saber, desejamos: o que realmente somos. Elas contêm várias indicações valiosas: o tesouro e a pérola estão aí, o tempo todo; trata-se simplesmente de descobri-los. Não são algo separado de nós, nem algo do qual carecemos, mas justamente aquilo que somos. Quando os encontramos ou descobrimos, tudo o mais começa a ser visto como algo secundário; e essa descoberta se traduz em alegria perene.

Todo ser humano anseia por esse tesouro e essa pérola. De fato, é essa aspiração que nos move, nos faz iniciar a busca e percorrer diferentes caminhos, atraídos sempre por seu aroma de plenitude.

No entanto, nessa busca pode acontecer de tudo: nos distraímos e terminamos enredados; nos conformamos com pequenas “guloseimas” ou nos entretemos com “brinquedos”, esquecendo o tesouro real; calamos a voz do desejo profundo, abafando-nos com múltiplos ruídos; dizemos a nós mesmos que a aspiração profunda é inventada e que é necessário ser “práticos” e não acreditar em “contos” ilusórios...

E, mesmo no melhor dos casos, quando a busca se apoia numa forte determinação, não é fácil superar a armadilha que nos incita a buscar o tesouro ou a pérola em “algo” fora, longe ou no futuro.

Há em todos nós o “bom odor” da plenitude. Mas, nossa mente, identificada com nosso ego separado, nos faz crer que a plenitude se encontra fora e aí começamos a correria que não conduz a nenhum lugar.

As parábolas deste domingo nos recordam esta inspiradora verdade: nós, em nossa verdadeira identidade, somos já o que estamos buscando. Não é preciso correr para fora, porque onde temos de chegar é no nosso eu mais profundo, na nossa essência, onde somos nós mesmos. Basta pacificar a mente e, se tivermos paciência e perseverança nisso, o silêncio nos mostrará o tesouro que desde sempre aspiramos. Quando isto acontece, a busca será concluída: descobrimos o que sempre fomos e que nos permanecia oculto.

Só podemos encontrar o tesouro e a pérola dentro de nós se descermos ao chão de nossa vida, ou mergulharmos nas profundezas de nossa interioridade. É normal que nós nos surpreendamos frente a frente com um “eu” desconhecido, temido ou reprimido há muito tempo.

O caminho para o nosso tesouro passa pelo diálogo com os nossos instintos, com nossas paixões, com nossos problemas e fragilidades, nossas angústias e nossas feridas, com tudo quanto grita dentro de nós e consome nossa energia. A espiritualidade cristã nos mostra que exatamente em nossas feridas nós descobrimos o tesouro do nosso verdadeiro “eu” escondido no fundo de nosso coração.

“Lá onde nós fomos feridos, onde nos quebramos, aí nós também nos abrimos para Deus” (H. Nouwen)

Se algo nos deixa claro nas parábolas deste domingo é que a renúncia ou desprendimento evangélico não é um meio para ter acesso ao Reino, mas consequência de tê-lo encontrado. É o tesouro e a pérola que exigem e possibilitam a renúncia, uma vez encontrado. Não o inverso. É muito curiosa esta íntima relação evangélica entre a alegria e a perda. Uma alegria que nos mobiliza... e nos despoja.

“A alegria é o primeiro efeito do amor e, portanto, da entrega... Pelo contrário, a tristeza é um vício causado pelo desordenado amor de si mesmo, que não é um vício especial, mas a raiz geral de todos eles” (S. Tomás de Aquino).

A partir daqui se entende muito bem a ligação direta entre alegria e entrega total, pois “cada um tanto se aproveitará em todas as coisas espirituais, quanto sair de seu próprio amor, querer e interesse” (S. Inácio).

Sempre e quando seja um sair que nos adentra em nós mesmos, nos desaloja para poder viver “em casa”. Talvez nos ajude a recuperar o sentido da abnegação e o “custo” (vendeu tudo) como condição necessária para uma vida evangélica. É o duplo movimento do “empobrecer-nos para sermos ricos” (2Cor 8,9), para que o tesouro que nos habita seja o centro de nossa vida e não o ego inflado e estéril.

E isso porque se trata de descentrar-nos, de esvaziar o ego e converter o “eu” em um receptáculo cada vez mais disponível para que Deus possa irromper e manifestar-se através dos nossos melhores recursos.

Enfim, podemos proclamar esta certeza: o tesouro e a pérola é o que “Deus é em nós”. Não se trata de um conhecimento discursivo ou racional, mas de uma experiência no mais profundo de nosso ser. Continuamos a investir na descoberta de um Deus que está fora, que nos controla à distância e que nos oferece falsas seguranças. Esse é um caminho equivocado que não conduz a lugar nenhum.

