2º DOM. TC-A

EIS O CORDEIRO DE DEUS!

2º DOMINGO DO TEMPO COMUM

15/01/2023


1ª leitura: Isaías 49,3.5-6 

Salmo 39(40) R- Eu disse: eis que venho Senhor, com prazer faço a vossa vontade!

2ª leitura: 1 Coríntios 1,1-3

Evangelho de João 1,29-34

Naquele tempo: 29João viu Jesus aproximar-se dele e disse: 'Eis o Cordeiro de  Deus, que tira o pecado do mundo. 30Dele é que eu disse: Depois de mim vem um homem que passou à minha frente, porque existia antes de mim. 31Também eu não o conhecia, mas se eu vim batizar com água, foi para que ele fosse manifestado a Israel'. 32E João deu testemunho, dizendo: 'Eu vi o Espírito descer, como uma pomba do céu, e permanecer sobre ele. 33Também eu não o conhecia, mas aquele que me enviou a batizar com água me disse: `Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer, este é quem batiza com o Espírito Santo'. 34Eu vi e dou testemunho: Este é o Filho de Deus!' Palavra da Salvação.


DOM JÚLIO ENDI AKAMINE, Arcebispo de Sorocaba-sp

João Batista conta o Batismo de Jesus de maneira indireta. Ele não narra o episódio, mas faz João Batista dar testemunho de um evento decisivo para a história da salvação. E o testemunho do Batista é este: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”.

A palavra cordeiro, Cordeiro de Deus, tão importante para São João Batista, pode parecer para nós sem grande significado. Podemos até mesmo entender essa palavra como sinônimo de pessoa tranquila: cordeirinhos, bobinhos, inofensivos. Pode significar uma personalidade fraca, tipo “Maria vai com as outras”. Para nós, cordeiro é uma metáfora negativa. Por isso, precisamos nos purificar desse preconceito. 

Se o significado nos parece negativo, não o é como título messiânico. Precisamos cair na conta que cordeiro é um título messiânico que João aplica a Jesus. 

Para a cultura bíblica, o título “cordeiro” é um dos mais importantes da história da salvação e carrega uma carga existencial e emotiva muito forte. 

Um dia os judeus estavam escravizados no Egito e Deus os libertou da opressão do faraó na noite em que sacrificaram o cordeiro. Essa noite, o anjo exterminador passou de casa em casa e poupou apenas os habitantes daqueles cujos umbrais estavam assinalados pelo sangue do cordeiro. 

Os judeus aprenderam, com esse episódio, que há um sangue que defende da morte e salva o povo oprimido pela escravidão. Pensemos nisso quando estivermos na fila da comunhão: Jesus é o Cordeiro de Deus que nos defende da morte eterna, cujo sangue nos protege, no qual fomos lavados em nossa culpa e pecado. “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. 

Outro rico significado do cordeiro, encontramos na própria celebração da páscoa dos judeus. Eles celebravam comendo em família um cordeiro, sacrificado sem que nenhum dos seus ossos fosse quebrado. 

Quando Jesus foi sacrificado na cruz, o evangelista João dirá, especificamente, que nenhum dos seus ossos foi quebrado. Naquela época muitos dos crucificados agonizavam longamente até por dias. Por isso, para abreviar o suplício, era comum que os soldados quebrassem as pernas dos crucificados. Sem o sustento das pernas, os crucificados morriam mais rapidamente por asfixia. 

Como o cordeiro pascal dos judeus, o nosso Cordeiro Pascal Jesus não teve suas pernas quebradas. Como é rica a imagem do cordeiro: Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.  

O cordeiro pascal dos judeus era consumido na noite da passagem do anjo exterminador. Em torno dele as famílias dos judeus se reuniam para se alimentarem e para fazerem a passagem da escravidão para a liberdade. 

Em torno do Cordeiro de Deus, Jesus, nós celebramos a Eucaristia, novo banquete pascal, no qual somos alimentados pelo Pão da Vida e somos saciados pelo cálice da salvação. 

Em torno da mesa formamos uma unidade que nos torna o próprio Corpo de Cristo. Somos alimentados com o Corpo de Cristo, para sermos nós mesmos o que recebemos. Somos inebriados de uma bebida espiritual, que é o sangue derramado na cruz. Não o sangue da vingança, mas o sangue do sacrifício por amor. 

A proximidade desta mesa nos faz cair na conta da nossa enorme indignidade. Por isso à aclamação: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, respondemos humildemente: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha morada, mas dize uma só palavra e eu serei salvo”. 

Confessar que Jesus é o Cordeiro de Deus tem consequências para nós. A primeira consciência prática é a nossa entrega confiante de nossa vida a Cristo. Ele nos protege, nos livra do pecado, da morte eterna. Hoje o mundo de nossas crianças está contaminado de protetores: super-homem, mulher maravilha, batman, e assim por diante. Infelizmente são também personagens pouco heroicas, que se tornam de alguma forma modelos de identificação para nossas crianças. 

Precisamos proteger nossas crianças dessa simbologia doente e insana. Precisamos ajudar nossas crianças, e a nós mesmos, a entregarem sua confiança ao verdadeiro protetor, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Assim nos tornamos os cordeiros que protegem os pequeninos. 

Confessar que Jesus é o “Cordeiro de Deus” tem como consequência para os cristãos o imperativo de entrega no amor. Como ele se entrega total e cordialmente a nós em seu corpo e em seu sangue, assim o cristão se empenha em entregar sua vida por amor, entregar o seu tempo de serviço aos necessitados, entregar suas capacidades e competências, ao usá-las para a construção de uma sociedade mais fraterna, partilhar os seus bens, partilhando-os com os mais pobres. Assim nos tornamos cordeiros que alimentam os outros. “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. 




Testemunho de João Batista.


Como no domingo passado, o texto deste domingo volta a situar Jesus em relação a João Batista. Ao deixar-se batizar por ele, Jesus aderiu a seu movimento de renovação em Israel. Assim, tornou-se discípulo de João e conviveu com ele por algum tempo. Batista foi um grande mestre para Jesus. Segundo os evangelhos, Jesus foi sendo reconhecido por João como o discípulo que superou o seu mestre. E quando Herodes capturou João e o encarcerou, Jesus passou a assumir a liderança do movimento de renovação em Israel. Sua mensagem dava continuidade à missão de João. João e depois Jesus anunciavam: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo” (cf. Mt 3,1-2; 4,17).

No Evangelho de João, história e símbolo se misturam. No texto de hoje, o simbolismo consiste, sobretudo, em evocações de textos conhecidos do Antigo Testamento que revelam algo a respeito da identidade de Jesus. Nestes poucos versos (João 1,29-34) existem as seguintes expressões com densidade simbólica: 1) Cordeiro de Deus; 2) Tirar o pecado do mundo; 3) Existia antes de mim; 4) A descida do Espírito sob a imagem de uma pomba; 5) Filho de Deus.

Cordeiro de Deus (João 1,29)

Este título evocava a memória do Êxodo. Na noite da primeira Páscoa, o sangue do Cordeiro Pascal, passado nos umbrais das portas das casas, e a refeição comunitária tinham sido sinais de libertação para o povo (Êxodo 12,1-14). Para os primeiros cristãos, Jesus é o novo Cordeiro Pascal que doa sua vida como servo e liberta o seu povo (1 Coríntios 5,7; 1 Pedro 1,19; Apocalipse 5,6.9).

