2º DOMINGO TC-B

2º DOMINGO DO TEMPO COMUM-B

14/01/2024

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AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO


1ª leitura: 1Samuel 3,3b-10.19

Salmo 39(40) R- Eu disse: eis que venho Senhor, com prazer faço a vossa vontade!

2ª leitura: 1 Coríntios 6,13c-15a.17-20

Evangelho de João 1,35-42

Naquele tempo, no dia seguinte, João estava lá, de novo, com dois dos seus discípulos. 36          Vendo Jesus caminhando, disse: “Eis o Cordeiro de Deus”! 37    Os dois discípulos ouviram esta declaração de João e passaram a seguir Jesus. 38    Jesus voltou-se para trás e, vendo que eles o seguiam, perguntou-lhes: “Que procurais?” Eles responderam: “Rabi (que quer dizer Mestre), onde moras?” 39          Ele respondeu: “Vinde e vede”! Foram, viram onde morava e permaneceram com ele aquele dia. Era por volta das quatro horas da tarde. 40          André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que tinham ouvido a declaração de João e seguido Jesus. 41 Ele encontrou primeiro o próprio irmão, Simão, e lhe falou: “Encontramos o Cristo!” (que quer dizer Messias). 42 Então, conduziu-o até Jesus, que lhe disse, olhando para ele: “Tu és Simão, filho de João. Tu te chamarás Cefas!” (que quer dizer Pedro).


DOM JÚLIO ENDI AKAMINE, ARCEBISPO DE SOROCABA SP


Jo 1,35-42

Jesus passa. Ele continua o seu caminho para anunciar o Reino, mas esse seu movimento exerce força de atração. É interessante notar que aqueles dois primeiros discípulos não estavam no trabalho cotidiano de pesca, mas estavam na companhia de João Batista, sendo instruídos por ele.

João Batista cede generosamente a Jesus seus discípulos com uma frase que os incita a segui-lo: “Eis o cordeiro de Deus”.

Ouvindo essas palavras, os dois discípulos seguiram Jesus”. Eles tinham ouvido as pregações do mestre João Batista sobre a vinda de “um outro”, por isso, imediatamente entendem que esse “outro” é Jesus. Basta-lhes uma frase para compreender quem é aquele que passa. “Eis o cordeiro de Deus

Desde o início Jesus exige que os discípulos se examinem a sério, que tomem consciência do que pretendem e o declarem explicitamente. Por isso ele pergunta: O que estais procurando? Eles respondem com uma outra pergunta: onde moras? Em senso mais profundo a pergunta investiga o mistério da morada transcendente de Jesus (o Pai).

Jesus então os convida: “Vinde ver”. É um convite e, ao mesmo tempo, um desafio: os discípulos podem colocar à prova a verdade do testemunho de João mediante o exame pessoal. A experiência pessoal é o melhor teste para a comprovação da veracidade do testemunho de João Batista: é Jesus o cordeiro de Deus?

É necessário levar em conta, porém, que as coisas humanas precisam ser conhecidas para serem amadas; as de Deus precisam ser amadas para serem conhecidas. Para conhecer Jesus, é preciso amá-lo. É exatamente esse o conhecimento que os dois discípulos adquirem sobre Jesus, naquele dia.

Desde o início, Jesus torna os discípulos testemunhas oculares. Tanto que, depois desse primeiro encontro, André sente já a necessidade de comunicar a sua descoberta pessoal. Pedro não era discípulo do Batista. Pedro é uma conquista de seu irmão, André.

Já no primeiro encontro, Jesus, sem informação prévia, conhece e reconhece Simão; com autoridade soberana, escolhe Pedro e lhe impõe o novo nome da nova função: Simão começa a ser Pedro e terá que aprender a levar esse nome e encargo.

André não recebeu destaque na narrativa dos evangelhos. Quando, porém, ele aparece, está sempre fazendo a mesma coisa, isto é, conduzindo os outros a Cristo. Mais ainda: através dele, Cristo pode fazer grandes coisas. De fato, Pedro foi o escolhido por Cristo para ser pedra da Igreja, e foi André que deu a Cristo esse presente especial. Também foi a André que o jovem trouxe o seu pequenino pacote de cinco pães e dois peixes, e foi André igualmente que, um tanto envergonhado, levou o jovem e a sua oferta até Cristo, e Jesus alimentou cinco mil homens.

Assim também podemos nós podemos fazer. Como André, nós, as pessoas simples e sem quaisquer dotes particulares, podemos fazer coisas maravilhosas para Cristo, por intermédio das pessoas que nós levamos a Cristo. 



Perguntas que destravam vidas - Pe Adroaldo Palaoro


“Voltando-se para eles e vendo que o estavam seguindo, Jesus perguntou: o que estais buscando?”


Nem todas as perguntas são iguais. Às vezes surge uma pergunta, algo nos interessa e logo queremos saber; basta uma simples busca rápida para saciar nossa curiosidade; poucas curiosidades permanecem em nossa mente, pois logo são satisfeitas com muitas informações que não tem nenhuma ressonância em nossas vidas.

Tal pergunta superficial revela um perigo: pelo fato de serem respondidas em questão de segundos, nossos desejos mais profundos se acostumam a se mover nessa velocidade.

É preciso situar-nos diante de outro tipo de perguntas, as mais decisivas e essenciais, aquelas que não podem ser respondidas com um “click” e nos movem a uma tomada de decisão. São perguntas que exigem tempo, um ritmo diferente e tem a ver com o núcleo escondido do interior de nossas vidas: que quero fazer de minha vida? Que estou buscando? Por que há algo que sempre me remorde por dentro dizendo que eu poderia investir mais e melhor na minha missão? Que desejos me mobilizam, dando calor e sabor à minha vida?

Estas perguntas são mais difíceis de serem respondidas. Às vezes ficam ali, em um rincão de nossa vida, mas enquanto permanecem vivas são como umas brasas que voltam a se acender cada vez que a vida as sopra. Tais perguntas nos fazem mais humanos e são tão importantes como o ar que respiramos.

Por isso, continuamente deveríamos nos perguntar: sinto vivas em mim as perguntas radicais?

É neste nível que se situa a pergunta de Jesus aos dois discípulos de João. O Mestre propõe a pergunta fundamental, “e vós, o que estais buscando?”; uma pergunta que exige deles um exame sério, que tomem consciência do que pretendem, que explicitem as reais motivações da busca por Ele.

A pergunta de Jesus é desafiadora, e não simples curiosidade e inquietação, e se dirige a todos nós. Cada um tem de dar sua resposta. Ela exige uma tomada de posição, um ato de fé. Por isso, o processo da busca dos dois discípulos se amplia, despertando nos outros igual movimento de busca; um encontro não termina em Quem encontra: a partilha da descoberta faz brotar uma “reação em cadeia”.

Porque buscam, os dois discípulos movem os outros à busca.

“O Evangelho é um itinerário para abrir com profundidade a interioridade humana” (R. Belloso), e nele vemos como Jesus provoca nas pessoas o retorno ao interior; sua pedagogia é a da pergunta que des-vela e move a pessoa a entrar no interior de si mesma para encontrar-se com a fonte que mana e corre.

Quando os discípulos de João descobrem a Jesus, este, em vez de dar uma explicação ou uma exortação, lhes dirige uma pergunta que os remete ao centro de seu coração, àquilo que os move: “Que buscais?”