O tesouro é Deus mesmo presente em cada um de nós. Ele é a verdadeira realidade que somos, e que são todas as demais criaturas. A identidade de todos os seres é dada por essa presença que habita e ilumina tudo: “nos elementos dando o ser; nas plantas, a vida vegetativa; nos animais, a vida sensitiva; nas pessoas, a vida intelectiva; do mesmo modo em mim, dando-me o ser, o viver, o sentir e o entender” (S. Inácio).

O que há de Deus em nós é o fundamento de todos os valores. O Reino, que é Deus, está em nós. Essa presença é o valor supremo. Quando as religiões esquecem isto, elas se convertem em ideologias escravizantes. O tesouro, a pérola não representam grandes valores, mas uma realidade que está para além de toda valoração. Aquele que encontra a pérola preciosa não despreza as outras. Deus não se contrapõe a nenhum valor, mas potencia o valor de tudo o que é bom, belo e verdadeiro.

Sabemos que o coração se enraíza onde cremos ter o mais valioso de nossa vida, aquilo pelo qual faríamos qualquer coisa. E a isso que valorizamos como um tesouro, não só lhe entregamos o coração, senão que vivemos correndo atrás dele.


Para meditar na oração

-Diante da presença de Deus, esteja aberto ao contato com a própria realidade interior, para que venha à superfície aquilo que o sustenta e dignifica o seu viver.

Dirija seu olhar para o mais íntimo de si, onde nascem sentimentos e valores, decisões e gestos... onde você é convidado a se alegrar com os rastros da Graça.

- Em que investe sua vida, seu tempo mais importante, suas forças? Você busca o máximo que pode alcançar ou se conforma e se instala nas migalhas de segurança e comodidade que se esvai e se escorre como a água?

- Há uma sede existencial em seu interior que o mantém em permanente “estado de busca”; há uma “voz interior” que o move a buscar o maior, o melhor, ativando todas as suas potencialidades?



Descobrir o projeto de Deus - José Antonio Pagola


Não era fácil acreditar em Jesus. Alguns se sentiam atraídos pelas suas palavras. Em outros, pelo contrário, surgiam não poucas dúvidas. Era razoável seguir Jesus ou era uma loucura? Hoje ocorre o mesmo: vale a pena comprometer-se com seu projeto de humanizar a vida ou é mais prático ocupar-nos cada um do nosso próprio bem-estar? Entretanto pode-se passar a vida sem tomar nenhuma decisão.


Jesus conta duas breves parábolas. Nos dois relatos, o respectivo protagonista encontra um tesouro enormemente valioso ou uma pérola de valor incalculável. Os dois reagem da mesma forma: vendem tudo o que têm e ficam com o tesouro ou com a pérola. É, sem dúvida, o mais sensato e razoável.


O reino de Deus está “oculto”. Muitos ainda não descobriram o grande plano de Deus para um novo mundo. No entanto, não é um mistério inacessível. Está “oculto” em Jesus, na sua vida e na sua mensagem. Uma comunidade cristã que não descobriu o reino de Deus não conhece bem Jesus, não pode seguir seus passos.


A descoberta do reino de Deus muda a vida de quem o descobre. Sua “alegria” é inconfundível. Encontrou o essencial, o melhor de Jesus, o que pode transformar a sua vida. Se os cristãos não descobrirem o projeto de Jesus, na Igreja não haverá alegria.


Os dois protagonistas das parábolas tomam a mesma decisão: “vendem tudo o que têm”. Nada é mais importante do que “procurar o reino de Deus e sua justiça”. Todo o resto vem depois, é relativo e deve estar subordinado ao projeto de Deus.


Esta é a decisão mais importante que temos que tomar na Igreja e nas comunidades cristãs: libertar-nos de tantas coisas acidentais para nos comprometermos com o reino de Deus. Despojar-nos do supérfluo. Esquecer-nos de outros interesses. Saber “perder” para “ganhar” na autenticidade. Se o fizemos, estamos colaborando na conversão da Igreja.



A gratuidade do Reino - Ana Maria Casarotti


Neste domingo completa-se a leitura do evangelho de Mateus dedicado às parábolas. Através da linguagem simples, de comparações e imagens, o texto evangélico convida-nos a meditar sobre o valor e a gratuidade do Reino do Céu. Para compreender melhor o texto fazemos memória da realidade da comunidade a quem é destinado o Evangelho de Mateus.

