16º DOM TC-A

16º DOMINGO COMUM -ANO A

23/07/2023

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AS LEITURAS DESTA PÁGINA E DO MÊS TODO


1ª Leitura: Sabedoria 12,13.16-19

Salmo Responsorial 85(86)R-Ó Senhor, vós sois bom, sois clemente e fiel!

2ª Leitura: Romanos 8,26-27

Evangelho :Mateus 13,24-43

Jesus apresentou-lhes outra parábola: “O Reino dos Céus é como alguém que semeou boa semente no seu campo. 25 Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no meio do trigo e foi embora. 26 Quando o trigo cresceu e as espigas começaram a se formar, apareceu também o joio. 27 Os servos foram procurar o dono e lhe disseram: ‘Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde veio então o joio?’ 28 O dono respondeu: ‘Foi algum inimigo que fez isso’. Os servos perguntaram ao dono: ‘Queres que vamos retirar o joio?’ 29 ‘Não!’, disse ele. ‘Pode acontecer que, ao retirar o joio, arranqueis também o trigo. 30 Deixai crescer um e outro até a colheita. No momento da colheita, direi aos que cortam o trigo: retirai primeiro o joio e amarrai-o em feixes para ser queimado! O trigo, porém, guardai-o no meu celeiro!’” 31 Jesus apresentou-lhes outra parábola ainda: “O Reino dos Céus é como um grão de mostarda que alguém pegou e semeou no seu campo. 32 Embora seja a menor de todas as sementes, quando cresce, fica maior que as outras hortaliças e torna-se um arbusto, a tal ponto que os pássaros do céu vêm fazer ninhos em seus ramos”. 33 E contou-lhes mais uma parábola: “O Reino dos Céus é como o fermento que uma mulher pegou e escondeu em três porções de farinha, até que tudo ficasse fermentado”. 34 Jesus falava tudo isso em parábolas às multidões. Nada lhes falava sem usar de parábolas, 35 para se cumprir o que foi dito pelo profeta: “Abrirei a boca para falar em parábolas; vou proclamar coisas escondidas desde a criação do mundo”. 36 Então Jesus deixou as multidões e foi para casa. Seus discípulos aproximaram-se dele e disseram: “Explica-nos a parábola do joio!” 37 Ele respondeu: “Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem. 38 O campo é o mundo. A boa semente são os que pertencem ao Reino. O joio são os que pertencem ao Maligno. 39 O inimigo que semeou o joio é o diabo. A colheita é o fim dos tempos. Os que cortam o trigo são os anjos. 40 Como o joio é retirado e queimado no fogo, assim também acontecerá no fim dos tempos: 41 o Filho do Homem enviará seus anjos e eles retirarão do seu Reino toda causa de pecado e os que praticam o mal; 42 depois, serão jogados na fornalha de fogo. Ali haverá choro e ranger de dentes. 43 Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai. Quem tem ouvidos, ouça.


DOM JÚLIO ENDI AKAMINE, ARCEBISPO DE SOROCABA SP 

Mt 13,24-43

Jesus pregou três parábolas:

 1. do joio e do trigo, 

2. da semente de mostarda e 

3. do fermento na massa. 

Depois que ficaram a sós com Jesus, os discípulos pediram para lhes explicar somente a do joio e do trigo. E Jesus lhes explicou que o semeador era ele, que a boa semente são os filhos do Reino, que o joio são os filhos do maligno, que o campo é o mundo e que a colheita é o fim do mundo.

Essa parábola é uma advertência contra o otimismo triunfalista, a pressa insensata e a arrogância sectária.

Muitos pecam por otimismo triunfalista e arrogância sectária. Pensam a realidade de maneira simplista: de um lado está a Igreja feita unicamente de pessoas boas e do outro o mundo, cheio de filhos do maligno, sem esperança de salvação. Trata-se de uma triste arrogância: a própria Igreja se encarrega de destruir essa visão de uma comunidade feita só de santos. A Igreja é como o campo no qual crescem tanto o trigo quanto o joio, os bons e os maus. Graças a Deus! Se a Igreja não recolher também os pecadores, significa que eu não posso estar nela. Se a Igreja fosse feita só de santos, eu me sentiria como o mendigo à porta do hotel seis estrelas, desprezado e suportado com má vontade por uma elite de gente perfeita. Evidentemente isso não deve absolutamente justificar o pecado. Devemos todos lutar com todas as forças e odiar com todo o coração o pecado. Mas o pecador tem lugar na Igreja: graças a Deus!

A parábola é também um antídoto contra a pressa insensata. O tempo do julgamento ainda não chegou e até lá não sabemos quem é trigo e quem é joio. O mundo e a Igreja não se dividem entre filhos das trevas e filhos da luz. Pelo certo somos todos filhos das trevas, somos todos joio, chamados, porém, a nos tornarmos filhos da luz e bom trigo de Deus. Na natureza o joio não pode se transformar em trigo. Na Igreja, pela graça de Deus, podemos deixar de ser filhos do maligno para nos tornar filhos de Deus. É, portanto, insensato e soberba condenar alguém como filho do maligno destinado ao inferno. Santo Agostinho tem uma afirmação que nos alerta: “quantas ovelhas estão fora, e quantos lobos estão dentro”. Mais uma vez não se trata de classificar entre ovelhas e lobos. Isso somente o Juiz pode fazer. 

Impaciência é a atitude de quem se acha no direito de julgar quem é joio que deve ser arrancado do mundo e da Igreja. Os impacientes são os que só sabem invocar os castigos divinos contra os outros e se acham no direito de apontar os que Deus deve fulminar. São os que se comprazem em excomungar os outros julgando-se mais católicos do que o Papa. Eles são movidos por um zelo falso que os leva a condenar os outros sem caridade e autocrítica. O silêncio e a paciência de Deus chegam quase a escandalizá-los. Aqui mais uma advertência: se tudo isso a gente aplica muito facilmente aos outros; é preciso usar a mesma medida para si próprio.

A Igreja é como o campo em que o joio e o trigo crescem juntos. Nela podemos crescer, nos converter e sobretudo imitar a paciência de Deus. “Os maus existem no mundo ou para se converterem, ou para que por eles os bons exercitem a paciência” (Santo Agostinho). 

Paciência não é resignação ao mal, não é passividade frente ao pecado. Exatamente o inverso: paciente é o que persevera no bem porque sabe que ele triunfa, mesmo que tudo pareça demonstrar o inverso. Muitos perderam a paciência cristã porque se renderam à lógica do pecado, se aliaram aos corruptos, entregaram-se à lei do mais forte. A esses a parábola de hoje continua como uma advertência e como um chamado à esperança: o pecador pode se converter; por mais ruim que seja pode ainda se tornar um grande santo.

No Reino de Deus não há lugar para pessoas impacientes: para os que desistiram do bem e para os que se consideram no direito de julgar e de se separar dos maus. 

A paciência de Deus deve ser para nós um modelo. O que fazer com o pecador? Nada. Como o joio, devemos deixá-lo crescer! Crescer para se converter e se santificar. O que devemos fazer é não impedir esse crescimento e nos esforçar para favorecer tal crescimento. O mesmo vale para nós: o que a Igreja deve fazer comigo pecador? Deixar crescer!