O evangelho de João apresenta diferentes perguntas: no diálogo com a samaritana e com Nicodemos, o Mestre os conduz ao profundo deles mesmos; com Maria Madalena Ele se aproxima como desconhecido e faz a mesma pergunta dirigida aos primeiros discípulos: “Mulher, que buscas?”; com Simão Pedro, após a ressurreição, por três vezes lhe pergunta sobre o amor.

Podemos então afirmar que a busca de Deus e o encontro com Ele, a partir de Sua iniciativa, coincidem com a busca e o encontro de nós mesmos, de modo que buscar a Deus é buscar-nos a nós mesmos, na nossa própria interioridade, onde o Senhor nos habita e nos move.

Encantam-nos as pessoas que têm mais perguntas que respostas. Aquelas que se apresentam com muitas respostas e poucas perguntas nos provocam tédio, nos cansam e acabam provocando afastamento.

São encontradas em todos os lugares: nas igrejas, nos partidos políticos, no trabalho, nos meios de comunicação, nas redes sociais...

Felizmente, também encontramos, em todos os lugares, muitas pessoas que têm mais perguntas que respostas. Embora tenham visões e crenças diferentes, nos sentimos em profunda comunhão com elas; com suas perguntas, elas nos provocam, nos enriquecem, mobilizam nossos melhores recursos e ativam a criatividade; essas pessoas nos ajudam a buscar, nos fazem perguntas novas que nos movem a sair de nós mesmos. Com elas podemos ver a realidade de maneira diferente, sob outra perspectiva. Suas perguntas despertam em nós outras perguntas e assim nossa vida entra em outro movimento. As perguntas movimentam, as respostas paralisam.

Alguém já afirmou que as perguntas têm uma força que não encontramos nas respostas. Só o fato de nos perguntar ou ouvir alguém que nos pergunta, pulsa em nós uma força, uma curiosidade que não se apaga com uma simples resposta. Perguntar-se na vida é o que nos mantém em busca. Como são nossas perguntas?

Deveríamos agradecer por tantas perguntas que nos foram feitas. Em um diálogo, as perguntas são a ponte entre as vozes, a confluência de corações, a faísca de luz partilhada. Todas e cada uma delas nos fizeram crescer, mesmo aquela mais trivial. Porque cada pergunta vem carregada de matizes: umas de carinho, outras de atenção ou de interesse, e inclusive, algumas de desafio. Umas foram respondidas, outras ainda não soubemos respondê-las, talvez nunca saibamos respondê-las...

Quantas perguntas deixamos de fazer com frequência! A pergunta verdadeira tem sempre o aroma da humil-dade: é o reconhecimento de nossa ignorância e o da capacidade de nosso irmão para nos ajudar. A pergunta é uma frase não concluída, um verso que busca palavras de outro para dar cumprimento à sua beleza e à sua mensagem. A pergunta tem a cor do respeito infinito pela liberdade do outro.

Jesus se revelou como um homem das perguntas mobilizadoras. Há uma infinidade de vezes que Jesus se aproxima das pessoas e as interroga. Desde o “que buscais?” inicial em João, à tríplice interpelação a Pedro – “tu me amas?” -, ou o apelo ao cego – “que queres que eu te faça? -, ou a delicadeza com o cego na piscina de Betesda – “queres ficar curado?”.

Aquele que é o caminho, a verdade e a vida também revela sua identidade através de perguntas que despertam o melhor que há em cada pessoa.

Não é fácil responder à pergunta simples, direta, fundamental, a partir do interior de uma cultura “fechada” como a nossa, que se revela como “cultura da superficialidade”, onde a preocupação está centrada só com as aparências, com a vaidade e o prestígio... Que é o que buscamos exatamente?

Para alguns, a vida é um grande supermercado e o único que lhes interessa é adquirir coisas com os quais poder consolar um pouco sua existência. Outros, buscam escapar da enfermidade, da solidão, da tristeza, dos conflitos e do medo. Mas, escapar para onde? Para quem?

Outros já não buscam mais; o que querem é que lhes deixem sozinhos: esquecer os outros e ser esquecidos por todos. Não se preocupam com ninguém e que ninguém se preocupe com eles.

A maioria busca simplesmente cobrir suas necessidades diárias e continuar lutando por ver realizados seus pequenos desejos. Mas, mesmo que todos eles se realizem, ficaria seu coração insatisfeito. Não apaziguaria sua sede de consolo, libertação, felicidade plena...

As verdadeiras perguntas estão empapadas de ternura e delicadeza. É impossível o diálogo sem perguntas; é impossível que uma criança fale com sua mãe ou pai sem perguntas, nem um amigo com outro amigo, nem um esposo com sua esposa. Não é possível o amor sem perguntas. Não é possível a oração sem perguntas. Chegará o “Dia do Senhor”, o dia da Grande Resposta. Mas, até lá, as perguntas farão parte de nosso viver, farão emergir o mais verdadeiro de nosso ser, darão sabor e calor ao nosso peregrinar.

Vive agora as perguntas. Talvez assim, pouco a pouco, sem dar-te conta, possas algum dia viver as respostas”.

(Rainer Maria Rilke).


O que procuramos - José Antonio Pagola

Eis o texto

As primeiras palavras que Jesus pronuncia no evangelho de João deixam-nos desconcertados, porque vão ao fundo e tocam as raízes mesmas da nossa vida. A dois discípulos do Baptista que começam a segui-Lo, Jesus pergunta-lhes: "O que é que vocês estão procurando?".

Não é fácil responder a esta pregunta simples, direta, fundamental, a partir do interior de uma cultura «fechada» como a nossa, que parece preocupar-se apenas com os meios, esquecendo sempre o fim último de tudo. Que é que procuramos exatamente?

Para alguns, a vida é «um grande supermercado» (D. Sölle), e o único que lhes interessa é adquirir objetos com lhes permita consolar um pouco a sua existência. Outros procuram escapar da doença, da solidão, da tristeza, dos conflitos ou do medo. Mas escapar, para onde? Dirigindo-se para quem?

Outros já não podem mais. O que querem é que os deixem sós. Esquecer os outros e ser esquecido por todos. Não se preocuparem com ninguém e que ninguém se preocupe com eles.

A maioria, procuramos simplesmente cobrir as nossas necessidades diárias e continuar a lutar para ver cumpridos os nossos pequenos desejos. Mas, mesmo que todos eles se cumprissem, ficaria o nosso coração satisfeito? Teria sido apaziguada a nossa sede de consolo, libertação e felicidade plena?

No fundo, não andaremos os seres humanos procurando algo mais que uma simples melhoria da nossa situação? Não ambicionamos algo que, certamente, não podemos esperar de nenhum projeto político ou social?

Diz-se que os homens e mulheres de hoje esqueceram Deus. Mas a verdade é que, quando um ser humano se interroga com um pouco de honradez, não lhe é fácil apagar do seu coração «a nostalgia do infinito».

Quem sou eu? Um ser minúsculo, surgido por azar numa parcela ínfima de espaço e de tempo, atirado à vida para desaparecer de seguida no nada, de onde fui tirado sem razão alguma e apenas para sofrer? Isso é tudo? Não há mais nada?