A partir dessa imagem da primeira Páscoa, Jesus atualiza o Êxodo libertador, promovendo vida, libertando de tudo o que escraviza e oprime. Hoje, tornar-se discípulo deste Cordeiro é segui-lo no caminho da defesa e cuidado da vida.

“Depois de mim, vem um homem que passou adiante de mim” (João 1,30). Para o Batista, Jesus é um homem que o seguia, mas que agora vai além dele.

 

Tirar o pecado do mundo (João 1,29)

Evoca a frase tão bonita da profecia de Jeremias: “Ninguém mais precisará ensinar seu próximo ou seu irmão dizendo: ‘Procure conhecer a Javé’, porque todos, grandes e pequenos, me conhecerão, pois eu perdoo suas culpas e esqueço seus pecados” (Jeremias 31,34).

Para a comunidade joanina, o pecado do mundo é o sistema que sustenta e justifica preconceitos e ódio, violência e exclusão, imperialismos grandes ou pequenos. Pecado é a ausência de amor e de justiça. Não é por acaso que este evangelho usa muito a palavra mundo: “Se o mundo vos odeia…” (João 15,18). E o mundo que odeia persegue e mata.

Este mundo justamente está em pecado porque gera morte. O pecado está em todo o sistema e nas pessoas que diminuem a vida (cf. João 15,18-22). É por isso também que Jesus diz: “Meu Reino não é deste mundo” (João 18,36), isto é, seu reinado não é como este mundo em pecado, mas é alternativo, é de justiça, de amor e de partilha. Por Jesus doar-se ao cuidado da vida na construção de um mundo novo sob o reinado de Deus, ele foi morto pelos poderosos de seu tempo. Da mesma forma, o cordeiro na Páscoa judaica dá a vida como memorial da experiência libertadora com Deus no Êxodo.

Hoje, está em pecado quem adere ao sistema do mundo, tornando-se colaborador de todos os seus males. Está em pecado quem entra na lógica do sistema pecaminoso que calunia e difama as pessoas que se engajam na promoção de um mundo mais justo, isto é, que lutam para eliminar o pecado deste mundo, fortalecidas com a presença do Cordeiro.

 

Existia antes de mim (João 1,30)

Evoca vários textos dos livros sapienciais, nos quais se fala da Sabedoria de Deus que existia antes de todas as outras criaturas e que estava junto de Deus como mestre-de-obras na criação do universo e que, por fim, foi morar no meio do povo de Deus (Provérbios 8,22-31; Eclesiástico 24,1-11).

Jesus encarna essa Sabedoria divina, geradora de vida desde o início da criação (Gênesis 1). Mas não somente encarna a Palavra criadora. Ele também encarna a Palavra libertadora que “veio armar tenda no meio de nós” (João 1,14), tal como Deus habitara em uma tenda no meio do seu povo na caminhada pelo deserto em busca de vida digna na liberdade (cf. Êxodo 25,8).

Descida do Espírito como imagem de uma pomba (João 1,32)

Evoca a ação criadora onde se diz que “o espírito de Deus pairava sobre as águas” (Gn 1,2). O texto de Gênesis sugere a imagem de um pássaro que fica esvoaçando em cima do ninho. Imagem da nova criação em andamento através da ação de Jesus.

Toda a vida de Jesus é animada pelo Espírito que o unge para a missão de comunicar a vida e o amor fiel de Deus. Jesus assumia tão intensamente o Espírito do Pai a ponto de se identificar com ele. E seu batismo é no Espírito, isto é, comunica o amor de Deus a quem adere a seu projeto de vida.

 

Filho de Deus (João 1,34)

Este é o título que resume todos os outros. O melhor comentário deste título é a explicação do próprio Jesus: “As autoridades dos judeus responderam: Não queremos te apedrejar por causa de boas obras, e sim por causa de uma blasfêmia: tu és apenas um homem, e te fazes passar por Deus. Jesus disse:

Por acaso, não é na Lei de vocês que está escrito: Eu disse: vocês são deuses? Ninguém pode anular a Escritura. Ora, a Lei chama de deuses as pessoas para as quais a palavra de Deus foi dirigida. O Pai me consagrou e me enviou ao mundo. Por que vocês me acusam de blasfêmia, se eu digo que sou Filho de Deus? Se não faço as obras do meu Pai, vocês não precisam acreditar em mim. Mas se eu as faço, mesmo que vocês não queiram acreditar em mim, acreditem pelo menos em minhas obras. Assim vocês conhecerão, de uma vez por todas, que o Pai está presente em mim, e eu no Pai." (Jo 10,33-39).

Se no início do texto de hoje João afirma a humanidade de Jesus (João 1,30), agora afirma a sua divindade (João 1,34). E, na medida em que vamos assumindo nossa condição de filhas e filhos de Deus, tornamo-nos sempre mais irmãs e irmãos de Jesus. Tornamo-nos também pessoas divinas, como reza o Salmo que Jesus recordou (cf. Salmo 82,6).

 

 

 

 

Alguns ambientes cristãos do primeiro século estavam muito interessados em não serem confundidos com os seguidores do Batista. A diferença, segundo eles, era abismal. Os batistas” viviam de um rito externo que não transformava as pessoas: um batismo de água. Os “cristãos”, pelo contrário, deixavam-se transformar internamente pelo Espírito de Jesus.

Esquecer isso é mortal para a Igreja. O movimento de Jesus não se sustenta com doutrinas, normas ou ritos vividos do exterior. É o próprio Jesus que deve “batizar” ou “encher” os seus seguidores com o seu Espírito. E é este Espírito que os deve animar, impulsionar e transformar. Sem esse “batismo do Espírito”, não há cristianismo.

Não devemos esquecer. A fé que há na Igreja não está nos documentos do magistério ou nos livros de teólogos. A única fé real é a que o Espírito de Jesus desperta nos corações e mentes dos seus seguidores. Esses cristãos simples e honestos, de intuição evangélica e coração compassivo, são os que realmente “reproduzem” Jesus e introduzem seu Espírito no mundo. Eles são o melhor que temos na Igreja.

Infelizmente, existem muitos outros que não conhecem por experiência essa força do Espírito de Jesus. Eles vivem uma “religião de segunda mão”. Não conhecem nem amam Jesus. Simplesmente acreditam no que dizem outros. A sua fé consiste em acreditar no que diz a Igreja, no que ensina a hierarquia ou no que escrevem os entendidos, embora não experimentem no seu coração nada do que viveu Jesus. Como é natural, com o passar dos anos, a sua adesão ao cristianismo vai-se dissolvendo.

A primeira coisa que precisamos hoje, os cristãos, não são catecismos que definam corretamente a doutrina cristã ou exortações que precisem com rigor as normas morais. Só com isso não se transformam as pessoas. Há algo prévio e mais decisivo: narrar nas comunidades a figura de Jesus, ajudar os crentes a entrar em contato direto com o evangelho, ensinar a conhecer e amar Jesus, aprender juntos a viver com seu estilo de vida e seu espírito. Recuperar o “batismo do Espírito”, não é essa a primeira tarefa da Igreja? 