Se alguém peca, deve ser corrigido com amor. Se eu peco, espero ser corrigido para que não seja condenado no julgamento final. Todos nós somos joio em caminho de nos tornar trigo puro de Deus. Para isso devemos nos ajudar uns aos outros: rezar uns pelos outros, nos encorajar na prática do bem, corrigir com caridade, estimular na busca da salvação. 

Recebamos nesta missa o grão de trigo caído por terra, que morreu e produziu abundante fruto, que foi triturado para ser o Pão que desce do céu para nos alimentar e nos fortalecer.


Quem deve julgar e recompensar é o Senhor! Deixai crescer. Pe. Rodolfo G. Morbiolo


A liturgia deste Domingo Comum é um grande desafio à compreensão do mistério da ação misericordiosa de Deus. A ideia de "deixar crescer" até o fim, é muito diferente da posição humana tradicional, que buscando perfeição e acabamento, jamais suportaria ver um jardim infestado de plantas que não foram semeadas, mas apareceram e podem ameaçar a plantação.

Também precisamos fazer uma distinção importante na leitura do Evangelho. Há de fato, na pregação de Jesus, pelo menos dois processos de colheita (messe). Aquele ao qual são enviados "os operários" escolhidos pelo Senhor na última hora, isto é, os discípulos e apóstolos do Cordeiro. E aquele processo final, destacado na leitura de hoje, onde os ceifeiros serão os Anjos do Céu, enviados pelo Senhor que voltará para julgar a terra inteira. Não vamos aqui aprofundar uma ideia bastante interessante, mas que excede a reflexão presente, de que os apóstolos, de certo modo, investidos dos poderes de Cristo, exercem a função angélica no Novo Testamento, de modo que são eles agora os mensageiros e mediadores da graça e verdade de Cristo que lhes foi confiada, nesses tempos que são os últimos, em vista da salvação da humanidade e da colheita do Reino.

Vamos, contudo, na direção proposta pelas outras leituras desta liturgia: o sentido permeado pela misericórdia e clemência divinas, sempre disponíveis ao ser humano, conforme canta o Salmista. Por meio destas graças, o homem e a mulher têm a possibilidade de experimentar a força de Deus em vista de sua salvação (primeira leitura) e o dom do Espírito que sustenta a sua oração (segunda leitura).

E o julgamento? Pertence ao Senhor. O papel dos seus colaboradores é deixar crescer o que está plantado no jardim. Este mandamento de Jesus se liga à promessa pós-diluviana de Deus que não mais extinguir a vida humana, mas de comprometer-se com sua salvação e resgate. Por detrás das figuras do trigo e do joio estão as pessoas humanas que foram chamadas a viver como filhos e filhas de Deus. Deixar crescer o joio está em função do risco de perder o trigo. Assim, o "deixar crescer" não muda a natureza das coisas: o que pertence à ordem do que é bom, é bom e será resgatado no fim; o que não pertence a esta ordem de coisas, será queimado ao fogo e destruído, no fim. Aquele que é bom, como Deus é bom, vive como verdadeiro filho e filha de Deus. Aquele é mal, procede do maligno e seu comportamento iníquo o identifica com o Diabo.

Tal decisão: "deixar crescer", ainda enfatiza a força do trigo. São incomparáveis a vitalidade, a força e a fecundidade daqueles que estão alicerçados em Deus, em relação àqueles que os perseguem. Aos primeiros se aplica aquela outra passagem do Evangelho que diz: vieram as chuvas, e a enchente, os ventos deram contra a casa, mas ela não caiu! Os outros são insustentáveis, e não resistem ao fluxo do tempo e da história. Um último desafio a meditarmos é a paciência de Deus, e a ansiedade humana frente ao mandamento do "deixar crescer". A misericórdia comemora a paciência histórica de Deus de suportar os maus e o mal, para dar oportunidade aos filhos do bem de manifestar os frutos da presença de Deus em suas vidas. Por isso, Deus tolera o mal, pois a fecundidade dos filhos do bem, quando são provados, é incalculável. Lembremos dos primeiros cristãos lançados às feras, o sangue dos mártires, o crescimento da fé, as conversões que se multiplicaram amparadas na celebração ininterrupta da Eucaristia.

Certamente, este é um carisma indispensável para este momento histórico no qual vivemos e somos: a paciência histórica de Deus para "deixar crescer" e a humildade invencível de reconhecer que o jardim do mundo não é nosso, mas de Deus e quem define as regras de convivência, não somos nós, mas o Senhor. Sem obediência e temor ao Senhor, não há sabedoria!

Santo Domingo.

Padre Rodolfo Gasparini Morbiolo, SOROCABA SP



A paciência que nos faz criativos - Adroaldo Palaoro

16°DomTC-Mt 13,24-43-Ano A-23-07-23


A impressão que temos é que a paciência deixou de ser a virtude de nosso tempo; parece estar ameaçada de extinção. Aumenta a ansiedade que não espera, a angústia de não ter ainda o que se busca e a inquietude que parece não ter fim. Vivemos o tempo do imediatismo, da instantaneidade e da urgência. A pressa é a marca do nosso ritmo de vida e, por isso, nossas ações, decisões e a 

construção de nós mesmos são tão efêmeras e sem raízes. O impaciente se afoga em sua instabilidade, atropela tudo e rompe a harmonia, a beleza e a relação com os outros.

No entanto, a paciência é a atitude que faz vir à tona um conjunto de qualidades que nos fazem crescer como pessoas: saber esperar o ritmo das coisas e pessoas, tolerar o novo e diferente, aprender a conviver com aquilo que nos é próprio e respeitar o dos demais, firmeza na adversidade, levar adiante nossas próprias convicções, deixar-nos tocar pela crítica construtiva, olhar a realidade com uma visão mais ampla, crer naquilo que podemos chegar a ser, guardar no coração aquilo que ainda não está resolvido, não atropelar as pretensões dos outros, entrar em harmonia com a natureza, sonhar com uma realidade nova, trabalhar e confiar, respeitar o tempo de maturação das pessoas...

 paciência não é um controle absoluto de tudo, senão impedir que a urgência das coisas nos arraste para o turbilhão de pressas que nos impede respirar, pensar, decidir e agir com criatividade.

Em hebraico, a expressão “ser paciente”, significa “ter grandes narinas”. Isso quer dizer: respirar profundamente. De fato, ser paciente é ter uma respiração larga, uma respiração profunda.

Observemos a maneira como respiramos, quando estamos impacientes; a respiração se torna curta quando estamos ansiosos. Ativar em nós a paciência é entrar no fluxo do ritmo tranquilo da respiração.

Ser paciente é voltar sobre nossos próprios pés, enraizar-nos, aterrissar, estar aí, não nos deixar arrastar pela emoção. Após ter expirado profundamente, alguém é capaz de escutar o outro, é capaz de ser paciente.