O mais honrado que pode fazer o ser humano é «procurar». Não fechar nenhuma porta. Não descartar nenhuma chamada. Procurar Deus, talvez com a última réstia das suas forças e da sua fé. Talvez a partir da mediocridade, da angústia ou do desalento.

Deus não joga às escondidas nem se esconde de quem o procura com sinceridade. Deus está já no interior mesmo dessa procura. Mais ainda. Deus deixa-se encontrar inclusive por quem apenas o procura. Assim diz o Senhor no livro de Isaías: «Eu deixei-me encontrar por quem não perguntava por Mim”. “Deixei-me encontrar por quem não me procurava. “Dize: ‘Aqui estou, aqui estou’” (Isaías 65,1-2).

 

O que procuram? - Enzo Bianchi 


tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

Neste domingo que se segue à festa do Batismo do Senhor, o ordo litúrgico nos propõe o encontro dos primeiros discípulos com Jesus, segundo o relato do quarto Evangelho.

Estamos na semana inaugural da vida pública de Jesus (cf. Jo 1,19-2,12). Dois dias após o interrogatório de João Batista por parte das autoridades sacerdotais que vieram de Jerusalém, Jesus passa e caminha na frente de João e de dois de seus discípulos. E, fixando o olhar em Jesus, o Batista afirma: “Eis o Cordeiro de Deus!”.

É uma verdadeira apresentação de Jesus, a indicação de que justamente ele é o Servo de Deus, o Cordeiro pascal que traz a libertação ao seu povo (o termo aramaico talja contém ambos os significados). João, como verdadeiro rabi e mestre, ensina, faz um sinal aos discípulos e, assim, dá uma orientação à sua busca: ele não os havia seduzido (trazidos para si mesmo), não os mantém junto de si, mas os e-uca, os conduz para fora, para o Messias. Ouvidas as palavras do Batista, logo os dois começam a seguir Jesus, põem-se nas suas pegadas, vão aonde ele vai.

E eis que, de repente, Jesus se volta, observa-os com um olhar penetrante e lhes pergunta: “O que procurais?”. Essa pergunta é inevitável para qualquer um que quiser se pôr no seguimento de Jesus, portanto, uma pergunta dirigida ainda hoje a nós que tentamos segui-lo.

“O que você realmente procura? Qual é o seu desejo mais profundo?” Essas são as primeiras palavras pronunciadas por Jesus de acordo com o quarto Evangelho; não uma afirmação, nem uma declaração, como talvez esperaríamos, mas uma pergunta: “O que você procura?”. Desse modo, Jesus mostra que o seu seguimento não pode acontecer por encantamento, por arrebatamento, por uma simples escolha de pertença: o discípulo pode tomar um caminho errado se não souber reconhecer o que e quem realmente procura – “si revera Deum quaerit”, “se você realmente procura Deus”, diz a Regra de Bento (58, 7) –, se não estiver envolvido na busca, disposto a deixar as suas seguranças para se abrir ao dom de Deus. Procurar é uma operação e uma atitude absolutamente necessárias para escutar e acolher a própria verdade presente no íntimo, lá onde o Senhor fala.

A essa pergunta, os dois discípulos respondem com outra pergunta: “Rabi, onde moras (verbo méno)?”. Jesus é definido por eles como “rabi”, mestre e guia, portanto querem conhecê-lo na sua casa, na sua morada, querem morar onde ele mora: não só escutar um ensinamento, mas estar envolvidos na sua vida.

Jesus lhes responde com muita simplicidade: “Vinde e vede”, isto é, venham e experimentem, venham e verão com um olhar que poderá até ver a glória de Jesus como Filho de Deus (cf. Jo 1, 14; 2, 11). Assim ocorreu o encontro com Jesus, um encontro que mudou profundamente as suas vidas, porque, a partir daquela hora (definida precisamente como a hora décima, ou seja, as quatro horas da tarde), eles começam a viver, a morar com ele.

Esses dois primeiros discípulos de Jesus são André e o outro que não tem um nome, mas que foi identificado pela tradição no discípulo anônimo, “aquele a quem Jesus amava” (Jo 13, 23; 19, 26; 20, 2; 21, 7.20), talvez o filho de Zebedeu.

Os sinóticos apresentam esse chamado dos primeiros discípulos com um relato muito diferente: na Galileia, nas margens do mar, Jesus passa e vê dois pares de irmãos, os chama atrás de si (“Sigam-me!”) e estes o seguem prontamente, sem demora (cf. Mc 1, 16-20 e par.). No quarto Evangelho, no entanto, a vocação é mediada pelo Batista, não é direta. Em ambos os casos, porém, o testemunho é concordante: antes de iniciar a sua pregação, Jesus forma uma comunidade ao seu redor, os chamados a fazerem parte põem-se no seu seguimento (verbo akolouthéo) e ele lhes pede para compartilharem a sua vida sempre, na perseverança, até o fim.

É claro, o discípulo anônimo, “aquele a quem Jesus amava” parece ser o modelo de todo discípulo que permanece com o Senhor mesmo durante a sua paixão, mesmo debaixo da cruz, e permanece como sinal profético até a sua vinda na glória (cf. Jo 19, 26; 21, 22).

Mas eis que André – de acordo com a tradição grega o primeiro chamado –encontra o seu irmão Simão e logo lhe diz: “Encontramos o Messias, o Cristo”. Ele se sente impulsionado a comunicar a boa notícia do Messias tão esperado e agora presente, operante no meio do seu povo, acima de tudo ao seu irmão. Ele o leva a Jesus, porque Simão compartilhava essa espera, estando ele também em busca daquele do qual o Batista anunciava a vinda.

A espera acabou, a busca teve um resultado positivo. A expressão “encontramos”, no plural, já indica o nós da comunidade de Jesus, que, a partir desse momento, ressoará em todo o Evangelho para confessar a fé e dar testemunho.

De acordo com o quarto Evangelho, Simão não faz nenhuma ação, não toma nenhuma iniciativa, mas está diante de Jesus e escuta as suas palavras inequívocas. Jesus fixa o olhar sobre ele, como o Batista havia fixado no próprio Jesus, e lhe proclama a sua verdadeira identidade, vocação e missão: “Tu és Simão, filho de João; serás chamado Kephas (que quer dizer Pedro)”.

Não é simples interpretar a primeira parte dessa declaração: o que significa “filho de João”, dito àquele que é irmão de André, nunca chamado com esse patronímico? Talvez signifique: “Tu és Simão, o discípulo de João Batista”? A questão permanece em aberto, mas, em todo o caso, as palavras determinantes são as seguintes: “Serás chamado Kephas, Pedro”. Assim, Jesus revela quem Simão realmente é dentro da sua comunidade: é uma pedra, uma rocha imediatamente posta em posição de autoridade, ele que será o porta-voz dos Doze (cf. Jn 6, 67), ele que será o pastor do rebanho do Senhor (cf. Jo 21, 15-18).

Mas, se o quarto Evangelho nos fornece essa narrativa “outra” do chamado dos primeiros discípulos, imediatamente depois, no chamado de Filipe, que ocorre no dia seguinte, reaparece aquela palavra eficaz dirigida por Jesus ao discípulo: “Siga-me!” (akoloúthei moi: Jo 1, 43).