 

 

Seguidores (as) de Jesus empapando-as com seu Espírito - Adroaldo Palaoro

 

“Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer, este é quem batiza com o Espírito Santo”.

É muito significativo que o segundo domingo do tempo litúrgico comum continue falando de João Batista. Tudo o que o evangelista João nos diz de Batista é surpreendente. Ele nos indica uma relação especial de Jesus com o João do deserto. O evangelista quer deixar claro que não há rivalidade entre eles. Por isso nos apresenta um Batista totalmente integrado no plano de salvação de Deus. Sua missão é a de ser precursor, ou seja, preparar o caminho para o verdadeiro Messias.

Recordemos que João não narra o batismo de Jesus em si; vai diretamente ao centro e nos fala do Espírito, que é o mais importante em todos os relatos do batismo do nazareno.

O evangelho deste domingo, com o qual iniciamos o Tempo Comum, depois das festas natalinas, nos convida a fazer uma reflexão sobre o sentido do que celebramos, sobre o que foi verdadeiramente importante nestes dias.

Quem é este Jesus que nasceu entre nós? Como é esta Pessoa que o Pai nos enviou? Como Ele afeta nossas vidas?

São as perguntas que as primeiras comunidades cristãs também fizeram a si mesmas e são suas respostas que nos chegam neste texto que o evangelho de João põe na boca do Batista, saltando toda cronologia.

João Batista que nos acompanhou durante o Advento é agora, ao terminar o tempo do Natal, aquele que nos diz: “Ficai atentos, abri os olhos, descobri quem é, na verdade, este Menino que nasceu para nós e como tem a força do amor para libertar nossas vidas.”

João não fala porque ouviu dizer, nem estudou nos livros; ele nos fala de sua própria experiencia. Afirma que “vê” Jesus que se aproxima dele, que vem ao seu encontro e descobre n’Ele algo novo, que “não conhecia”. Descobre exatamente quem é Jesus. Esse a quem ele mesmo saiu a anunciar, mesmo sem conhecê-lo. E isso que ele vê não o deixa indiferente: afeta-o profundamente, move a tomar posição, a se situar novamente diante de sua missão.

João Batista confessa a Jesus como o “Cordeiro de Deus”, expressão muito familiar e significativa para o povo judeu contemporâneo de Jesus, mas não para nós. Era para eles uma clara referência à saída do Egito, ao cordeiro com cujo sangue eram marcadas as portas das casas dos judeus e os livrava da morte, abrindo-lhes o caminho para a libertação, saindo do lugar de sua escravidão para viver em liberdade. Recorda-nos o cordeiro que era sacrificado para celebrar, cada ano, a festa da Páscoa, este acontecimento fundamental para a vida de fé do povo de Israel.

Mas João continua: “este Cordeiro de Deus tira o pecado do mundo”. Fala de pecado, no singular; não está nos falando dos pecados ou falhas individuais, mas da situação global de opressão que impede o ser humano de ser plenamente pessoa segundo o plano de Deus. Todos os demais pecados se reduzem a este; ou, em outras palavras, este “pecado do mundo” é fonte de todos os outros pecados.

Trata-se do grande pecado de “raiz”, presente no coração de todos, que se expressa como ruptura de relações entre as pessoas, quebra de comunhão, esvaziamento da capacidade de amar... Pecado que brota de um coração petrificado, insensível e que se encarna nas estruturas sociais-políticas-econômicas-religiosas, alimentando divisão, ódio, intolerância. Este “pecado do mundo” apresenta vários rostos: injustiça, humilhação, violência em sentido moral e físico.

Jesus “tira o pecado do mundo” com sua maneira de viver, elegendo o caminho do serviço, da humildade, da pobreza e da entrega em favor da vida. Esta atitude é fruto de uma radical liberdade que lhe permite ser “homem autêntico”, eliminando de sua vida toda opressão e anulando toda forma de domínio sobre Ele. Por isso, Ele é portador da salvação radical para todos.

Jesus viveu esta liberdade durante toda sua vida. Foi sempre livre; não se deixou avassalar nem por sua família, nem pelas autoridades religiosas, nem pelas autoridades civis, nem pelos costumes ou tradições impostas pelos letrados e fariseus. Tampouco se deixou manipular por seus amigos e seguidores, que tinham objetivos muitos diferentes dos seus (zelotes, Pedro...)

João Batista completa, assim, seu testemunho reafirmando seu olhar contemplativo sobre Jesus. Contemplar é mais que ver, é observar com atenção, interesse e profundidade. E acrescenta que “viu” o Espírito que estava com Ele. E essa contemplação lhe abre os olhos e descobre, na pessoa do nazareno, o Messias do Senhor, o esperado dos profetas. Desvela a origem divina de Jesus, quando percebe que n’Ele está o Espírito. O Filho de Deus é quem batizará com Espírito Santo e fogo.

A humanidade de Jesus está inundada do Espírito; é a humanidade do Filho de Deus possuída pelo Espírito, guiada pelo Espírito. Jesus é, por excelência, o homem nascido do Espírito e se deixa conduzir pelo Espírito do Pai, vivendo intensamente o seu tempo presente. “Tempo carregado” da presença do Espírito; por isso, tempo criativo, inspirador.

“Deus armou sua tenda entre nós” e seu Espírito está nas entranhas de nossas vidas e nas entranhas mesmas da história da humanidade. Assim, os cristãos se deixam transformar internamente pelo Espírito de Jesus.

Esquecer isto é mortal para a Igreja. O movimento de Jesus não se sustenta com doutrinas, normas ou ritos vividos exteriormente. É o mesmo Jesus quem há de “batizar” ou “empapar” os seus seguidores com seu Espírito. E é este Espírito que há de animá-los, impulsioná-los e transformá-los. Sem este “batismo do Espírito” não há cristianismo.

Não podemos esquecer isto: a fé que há na Igreja não está nos documentos do magistério nem nos livros dos teólogos. A única fé real é a que o Espírito de Jesus desperta nos corações e nas mentes de seus seguidores. Esses cristãos simples e honestos, de intuição evangélica e coração compassivo, são aqueles que de verdade prolongam o modo de ser e viver de Jesus e abrem espaço à ação de seu Espírito no mundo. Eles são o melhor que temos na Igreja.

Infelizmente, há muitos outros que não conhecem por experiência essa força do Espírito de Jesus. Vivem uma “religião de segunda mão”. Não conhecem nem amam a Jesus; não O seguem porque não se identificam com Ele. Contentam-se com algumas práticas piedosas, alienadas, autocentradas.

Simplesmente creem no que os outros dizem e não experimentam, em seu coração, nada do que viveu Jesus.

O que os cristãos hoje precisam não são catecismos que definam corretamente a doutrina cristã nem exortações que apresentem com rigor as normais morais. Só isso não transforma as pessoas. Há algo prévio e mais decisivo: narrar nas comunidades a pessoa de Jesus, ajudar a que as pessoas entrem em contato direto com o Evangelho, ensinar a conhecer e amar a Jesus, aprender juntos a viver com seu estilo de vida e seu Espírito.

João Batista aponta para uma pessoa: “este é o Filho de Deus”. Ele não aponta para uma religião, para uma doutrina, para um código de normas e leis.