A paciência é tecida na espera, mas também é uma virtude que se ativa no esforço constante, muitas vezes rotineiro e pouco heroico. A paciência abre a possibilidade do novo futuro, mantém acesa a busca e movimenta valores como a perseverança, o discernimento, a confiança, a resistência, a contemplação...

Segundo o evangelho deste domingo, o mistério escondido numa semente e as potencialidades presentes no ser humano merecem de todos nós o sagrado respeito pelo ritmo de crescimento, suscitando em nós uma atitude de admiração e encantamento.

A sementeira já foi realizada com êxito, as forças de Deus continuam agindo, mesmo ocultas e desenvolvendo-se de uma forma silenciosa. Ainda não chegou a colheita, mas, com certeza ela virá. Enquanto isso, convém esperar pacientes e tranquilos e confiar na ação providente de Deus. O ativismo, a pressa e a inquietação não nos farão atingir os objetivos que almejamos; não são as pessoas que realizam o Reino de Deus por suas forças; o Reino chega pela força de Deus e vai crescendo silenciosamente, “por si só”, sem que se perceba a sua expansão.

As três pequenas e inspiradas parábolas deste domingo nos falam de espera paciente, de respeito aos ritmos e processos, de confiança no dinamismo da vida... Jesus, em diferentes intervenções, faz referência a todo o processo agrícola, desde o plantio da semente até a colheita dos frutos. Semear, cuidar do crescimento, colher... tem seu ritmo próprio, o ritmo da natureza.

As três parábolas têm uma mensagem comum. Nas três, o Reino de Deus se compara com algo pequeno e, ao mesmo tempo, carregado de vida, que cresce e se manifesta pouco a pouco, a partir de dentro, sem ruídos nem aparências. Não se impõe como uma superestrutura na qual vivemos ou temos, mas que perpassa e transforma tudo, como uma força silenciosa, mas potente, que vem da natureza, não de nós mesmos.

Infelizmente, estamos perdendo o ritmo da natureza e queremos que tudo aconteça com a mesma rapidez quando nos comunicamos através dos meios eletrônicos. Temos “entranhas de impaciência”. Desistimos facilmente diante da falta de frutos ou as más ervas que crescem no campo da vida; queremos que as coisas sejam como imaginamos que devem ser; queremos plantar hoje e encher os celeiros amanhã. É preciso voltar a aprender com a mãe natureza.

Um olhar repousado e paciente supõe capacidade contemplativa e vida interior, aprender a diminuir a velocidade de nossas vidas, ações e pensamentos, e preparar-nos para a serenidade e para a espera criativa.

“A idolatria começa com um gesto de impaciência” (Onaknin). Na parábola do trigo e joio a impaciência dos empregados leva-os a querer ter o controle do campo, onde fora semeada boa semente. A paciência, pelo contrário, está na entranha mesma da Vontade de Deus, que quer que cada coisa se desenvolva em liberdade, com seu tempo e seu espaço, sem que ninguém se sinta ameaçado. A paciência é mão estendida para Deus e para o outro, enquanto a impaciência é um punho que ameaça e arrebata.

O “apressado”, coloca-se em estado de revolta contra o que ainda está inacabado, sufocando seu amadurecer e impedindo o ritmo normal de desenvolvimento.

A “pressa” tende a mostrar-se raivosa e impor-se, cega, à realidade. Prisioneiro de suas limitações, o impaciente julga absurda toda demora e mostra-se incapaz de ter interesse por tudo o que o cerca. Impaciente e irado, caracteriza-se pela intolerância que é destruidora.

A paciência, por sua vez, nos dispõe a olhar ao nosso redor e sermos surpreendidos por tanta beleza; ela nos possibilita aguardar e deixar-nos “tocar” por algo surpreendente.

Cada um de nós recebeu milhões de boas sementes ao longo de nossa vida. Também nos foram oferecidos todos os nutrientes que precisamos para crescer em meio às más ervas, misturadas em nossa realidade interior. Será que somos conscientes de que germinar e dar frutos, fermentar e mudar nosso ambiente, é um processo lento que requer nossa colaboração? Como vivemos os tempos nos quais parece que estamos debaixo da terra, no escuro, para poder sair e dar frutos?

É preciso, sobretudo, escutar nosso terreno interior com mais profundidade. Ali há um rico “celeiro” e reservas dos melhores recursos que devem ser mobilizados para o nosso crescimento e maturidade.

A espiritualidade inaciana nos revela que a paciência é uma ferramenta imprescindível no processo de decisão, uma luz que indica o próximo passo no longo caminho de construção de nós mesmos. O hábito permanente do discernimento pode tornar revolucionários os pequenos gestos de cada dia.

Pois a paciência implica aprender a parar nas encruzilhadas dos caminhos para eleger o melhor.

A paciência faz a vida; ela mobiliza nossos recursos mais nobres, desperta a criatividade e nos impulsiona a investir nossas melhores energias naquilo que é essencial e que dá sentido ao nosso caminhar.

Para meditar na oração:

Devemos deixar transparecer a paciência do Criador e trazer em nós a marca do tempo, dominando a pressa, purificando-a pela mística da atenção a tudo e todos que compõem o nosso cotidiano. Como simples peregrinos que somos, sempre a caminho, haveremos de suportar, pacientes, o adiamento. Em clima de festa sentiremos a vida em sua lenta e promissora evolução.

- Seu ritmo cotidiano é iluminado pela paciência do Criador, que trabalha em tudo e em todos ou ele tem a marca da pressa, da ansiedade, da impaciência?...



A importância do pequeno - José Antonio Pagola


Ao cristianismo foi muito prejudicial ao longo dos séculos o triunfalismo, a sede de poder e a ânsia de impor-se aos seus adversários. Todavia há cristãos que anseiam por uma Igreja poderosa que encha os templos, conquiste as ruas e imponha a sua religião a toda a sociedade.

Temos de voltar a ler as pequenas parábolas em que Jesus deixa claro que a tarefa dos seus seguidores não é construir uma religião poderosa, mas colocar-se a serviço do projeto humanizador do Pai - o reino de Deus - semeando pequenas «sementes» de Evangelho e introduzindo-as na sociedade como pequeno «fermento» de uma vida humana.

A primeira parábola fala de um grão de mostarda que se semeia na horta. Que tem de especial esta semente? Que é a mais pequena de todas, mas, quando cresce, converte-se num arbusto maior que as hortaliças. O projeto do Pai tem um início muito humilde, mas a sua força transformadora não podemos agora nem imaginar.

A atividade de Jesus na Galileia semeando gestos de bondade e de justiça não é nada de grandioso nem espetacular: nem em Roma nem no Templo de Jerusalém são conscientes do que está sucedendo. O trabalho que realizamos hoje seus seguidores parece insignificante: os centros de poder o ignoram.

Inclusive os mesmos cristãos podemos pensar que é inútil trabalhar por um mundo melhor: o ser humano volta uma e outra vez a cometer os mesmos horrores de sempre. Não somos capazes de captar o lento crescimento do reino de Deus.

A segunda parábola fala de uma mulher que introduz um pouco de levedura numa grande massa de farinha. Sem que ninguém saiba como, a levedura vai trabalhando silenciosamente a massa até a fermentar inteiramente.