Afastando-se das margens do Jordão para a sua terra, Galileia, Jesus se encontra com Filipe, outro galileu de Betsaida (como Pedro e André). Não nos é dito nem onde nem em que situação Jesus lhe dirige essas palavras, mas o que é essencial é que ele lhe pede para segui-lo.

Filipe prontamente o segue e começa a fazer parte da comunidade dos discípulos, como testemunham também os sinóticos que o colocam entre os Doze (cf. Mc 3, 18 e par.). Portanto, vocação sem mediações, mas nem por isso menos contagiosa.

Assim que Filipe se encontrar com outro galileu, Natanael, proveniente de Caná, ele lhe comunica a boa notícia do cumprimento das Sagradas Escrituras, a Torá de Moisés e os Profetas: “Encontramos aquele de quem eles escreveram: é Jesus de Nazaré, o filho de José” (cf. Jo 1, 45).

Natanael responde com ceticismo e ironia: “Justamente a partir dessa periferia, dessa terra impura, de um vilarejo desconhecido da Galileia dos gentios pode vir algo de bom?” (cf. Jo 1, 46). Filipe rebate: “Venha e veja! Venha e experimente” (ibid.), eco das palavras dirigidas por Jesus aos dois primeiros discípulos.

Estes, de fato, são os passos constitutivos da fé: vir a Jesus, experimentar e conhecer a sua morada e, por fim, encontrar morada nele. E, enquanto Natanael vai ao encontro de Jesus junto com Filipe, eis que o próprio Jesus mostra, na realidade, que o precede no seu itinerário. Ele não afasta aqueles que se aproximam dele (cf. Jo 6, 37), apesar das suas perplexidades, mas descreve Natanael como um verdadeiro filho de Israel, sem falsidade, sem duplicidade (cf. Jo 1, 47).

Surpreso com essa afirmação, Natanael faz uma pergunta a Jesus: “De onde (póthen) me conheces?” (Jo 1,48). Ou seja, de onde você obtém o conhecimento da minha pessoa? Jesus não lhe responde diretamente, mas lhe assegura que o viu e o escolheu antes de cada uma de suas decisões de ir até ele. Segue-se, enfim, uma confissão de fé plena: “Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel” (Jo 1, 49). Natanael, especialista nas Escrituras, filho de Israel autêntico, confessa imediatamente o senhorio de Jesus, servindo-se de títulos que expressarão a fé da Igreja na paixão e na ressurreição do Senhor.

 

Venham ver!-  Ana Maria Casarotti.

 

No domingo passado iniciamos o Tempo Comum do Ciclo B do Ano Litúrgico com o Batismo de Jesus. Hoje a liturgia situa-nos no começo da atividade de Jesus que conheceremos durante todo o ano. Um conhecimento que nos leva a comprometer-nos cada vez mais com a pessoa de Jesus, suas atividades e sua missão.

Neste período do ano é bom se preguntar: quem é Jesus? Não é uma pergunta intelectual senão uma pergunta que será respondida ao longo de todo o ano, nas leituras do texto Evangélico, na experiência da vida quotidiana como seguidores de Jesus.

Desde o início somos convidados a expressar dúvidas e questionamentos. Seguir Jesus não é cumprir um conjunto de normativas senão ser livres na relação com ele e no conhecimento de sua pessoa.

Na narrativa de hoje Jesus relata o momento em que dois discípulos de João Batista ouvem as palavras dirigidas à pessoa de Jesus como Cordeiro de Deus e começam a segui-lo. Neste momento Jesus vendo que o seguiam, pergunta: “O que é que vocês estão procurando?”.

Uma pergunta similar aparece no final do Evangelho com o encontro de Jesus com Maria Madalena. Nesse momento ela está “chorando junto ao túmulo”. Aparece Jesus Ressuscitado, que ela não pode reconhecer, e pergunta-lhe: “Mulher, por que você está chorando”? Quem é que você está procurando?

Nestes dois trechos, no início e no fim do Evangelho de João, percebe-se uma sequência semelhante. No texto que limos hoje Jesus intervém através de uma pergunta. São suas primeiras palavras no Evangelho. Os discípulos respondem com outra pergunta: “Onde moras?” Neste momento Jesus convida-os a permanecer com ele e dessa forma o verão!

Jesus chama-os a ser seus discípulos, a segui-lo. Neste caminho não há certezas sobre o lugar onde ele mora, porque sua morada é permanecer junto a Ele. É um convite que se gera na relação entre cada um deles, de forma direta. Jesus foi apresentado para eles por João Batista e dessa mesma forma eles o comunicam a outros.

É muito importante a narrativa da experiência destes primeiros seguidores o relato de um encontro pessoal com Jesus. André encontra seu irmão Simão Pedro e o apresenta a Jesus. Em seguida, é Filipe quem encontra Natanael e lhe fala de Jesus. Num primeiro momento, a vida e as palavras de Batista  orientam Jesus, coloca os discípulos em seu caminho. E assim seguirão cada um e cada uma dos discípulos de Jesus.

A pergunta de Jesus leva-os a questionar-se internamente por que o estão seguindo. Como discípulos e discípulas procuraram saber quem é Jesus.

Como cristãos somos convidados a perguntar-nos o motivo do nosso seguimento, da nossa fé. Precisamos saber onde Ele está, onde mora, onde é possível encontrá-lo. E para isso devemos fazer experiência: ir e ver. Segui-lo e estar ao seu lado. Conhece-lo na vida quotidiana, no seu sentir pelos outros. Este primeiro encontro com Jesus é tão significativo na vida dos seguidores que descreve-se o dia e a hora: “E começaram a viver com ele naquele mesmo dia. Eram mais ou menos quatro horas da tarde.”

Somos pessoas que conduzem a Jesus pelo testemunho? Este texto convida-nos a agradecer a Deus as pessoas que ao longo de nossa vida foram presença de Deus para cada um e cada uma de nós.

Ao responder a sua pergunta com outra: “Rabi, (Mestre) onde moras?”, os discípulos estão manifestando a Jesus seu desejo de conhecê-lo, de saber dele, de entrar na sua vida, na sua intimidade. Deixam claro que querem segui-lo, e o seguimento é estar com o Mestre. Para Jose Antonio Pagola: “O indivíduo toma consciência de que a fé há de ser livre e pessoal. Já não se sente obrigado a acreditar de modo tão incondicional no que ensina a Igreja. Pouco a pouco começa a relativizar certas coisas e a selecionar outras.” (Texto completo: Abrir-nos a Deus)

Jesus nos convida hoje a fazer silêncio e permitir que se manifestem as perguntas e desejos que há no nosso interior. Que nesse silêncio possamos agradecer tantas pessoas que ao longo de nossa vida foram testemunhos da presença de Jesus no meio de nós e também reconhecer às vezes que nós fomos comunicadores da sua vida.

A oração que segue é a continuação que pode-nos ajudar neste momento

Oração

Obrigado/a porque nos necessitas

Em teu silêncio acolhedor

nos ofereces ser tua palavra

traduzida em milhares de línguas

adaptada a toda situação.

Queres expressar-te em nossos lábios

no sussurro ao doente terminal,

no grito que sacode a injustiça,

na sílaba que alfabetiza uma criança.

Em teu respeito a nossa história,

nos ofereces ser tuas mãos,

para produzir o arroz,

lavar a roupa familiar,

salvar a vida com uma cirurgia,

chegar na carícia dos dedos

que alivia a febre sobre a testa

ou acende o amor na face.