O texto foi redigido no final do primeiro século para uma comunidade que vive uma época de profundas mudanças que trazem desconcerto, dúvidas, perguntas. Nas parábolas anteriores o evangelista tenta responder a essa situação de desolação, incerteza e questionamentos que se respirava continuamente no meio da comunidade. Nas três parábolas que lemos hoje, o texto evangélico, junto com a busca de responder as perguntas, apresenta a importância e o valor do Reino do Céu.

Em várias oportunidades Mateus cita as Escrituras consideradas o grande tesouro para os judeus. A palavra tesouro aparece nove vezes neste evangelho! Jesus continua ensinando as caraterísticas do Reino do Céu e nos diz que é como: “um homem que encontra”, “um comprador que busca” ou “uma rede lançada ao mar”. E logo após apresenta as atitudes realizadas como consequência.

As duas primeiras parábolas narradas apresentam características similares, utilizando verbos semelhantes: encontrar, ir, vender, comprar. O Reino do Céu já existe, mas é preciso encontrá-lo. Não é visível à simples vista porque está escondido como o tesouro num campo ou oculto e encoberto entre outras pérolas. Mas o Reino já está presente.

Encontrar faz alusão ao movimento, alguém que caminha com um olhar atento, que tem um objetivo no seu percurso. Na primeira parábola o homem é um agricultor que cava a terra para sua semeadura e acontece algo inesperado. Podemos imaginar a surpresa do homem quando acontece o imprevisto. Como terá sido esse momento? O tesouro foi enterrado intencionalmente para não ser descoberto no imediato e talvez o homem conduzido por pequenas luminosidades cave mais profundamente até encontrar o tesouro. O homem se deixa conduzir pelo imprevisto e atua em consequência.

Na outra parábola é “um comprador que procura pérolas preciosas”. Uma descrição muito clara de uma pessoa que conhece o mercado e sabe o que busca. Ele percebe a diferença entre um tipo de pérola e outra e, por isso, não se deixa enganar por pérolas falsas ou de pouco valor.

Nas duas parábolas vemos pessoas nas quais há uma intenção: que a terra fique melhor para ser semeada ou que está numa procura explícita. Tudo isso são sinais do Reino presente e ativo neste mundo.

“Cheio de alegria”, assim descreve o texto ao homem que encontra o tesouro. Ressalta a profunda alegria que há nele pela descoberta que acaba de realizar e também a imaginamos no que procura pérolas. Como disse o papa Francisco: “A alegria não é viver de risada em risada. Não, não é isso. A alegria não é ser divertido. Não, não é isso. É outra coisa. A alegria cristã é a paz. A paz que está nas raízes, a paz do coração, a paz que somente Deus pode dar. Esta é alegria cristã.

Desde esta realidade “ele vai”.

As duas pessoas atuam da mesma forma: o homem enterra de novo o tesouro e o que procura pérolas também deixa sua “pedra preciosa”. O texto disse-nos que cada um “vai”. Podemos imaginar que atuam no silêncio, sem comunicar no imediato aquilo que foi achado. Agem em segredo, incógnitos porque isso que foi achado não é ainda propriedade sua.

Para que isso aconteça devem “vender” e depois “comprar”. “Vende todos os seus bens e compra”. Assim apresenta-se o Reino do Céu como um tesouro, uma pérola valiosa que desperta em nós uma alegria de tanto valor que nos leva a vender tudo para adquiri-lo.

Quais são esses bens, esses pequenos pedaços de uma terra que não possui nada ou as joias que não têm valor, mas que ainda reservamos para nós, que consideramos nossos como bens que é preciso vender para comprar esse terreno ou essa pérola preciosa?

Através destas duas parábolas Jesus está ensinando o valor do Reino e as condições para vivê-lo. O evangelista continuamente lembra-nos que ser discípulo é ser uma pessoa de ação e não só de palavras. Na vida cristã há uma concordância essencial entre o que se diz e o que se faz. Destaca-se a importância da sabedoria, saber investir na vida, nos afetos, nos desejos, nos projetos ao serviço do Reino.

Nas duas parábolas, o homem que encontra o tesouro e o comprador de pérolas ao se depararem com tanta beleza e variedade de riqueza decidem se desprender de tudo para ficar com o novo que têm descoberto!

O Reino de Deus, a vida e proposta de Jesus se apresentam gratuitamente, é necessária a adesão plena do ser humano a ele. Não se trata de renunciar para obter o Amor de Deus, é a experiência desse Amor que possibilita desembaraçar-se alegremente de tudo, e assim viver a liberdade dos filhos/as de Deus.