Recuperar o “batismo do Espírito” é a primeira missão da comunidade dos seguidores de Jesus.

 

Para meditar na oração

Com Jesus chega um novo tempo, um tempo decisivo para a história da humanidade.

Deixar o Espírito pousar sobre nós é dispor-nos a algo grande. A missão que Ele nos anima a viver é alucinante, imensa, fora do nosso tempo rotineiro. É Ele que nos faz mais lúcidos, mais sensíveis, muito mais corajosos para descobrir a profundidade e a riqueza de tudo o que acontece ao nosso redor e dentro de nós.

Somos feitos disto: desejo, busca, esperança... No mais profundo de cada um há uma carência que nos faz clamar: “Vinde, Espírito Santo!”

 

 

 

Reconhecer Jesus - Ana Maria Casarotti

 

A liturgia deste domingo oferece-nos uma narrativa do Evangelho de João que continua respondendo à pergunta sobre a identidade da pessoa de Jesus. Quem é ele?

Começa o texto dizendo “no dia seguinte”, ou seja, no segundo dia da primeira semana da vida de Jesus que culminara com as bodas de Caná. Num primeiro momento o evangelista narra o testemunho de João, quando “As autoridades dos judeus enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para perguntarem a João: ‘Quem é você?’” (Jo 1, 19). Ele se apresenta como uma voz que chama à conversão, a preparar o caminho do Senhor. Diante do questionamento do seu batismo, João tinha comunicado que é um batismo de água, mostrando com humildade sua missão de anunciar aquele que vem depois dele. Ele disse: “eu não mereço nem sequer desamarrar a correia das sandálias dele”.

“No dia seguinte” a estes acontecimentos, o texto evangélico diz-nos que “João viu Jesus, que se aproximava dele”. Jesus aparece pela primeira vez no evangelho de João no ato de “vir” assim como foi anunciado pelo profeta Isaías: “O Senhor vem” (Is 40,10). E neste momento João reconhece Jesus como “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”.

Foquemo-nos na pessoa de João Batista: como terá sido o processo progressivo de reconhecimento da identidade de Jesus como o Cordeiro de Deus na sua vida? Sua figura e sua atitude diante do Messias interpelam e questionam as limitações com as que muitas vezes tenta-se enquadrar o Mistério que há em Jesus.

João Batista, a voz que clama no deserto, designa aquele que ele anuncia: “Eis”! E o sinala fazendo referência ao Cordeiro Pascal narrado no livro do Êxodo (Ex 12). Neste rito celebra-se a libertação do povo de Israel. Na primeira leitura do Profeta Isaías que a liturgia nos oferece neste domingo, apresenta-se o servidor de Israel como o cordeiro imolado que carrega os pecados do povo, aquele que “tal como cordeiro, ele foi levado para o matadouro; como ovelha muda diante do tosquiador, ele não abriu a boca”.

Ele é o servo justo que devolverá ao povo a verdadeira justiça, pois carregou o crime deles” (Cfr. Is 53). Nessas imagens sugere-se que a pessoa de Jesus está ligada à libertação dos homens. Já no primeiro capítulo João anuncia a missão redentora de Jesus, aquele que está no meio de nós para nossa salvação, para oferecer-nos uma vida nova.

No primeiro capítulo do Evangelho de João aparecem várias figuras que podem ser consideradas representações das atitudes de toda pessoa humana diante da presença de Jesus. Como aconteceu com as autoridades dos judeus, também hoje algumas pessoas, grupos sociais e religiosos procuram demarcar a identidade de João Batista e sua missão, dentro dos padrões conhecidos: o Messias, Elias, o Profeta.

Mas João aguarda o Salvador! Ele O sinala e apresenta-O: o Cristo, aquele que é realmente o Messias. Pelo seu testemunho convida seus discípulos, e também as pessoas que o procuram para ser batizado, a seguirem Jesus e receberem assim o Espírito que habita nele. É ele quem realmente traz a libertação profunda, a libertação de tudo aquilo que oprime as pessoas, seja o sistema político, econômico, social, e também das opressões que toda pessoa humana carrega no silêncio durante a vida.

Como João Batista, somos chamados a reconhecer a presença de Jesus que “está no meio de nós”, mas possivelmente não o conhecemos. Mas para que isso seja possível, como disse o Papa Francisco, é preciso “Aprender a escutar o Povo de Deus”, que significa nos descalçar de nossos preconceitos e racionalismos, de nossos esquemas funcionalistas para conhecer como o Espírito atua no coração de tantos homens e mulheres que, com grande resiliência, não deixam de lançar as redes e lutam para tornar o Evangelho credível, “aprender da fé de nossa gente”. E continua: “Não tenhamos medo de nos sujar por nossa gente. Não tenhamos medo da lama da história, a fim de resgatar e renovar a esperança”. “Não tenhamos medo de nos sujar por nosso povo. Não tenhamos medo da lama da história, a fim de resgatar e renovar a esperança", pede Francisco aos bispos latino-americanos.

João batiza com água e reconhece em Jesus a presença do Espírito Santo que o habita. Por meio de João, Jesus é apresentado como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo e o Filho de Deus que possui a plenitude do Espírito!

A segunda afirmação sobre a pessoa de Jesus realizada por João como o "Filho de Deus" que possui a plenitude do Espírito Santo e que “batiza no Espírito” (cf. Jo 1,32-34) complementa a primeira. Jesus recebeu a plenitude do Espírito e sua missão é batizar todas as pessoas no Espírito. Pelas suas palavras João convida-nos a “ver” Jesus desde um novo olhar e acolher sua proposta libertadora como Filho de Deus.

Peçamos ao Espírito ser batizados com sua presença. Que seu fogo arda em nossa vida e transforme nosso olhar para reconhecer a presença de Jesus que continuamente está “vindo até nós”.

Oração

Existimos desde o ilimitado

Duvidamos de nós

e nos desvalorizamos,

mas vamos sob o olhar

da Bondade.

Nos dividimos

e nos enfrentamos,

mas todos recebemos a vida

desde A Unidade.

Nos classificamos

em perfeitos e deformados,

mas todos somos habitados

pela Beleza.

Tememos nossa obscuridade

e nos escondemos,

mas somos iluminados

pela Verdade.


Quem pode

pôr limites

ao amor de deus

por nós?

Quem pode

por-nos limites

se somente podemos ser

no amor de Deus?

Benjamin González Buelta

 

 

 

2º Domingo do Tempo Comum

Dehonianos

A liturgia deste domingo coloca a questão da vocação; e convida-nos a situá-la no contexto do projeto de Deus para os homens e para o mundo. Deus tem um projeto de vida plena para oferecer aos homens; e elege pessoas para serem testemunhas desse projeto na história e no tempo.

A primeira leitura apresenta-nos uma personagem misteriosa – Servo de Jahwéh – a quem Deus elegeu desde o seio materno, para que fosse um sinal no mundo e levasse aos povos de toda a terra a Boa Nova do projeto libertador de Deus.

A segunda leitura apresenta-nos um “chamado” (Paulo) a recordar aos cristãos da cidade grega de Corinto que todos eles são “chamados à santidade” – isto é, são chamados por Deus a viver realmente comprometidos com os valores do Reino.