Em tua aparente paralisia,

nos envias a percorrer caminhos.

Somos teus pés e te aproximamos

das vidas mais marginalizadas,

pisadas suaves para não despertar

as crianças que dormem sua inocência,

passos fortes para descer até a mina

ou entregar com pressa uma carta perfumada.

Nos pedes ser teus ouvidos,

para que tua escuta tenha rosto,

atenção e sentimento,

para que não se diluam no ar,

as queixas contra tua ausência,

as confissões do passado que remói

a dúvida que paralisa a vida

e o amor que partilha sua alegria.

Obrigado, Senhor, porque nos necessitas.

Como anunciarias tua proposta

sem alguém que te escute no silencio?

Como olharias com ternura,

sem um coração que sinta teu olhar?

Como combaterias a corrupção

sem um profeta que se arrisque?


Jo 1,35-51 - A semente da nova comunidade - Mesters, Lopes e Orofino


1. SITUANDO

Os evangelhos de Marcos, Mateus e Lucas apresentam o chamado dos primeiros discípulos de maneira muito mais resumida: Jesus passa na praia, chama Pedro e André. Logo depois, chama Tiago e João (Mc 1,16-20). O Evangelho de João tem um outro jeito de descrever o início da primeira comunidade que se formou ao redor de Jesus. Ele traz histórias bem mais concretas. O que chama a atenção é a variedade dos chamados e dos encontros das pessoas entre si e com Jesus. Deste modo, João ensina como se deve fazer para iniciar uma comunidade. É através de contatos e convites pessoais, até hoje!

O Quarto Evangelho é uma catequese muito bem feita. Ele não só mostra como se formou a primeira comunidade, mas também, através dos vários títulos de Jesus, descreve a fé desta comunidade, que é modelo para todas as outras comunidades. Assim, ao longo dos seus 21 capítulos, ele vai revelando quem é Jesus. Os títulos, que vão aparecendo durante os encontros e as conversas das pessoas com Jesus, fazem parte desta catequese. Eles ajudam os leitores e as leitoras a descobrirem como e onde Jesus se revela nos encontros do dia-a-dia da vida. 

2. COMENTANDO

João 1,35-36 – O testemunho de João Batista a respeito de Jesus

João Batista tinha sido executado por Herodes em torno do ano de 30. Mas até o fim do século I, época em que foi escrito o Quarto Evangelho, a liderança dele continuava muito forte entre os judeus. Por isso, era importante o testemunho de João Batista chamando Jesus de "Cordeiro de Deus". Este título evocava a memória do êxodo. Na noite da primeira Páscoa, o sangue do Cordeiro Pascal, passado nas portas das casas, tinha sido sinal de libertação para o povo (Ex 12,13-14). Para os primeiros cristãos Jesus é o novo Cordeiro Pascal que liberta o seu povo (ICor 5,7; 1Pd 1,19; Ap 5,6.9).

João 1,37-39 – Dois discípulos de João seguem Jesus

Dois discípulos de João Batista, animados pelo próprio João, foram em busca de Jesus. Jesus responde: "Venham e vejam!" É convivendo com Jesus que eles mesmos devem poder verificar e confirmar se era isto que estavam buscando. O encontro confirmou a busca: "Era isso mesmo!" Os dois nunca esqueceram a hora do encontro: eram 4 horas da tarde! Também hoje, as comunidades devem poder dizer: "Venham e vejam!" É ver e experimentar para poder testemunhar. O apóstolo João escreve na sua primeira carta: "A vida se manifestou. Nós a vimos e dela damos testemunho!" (1Jo 1,2).

João 1,40-42 – André apresenta Pedro a Jesus

André descobriu que Jesus é o Messias. Ele gostou tanto do encontro, que partilhou sua experiência com o irmão e deu testemunho: "Encontramos o Messias!" Em seguida, conduziu o irmão até Jesus. Encontrar, experimentar, partilhar, testemunhar, conduzir até Jesus! É assim que a Boa Nova se espalha pelo mundo, até hoje! Conosco pode acontecer o que aconteceu com o irmão de André. No encontro com Jesus, ele teve seu nome mudado de Simão para Cefas (Pedra ou Pedro). Mudança de nome significa mudança de rumo. O encontro com Jesus pode produzir mudanças profundas na vida da gente. Deus queira!

 João 1,43-44 – Jesus chama Filipe

No dia seguinte, Jesus voltou para a Galiléia. Encontrou Filipe e o chamou: "Segue-me!" O importante do chamado é sempre o mesmo: "seguir Jesus". Os primeiros cristãos fizeram questão de conservar os nomes dos primeiros discípulos. De alguns conservaram até os apelidos e o nome do lugar de origem. Filipe, André e Pedro eram de Betsaida (Jo 1,44). Natanael era de Cana (Jo 22,2). Jesus era de Nazaré (Jo 1,45). Eram todos lugares bem pequenos, lá na roça do interior da Galiléia! Hoje, muitas vezes, esquecemos ou nem conhecemos os nomes das pessoas que estão na origem de nossa comunidade. Lembrar os nomes é uma forma de conservar a identidade. 

João 1,45-46 – Filipe leva Natanael a Jesus

Filipe encontra Natanael e fala com ele sobre Jesus: "Encontramos aquele de quem escreveram Moisés, na Lei, e os profetas! É Jesus, o filho de José, de Nazaré!" Mais um título para Jesus! Jesus é aquele para o qual apontava toda a história do Antigo Testamento. Natanael pergunta: "De Nazaré pode vir coisa boa?" Natanael era de Cana, que fica perto de Nazaré. Possivelmente, na pergunta dele transparece a rivalidade que costuma existir entre as pequenas aldeias de uma mesma região. Além disso, conforme o ensinamento oficial dos escribas, o Messias viria de Belém na Judéia. Não podia vir de Nazaré na Galiléia (Jo 7,41-42).  Novamente, de André vem a mesma resposta intrigante: "Venha e veja você mesmo!" Não é impondo mas sim vendo que as pessoas se convencem. Novamente, o mesmo processo: encontrar, experimentar, partilhar, testemunhar, conduzir até Jesus! 

João 1,47-51 – A conversa entre Jesus e Natanael

Jesus vê Natanael e diz: "Eis um israelita autêntico, sem falsidade!" E afirma que já o conhecia quando estava debaixo da figueira. Como é que Natanael podia ser um "israelita autêntico" se ele não aceitava Jesus como messias? É porque Natanael "estava debaixo da figueira". A figueira era o símbolo de Israel (cf. Mq 4,4; Zc 3,10; 1Rs 5,5). "Estar debaixo da figueira" era o mesmo que ser fiel ao projeto do Deus de Israel. Israelita autêntico é aquele que sabe desfazer-se das suas próprias ideias quando percebe que elas estão em desacordo com o projeto de Deus. O israelita que não está disposto a fazer esta conversão não é autêntico nem honesto. Natanael é autêntico. Ele esperava o messias de acordo com os ensinamentos oficiais da época (Jo 7,41-42.52). Por isso, inicialmente, não aceitava um messias vindo de Nazaré. Mas o encontro com Jesus ajuda-o a perceber que o projeto de Deus nem sempre é do jeito que a gente o imagina ou deseja. Ele reconhece o seu engano, muda de ideia, aceita Jesus como messias e confessa: "Mestre, tu és o filho de Deus, tu és o rei de Israel!" A confissão de Natanael é apenas o começo. Quem foi fiel, verá o céu aberto e os anjos subindo e descendo sobre o Filho do Homem. Experimentará que Jesus é a nova ligação entre Deus e nós, seres humanos. É a realização do sonho de Jacó (Gn 28,10-22). 