A terceira parábola da rede lançada ao mar busca iluminar a meta da comunidade cristã. A luz sobre o fim ilumina com nova força e esperança à comunidade cristã sobre sua opção radical pelo Reino de Deus, ciente das dificuldades e lutas que têm que travar.

«E assim, todo doutor da Lei que se torna discípulo do Reino do Céu é como pai de família que tira do seu baú coisas novas e velhas».

Mateus apresenta o cristão e a comunidade cristã como quem é capaz de guardar o bem que vem do passado e unir-se ao novo do Reino do Céu. Destaca desta forma a necessidade do discernimento, de diferenciar aquilo que traz justiça, gera humanização no mundo e nos indivíduos, daquilo que acrescenta ainda a injustiça e a marginalização.

Qual é hoje na vida afetiva das nossas comunidades o tesouro pelo qual estamos entregando nossa vida e nossos afetos? Como comunidade do século XXI, compreendemos o mistério do Reino e servimos na sua construção?

Uma pergunta para nos fazer especialmente neste tempo de pandemia, onde no mundo se acrescentam as divisões entre a sociedade. Qual é nosso tesouro e pérola preciosa pelos quais tudo deixamos?

Oração

Pergunta a gratuidade

Como poderemos agradecer-te

se somos incapazes de saber

tudo que recebemos?

Por que nos escolheste para existir

entre possíveis seres infinitos?

Quem poderá catalogar agora

o que Tu nos dás em um segundo?

De quem foram as mãos e o cansaço

que asfaltaram a rua em que caminho?

Quantas vezes no escuro detiveste

nossa vida à beira do abismo?

Como a vida eterna dentro de mim

já impregna de infinito meus instantes?

Se todos somos dom uns para outros

bastará que entoe sozinho meu canto?

Apenas Jesus Ressuscitado poderá agradecer-te

e a nós restará somente unir-nos a seu canto de louvor?

Benjamin Gonzalez Buelta

Salmos para sentir e saborear internamente as coisas



17° DomTComum – Mt 13, 44-52 – Ano A- ESTEF


Subsídio elaborado pelo grupo de biblistas da Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana - ESTEF: 

Dr. Bruno Glaab, Me. Carlos Rodrigo Dutra, 

Dr. Humberto Maiztegui e Me. Rita de Cácia Ló. 

Edição: Dr. Vanildo Luiz Zugno.


Leituras do dia

Primeira Leitura: 1Rs 3,5. 7-12

Salmo: Sl 119,57+72. 76-77. 127-128. 129-130 (R.97a)

Segunda Leitura: Rm 8,28-30

Evangelho: Mt 13,44-52


A comunidade refugiada e o horizonte do Reino

Antes de comentar o texto é bom lembrar que deve ser feito sob a ótica de uma comunidade de pessoas refugiadas que sobrevivem ao massacre, e destruição do Templo do ano 70 d.C. O gênero das parábolas é comum aos Evangelhos Sinóticos e foi usado como método pedagógico-sapiencial usado por Jesus para ensinar sobre o “Evangelho do Reino”. As parábolas que estão em 13,24-30.44-50 lhe são exclusivas desta comunidade. Assim, partindo da audição da tradição de Jesus em Marcos, faz sua própria reflexão.


O lugar da pedagogia parabólica neste Evangelho

Mt 13,44-52, segundo Kümmel, está dentro da “Proclamação do Reino de Deus na Galileia” (4,17-16,20; cf. Introdução ao Novo Testamento, p.123). As parábolas focam ali o sentido político-existencial do Reino num conjunto, não casual, de sete parábolas; inspiradas na Parábola do Semeador; 13,1-9, comum aos três Evangelhos sinóticos. Fazem o resgate de Mc 4 (incluindo a parábola do Grão de Mostarda e excluindo as parábolas da Lâmpada e da Semente; cf. Mt 13,10-23.31-32.34-35 e Mc 4.10-20.30-32.33-34) e acrescentam o material próprio nas parábolas do joio (13.31-32), do fermento (13,33, depois citada em Lucas) e nas três parábolas de Mt 13,44-50. Desta forma apresentam a perspectiva da comunidade, mostrando que a brutalidade da repressão não é compatível com a estratégica política do Reino (o corte antecipado do joio sempre cobra o preço de vidas inocentes), e a necessidade de paciência histórica da fermentação e transformação da realidade.