O Evangelho apresenta-nos Jesus, “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Ele é o Deus que veio ao nosso encontro, investido de uma missão pelo Pai; e essa missão consiste em libertar os homens do “pecado” que oprime e não deixa ter acesso à vida plena.

 

EVANGELHO – Jo 1,29-34

A perícopa que nos é proposta integra a secção introdutória do Quarto Evangelho (cf. Jo 1,19-3,36). Aí o autor, com consumada mestria, procura responder à questão: “quem é Jesus?”

João dispõe as peças num enquadramento cénico. As diversas personagens que vão entrando no palco procuram apresentar Jesus. Um a um, os atores chamados ao palco por João vão fazendo afirmações carregadas de significado teológico sobre Jesus. O quadro final que resulta destas diversas intervenções apresenta Jesus como o Messias, Filho de Deus, que possui o Espírito e que veio ao encontro dos homens para fazer aparecer o Homem Novo, nascido da água e do Espírito.

João Batista, o profeta/percursor do Messias, desempenha aqui um papel especial na apresentação de Jesus (o seu testemunho aparece no início e no fim da secção – cf. Jo 1,19-37; 3,22-36). Ele vai definir aquele que chega e apresentá-lo aos homens. Ao não assinalar-se o auditório, sugere-se que o testemunho de João é perene, dirigido aos homens de todos os tempos e com eco permanente na comunidade cristã.

João é, portanto, o apresentador oficial de Jesus. De que forma e em que termos o vai apresentar?

A catequese sobre Jesus que aqui é feita expressa-se através de duas afirmações com um profundo impacto teológico: Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo; e é o Filho de Deus que possui a plenitude do Espírito.

A primeira afirmação (“o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” – Jo 1,29) evoca, provavelmente, duas imagens tradicionais extremamente sugestivas. Por um lado, evoca a imagem do “servo sofredor”, o cordeiro levado para o matadouro, que assume os pecados do seu Povo e realiza a expiação (cf. Is 52,13-53,12); por outro lado, evoca a imagem do cordeiro pascal, símbolo da ação libertadora de Deus em favor de Israel (cf. Ex 12,1-28). Qualquer uma destas imagens sugere que a pessoa de Jesus está ligada à libertação dos homens.

A ideia é, aliás, explicitada pela definição da missão de Jesus: Ele veio para tirar (“eliminar”) “o pecado do mundo”. A palavra “pecado” aparece, aqui, no singular: não designa os “pecados” dos homens, mas um “pecado” único que oprime a humanidade inteira; esse “pecado” parece ter a ver, no contexto da catequese joânica, com a recusa da proposta de vida com que Deus, desde sempre, quis presentear a humanidade (é dessa recusa que resulta o pecado histórico, que desfeia o mundo e que oprime os homens). O “mundo” designa, neste contexto, a humanidade que resiste à salvação, reduzida à escravidão e que recusa a luz/vida que Jesus lhe pretende oferecer… Deus propôs-se tirar a humanidade da situação de escravidão em que esta se encontra; enviou ao mundo Jesus, com a missão de realizar um novo êxodo, que leve os homens da terra da escravidão para a terra da liberdade.

A segunda afirmação (o “Filho de Deus” que possui a plenitude do Espírito Santo e que batiza no Espírito – cf. Jo 1,32-34) completa a anterior. Há aqui vários elementos bem sugestivos: o “cordeiro” é o Filho de Deus; Ele recebeu a plenitude do Espírito; e tem por missão batizar os homens no Espírito.

Dizer que Jesus é o Filho de Deus é dizer que Ele é o Deus que se faz pessoa, que vem ao encontro dos homens, que monta a sua tenda no meio dos homens, a fim de lhes oferecer a plenitude da vida divina. A sua missão consiste em eliminar “o pecado” que torna o homem escravo e que o impede de abrir o coração a Deus.

Dizer que o Espírito desce sobre Jesus e permanece sobre Ele sugere que Jesus possui definitivamente a plenitude da vida de Deus, toda a sua riqueza, todo o seu amor. Por outro lado, a descida do Espírito sobre Jesus é a sua investidura messiânica, a sua unção (“messias” = “ungido”). O quadro leva-nos aos textos do Deutero-Isaías, onde o “Servo” aparece como o eleito de Jahwéh, sobre quem Deus derramou o seu Espírito (cf. Is 42,1), a quem ungiu e a quem enviou para “anunciar a Boa Nova aos pobres, para curar os corações destroçados, para proclamar a libertação aos cativos, para anunciar aos prisioneiros a liberdade” (Is 61,1-2).

Jesus é, finalmente, aquele que batiza no Espírito Santo. O verbo “batizar” aqui utilizado tem, em grego, duas traduções: “submergir” e “empapar (como a chuva empapa a terra)”; refere-se, em qualquer caso, a um contato total entre a água e o sujeito. “Batizar no Espírito” significa, portanto, um contato total entre o Espírito e o homem, uma chuva de Espírito que cai sobre o homem e lhe empapa o coração. A missão de Jesus consiste, portanto, em derramar o Espírito sobre o homem; e o homem que adere a Jesus, “empapado” do Espírito e transformado por essa fonte de vida que é o Espírito, abandona a experiência da escuridão (“o pecado”) e alcança o seu pleno desenvolvimento, a plenitude da vida.

A declaração de João convida os homens de todas as épocas a voltarem-se para Jesus e a acolherem a proposta libertadora que, em nome de Deus, Ele faz: só a partir do encontro com Jesus será possível chegar à vida plena, à meta final do Homem Novo.

ATUALIZAÇÃO

A reflexão pessoal e comunitária pode tocar os seguintes pontos:

• Em primeiro lugar, importa termos consciência de que Deus tem um projeto de salvação para o mundo e para os homens. A história humana não é, portanto, uma história de fracasso, de caminhada sem sentido para um beco sem saída; mas é uma história onde é preciso ver Deus a conduzir o homem pela mão e a apontar-lhe, em cada curva do caminho, a realidade feliz do novo céu e da nova terra. É verdade que, em certos momentos da história, parecem erguer-se muros intransponíveis que nos impedem de contemplar com esperança os horizontes finais da caminhada humana; mas a consciência da presença salvadora e amorosa de Deus na história deve animar-nos, dar-nos confiança e acender nos nossos olhos e no nosso coração a certeza da vida plena e da vitória final de Deus.

• Jesus não foi mais um “homem bom”, que coloriu a história com o sonho ingénuo de um mundo melhor e desapareceu do nosso horizonte (como os líderes do Maio de 68 ou os fazedores de revoluções políticas que a história absorveu e digeriu); mas Jesus é o Deus que Se fez pessoa, que assumiu a nossa humanidade, que trouxe até nós uma proposta objetiva e válida de salvação e que hoje continua presente e cativo na nossa caminhada, concretizando o plano libertador do Pai e oferecendo-nos a vida plena e definitiva. Ele é, agora e sempre, a verdadeira fonte da vida e da liberdade. Onde é que eu mato a minha sede de liberdade e de vida plena: em Jesus e no projeto do Reino ou em pseudo-messias e miragens ilusórias de felicidade que só me afastam do essencial?