3. ALARGANDO 

A galeria dos encontros com Jesus no Evangelho de João

No Evangelho de João, são narrados com detalhes muitos encontros com Jesus que marcam para sempre a vida das pessoas. Os primeiros discípulos nunca mais puderam esquecer aquele momento. Um deles, provavelmente o "discípulo amado" ainda se lembrava da hora em que encontrou Jesus: "Eram 4 horas da tarde!". O outro, André, chamou o irmão dele, Pedro (Jo 1,35-51). Nicodemos foi encontrar Jesus de noite. Os dois tiveram uma conversa difícil (Jo 3, 1-13), mas Nicodemos, apesar da crítica de Jesus, ficou amigo. Ele o defendeu numa discussão com os chefes (Jo 4,14; 7,50-52) e, depois da morte de Jesus, lá estava ele, novamente, com perfumes para a sepultura (Jo 19,39). João Batista alegrou-se ao ver o crescimento do movimento de Jesus (Jo 3,22-36). A samaritana encontrou Jesus junto do poço (Jo 4,1-42) e dentro dela passou a jorrar água viva (Jo 4,14; 7,37-38). O encontro com o paralítico se deu junto às águas de um santuário popular (Jo 5,1-18). Foi na praça do templo que se deu o encontro com a mulher que ia ser apedrejada. Ela reencontrou a dignidade e a paz (Jo 8,1-11). O cego encontrou Jesus, que lhe abriu os olhos e se revelou a ele como o Filho do Homem (Jo 9,1-41). Marta e Maria foram ao encontro de Jesus no caminho e experimentaram a sua força revitalizadora (Jo 11,17-37).

Estes e outros encontros são como quadros colocados em uma galeria. Eles vão revelando aos olhos atentos de quem os aprecia algo que está por trás dos detalhes, a saber, a identidade de Jesus. Ao mesmo tempo, mostram as características das comunidades que acreditavam em Jesus e davam testemunho da sua presença. São também espelhos, que ajudam a descobrir o que se passa dentro de nós quando nos encontramos com Jesus.

 

Os títulos de Jesus

Logo neste primeiro capítulo, as pessoas que vão sendo chamadas professam a sua fé em Jesus através de títulos como: Cordeiro de Deus (Jo 1,36); Rabi (Jo 1,38); Messias ou Cristo (Jo 1,41); "aquele de quem escreveram Moisés, na Lei, e os profetas" (Jo 1,45); Jesus de Nazaré, o filho de José (Jo 1,45), Filho de Deus (Jo 1,49); Rei de Israel (Jo 1,49); Filho do Homem (Jo 1,51). São oito títulos em apenas 15 versos! Quando uma pessoa é muito querida, ela recebe um grande número de apelidos. Assim também Jesus no Evangelho de João. Nestes e em tantos outros nomes ou títulos, as comunidades transmitiam o que Jesus significava para elas. Todos estes nomes traduzem o enorme esforço dos primeiros cristãos em querer conhecer Jesus para melhor amá-lo. Mostram ainda a diversidade da busca.

Eis uma lista incompleta de alguns títulos de Jesus que aparecem neste e nos outros capítulos do Evangelho de João. Eles revelam a fé das comunidades do Discípulo Amado. A grande variedade dos títulos revela a diversidade não só da busca, mas também da própria teologia. Não havia uma doutrina única:

1,1 Palavra, Verbo

1,9 Luz

1,14 Filho Único

1,17 Messias ou Cristo

1,29 Cordeiro de Deus

1,34 Eleito de Deus

1,38 Rabi ou Mestre

1,49 Filho de Deus

1,51 Filho do Homem

2,21 Templo

3,2 Vem de Deus

3,29 Esposo

4,9 Judeu

4,26 Messias 4,42 Salvador do Mundo

5,18 Igual a Deus

6,34 Pão da vida

6,41 Pão descido do céu

6.42 Filho de José

6,69 Santo e Deus

7,52 Galileu

8,24 Eu sou (Jo 8,28.58)

8,48 Samaritano

9,2 Rabi

9,5 Luz do mundo

9,7 Enviado

9,11 Homem Jesus

9,17 Profeta 9,22 Cristo

9,38 Senhor

10,7 Porta das ovelhas

10,11 Bom pastor

10,30 Eu e o Pai somos um

11,25 Ressurreição

12,13 Bendito em nome do Senhor

12,13 Rei de Israel

13,13 Mestre e Senhor

14,6 Caminho, Verdade e Vida

15,1 Videira

18,5 Nazareno

19,5 Homem

 

Resumindo: Para o Evangelho de João, a fonte da vida consiste em acreditar que Jesus de Nazaré, o filho de José (Jo 1,45), é Messias (Jo 1,41) e Filho de Deus (Jo 1,49). Foi exatamente para isto que o evangelho foi escrito (Jo 20,31). 




 TEXTO DE DOM DAMIAN NANNINI, ARGENTINA

(Está traduzido pelo Google sem correções). 


https://en.wikipedia.org/wiki/Roman_Catholic_Diocese_of_San_Miguel _(Argentina)

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SEGUNDO DOMINGO DO ANO - CICLO B

Primeira leitura (1Sm 3,3-10.19)

É sempre difícil evocar um encontro com Deus, com o Invisível. É por isso que este texto nos mostra a presença da ambiguidade e da gradualidade, embora haja sinais visíveis da sua presença: o templo e a arca.

Este contexto “cultural” da vocação de Samuel sugere uma certa analogia com a de Isaías (cf. Is 6, 2-6). Mas aqui a criança precisa ser orientada noreconhecimento da voz de Deus(discernimento), a quem ainda não conhecia (v.7), embora o servisse (v.1). Aqui o sacerdote Elí parece lento e um tanto desajeitado no discernimento, mas finalmente consegue reconhecer o chamado do Senhor.

A resposta do menino Samuel é clássica nas Escrituras para expressar a disponibilidade do homem diante de Deus, diante do seu chamado. Esta expressão, "eles“Aqui estou!” é o ato de obediência que Deus espera do homem para comunicar-se com ele.

No final Samuel aparece em toda a sua grandeza profética porque Deus está com ele; e ele não deixa cair nenhuma de suas palavras.

Segunda leitura (1Cor 6,13-15.17-20)

Paulo está respondendo aqui a um grave desvio doutrinário e moral de alguns membros da comunidade coríntia. De facto, tentaram justificar a sua total liberdade em matéria de moralidade sexual pelo princípio deduzido do v.13a: assim como o alimento é para o ventre e o ventre é para o alimento; Assim, a sexualidade deve ser utilizada, sem considerações morais. Vale dizer que a função sexual era considerada por eles apenas como uma necessidade tão natural quanto a função nutricional. Na verdade, no Império Romano daquela época, a prostituição não era condenada porque era vista como algo natural.