O Reino como opção político-existencial

G. Hendriksen, diz que à respeito da parábola do tesouro que “o quadro corresponde à vida (...) devido às guerras e incursões inimigas (...) às vezes se recorria ao método de sepultar suas posses mais valiosas (...)” (El Evangelio según San Mateo, p. 602). O projeto do Reino e tudo o que “sobrou” para a comunidade que busca condições de sobreviver à repressão e migração forçada. À experiência masculina se soma a sabedoria feminina! Uma marca inclusiva desta comunidade. A parábola da pérola, que segundo Hendriksen, pode se referir à esposa do Imperador Calígula, Lolia Paulina (famosa pelo seu uso), reforça a opção político-existencial de desprezar os “bens” do império em favor dos “valores” do Reino. A parábola da rede, segundo este mesmo autor, é uma adaptação da parábola do joio, no contexto da pesca na Galileia. Reforça a experiência histórica de que mesmo num mundo dominado pelo império, através do critério político-existencial do Reino, é possível discernir o horizonte final – dos anjos – onde a justiça alcança sua plenitude.

Nos últimos versículos (13,51-52), a expressão “entendeste/suneimi”, etimologicamente composta de “com/sun” e “enviar/heimi”, pergunta: “seguiremos juntas/os?”. A resposta, a partir dos elementos sapienciais-político-existenciais apresentados, é um rotundo: “Sim!”. Agora como família, reunida no espaço seguro do Pai, é possível discernir o novo e o velho (cf. Mt 9,16-17).


Relacionando com os outros textos

A oração de Salomão (1 Rs 3,7-12) que logo adiante ele não a seguiu (1 Rs 10,14-11,13), reforça a ideia da falsidade (fetiche) das riquezas dos impérios, que prometem o bem-estar de todas as pessoas; mas acabam beneficiando poucas, empobrecendo muitas e destruindo tudo. Descoberta que a comunidade de Mateus faz ao ver a morte e destruição provada pela repressão romana em 70 d.C. Romanos 8,28-30 apresenta a “mal interpretada” doutrina da “predestinação”, fazendo crer que pessoas nascessem para ser boas ou ruins. Para a comunidade de Mateus “predestinação” é a capacidade de se reconhecer como participante de um projeto divino de vida e transformação.



TEXTO EM ESPANHOL DE D. DAMIÁN NANNINI, ARGENTINA


DOMINGO 17 DURANTE EL AÑO CICLO "A"


Primera lectura (1Re 3,5.7-12)


Después de una sucesión de luchas e intrigas palaciegas, finalmente Salomón, hijo de David y de Betsabé, asume como rey de Israel y Judá. Fueron el profeta Natán y Betsabé, su madre, quienes inclinaron la decisión del anciano rey David a favor de su hijo Salomón (cf. 1Re 1). 

Pues bien, Salomón se encuentra ahora al frente del pueblo como su rey, pero es consciente de su juventud y de su falta de experiencia, que con suma transparencia reconoce en su oración: "soy un joven muchacho y no sé por dónde empezar y terminar." (1Re 3,7). Lo que pide Salomón a Dios es "Concede entonces a tu servidor un corazón que escuche, para juzgar a tu pueblo, para discernir entre el bien y el mal" (1Re 3,9). Literalmente pide un “corazón que escuche” (l¢b šœm¢­±) porque en hebreo l¢b es el corazón; y šœm¢­± es el participio presente del verbo sh¹ma±, escuchar, el mismo que en imperativo es sh¢ma± Israel de Dt 6,4. Esta petición agradó sumamente a Dios quien le dice a Salomón: "Porque tú has pedido esto, y no has pedido para ti una larga vida, ni riqueza, ni la vida de tus enemigos, sino que has pedido el discernimiento necesario para juzgar con rectitud, yo voy a obrar conforme a lo que dices: Te doy un corazón sabio e inteligente, de manera que no ha habido nadie como tú antes de ti, ni habrá nadie como tú después de ti» (1Re 3,10-12). Por tanto, el fruto de tener un corazón que escuche es la capacidad de discernimiento y de juicio. Y juzgar incluye aquí gobernar. El resto de los hechos de la vida de Salomón, con excepción de sus últimos años de vida, confirman este don eficaz concedido por el Señor, con la merecida fama de sabio que lo acompañará en su gobierno. 