Assim sucede com o projeto humanizador de Deus. Uma vez que é introduzido no mundo, vai transformando silenciosamente a história humana. Deus não atua impondo-se a partir de fora. Humaniza o mundo atraindo as consciências dos seus filhos para uma vida mais digna, justa e fraterna.

Temos de confiar em Jesus. O reino de Deus sempre é algo humilde e pequeno nos seus inícios, mas Deus está já a trabalhar entre nós promovendo a solidariedade, o desejo de verdade e de justiça, a ânsia de um mundo mais ditoso. Temos de colaborar com Ele seguindo Jesus.

Uma Igreja menos poderosa, mais desprovida de privilégios, mais pobre e mais próxima dos pobres sempre será uma Igreja mais livre para semear sementes de Evangelho e mais humilde para viver no meio das pessoas como fermento de uma vida mais digna e fraterna.



Mateus 13,24-43 - Joio e trigo crescem juntos - Mesters, Lopes e Orofino


O evangelho para a liturgia deste domingo nos leva a meditar sobre a parábola do joio e do trigo. Tanto na sociedade como na comunidade e na vida de todos nós, existe tudo misturado: qualidades boas e incoerências, limites e falhas. Nas nossas comunidades, reúnem-se pessoas que vêm dos vários cantos do Brasil, cada uma com a sua história, com a sua vivência, a sua opinião, os seus anseios, as suas diferenças. Existem pessoas que não sabem conviver com as diferenças. Querem ser juízes dos outros. Acham que só elas estão certas, e os outros errados. A parábola do joio e do trigo ajuda a não cair na tentação de querer excluir da comunidade os que não pensam como nós.

Os empregados que aparecem na parábola representam certos membros da comunidade. 

O dono da terra representa Deus. 

Prestemos atenção nas atitudes dos empregados e na reação do dono da terra.

A parábola no Sermão das Parábolas

Estamos aqui no centro do Evangelho de Mateus. O coração deste centro é a parábola do joio e do trigo. É nela que aparece a recomendação mais importante para as comunidades da época.

Durante séculos, por causa da observância das leis de pureza, os judeus tinham vivido separados das outras nações. Este isolamento marcou a vida deles. Mesmo depois de convertidos, alguns continuavam nesta mesma observância que os separava dos outros. Eles queriam a pureza total. Qualquer sinal de impureza devia ser extirpado em nome de Deus. “Não pode haver tolerância com o pecado”, diziam eles. Mas outros, como Paulo, ensinavam que a Nova Lei de Deus, trazida por Jesus, pedia o contrário. Eles diziam: “Não pode haver tolerância com o pecado, mas deve haver tolerância com o pecador!” A comunidade deve vencer a tentação de querer excluir os que pensam de modo diferente. Este é o pano de fundo da parábola do joio e do trigo.

1. Mt 13,24-26: A situação: joio e trigo crescem juntos

A palavra de Deus que faz nascer a comunidade é semente boa, mas nas comunidades sempre aparecem coisas que são contrárias à palavra de Deus. De onde vêm? Essa era a discussão. 

2. Mt 13,27-28a: A causa da mistura que existe na vida

Um inimigo fez isso. Quem é este inimigo? O inimigo, o adversário, Satanás ou diabo (Mt 13,39) - aquele que divide, que desvia. A tendência de divisão existe dentro de cada um de nós. O desejo de dominar, de se aproveitar da comunidade para são do inimigo que dorme dentro de cada um de nós. 

3. Mt 13,28b-30: A reação diferente diante da ambiguidade

Diante dessa mistura do bem e do mal, tem gente que quer arrancar o joio. Pensavam: “Se deixarmos todo o mundo na comunidade, perdemos nossa razão de ser! Perdemos a nossa identidade!” Queriam expulsar os que pensavam de modo diferente. Mas esta não é a decisão do Dono da terra. Ele diz: “Deixa-os crescerem juntos até a colheita!” O que vai decidir não é o que cada um fala e diz, e sim o que cada um vive e faz. É pelo fruto produzido que Deus nos julgará. A força e o dinamismo do Reino se manifestam na comunidade. Mesmo sendo pequena e cheia de contradições, ela é um sinal do Reino. Mas a comunidade não é dona do Reino, nem pode considerar-se justa. A parábola do joio e do trigo explica a maneira como a força do Reino age na história. É preciso ter paciência e aprender a conviver com as contradições e as diferenças, mesmo tendo uma opção clara pela justiça do Reino.

Ensino em parábolas

A parábola é um instrumento pedagógico que usa o quotidiano para mostrar como a vida nos fala de Deus. Torna a realidade transparente e faz o olhar da gente ficar contemplativo. Uma parábola aponta para as coisas da vida e, por isso mesmo, é um ensinamento aberto, pois das coisas da vida todo o mundo tem alguma experiência. O ensinamento por parábolas faz a pessoa partir da experiência que tem: semente, sal, luz, ovelha, flor, passarinho, mulher, criança, pai, rede, peixe, etc. Assim, ele torna a vida quotidiana transparente, reveladora da presença e da ação de Deus. Jesus não costumava explicar as parábolas. Geralmente, terminava com esta frase: “Quem tem ouvidos, ouça!” (Mt 11,15; 13,9.43). Ou seja: “É isso! Vocês ouviram! Agora tratem de entender!” Jesus deixava o sentido da parábola em aberto e não o determinava. Sinal de que acreditava na capacidade do povo de descobrir o sentido da parábola, baseado na sua experiência de vida.

De vez em quando, a pedido dos discípulos, ele explicava o sentido (Mt 13,10.3). Por exemplo, os versículos 36-43 trazem a explicação da parábola do joio e do trigo. Ela mostra como se fazia catequese naquele tempo. As comunidades se reuniam e discutiam as parábolas de Jesus, procurando saber o que ele queria dizer. Assim, pouco a pouco, o ensinamento aberto de Jesus começava a ser afunilado na catequese da comunidade que aceitava apenas uma explicação da parábola. Ela não tinha a mesma confiança de Jesus na capacidade do povo de entender as coisas do Reino.



Deixai que o joio e o trigo cresçam juntos - Enzo Bianchi


Continuamos a leitura do discurso parabólico de Jesus no Evangelho segundo Mateus. Depois da parábola do semeador e da sua explicação, eis outra parábola ainda referente à semeadura. Mas, se na primeira, a ênfase caía nos diversos terrenos nos quais caía o grão bom, aqui, ao contrário, a atenção vai para o objeto da semeadura: boa semente ou má semente.

Ouçamos, portanto, a narração:

“O Reino dos Céus é como um homem que semeou boa semente no seu campo. Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no meio do trigo, e foi embora. Quando o trigo cresceu e as espigas começaram a se formar, apareceu também o joio.”