A resposta de Paulo é, como sempre, de ordem cristológica. O cristão é um ser novo e, como tal, já não pertence a si mesmo, pertence a Cristo e é santuário do Espírito Santo (v. 19). É por isso que ele contrasta duas formas de existência: tornar-se um com uma prostituta através da fornicação (v. 16); ou tornar-se um só espírito com o Senhor (v. 17).

A conclusão é lógica: visto que o corpo pertence a Deus, que o comprou por bom preço, Deus deve ser glorificado com o corpo, guiado ou ligado a Ele, seu verdadeiro Senhor (v. 20).

Evangelho (Jo 1,35-42):

Na cena anterior João Batista, que batizava às margens do Jordão, vê Jesus se aproximando e diz: “Este é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (Jo 1,29). No dia seguinte, olhando novamente para Jesus, repete este testemunho, mas agora na presença de dois dos seus discípulos (Jo 1,35-36).

O título “Cordeiro de Deus” aplicado a Jesus é exclusivo da tradição joanina e sua origem é um tanto misteriosa. Muito provavelmente deve ser considerado como uma referência ao cordeiro pascal, pois em Jo 19,36 antes de Jesus crucificado esta comparação com o cordeiro é repetida ao dizer que nenhum osso será quebrado (cf. Ex 12,46). Seria necessário considerar também as referências ao sacrifício de Isaque (Gn 22) e ao servo sofredor (Is 53) que os rabinos já vinculavam ao cordeiro pascal. A verdade é que o testemunho de João convence os dois discípulos porque ao ouvirem que Jesus é oCordeiro de Deusnão

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Eles hesitaram em segui-lo. Os verbos "ouvir" aparecem aqui (um vkou, ein=aprender) E siga"  (a vkolouqei/n=akoloutheîn), ambos carregados de significado teológico porque expressam atitudes típicas dos discípulos de Jesus. Por enquanto, eles abandonam o Batista e vão atrás de Jesus.

Jesus se vira e "ao vê-los", pergunta-lhes "que procuram?". Os discípulos respondem-lhe com outra pergunta: "Mestre, onde você mora?". Sobre o valor simbólico da "morada de Jesus", tendo em conta o resto do Evangelho de João, diz-nos X. León Dufour1: "Embora seja, à primeira vista, a habitação específica de Jesus, a repetição do verbo evoca, para o leitor familiarizado com Jn, a “morada” da qual Jesus falará mais tarde, a morada em Deus Pai. Assim, com a pergunta “O que você procura?”, Jesus tendia a elevar o objeto dessa busca e era uma questão para o discípulo participar da relação que une Jesus ao Pai.".

A resposta de Jesus a esta pergunta é um convite a ver por si mesmos: “Venha e veja". X. León Dufour também nos fala sobre o alcance do termo "vinda" na língua joanina2que “vir (a Jesus)” normalmente significa “crer nele” e que este primeiro “ver (a morada de Jesus)” leva a uma habitação provisória “ao seu lado”, que prepara um “ver” que ainda está além do seu alcance e que por sua vez anunciará uma “morada” definitiva.

Então eles foram e viram; e eles ficaram com ele naquele dia. A intenção do evangelista fica evidente ao destacar a necessidade de "vá e veja" (de novo=vascular) e (o'ra, w=Senhor) para que o discípulo tenha uma experiência pessoal sobre a pessoa e a vida de Jesus. E tão pessoal e íntima foi a experiência que os dois discípulos viveram que nada mais nos é contado sobre o que aconteceu naquele dia, sobre o que eles viram e viveram naquele momento. Mas o tempo estava registrado neles: “Eram cerca de quatro horas da tarde".

O que nos é revelado a seguir é a identidade de um dos discípulos: é André, irmão de Simão Pedro. Notemos que, além do nome, ele é definido como aquele que “ouviu” e “seguiu” Jesus, portanto já é um discípulo. E agora é o discípulo André quem encontra seu irmão Simão e lhe dá testemunho de Jesus: ““Encontramos o Messias”(1.41). Também aqui nos é revelado algo sobre o que aconteceu naquele dia na “morada de Jesus”, o que ali encontraram: o Messias.

André leva Pedro até Jesus, que olha para ele e muda seu nome para “pedra”. Isto indica claramente uma escolha particular de Jesus que constitui Pedro como discípulo e futuro fundamento da Igreja.

Algumas reflexões:

À medida que o ano começa, o evangelho de hoje nos oferece um belo exemplo de como começar a ser cristão. Embora repetida com frequência, a expressão de Bento XVI em “Deus é Amor” nº 1 permanece significativa:"Acreditamos no amor de Deus: é assim que o cristão pode exprimir a escolha fundamental da sua vida. “Não se começa a ser cristão através de uma decisão ética ou de uma grande ideia, mas através do encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com ele, uma orientação decisiva”.

Com efeito, o evangelho narra o início da vida cristã de dois irmãos, André e Pedro, mais um discípulo que permanece anônimo. Foi assim que tudo começou para eles. Cabe destacar algumas palavras de forte carga teológica que dominam a narrativa:testemunho, ouvir, seguir, pesquisar, ver, ser, encontrar. Neles há toda uma descrição do caminho discipular, que podemos resumir assim:ouvirseguir ever3.

  

1Leitura do Evangelho de João. João 1-4. Voo. EU(Siga-me; Salamanca 1989) 150.

2Leitura do Evangelho de João. João 1-4. Voo. EU(Siga-me; Salamanca 1989) 151.

3Sobre a relação entre ouvir e ver, o Papa Francisco diz na LF nº 30: “A ligação entre ver e ouvir, como órgãos de conhecimento da fé, aparece muito claramente no Evangelho de São João. Para o quarto Evangelho, acreditar é ouvir”. e, ao mesmo tempo, ver. A escuta da fé tem as mesmas características

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As palavras de Jesus nesta narrativa são poucas porque se trata sobretudo dever, ser e encontrar. E é o convite que se faz a cada um de nós, seja para viver ou reviver o momento do nosso primeiro encontro com o Senhor, encontro que foi o verdadeiro início da nossa vida cristã.

Ao mesmo tempo, esta narrativa, diz-nos o documento de Aparecida, apresenta-nosuma síntese do método cristão para anunciar o evangelho:“A própria natureza do cristianismo consiste, portanto, em reconhecer a presença de Jesus Cristo e segui-lo. Essa foi a bela experiência daqueles primeiros discípulos que, ao encontrarem Jesus, ficaram fascinados e cheios de espanto diante da excepcionalidade daquele que falava. para eles, antes da maneira como os tratava, correspondendo à fome e sede de vida que havia em seus corações. O evangelista João nos deixou capturou o impacto que a pessoa de Jesus teve nos dois primeiros discípulos que o conheceram, João e Andrew. Tudo começa com uma pergunta: “o que você está procurando?” (Jo 1, 38) A esta pergunta seguiu-se o convite a viver uma experiência: “vem ver” (Jo 1, 39).Esta narrativa permanecerá na história como uma síntese única do método cristão" (D. A. nº 244). "No atual continente latino-americano, surge a mesma pergunta cheia de expectativa: “Mestre, onde você mora?” (Jo 1, 38), onde te encontramos de forma adequada para “abrir um autêntico processo de conversão, comunhão e solidariedade?” Quais são os lugares, as pessoas, os dons que nos falam de ti, nos colocam em comunhão contigo e nos permitem ser teus discípulos e missionários?” (D. A. nº 245)

Em breve,O que isso está tentando nos dizer?