En síntesis, Salomón pide un “corazón que escuche” porque sólo con él tendrá la suficiente capacidad para poder gobernar-juzgar al pueblo de Dios; lo cual exige el don del discernimiento entre el bien y el mal, necesario tanto para conducir o guiar al pueblo como para juzgarlo. Es decir, lo que pide Salomón es que su corazón esté oyente/atento tanto a la Palabra de Dios como a las necesidades y circunstancias de la gente de su pueblo, para poderlo gobernar con justicia y rectitud . Como bien nota U. Rüterswörden, la oración pidiendo un “corazón que escuche” (l¢b šœm¢­±) brota de un sentido de responsabilidad ante el pueblo de Dios y, por tanto, no pide esta gracia para su propia justificación, sino para ejercer bien su función de juzgar, al verse envuelto en una obligación que asume no sólo ante Dios sino también ante su pueblo .



Evangelio (Mt 13,44-52)

Hoy leemos las tres últimas parábolas de esta sección. Las dos primeras – el tesoro oculto en el campo y el mercader de perlas preciosas – presentan una estructura similar en tres movimientos y un mismo mensaje. Según L. Sánchez Navarro  conviene verlas juntas porque se iluminan mutuamente ya que “se trata de dos parábolas del hallazgo del reino; el verbo «encontrar» (εὑρίσκω) marca su sentido fundamental. El reino es algo que se encuentra, que se deja encontrar; las parábolas describen la situación del hombre que halla esta realidad, su reacción ante ella y la condición que le permite apropiársela.” Por su parte, la tercera se emparenta con la del trigo y la cizaña con la diferencia de que ésta se centra en el proceso de crecimiento mientras que la parábola de la red en el final. Y va seguida de una breve explicación alegórica, pero sin que medie la pregunta de los discípulos.

Acerca de la parábola del tesoro podemos comenzar diciendo que existen varios relatos paralelos extrabíblicos que dan cuenta de la costumbre, común en aquella época, de esconder tesoros enterrándolos en un campo. Y también del sorprendente cambio de fortuna del campesino o trabajador que lo descubre en un campo ajeno y lo compra porque, según las leyes de aquel tiempo en Israel, el tesoro pertenece al dueño del campo. 

En esta parábola el Reino de los cielos se compara con un tesoro escondido. Podemos suponer entonces una nueva insistencia de Mateo sobre el carácter oculto del Reino de Dios. De hecho, en la Biblia se insiste en que todo lo divino es primaria y esencialmente oculto o escondido a los ojos humanas y, por tanto, sólo accesible por revelación. Y así como Mt 6,6.18 nos presentan al Padre en lo secreto, Mt 13,33.44 nos presentan el Reino de Dios como una levadura oculta y un tesoro escondido. Notemos que, en todos estos textos, más allá de las diversas traducciones, el término griego utilizado es un derivado de la misma raíz krupt* (oculto, secreto). Esto nos invita a desarrollar un paralelo entre el Reino y el Padre. Es decir, el Reino viene calificado al mismo tiempo como celestial (6,20) y como escondido (13,33.44), al igual que el Padre. Además, considerando que en esta breve parábola el hombre que encuentra el tesoro lo vuelve a esconder, se podría ver en esto una invitación a que la acción humana tenga el mismo carácter oculto que la presencia y acción del Reino. 

Ahora bien, no perdamos de vista que el acento de la parábola está puesto en lo que realiza este hombre al encontrarse con el tesoro escondido. En efecto, “lo importante para el narrador es la apuesta decidida del descubridor, que renuncia a todo lo demás para adquirir el reino de los cielos” .


Por su parte, la parábola de la perla compara el Reino de los cielos a un mercader o comerciante que busca perlas finas, y no con la perla. El acento está puesto aquí también en su acción de vender todo lo que tiene para poder comprarla. Por tanto, ambas parábolas señalan como acción principal el vender todo para poder comprar algo de gran valor. En el primer caso se descubre por casualidad; en el segundo se lo está buscando. Lo cierto es que tanto el tesoro como la perla fina pasan a ser lo más importante y valioso al punto de estar dispuestos a vender todo con tal de poseerlo. Parece claro, en el contexto del evangelio de Mateo, que se trata de una invitación a renunciar a todo para poseer el Reino de los cielos. Pero también es claro que esta renuncia sólo se puede dar si primero se ha encontrado el Reino de Dios y se lo ha sabido valorar. 

En cuanto al mensaje, ambas parábolas nos enseñan el valor superior del Reino de Dios, en comparación con el cual hay que estar dispuesto a renunciar a todo, y a hacerlo con entusiasmo y alegría . La otra enseñanza común a las dos parábolas es la toma rápida de decisión para aprovechar la oportunidad que se presenta. No hay lugar para las vacilaciones y delaciones; es preciso tomar ya una decisión; arriesgarse a venderlo todo para poder conseguir lo mejor, lo deseado y muy buscado (para el comerciante de perlas); o lo encontrado de repente pero que se aprecia como una valiosa oportunidad que no se puede dejar pasar (como el caso del campesino). En el contexto del evangelio de Mateo, es una invitación a una pronta decisión por el seguimiento de Jesús, que está anunciando y haciendo presente la llegada del Reino de Dios.