• O Pai investiu Jesus de uma missão: eliminar o pecado do mundo. No entanto, o “pecado” continua a enegrecer o nosso horizonte diário, traduzido em guerras, vinganças, terrorismo, exploração, egoísmo, corrupção, injustiça… Jesus falhou? É o nosso testemunho que está a falhar? Deus propõe ao homem o seu projeto de salvação, mas não impõe nada e respeita absolutamente a liberdade das nossas opções. Ora, muitas vezes, os homens pretendem descobrir a felicidade em caminhos onde ela não está. De resto, é preciso termos consciência de que a nossa humanidade implica um quadro de fragilidade e de limitação e que, portanto, o pecado vai fazer sempre parte da nossa experiência histórica. A libertação plena e definitiva do “pecado” acontecerá só nesse novo céu e nova terra que nos espera para além da nossa caminhada terrena.

• Isso não significa, no entanto, pactuar com o pecado, ou assumir uma atitude passiva diante do pecado. A nossa missão – na sequência da de Jesus – consiste em lutar objetivamente contra “o pecado” instalado no coração de cada um de nós e instalado em cada degrau da nossa vida coletiva. A missão dos seguidores de Jesus consiste em anunciar a vida plena e em lutar contra tudo aquilo que impede a sua concretização na história.


TEXTO EM ESPANHOL - Dom Damián Nannini, Argentina

SEGUNDO DOMINGO DURANTE EL AÑO CICLO "A"

 

Primera lectura (Is 49,3-6)

                        

Existe unanimidad entre los críticos en señalar la existencia de cuatro cantos dedicados al Siervo de Yahvé, aunque no acuerden en precisar los límites de los mismos (cf. Is 42,1-9; 49,1-6; 50,4-9; 52,13-53,12). En el primer canto del Siervo del Señor (Is 42,1-9) se presentaba al «siervo» y se hablaba de su tarea de liberación del pueblo exiliado. En el segundo cántico – que leemos en parte hoy – el siervo comienza a tomar directamente la palabra y, por esto, podemos distinguir entre lo que dice el Señor y lo que dice el profeta-siervo. 

En primer lugar, está la llamada o vocación del profeta por parte de Dios, que asume toda su existencia (desde el seno de su madre) y que implica una difícil misión de cara al pueblo: su palabra es como una espada afilada y una flecha punzante. Pero su fuerza está en el Señor que lo reconoce como su "servidor" y en él se gloriará (Is 49,1-3).

            Sigue lo que dice el profeta, mezcla de desilusión y desaliento: "En vano me fatigué, para nada, inútilmente, he gastado mi vida". Aquí vale recordar la situación histórica de este profeta, el llamado segundo-Isaías, quien es sin duda el profeta del amanecer, del despertar (51,17; 52,1)[1]. A él le ha tocado en suerte anunciar un mensaje de consolación porque Yavé considera que el pueblo ya ha cumplido con el castigo por su pecado y por ello ha decidido devolver a los desterrados a la tierra de Judá (Is 40,1-2). Así como antes Nabuconodosor fue el instrumento de castigo para Jerusalén del que se valió Yavé (Jer 25,9; 27,6), ahora se presenta a Ciro como el ungido y el instrumento en manos de Yavé para liberar a su pueblo (Is 41,2; 44,28; 45,1-4; 48,12-15). Es muy posible que este anuncio de ser liberados por un pagano como Ciro haya generado resistencia entre los exiliados. En el fondo esta resistencia supone querer poner límites al obrar de Dios; o en otros términos, rechazar todo aquello que no entra en sus esquemas mentales. 

Por tanto, esta sensación de fracaso del profeta es iluminada por la palabra del Señor, quien no sólo lo confirma en la misión ya concedida ("hacer que Jacob vuelva a él y se le reúna Israel"), sino también le amplia el horizonte de la misma extendiéndola a todas las naciones ("te destino a ser luz de las naciones, para que llegue mi salvación hasta los confines de la tierra").

En la lectura litúrgica de este texto -  que tiene en cuenta la relación con el evangelio del día - hay que prestar más atención a la elección y a la misión del "siervo del Señor", en especial la de llevar la "salvación" a todas las naciones.

 

Segunda lectura (1Cor 1,1-3)

 

Como en la mayoría de sus cartas y siguiendo la costumbre en uso de la época, Pablo comienza presentándose primero a sí mismo como remitente y, después, nombra y saluda a los destinatarios.

            Pablo se presenta con lo que él considera su identidad más profunda: "Pablo, llamado a ser Apóstol de Jesucristo por la voluntad de Dios". Pablo reafirma su vocación de apóstol, de elegido y enviado por Cristo Jesús según la voluntad o beneplácito de Dios. Aquí el título de Apóstol no tiene el sentido técnico y exclusivo que encontramos en Lucas y Hechos donde se reserva para el grupo de los doce. Pablo reconoce la autoridad de los doce como grupo instituido por Jesús (cf. 1Cor 15,5), pero no reserva para ellos el título de Apóstol, sino que lo refiere a todos los enviados por el Señor a evangelizar (cf. 1Cor 15,7).

            Pablo añade también como remitente a "Sóstenes, el hermano". Se trata de un estrecho colaborador suyo en la obra evangelizadora, a quien llama hermano, apelativo frecuente para referirse a los miembros de la comunidad.

            Luego Pablo nombra a los destinatarios: "a la Iglesia de Dios que está en Corinto". El término griego ekklēsía (de donde deriva latinizado nuestro «iglesia») procede de un verbo compuesto: ek-kaléō que significa llamar de o desde. Por tanto, se trata de los con-vocados, los llamados a formar la comunidad creyente. Ahora bien, esta comunidad de llamados recibe una determinación local: "que está en Corinto"; por eso la Iglesia subsiste en una realidad local, en una comunidad concreta.

A continuación, Pablo especifica más la realidad de los que componen esta ekklēsía: "a los que han sido santificados en Cristo Jesús y llamados a ser santos". Los cristianos, miembros de la Iglesia, son santos y llamados a la santidad. Son santos por cuanto se han apropiado de la santidad de Cristo. Por el bautismo participan, tienen parte, de Su vida: su Ser Hijo de Dios y su Estar lleno del Espíritu Santo; y por tanto de su santidad (cf. Rom 6,4; 8,9.14-15). Pero esta santidad es una vida en el Espíritu y, por tanto, debe crecer y desarrollarse para llegar a plenitud. Por eso Pablo designa con frecuencia a los cristianos como “santos”; y al mismo tiempo como “llamados a ser santos”. Así, luego de la apropiación de la santidad de Cristo, sigue su imitación por cuanto nuestra vida cristiana debe crecer por el camino que Jesús mismo nos indicó. Alcanzado por la santidad de Dios, el discípulo de Jesús vive del Espíritu y expresa la novedad de su vida dejándose guiar por el mismo Espíritu y manifestando el fruto de su presencia santificadora (Gal 5,18.22).