Assim acontece na vida dos seres humanos e na história do mundo. Há uma semeadura de grão bom, que é feita durante o dia pelo agricultor no seu campo para obter fruto, um fruto abundante e bom. Às vezes, porém, acontece que alguém faz outra semeadura: e a faz de noite, às escondidas, porque sabe que está cometendo uma ação maléfica. Ele semeia joio, erva que não dá fruto, mas explora o terreno e acaba sufocando a boa semente. Assim, em certo momento do crescimento do trigo, aparece também essa erva daninha... Então, o campo não é mais uma esperança de boa colheita, mas parece ameaçado, de modo que o fatigante trabalho não dará o fruto previsto.

Essa descoberta surpreende e entristece o agricultor. Como é possível? Por quê? O que aconteceu e o que o agricultor não viu, não observou? São perguntas que dizem respeito ao mal presente ao lado do bem. Em certo ponto da nossa existência, nós também descobrimos a presença do mal: quem o introduziu em nós e ao nosso redor? Por que não o percebemos?

É uma experiência dolorosa também, que requer um discernimento sobre nós e sobre a nossa vida: acolhemos a palavra de Deus, meditamo-la e conservamo-la, também tentamos realizá-la (cf. Mt 13, 22-23), mas eis que aparece o mal como obra das nossas mãos.

É também a experiência da comunidade cristã, da Igreja, que é um corpus mixtum, porque fazem parte dela fortes e fracos, simples e eruditos, justos e pecadores, fiéis e infiéis. Não era assim também a pequena comunidade de Jesus? No seu interior, houve quem traiu, quem renegou, quem era medroso e covarde, quem fugiu...

Quem lê situações como essas se assemelha aos servos da parábola, que, dada a situação do campo, interrogam o dono sobre o trigo semeado; e, sabendo que um inimigo fez a operação de semeadura do joio, propõe extirpar essa erva daninha. Aos seus olhos, tal separação é necessária para que o trigo possa crescer sem ser privado de substâncias vitais e de espaço.

Mas o dono tem outra ótica: a da paciência, da espera paciente de um tempo em que se possa separar a erva daninha da boa semente, sem prejudicar esta última. Ele sabe que, no desejo de erradicar o mal, existe o risco de erradicar ou pelo menos de desestabilizar também o bem. É preciso paciência por parte do dono e, por parte da boa semente, um exercício de mansidão, que aceita ao seu lado a presença de plantas más.

É claro, virá a hora da colheita, do juízo – como Jesus esclarece melhor na explicação da parábola, solicitada pelos discípulos – e, então, haverá a separação, porque o pão será produzido com o trigo bom, enquanto o joio será queimado: mas, enquanto isso, há a necessidade de espera paciente e de mansidão.

A intransigência, a busca da pureza a todo custo, a rigidez de querer uma comunidade composta totalmente por justos são perigosas, porque as fronteiras entre o bem e o mal, entre justiça e injustiça, às vezes, não são tão claras. Essa primeira parábola é uma advertência sobre o nosso estilo de vida eclesial, pedindo aquela paciência que sabe adiar um ato legítimo, mesmo por parte daqueles que são competentes, como os ceifadores, e enviá-lo para a hora que não nos pertence, a do juízo. Sim, para as pessoas que creem, há tentações ao mal justamente quando “veem” o bem: intolerância, partidarismo, integralismos, militância contra... É a tentação do catarismo: somente puros!

Depois, Jesus propôs outra pequena parábola:

“O Reino dos Céus é como uma semente de mostarda que um homem pega e semeia no seu campo.”

Aqui, ele chama a atenção para a pequenez da semente de mostarda: uma planta do pomar, um arbusto cuja semente é muito pequena, minúscula. Porém, se for semeada no campo, ela cresce, cresce até se tornar uma planta com ramos nos quais os pássaros podem fazer os seus ninhos.

A atenção é posta sobre o momento inicial e sobre o final, e, portanto, a mensagem deve ser apreendida na oposição “o menor/o maior”. É surpreendente, em certo sentido até mesmo escandaloso, mas é assim: o reino dos céus pertence a realidades que não se impõem por grandeza, quase não se veem, como o grão de mostarda. No início, a realidade é realmente pequena, e os homens não parecem não levar isso em conta nem têm a possibilidade de apreciá-la. No entanto, pequenas realidades têm inscrita dentro de si a capacidade de ser uma força, de instaurar uma dinâmica que se manifesta em um crescimento aparentemente prodigioso, especialmente se considerarmos a pequenez inicial da semente.

Jesus mostra que está ciente de que esse início da pregação do Reino quase não era observável, mas também sabe que haverá um crescimento e a presença do Reino se fará sentir quando, tendo crescido como uma árvore, oferecer os seus ramos aos gentios, aos não judeus, aos pagãos, para que eles também possam habitar nos ramos do Reino.

E atenção: a dýnamis (cf. Rm 1, 16), o poder imperceptível da semente de mostarda, que a faz se tornar uma árvore, não se identifica com os cristãos, mas com o Reino, de modo que a árvore não é a Igreja, mas o Reino. E, ainda, não é a árvore que dá força à semente, mas é a semente que, com a sua força, se desenvolve em árvore!

Assim acontece com o reino dos céus: no hoje dos fiéis, ele sempre parece ser uma realidade pequena, mas, no futuro, será manifestada a sua grandeza. O discípulo deve olhar para o contraste entre o hoje e o futuro, mas também deve entender que o futuro depende precisamente da pequenez do hoje.

A parábola, portanto, é revelação, levanta o véu sobre o fato do reino e declara que os critérios de grandeza e de aparência, critérios mundanos, não devem ser aplicados à história do reino de Deus: a força do Reino não deve ser confundida com o fascínio da grandeza, conjugável, de vez em quando, como número, prestígio, poder...

Na mesma perspectiva segue a parábola ou, melhor, a semelhança do fermento, voltada novamente a mostrar a relação pequeno/grande: uma pitada de fermento faz fermentar “três medidas”, isto é, cerca de 40 kg de massa!

Nas cartas paulinas, há uma imagem negativa do fermento (1Co 5, 6-8; Gl 5, 9), mas aqui a semelhança é invertida, subverte tal concepção, e, assim, a atenção do discípulo é capturada ainda mais eficazmente: o bem também é contagioso, não só o mal.

Por outro lado, se, na parábola anterior, a árvore que cresceu a partir da semente era visível, aqui o fermento desaparece na farinha, quase como que dizendo que aquela força que entrou na massa a faz fermentar justamente desaparecendo nela.

Conhecemos bem essa imagem, muitas vezes citada também nas homilias e na catequese, mas é preciso ser vigilante e inteligente: não ceder à metáfora fácil dos cristãos como fermento do mundo, porque o fermento é o Reino, é ele a força que faz fermentar o mundo, não os cristãos. Estes não são nem o fermento nem a massa, mas são aqueles que o fermento já fez fermentar para ser “pão cozido” (como se lê no “Martírio de São Policarpo” 15, 2), despedaçado pelo mundo e oferecido ao Senhor.

Na conclusão das duas parábolas e da semelhança, eis a anotação do narrador, o evangelista Mateus:

“Tudo isso Jesus falava em parábolas às multidões. Nada lhes falava sem usar parábolas, para se cumprir o que foi dito pelo profeta: ‘Abrirei a boca para falar em parábolas; vou proclamar coisas escondidas desde a criação do mundo’ (Sl 77, 2).”