En la última parábola el Reino de los cielos se compara con una «red de pesca», que en aquella época tenían entre 250 y 400 metros de largo y 2 metros de ancho; con elementos de peso en un lado para que se hunda; mientras que arriba corcho o madera ligera para que se mantenga a flote . Eran manejadas por uno o más botes, de modo que atrapaban toda clases de peces que luego eran llevados a tierra para seleccionarlos; tal como narra esta parábola. Comenta L. Sánchez Navarro   que “se trata de una pesca indiscriminada; Jesús subraya la diversidad de lo pescado («de todo género»; el sustantivo «peces» está sobreentendido). Junto a ejemplares aprovechables la red recoge por tanto otros no aptos; se cree que en el lago de Genesaret vivían veinte especies diversas de peces, no todas comestibles o aptas para el consumo del israelita; requiere por tanto una labor de separación”. 


La misma es luego interpretada en clave escatológica al ser aplicada al “fin del mundo” (vv. 49-50). Su mensaje es semejante al de la parábola del trigo y la cizaña, con cuya explicación alegórica comparte vocabulario, señalando que en este mundo buenos y malos están juntos por la paciencia de Dios; y sólo en el juicio final se dará la separación de los mismos de modo que sólo los buenos heredarán el Reino de los cielos. 

La sección de las parábolas cierra con un breve diálogo entre Jesús y sus discípulos (v. 51) que termina con una breve parábola en sentido bíblico; propiamente una comparación (v. 52). El punto de comparación aquí es “todo escriba que ha llegado a ser discípulo del reino de los cielos” (πᾶς γραμματεὺς μαθητευθεὶς τῇ βασιλείᾳ τῶν οὐρανῶν); dónde la palabra clave para identificarlos es “escriba o letrado” (γραμματεὺς). Al parecer no habría que entenderla en sentido técnico como el grupo judío de los “escribas” (cf. 2,4; 5,20; 7,29…); sino como quienes se dedican dentro de la nueva comunidad a interpretar las Escrituras. Es por esto que algunos ven como una especie de auto presentación del autor del evangelio. Pues bien, teniendo en cuenta el contexto de todo el evangelio de Mateo, que es un evangelio de síntesis, se trataría de una exaltación de los que intentan mantener la correlación entre el Antiguo Testamento y la novedad de Jesús; como tantas veces hace el evangelista con sus citas de cumplimiento. 


Algunas reflexiones:


En primer lugar, tal como señalamos al comenzar esta sección de las parábolas, hay una cuestión de fondo a la que se está respondiendo con las parábolas del tesoro escondido y la perla preciosa: ¿Vale la pena arriesgarlo todo por el Reino de Dios?

Jesús, con las dos primeras parábolas, nos responde invitándonos a valorar el Reino de Dios, a valorar su presencia en nuestra vida, al punto de poder optar, decidirnos por él con entusiasmo y alegría. Se trata de valorar la belleza de la fe, del encuentro con Cristo; de llegar a descubrir el Reino de Dios, la Persona de Jesús, como lo sumamente bello, deseable y amable, como lo más valioso de la vida. Porque amar es sobre todo valorar; y porque sólo una valoración o apreciación tal del Reino de Dios justifica y da sentido a la renuncia que este exige. En otras palabras, primero tiene que darse, aunque sea de modo incipiente, el descubrimiento del Reino como valor supremo, para que entonces tenga sentido y sea viable la renuncia a todo lo demás. Como bien dice L. H. Rivas : “en el Reino hay que comprometerse, y solamente los comprometidos lo poseerán”.

Al respecto, decía el Papa Francisco en el Ángelus del 26 de julio de 2020: “Los gestos de ese hombre y del mercader que van en busca, privándose de los propios bienes, para comprar realidades más preciosas, son gestos decisivos, son gestos radicales, diría solamente de ida, no de ida y vuelta: son gestos de ida. Y, además, realizados con alegría porque ambos han encontrado el tesoro. Somos llamados a asumir la actitud de estos dos personajes evangélicos, convirtiéndonos también nosotros en buscadores sanamente inquietos del Reino de los cielos. Se trata de abandonar la carga pesada de nuestras seguridades mundanas que nos impiden la búsqueda y la construcción del Reino: el anhelo de poseer, la sed de ganancia y poder, el pensar solo en nosotros mismos.