  

Evangelio (Jn 1,29-34)

 

Este texto forma parte del primer cuadro o sección (Jn 1,19-34) que sigue al prólogo de Juan (Jn 1,1-18) donde ya se hizo referencia al testimonio de Juan el Bautista, sin precisarlo demasiado (Jn 1,6.15). Pues bien, esta sección comienza diciendo que "este es el testimonio que dio Juan..." (1,19). Con respecto al contenido del testimonio del Bautista podemos decir que es doble. Por un lado, es "negativo" por cuanto dice que Él no es la luz, ni el Cristo, ni Elías, ni el Profeta. Por otro lado, es "positivo" en referencia a la persona de Jesús (y es el texto que leemos hoy), ya que lo proclama como el Cordero de Dios que quita el pecado del mundo (v. 29), el preexistente (v. 30), aquél sobre quien ha descendido el Espíritu (v. 32) como cumplimiento de una promesa divina (v. 33a); el que bautiza con Espíritu Santo (v. 33b) y el Hijo de Dios (v. 34)[2].

El título de "Cordero de Dios" aplicado a Jesús es exclusivo de la tradición joánica y su origen es algo misterioso. Muy probablemente hay que considerarlo como una referencia al cordero pascual pues en Jn 19,36 ante Jesús crucificado se repite esta comparación al decir que no le quebrarán ningún hueso (cf. Ex 12,46). Habría que considerar también sendas referencias al sacrificio de Isaac (Gn 22) y al siervo sufriente (Is 53) que los rabinos ya vinculaban con el cordero pascual. 

 

J. Ratzinger[3] sostiene esta opinión siguiendo a Joachim Jeremías quien "llama también la atención sobre el hecho de que la palabra hebrea talja significa tanto «cordero» como «mozo», «siervo» (ThWNT I 343). Así, las palabras del Bautista pueden haber hecho referencia ante todo al siervo de Dios que, con sus penitencias vicarias, «carga» con los pecados del mundo; pero en ellas también se le podría reconocer como el verdadero cordero pascual, que con su expiación borra los pecados del mundo. «Paciente como un cordero ofrecido en sacrificio, el Salvador se ha encaminado hacia la muerte por nosotros en la cruz; con la fuerza expiatoria de su muerte inocente ha borrado la culpa de toda la humanidad» (ThWNT 1343s). Si en las penurias de la opresión egipcia la sangre del cordero pascual había sido decisiva para la liberación de Israel, Él, el Hijo que se ha hecho siervo — el pastor que se ha convertido en cordero — se ha hecho garantía ya no sólo para Israel, sino para la liberación del «mundo», para toda la humanidad".

Por su parte X. León Dufuor piensa que "Jesús es ciertamente el «cordero» de Dios, pero no en el mismo sentido (y mucho menos en el mismo plano) que los corderos de los sacrificios judíos; lo es por el hecho de que, por sí sola, su venida suprime de parte de Dios la necesidad de los ritos por los cuales, durante el tiempo de la espera, Israel tenía que renovar continuamente su vínculo existencial con YHWH. Constatando que con la presencia del Mesías se ha hecho ya realidad la promesa de la salvación — se ha perdonado el pecado de Jerusalén, decía Is 40,2 — el Bautista expresa en una imagen densa de contenido que con Jesús Dios concede la plenitud del perdón a Israel y al mundo. Jesús no es aquí la nueva víctima cultual, sino aquel por el que Dios interviene ofreciendo a los hombres la reconciliación perfecta con él"[4].

Tal vez, como nota el mismo X. León-Dufour, hay que prestar más atención al genitivo "de Dios" y entenderlo en el sentido de que Jesús es el cordero dado por Dios para quitar el pecado del mundo. Porque es claro que sólo Dios puede perdonar los pecados; pero Juan Bautista anuncia que ahora lo hará por medio de Jesús. De modo semejante opina F. Moloney[5] para quien “Jesús no es una víctima ritual, sino aquel mediante el cual Dios entra en la historia humana ofreciéndole la reconciliación. Como ocurre frecuentemente en el cuarto evangelio, se utiliza un símbolo antiguo de una forma nueva”. 

Notemos también que habla del "pecado del mundo" en singular – que en Jn consiste en rechazar a Dios, en rechazar al Verbo como Luz venido para iluminar a todos los hombres (cf. Jn 1,9) – lo cual supone la acción mesiánica y escatológica de poner fin al reinado del pecado sobre el mundo; para establecer en su lugar el reinado de Dios.

En lo que sigue (1,31-33) Juan Bautista recuerda y retoma su testimonio anterior y, ante el hecho del bautismo de Jesús (que el evangelista supone conocido y no narra), adquiere un conocimiento más profundo y verdadero de Jesús. "Después de llegar a este punto de la inteligencia del misterio que es Jesús, Juan comprende mejor su propia misión, el bautismo en el agua (1,31). Esta reflexión sobre el pasado, a la luz de un conocimiento ligado al Espíritu, está ciertamente en la línea de Jn. A su manera, el Precursor vuelve sobre su propia experiencia para captar su verdad más profunda: Dios quería «manifestar» de este modo al Mesías en Jesús de Nazaret"[6].

Como bien notan G. Zevini - P. G. Cabra[7]: “Su testimonio se expresa con tres frases de recia teología: Jesús es «el cordero de Dios, que quita el pecado del mundo» (v. 29); el Espíritu se ha posado sobre él y permanece de forma estable (v. 32); Jesús es el elegido de Dios, es decir, el «Hijo de Dios» (v.34). Son tres afirmaciones, ligadas entre sí, que desveIan la idea que tiene Juan sobre el Mesías. Las tres imágenes encuentran correspondencia parcial en los cantos del «Siervo de YHWH» y el por qué de su elección como primera lectura”

La cumbre del testimonio de Juan Bautista se fundamenta en lo que ha visto (en el bautismo de Jesús) y es la confesión de Jesús como Hijo de Dios: "Yo lo he visto y doy testimonio de que él es el Hijo de Dios" (1,34). Con el trasfondo del prólogo del evangelio este título supera su referencia al Mesías para elevarlo al nivel teológico de Jesús como Hijo Único y Preexistente de Dios. Y de hecho esta es la finalidad con que se escribió el evangelio de Juan: "Estos han sido escritos para que ustedes crean que Jesús es el Mesías, el Hijo de Dios, y creyendo, tengan Vida en su Nombre" (Jn 20,31).

  

Algunas reflexiones:

 

            El objetivo de las lecturas de estos primeros domingos durante el año es una presentación inicial de Jesús. Mientras el domingo pasado el Padre nos daba testimonio de la identidad divina de Jesús – "Este es mi Hijo muy querido, en quien tengo puesta toda mi predilección" (Mt 3,17) –, este domingo es Juan el Bautista quien lo confiesa como el Cordero de Dios que quita el pecado del mundo; y como Hijo único y preexistente de Dios. 

Es interesante que, al comenzar el tiempo durante el año, se nos vaya presentando la identidad profunda de Jesús: ¿quién es Él y cuál es su misión?