Essa citação se encontra no Salmo 77, atribuída a Asaf (Sl 77, 1), profeta cantor que medita sobre a vinda de Davi (cf. 2Cr 29, 30), o servo de Deus pastor de Israel. Ele diz que proclama, literalmente, “os enigmas dos tempos antigos” (Sl 77, 2). Mateus prefere falar de “coisas escondidas desde a criação do mundo”, mas a ideia expressada é semelhante. Deus escondeu a realidade antes da criação do mundo, para a revelar no tempo oportuno: de fato, se se esconde algo (justamente como o fermento, literalmente, “está escondido” na farinha), é para reencontrá-lo mais tarde!

E assim somos confrontados com a revelação de Jesus, mistério inesgotável, no qual há realidades escondidas a serem descobertas, a serem acolhidas, a serem invocadas da parte do Senhor como revelação plena, levantada do véu. E tudo isso para que possamos conhecer mais a ele, o Senhor Jesus Cristo (cf. Fl 3, 10), e, conhecendo-o, amá-lo mais, em uma íntima comunhão de vida, capaz de nos transformar sem que saibamos como (Mc 4, 27).



Reino de Deus se constroi a cada dia - Ana Maria Casarotti


Na narrativa de hoje, Jesus continua usando parábolas para dar a conhecer o Reino de Deus. Desta forma responde as perguntas que aparecem nas comunidades dos primeiros cristãos para quem foi dirigido o Evangelho. As dificuldades eram muitas, as persecuções cresciam e isso gerava muitas perguntas e possivelmente dúvidas nos cristãos desse primeiro século.

Parábolas que ao longo de tantos séculos são uma resposta a essas perguntas que fazem parte do caminhar dos cristãos e das comunidades. Jesus usa parábolas para explicar a natureza do Reino, que não é possível definir porque está em contínuo movimento, não é fixo, se constrói continuamente.

Hoje Jesus apresenta algumas características desse Reino através das parábolas.

Na primeira parábola ele disse que “O Reino do Céu é como um homem que semeou boa semente no seu campo”. Podemos pensar que esse homem é Jesus que continuamente está plantando boa semente no seu campo. Esse campo lhe pertence e ele sabe que está preparado para acolher essa semente. Como bom semeador, sabe como deve ser atendida. É sua semente e o campo também.

Mas, “Uma noite, quando todos dormiam, veio o inimigo dele, semeou joio no meio do trigo, e foi embora”.

Este homem aparece durante a noite, quando tudo está escuro e ninguém pode vê-lo. As trevas eram geralmente consideradas dos espíritos maus e por isso o texto explica que o joio é semeado durante a noite. Nesse momento aparece o joio, mas Jesus não permite que seja desenterrado. Porque “Pode acontecer que, arrancando o joio, vocês arranquem também o trigo. Deixem crescer um e outro até a colheita. E no tempo da colheita direi aos ceifadores: arranquem primeiro o joio, e o amarrem em feixes para ser queimado. Depois recolham o trigo no meu celeiro!”

Jesus é o dono da colheita, para ele não é problema que cresçam juntos. Ao contrário, nossas determinações podem estar erradas, e podemos acabar perdendo a boa semente! Há uma tentação dos cristãos e das comunidades em decidir pela sua conta quem são boas pessoas e quem são más pessoas: os “bons” e os “maus”.

No texto de hoje, convida-nos a pensar que na nossa vida também há joio que tenta escurecer o trigo que foi semeado. Esse joio semeado pelo inimigo da boa semente tenta atuar durante a noite quando surgem momentos da escuridão que podem ser desconhecidos até por nós mesmos, emerge desejo de justiça, como se fôssemos donos da verdade, do perfeito, daquilo que deve ser realizado. “Os outros” estão errados e procuramos arrancá-los sem considerar o possível trigo que está crescendo ao seu lado. Assim tendemos a censurar, condenar, julgamos como se fôssemos portadores de uma verdade absoluta.

Em cada um de nós existe essa noite onde o joio é espargido seja no nosso interior, na nossa história, seja na vida daqueles que nos rodeiam. Esta parábola convida-nos a não ser juízes e a saber conviver com o diferente e não ser cristãos que procuram impôr sua fé às pessoas.

Voltando ao texto, Jesus usa o exemplo de um grão de mostarda e o fermento como representação do Reino. O grão de mostarda é uma semente muito pequena, quase insignificante, mas escolhe “morrer na terra para dar fruto abundante”.

A levedura deve ser misturada com farinha, água, deve “entregar-se” à vontade dos outros para ser transformada em pão e ser assim alimento para os outros.

Para ser pão temos que ser como o fermento que desaparece porque se deixa misturar com a farinha ou como o grão de mostarda que se transforma numa árvore. Peçamos ao Espírito que sejamos sempre dóceis à sua voz e para assim nos transformar naquilo que serve e ser alimento para aqueles e aquelas que estão famintos e procuram o pão!


Oração

O Agora Novo

“Sem saber como” (Mc 4,27),

se gesta a vida nova

no grão de trigo.

Um muro de Berlim,


ão furado pelas balas,

tão manchado pelo sangue,

um dia se converte

em brinquedo de crianças,

“sem saber como”.

Todos querem apoderar-se

da espiga madura

poucos querem enterrar-se

como grão de trigo

onde se forma o futuro

“sem saber como”.

Todos se lançam às ruas

com danças e bandeiras

quando a liberdade explode.

poucos se escondem vivos

na escuridão clandestina

onde se busca às apalpadelas

“sem saber como”.

Todos sonham com o Reino,

prometem-no, pintam-no, e cantam-no.

poucos o alimentam

no gérmen diminuto

de intuições e de insônias

em horários e sem pagamento

onde começa trêmulo“sem saber como”.



TEXTO EM ESPANHOL De Dom Damian Nannini, Argentina

DOMINGO 16 DURANTE EL AÑO CICLO "A"

 

Primera lectura (Sab 12,13.16-19)

 

            El texto de hoy forma parte de una sección (12,8-18) que trata del castigo moderado y ejemplar por parte de Dios a los cananeos. Ahora bien, partiendo de esta actuación concreta de Dios en la historia, el autor da vuelo a sus reflexiones (¡es un texto sapiencial!) sobre la pedagogía de Dios con los hombres, más precisamente sobre la justicia divina. En breve, esta sección enseña que "aun castigando, Dios revela su misericordia"[1].

            El sabio afirma en primer lugar la absoluta independencia de Dios por su fuerza y su dominio sobre todos los seres; pero al mismo tiempo sostiene que este poder autónomo y absoluto no está reñido con la justicia y la clemencia. Al contrario, el sabio habla con Dios y le reconoce que: "tu fuerza es el principio de tu justicia, y tu dominio sobre todas las cosas te hace indulgente con todos" (12,16). Así, con los que no creen en su poder, Dios utiliza la fuerza; pero al mismo tiempo muestra moderación en sus juicios e indulgencia en su gobierno.