En nuestros días, todos lo sabemos, la vida de algunos puede resultar mediocre y apagada porque probablemente no han ido a la búsqueda de un verdadero tesoro: se han conformado con cosas atractivas pero efímeras, de destellos brillantes pero ilusorios porque después dejan en la oscuridad. Sin embargo, la luz del Reino no son fuegos artificiales, es luz: los fuegos artificiales duran solamente un instante, la luz del Reino nos acompaña toda la vida. El Reino de los cielos es lo contrario de las cosas superfluas que ofrece el mundo, es lo contrario de una vida banal: es un tesoro que renueva la vida todos los días y la expande hacia horizontes más amplios. De hecho, quien ha encontrado este tesoro tiene un corazón creativo y buscador, que no repite sino que inventa, trazando y recorriendo caminos nuevos, que nos llevan a amar a Dios, a amar a los otros, a amarnos verdaderamente a nosotros mismos. El signo de aquellos que caminan en este camino del Reino es la creatividad, siempre buscando más. Y la creatividad es la que toma la vida y da la vida, y da, y da, y da… Siempre busca muchas maneras diferentes de dar la vida.

Jesús, Él que es el tesoro escondido y la perla de gran valor, no puede hacer otra cosa que suscitar la alegría, toda la alegría del mundo: la alegría de descubrir un sentido para la propia vida, la alegría de sentirla comprometida en la aventura de la santidad”.

En síntesis, la primera lectura nos orienta hacia la necesidad de pedir al Señor un corazón que escuche, que sepa discernir y pueda recibir el don de sabiduría para valorar y gustar las cosas de Dios. Y el evangelio nos precisa que Dios se ha hecho hombre y presente en Jesucristo. Él mismo es como un tesoro escondido y una perla preciosa; y la sabiduría divina nos lleva a considerarlo como el valor supremo por quien vale la pena arriesgarlo todo. Por tanto, hay que pedir la gracia de poder obrar en consecuencia, o sea, poner a Jesús en el primer lugar de nuestra vida, no anteponer nada al amor de Cristo (san Benito). Como bien concluye L. Monloubou  su comentario de este domingo: "Indudablemente, para interesarse por el Reino se necesita mucho discernimiento…". 


A nivel pastoral el mensaje de las parábolas de hoy iría en la línea de la propuesta del Papa Francisco de recorrer el camino de la belleza del evangelio y de la alegría de anunciarlo: 

“Todos tienen el derecho de recibir el Evangelio. Los cristianos tienen el deber de anunciarlo sin excluir a nadie, no como quien impone una nueva obligación, sino como quien comparte una alegría, señala un horizonte bello, ofrece un banquete deseable. La Iglesia no crece por proselitismo sino «por atracción»”. (EG n° 14)


“Una pastoral en clave misionera no se obsesiona por la transmisión desarticulada de una multitud de doctrinas que se intenta imponer a fuerza de insistencia. Cuando se asume un objetivo pastoral y un estilo misionero, que realmente llegue a todos sin excepciones ni exclusiones, el anuncio se concentra en lo esencial, que es lo más bello, lo más grande, lo más atractivo y al mismo tiempo lo más necesario. La propuesta se simplifica, sin perder por ello profundidad y verdad, y así se vuelve más contundente y radiante” (EG n° 35).


 “Anunciar a Cristo significa mostrar que creer en Él y seguirlo no es sólo algo verdadero y justo, sino también bello, capaz de colmar la vida de un nuevo resplandor y de un gozo profundo, aun en medio de las pruebas” (EG n° 167).



PARA LA ORACIÓN (RESONANCIAS DEL EVANGELIO EN UNA ORANTE):


Lo nuevo y lo viejo


En cada momento Señor, de nuestro peregrinar en este mundo

Tengo en mis pensamientos tantos recuerdos

Te pido hoy los recibas y me enseñes

Tu mano tras cada acontecimiento


Esa mirada te pido Señor, descubrir tu presencia en ellos

Y entender tu providencia infinita

En el camino de felicidad trazado

Para cada uno de tus predilectos


El Dueño de casa eres Tú y te encuentro

Haciendo nuevas todas las cosas

Para darle color al pasado, borrar la nostalgia

Mirar con esperanza hacia lo eterno


Quiero quedar atrapado en esa red

Cuando decidas en tu mar bravo y violento

Y esperemos anhelantes tu elección


Esa será la opción construida durante este tiempo

En cada decisión elegirte a ti, Dios verdadero

Para darte gloria perdurable en el Reino de los cielos. Amén