Emprimeiro lugar,que a fé cristã é realmente fé se for viva, se for alimentada pelo encontro pessoal com o Senhor. A doutrina e a moral são necessárias, mas o centro de tudo é este encontro com Jesus, com a sua Pessoa Viva, que nos leva a segui-lo. E este seguimento implica necessariamente ver e valorizar o mundo como Ele o vê e valoriza (fé, doutrina, mensagem) e viver como Ele viveu (moralidade). A este respeito, Card disse. Bergoglio4: "A alegria apostólica alimenta-se da contemplação de Jesus Cristo: como caminhou, como pregou, como curou, como olhou... O coração do sacerdote deve encher-se desta contemplação, e aí resolver o problema principal da sua vida : o da sua amizade com Jesus.".

Emsegundo lugar, que este encontro é uma experiência pessoal e, como tal, não é fácil de contar ou transmitir. Tanto a primeira leitura como o Evangelho não abundam nodescriçãodo encontro com Deus, mas nos apontamsuas etapas anteriores e suas consequências ou efeitos subsequentes. Ou seja, é necessário estar em atitude de busca de Deus, como os dois discípulos do evangelho; e numa atitude de disponibilidade para ouvir o que o Senhor nos quer dizer, como Samuel na primeira leitura de hoje. Quanto aos efeitos, André sai do encontro com Cristo convencido de ter encontrado o Messias, o Salvador prometido, e pronto a dar testemunho Dele. Tornou-se discípulo e missionário de Cristo. Samuel é “constituído” ou “creditado” como profeta em Israel, como alguém que recebe e transmite a autêntica Palavra de Deus. Sobre os frutos do encontro de fé, o Papa Francisco nos diz na LF nº 4: “A fé nasce do encontro com o Deus vivo, que nos chama e nos revela o seu amor, um amor que nos precede e no qual podemos confiar para estar seguros e construir a vida. Transformados por este amor, recebemos novos olhos, experimentamos que nele há uma grande promessa de plenitude e o nosso olhar se abre para o futuro.".

A este respeito, compartilho uma descrição muito bonita deste encontro com o Senhor: “De«reunião»Isso não precisa acontecer apenas uma vez na vida; mas, quando acontece, dificilmente pode ser esquecido. Quando a nossa oração vive de tal maneira«reunião», torna-se um boato silencioso que anima o coração e acompanha a nossa vida«com a sensação de uma Presença». Isso nos abre um pouco«novos olhos», tendo em vista

  

do que o conhecimento próprio do amor: é uma escuta pessoal, que distingue a voz e reconhece a do Bom Pastor (cf.JN10,3-5); uma escuta que exige seguimento, como no caso dos primeiros discípulos, que “ouviram as suas palavras e seguiram Jesus” (JN1,37)".

4Jorge Bergoglio,Mente aberta, coração crente(Claretiana; Buenos Aires 2013) 13.

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cuja realidade nos é revelada na sua verdade escondida: vemos-na mais profundamente, agimos nela com mais misericórdia e colocamo-nos diante dela com mais fidelidade. Descobrimos, em suma, que, dentro de nós e além de nós mesmos, somos«sustentado»pela presença invisível mas ativa dAquele que, ao nos despojar, aumenta o nosso ser; Ao revelar-se a nós, ilumina o nosso pensamento, ao oferecer-se a nós, liberta a nossa decisão; e, ao esconder-se de nós, amplia a nossa capacidade de amar em forma de esperança"5.

Emterceiro lugar,As leituras dizem-nos que o cristão é antes de tudo uma testemunha, isto é, alguém que viu e ouviu, que tem “experiência de Deus”. E o seu objetivo é convidar outros a fazer a mesma experiência de encontro com o Senhor. A este respeito lemos na LF nº 38: “A transmissão da fé, que brilha para todos os homens em todos os lugares, passa também pelas coordenadas temporais, de geração em geração. Como a fé nasce de um encontro que acontece na história e ilumina o caminho ao longo do tempo, ela precisa ser transmitida através dos séculos. E através de uma cadeia ininterrupta de testemunhos o rosto de Jesus chega até nós".

Em suma, o crente não pode transmitir a experiência da fé enquanto tal porque é algo extremamente pessoal, mas pode indicar o caminho para o encontro com o Senhor, mostrando aos outros os “lugares da presença de Cristo”.

Em resumo, recordemos o que disse o Papa Francisco no Angelus de 17 de janeiro de 2021:

“Detenhamo-nos por um momento nesta experiência de encontro com Cristo que nos chama a estar com Ele. Cada chamado de Deus é uma iniciativa do seu amor. É sempre Ele quem toma a iniciativa, Ele te chama. Deus chama ovida, Ligue para ofe,e ligue para umdeterminado estado de vida. "Eu quero você aqui". O primeiro chamado de Deus é paravida; com ela nos constitui como pessoas; É um chamado individual, porque Deus não faz as coisas em série. Então Deus chamafee fazer parte de sua família, como filhos de Deus. Finalmente, Deus nos chama para umdeterminado estado de vida: doar-nos no caminho do matrimónio, do sacerdócio ou da vida consagrada. São formas diferentes de realizar o projeto que Deus tem para cada um de nós, que é sempre um plano de amor. Deus sempre chama. E a maior alegria para cada crente é responder a este apelo, entregar-se completamente ao serviço de Deus e dos irmãos.

Irmãos e irmãs, diante do chamado do Senhor, que pode chegar até nós de mil maneiras, também através de pessoas, acontecimentos, tanto felizes como tristes, a nossa atitude às vezes pode ser de rejeição — “Não... tenho medo .” ...—, rejeição porque nos parece que contrasta com as nossas aspirações e também por medo, porque consideramos demasiado exigente e desconfortável. “Ah, não, não vou conseguir, melhor que não, melhor uma vida mais tranquila... Deus aí e eu aqui.” Mas o chamado de Deus é amor, temos que tentar encontrar o amor por trás de cada chamado, e ele só é atendido com amor. Esta é a linguagem: a resposta a um chamado que vem do amor é só amor. No início há um encontro, precisamente, o encontro com Jesus, que nos fala do Pai, nos dá a conhecer o seu amor. E então, espontaneamente, surge em nós também o desejo de comunicá-lo às pessoas que amamos: “Encontrei o Amor”, “Encontrei o Messias”, “Encontrei Deus”, “Encontrei Jesus”, “Encontrei encontrei o sentido da minha vida.” Numa palavra: “Encontrei Deus”.

PARA ORAÇÃO (RESSONÂNCIAS DO EVANGELHO EM ORAÇÃO):

seu servo

Cordeiro de Deus, meu Cordeiro

Hoje minhas mãos estão atadas, estou tremendo

E com frio.

  

5F.Manresa,A oração “com o sentimento de uma Presença”(Sal da Terra; Santander 1996) 18-19.

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Mas você está coberto de lã

seus olhos claros inspiram confiança

e eu preciso do seu casaco.

Você me convida para sua casa para que eu possa te ver

E está velado na Forma

Aqui a silhueta.

Mas eu sei que encontrei você, é verdade

Você estava esperando por mim

Maestro.

Diga-me quem eu sou, para estar atento

e entenda a missão

No momento.

Então me envie seu Espírito Santo

Para que eu não te decepcione

Seu servo. Amém