            El aspecto pedagógico se descubre bien en el versículo 12,19 por cuanto este modo de obrar de Dios enseña al pueblo que "el justo debe ser amigo de los hombres (filántropon)".

 

 Evangelio (Mt 13,24-43)

 

            En la sección de Mt 13,24-43 encontramos tres parábolas, cada una introducida por la expresión “otra parábola” (Αλλην παραβολὴν en 13,24.31.33) y seguida de la fórmula “el reino de los cielos se parece” (ὡμοιώθη/ὁμοία ἐστὶν ἡ βασιλεία τῶν οὐρανῶν). Se continúa, por tanto, con el mismo lenguaje indirecto o figura para describir la “dinámica” propia del Reino o reinado de Dios entre los hombres.                                    

Antes de comenzar el análisis de las parábolas de este domingo es bueno recordar lo que los estudiosos consideran como un principio fundamental de su interpretación[2]: la parábola típica, sea una simple metáfora, un símil más elaborado o un relato extenso, presenta un sólo punto de comparación. Los detalles no tienen un significado independiente. La clave para la interpretación consiste en juzgar la situación imaginada y no en descifrar los diversos elementos del relato. Esto lo hace la interpretación alegórica que viene después.

            En cuanto a la parábola del trigo y la cizaña vale también una aclaración introductoria. El término “cizaña” (ζιζάνιον) no aparece en la LXX y se encuentra sólo en Mt 13 en el NT. Se trataría era una planta o maleza común en Medio Oriente considerada como una degeneración o forma malograda del trigo pues se le parece bastante, pero tiene hojas más pequeñas y no da espigas. Así, al crecer y madurar el trigo se hace evidente la presencia de la cizaña como diferente del mismo, como dice en 13,26[3]. Estas imágenes lo ilustran:

  

Esta parábola nos presenta el Reino de Dios como una realidad presente y dinámica, pero no plenamente realizada en este mundo. Es decir, en este mundo buenos y malos, “los hijos del Reino y los hijos del Maligno” (Mt 13,38) crecen juntos. En el contexto del evangelio de Mateo la parábola está referida originalmente a la comunidad y la situación a iluminar con ella es la presencia del mal; luego en la interpretación se amplía al mundo que se identifica con el campo de la siembra[4].

Esta realidad de la presencia del mal, a pesar de la llegada del Reino de Dios entre los hombres, es la que pone en crisis la fe de los primeros cristianos que se preguntaban: ¿por qué Dios permite esto, por qué no hace desaparecer todo mal, toda cizaña de la tierra y de la comunidad? Incluso esta sería la tentación de los cristianos según la propuesta de los servidores: "¿Quieres que vayamos a arrancarla?" (Mt 13,28).

La respuesta del dueño del campo en 13,30 remite claramente al juicio final. De hecho, la referencia a la “quema” (κατακαίω) de la cizaña y la “recolección del trigo en el granero” (σῖτον συναγάγετε εἰς τὴν ἀποθήκην) evocan lo dicho por Juan el Bautista en relación al juicio final en Mt 3,12. Y la explicación que Jesús hace a continuación a sus discípulos es muy clara en este sentido: “la cosecha es el fin del mundo y los cosechadores son los ángeles.40 Así como se arranca la cizaña y se la quema en el fuego, de la misma manera sucederá al fin del mundo. 41 El Hijo del hombre enviará a sus ángeles, y estos quitarán de su Reino todos los escándalos y a los que hicieron el mal, 42 y los arrojarán en el horno ardiente: allí habrá llanto y rechinar de dientes. 43 Entonces los justos resplandecerán como el sol en el Reino de su Padre” (13,39b-43ª).

Por tanto, el mensaje de la parábola ante la presencia del mal y los malos es que Dios ha decidido no intervenir antes del juicio final pues respeta la libertad de los hombres y no quiere anular la libertad de los buenos. A la luz de todo el evangelio podemos decir también que Dios tiene paciencia y bondad para con todos manteniendo la esperanza en la conversión de los “malos”; y pide imitar esta actitud pues: "así serán hijos del Padre que está en el cielo, porque él hace salir el sol sobre malos y buenos y hace caer la lluvia sobre justos e injustos" (Mt 5,45). 

Pero la paciencia y la misericordia del Padre no cancelan la justicia, sólo piden esperar hasta el momento del juicio final[5]. Allí el Señor obrará su justicia y el Reino de Dios se manifestará plenamente: sólo formarán parte del mismo los buenos, los que obraron la justicia, esto es, los que cumplieron la voluntad de Dios ("No son los que me dicen: "Señor, Señor", los que entrarán en el Reino de los Cielos, sino los que cumplen la voluntad de mi Padre que está en el cielo" Mt 7,21). Por tanto, la parábola no invita a la pasividad sino a la paciencia con el mal, pero dando frutos buenos. Notemos que el trigo se distingue de la cizaña por la ausencia de frutos en esta última.

            De modo tangencial aparece también el tema del origen del mal: "Señor, ¿no habías sembrado buena semilla en tu campo? ¿Cómo es que ahora hay cizaña en él?" La respuesta es que el mal no viene de Dios, sino del enemigo nocturno, del maligno que sembró la mala semilla tal como dice la explicación de la parábola: “el enemigo que la siembra es el diablo (ὁ διάβολος)” (13,39).

En cuanto a la parábola de la semilla de mostaza, sabemos que esta semilla es en verdad muy pequeña, puede tener un milímetro de diámetro; mientras que su planta puede llegar a medir dos metros o más.

                                                  

Pues bien, en esta parábola se compara el Reino de Dios con una peculiaridad de la semilla de mostaza: la pequeñez de su tamaño inicial que contrasta con su capacidad de desarrollo al punto de llegar a ser casi un árbol, siendo una hortaliza. Por tanto, se nos dice que el Reino de Dios, que se está haciendo presente con la predicación y las acciones de Jesús, tiene un comienzo pequeño, no vistoso ni triunfalista, pero de este inicio casi imperceptible surgirá algo grande, capaz de acoger a muchos[6].

           La parábola de la levadura en la masa, la más breve, utiliza una imagen culinaria conocida en Israel y en Grecia: la levadura y su poder de fermentación para la elaboración del pan. Pensemos en la fiesta de los panes ázimos (sin levadura) y su relación con la fiesta anual de la pascua. Pero es de notar que el texto de la parábola pone la atención en el carácter oculto o escondido de la acción de la levadura. De hecho, el texto griego dice literalmente que “la mujer tomó y escondió (ἐγκρύπτω) la levadura en tres medidas de harina” (13,33). Entonces el Reino de Dios se asemeja a la levadura por su acción oculta pero eficaz, que desde adentro logra una verdadera transformación. Es, como la anterior, una parábola de "crecimiento" pues señala cómo se desarrolla el Reino de Dios, calladamente, ocultamente; y cómo llega al fin a fermentar toda la masa. 

Estas dos parábolas revelan la potencia oculta pero eficaz del Reino de Dios que se abre camino lentamente (la semilla de mostaza tarde bastante en volverse un arbusto y a la levadura le toma su tiempo fermentar una gran cantidad de harina). O sea que la dimensión temporal de crecimiento con la invitación a la paciencia también está presente aquí como en la primera parábola[7]. 