            Hay que partir reconociendo como un hecho que nunca en esta vida llegaremos a conocer plenamente al Señor, por eso sería una actitud incorrecta e infecunda pensar que uno ya sabe todo acerca de Él. Además, debemos tener en cuenta que la realidad del conocimiento en la Biblia, y particularmente en el evangelio de Juan, no se reduce a lo intelectual, a las ideas, sino que implica comunión, intimidad, experiencia. Es que la fe brinda un tipo especial de conocimiento, como magistralmente lo explica Lumen Fidei: "La fe conoce por estar vinculada al amor, en cuanto el mismo amor trae una luz. La comprensión de la fe es la que nace cuando recibimos el gran amor de Dios que nos transforma interiormente y nos da ojos nuevos para ver la realidad (nº 26) […] La luz de la fe es la de un Rostro en el que se ve al Padre. En efecto, en el cuarto Evangelio, la verdad que percibe la fe es la manifestación del Padre en el Hijo, en su carne y en sus obras terrenas, verdad que se puede definir como la «vida luminosa» de Jesús. Esto significa que el conocimiento de la fe no invita a mirar una verdad puramente interior. La verdad que la fe nos desvela está centrada en el encuentro con Cristo, en la contemplación de su vida, en la percepción de su presencia (nº 30) […] Solamente así, mediante la encarnación, compartiendo nuestra humanidad, el conocimiento propio del amor podía llegar a plenitud. En efecto, la luz del amor se enciende cuando somos tocados en el corazón, acogiendo la presencia interior del amado, que nos permite reconocer su misterio (nº 31)." 

            En este contexto debemos recibir el testimonio de Juan Bautista, en particular la imagen de Jesús como "Cordero de Dios que quita el pecado del mundo". El “cordero” es el símbolo del ser inocente, que no puede hacer mal a nadie sino sólo recibirlo. En especial si tenemos en cuenta el contexto del Antiguo Testamento que habla del “cordero mudo conducido al matadero" y "que será sacrificado por nuestros pecados, molido por nuestros crímenes, y por cuyas llagas nosotros somos curados". Es claro que Jesús es inocente, es el Hijo de Dios y no hay pecado en Él; pero asume el pecado del mundo para quitarlo. 

El “pecado del mundo”, en singular, es más amplio y profundo que los pecados personales que cometemos individualmente cada una de las personas humanas. Es todo el mal que aprisiona a los hombres en este mundo, es el mal que reina en este mundo. Como bien dice R. Cantalamessa: "Jesús cargó sobre sí con todo el orgullo humano, con toda la rebelión contra Dios, con toda la lujuria, con toda la hipocresía, con toda la injusticia, con toda la violencia, con toda la mentira, con todo el odio..."[8]

Esta ha sido y es su misión; para esto ha venido al mundo. La imagen del Cordero nos ayuda a unir la encarnación con la pasión, como hacían los Padres de la Iglesia cuando decían que "Cristo nació para morir". Como bien dice el Papa Francisco: “Él vino para esto: para perdonar, para traer la paz al mundo, pero antes al corazón. Tal vez cada uno de nosotros tiene un tormento en el corazón, tal vez tiene oscuridad en el corazón, tal vez se siente un poco triste por una culpa... Él vino a quitar todo esto, Él nos da la paz, Él perdona todo. «Éste es el Cordero de Dios que quita el pecado»: quita el pecado con la raíz y todo. Ésta es la salvación de Jesús, con su amor y con su mansedumbre. Y escuchando lo que dice Juan Bautista, quien da testimonio de Jesús como Salvador, debemos crecer en la confianza en Jesús (Homilía del 19 de enero de 2014).

            Juan Bautista ve a Jesús que viene y reconoce en Él al Cordero de Dios, al preexistente, al lleno del Espíritu Santo, al Hijo de Dios. Vio, creyó y testimonió.

También nos dice el Papa Francisco que esta escena del evangelio es decisiva para “nuestra fe; es decisiva también por la misión de la Iglesia. La Iglesia, en todos los tiempos, está llamada a hacer lo que hizo Juan el Bautista, indicar a Jesús a la gente diciendo: «Este es el Cordero de Dios, que quita el pecado del mundo». Él es un el único Salvador, Él es el Señor, humilde, en medio de los pecadores. Pero es Él. Él, no es otro poderoso que viene. No, no. Él” (Ángelus del 15 de enero de 2017).

Nos toca a nosotros seguir los pasos de Juan el Bautista: ver, creer y testimoniar. Sí, pero recordando que el ver o conocer propio de la fe llega como consecuencia de la aceptación del amor de Dios en nuestra vida. En decir, Jesús también viene hoy a nuestra vida y tenemos que logar ver – experimentar – la fuerza de su amor que nos quita, perdonando, el pecado de nuestra vida; hace triunfar el bien sobre el mal que habita en nosotros. Por eso la mejor definición del cristiano (y que tanto gusta repetir al Papa Francisco) es que somos pecadores perdonados, débiles fortalecidos, hijos rebeldes pero amados.

En síntesis, hay que asumir nuestra condición permanente de “pecadores en conversión […] Porque estar en conversión es pasar continuamente al misterio del pecado y de la gracia. Esto significa el abandono de toda justificación, de toda justicia propia, y el reconocimiento de nuestro pecado para abrirnos a la gracia de Dios”, (A. Louf).

 

PARA LA ORACIÓN (RESONANCIAS DEL EVANGELIO EN UNA ORANTE):

Divino Alfarero

 

Señor,

Inspira los pensamientos, sentimiento y acciones

Ruega al Padre Nuestro y envía tu Espíritu sin demora,

Juan nos recuerda que es esta la hora

Y aún estamos ciegos, en sombras.

 

Reconocerte en este desierto, nos es difícil

¿Cómo ver más lejos si el egoísmo es lente grueso?

Cuestiones y conflictos llevamos dentro

Y Tú…, encarnado en medio nuestro.

 

Cada día se enciende una Luz en el templo…

Una Paloma invisible se posa en el pan

El altar se viste de Resurrección

Te nos das en la mesa como Divino alimento.

 

Basta hacer por Gracia el esfuerzo,

Vestirnos para el Ágape del Rey Eterno

Convencidos de que eres la Verdad misma

Y estarás con nosotros hasta el fin de los tiempos.

 

Míranos hoy tan necesitados y hambrientos

Compasivo Tú, con el hombre, sus dudas y sus miedos

Viniste a abrirnos el camino al cielo

Haznos a tu imagen y para tu Gloria, Divino Alfarero. Amén


[1] En general hay aceptación en datar la acción de este profeta al final del exilio, cerca del año 540 a.C. cuando el imperio Babilónico comienza a colapsar habiendo surgido los persas capitaneados por Ciro.

[2] Como nota F. Moloney, El evangelio de Juan, Verbo Divino, Estella, 2005, 59: “Parte de la tradición manuscrita (Ƥ5; Sinaítico, Vetus Latina y algunas traducciones siríacas) lee «el elegido de Dios» Pero es mucho más fuerte la tradición textual donde se encuentra «Hijo de Dios», y la lectura «el Hijo», en lugar del «Elegido», está más en armonía con el vocabulario y la teología joánica”.

[3] Jesús de Nazaret. Desde el Bautismo a la Transfiguración, Planeta, Buenos Aires, 2007, 38-40.

[4] Lectura del Evangelio de Juan. Jn 1-4; Sígueme, Salamanca, 1989, 138.

[5] El Evangelio de Juan; Verbo Divino, Estella, 2005, 57.

[6] X. León-Dufour, Lectura del Evangelio de Juan. Jn 1-4; Sígueme, Salamanca, 1989, 140.

[7] Lectio Divina para cada día del año, Vol. 13, Verbo Divino, Estella, 2003, 17.

[8] La vida en Cristo, PPC, Madrid, 1998, 87.