            Por último, tenemos la explicación de la parábola del trigo y la cizaña a los discípulos. En primer lugar, es de notar, como lo hicimos el domingo pasado, la insistencia en la condición de los discípulos cómo cercanos a Jesús y, por ello, aprendiendo de él los misterios del Reino. En segundo lugar, que esta alegorización de la parábola pone claramente el acento en la dimensión del juicio final de Dios y su carácter universal.

  

Algunas reflexiones:

 

            Es bueno empezar recordando dos ideas fundamentales. Primero, si bien la palabra “reino” nos sugiere más bien un 'estado' o 'lugar', cuando los evangelios hablan del Reino de Dios o de los cielos se refieren más bien a la situación que surge del gobierno o reinado de Dios, al ejercicio de la soberanía de Dios. Segundo, hay una identificación entre Jesús y el Reinado de Dios por cuanto Jesús con sus palabras y sus acciones hace presente y operante el Reino del Padre entre los hombres. Así, la invitación es a descubrir, a través de estas parábolas, cómo obra entre nosotros el Reino de Dios, cómo se hace presente. En breve, se trata de descubrir la "pedagogía divina" para poder aceptarla y acompañarla como buenos discípulos.

En cuanto al mensaje de las parábolas, nos invitan a mirar la realidad para descubrir allí la presencia operante del Reino de Dios. En este sentido se trata ante todo de fomentar una actitud contemplativa, una mirada de fe profunda sobre la realidad. En efecto, la contemplación cristiana es justamente la que nos permite una visión completa de la realidad, sin reduccionismos, descubriendo la presencia de lo invisible en lo visible, de lo eterno en lo temporal, de Dios y su obra en nuestro mundo[8]. Como decía la Madre Teresa de Calcuta: “Nuestra vida de contemplación es comprender la presencia constante de Dios y su tierno amor por nosotros en las cosas más insignificantes de la vida”. 

 

Al mirar la realidad nos surgen algunas preguntas: ¿por qué si Dios creó al mundo y al hombre bueno está presente el mal? Y, ante esta realidad de la presencia del mal que tanto nos hace sufrir, ¿qué tenemos que hacer nosotros? 

A estas preguntas nos responde Jesús con la parábola del trigo y la cizaña, diciéndonos que hay y habrá siempre en el mundo bien y mal; al igual que en nuestro corazón, dónde también están presentes tironeando nuestra libertad para que nuestras palabras y acciones sean buenas o malas. Mientras Dios siembra el bien en el mundo y en nuestro corazón; hay un enemigo nocturno que siembra el mal. Por eso el bien y el mal estarán enfrentados hasta el fin del mundo y nosotros debemos tomar parte en la lucha sumando buenas acciones. Pero está la tentación, siempre vigente, de pensar que si anulamos la libertad terminaremos con el mal. Puede ser, pero también anularemos el bien, la capacidad de hacer el bien. Por eso Dios espera pacientemente – y nos invita a esperar – al juicio final donde el mal será vencido y castigado; y el bien premiado. Mientras tanto hay que obrar el bien, lo más que podamos; y soportar con paciencia el mal.

Sobre esta parábola decía el Papa Francisco: “con esta imagen, Jesús nos dice que en este mundo el bien y el mal están tan entrelazados, que es imposible separarlos y extirpar todo el mal. Solo Dios puede hacer esto, y lo hará en el juicio final. Con sus ambigüedades y su carácter complejo, la situación presente es el campo de la libertad, el campo de la libertad de los cristianos, en el cual se cumple el difícil ejercicio del discernimiento entre el bien y el mal. Y en este campo se trata entonces de combinar, con gran confianza en Dios y en su providencia, dos actitudes aparentemente contradictorias: la decisión y la paciencia. La decisión es la de querer ser buen grano —todos lo queremos—, con todas nuestras fuerzas, y entonces alejarse del maligno y de sus seducciones. La paciencia significa preferir una Iglesia que es levadura en la pasta, que no teme ensuciarse las manos lavando las ropas de sus hijos, antes que una Iglesia de «puros», que pretende juzgar antes del tiempo quién está en el Reino y quién no … Jesús nos enseña un modo diverso de mirar el campo del mundo, de observar la realidad. Estamos llamados a aprender los tiempos de Dios —que no son nuestros tiempos— y también la «mirada» de Dios: gracias al influjo benéfico de una trepidante espera, lo que era cizaña o parecía cizaña, puede convertirse en un producto bueno. Es la realidad de la conversión. ¡Es la perspectiva de la esperanza!” (Ángelus del 27 de julio de 2017).

 

Nos surgen todavía otras preguntas: si la palabra del Señor es poderosa, ¿por qué no vemos sus frutos de modo inmediato; por qué parece tener poco éxito el bien mientras va triunfando la presencia del mal? ¿Por qué somos pocos los creyentes? ¿Y qué podemos estos pocos ante todo el mundo? ¿Cómo obra este Reinado de Dios?

 

Con dos breves parábolas Jesús nos responde a estas cuestiones. Con la parábola de la semilla de mostaza nos invita a reconocer la presencia operante de Dios en las cosas pequeñas, en “brotes pequeños” pero que con el tiempo llegan a ser grandes e importantes. 

 

Con la parábola de la levadura nos invita a descubrir la labor oculta y silenciosa de Dios en nuestra vida y en nuestra historia; de modo que lo poco, pero con firme identidad, puede llegar a transformar toda la masa. Es decir, Dios tiene sus caminos y sus tiempos; y tenemos que aprender a descubrirlos y respetarlos.

Al respecto comentan M. Grilli – C. Langner[9]: “La eficacia de Dios y la dinámica propia del Reino de los cielos liberan a los lectores de sus falsas pretensiones de tener que hacer todo por sí mismos”.

            A nivel pastoral es un gran desafío conocer, aceptar y asumir la pedagogía de Dios para poder colaborar con Él, para seguir sus huellas. Sólo así nos libraremos de muchas tentaciones que acechan nuestra vida pastoral. Al respecto decía el entonces Card. Ratzinger[10]: "Sin embargo, aquí se oculta también una tentación: la tentación de la impaciencia, la tentación de buscar el gran éxito inmediato, los grandes números. Y este no es el método del reino de Dios. Para el reino de Dios, así como para la evangelización, instrumento y vehículo del reino de Dios, vale siempre la parábola del grano de mostaza (cf. Mc 4, 31-32). El reino de Dios vuelve a comenzar siempre bajo este signo. Nueva evangelización no puede querer decir atraer inmediatamente con nuevos métodos, más refinados, a las grandes masas que se han alejado de la Iglesia. No; no es esta la promesa de la nueva evangelización. Nueva evangelización significa no contentarse con el hecho de que del grano de mostaza haya crecido el gran árbol de la Iglesia universal, ni pensar que basta el hecho de que en sus ramas pueden anidar aves de todo tipo, sino actuar de nuevo valientemente, con la humildad del granito, dejando que Dios decida cuándo y cómo crecerá (cf. Mc 4, 26-29). Las grandes cosas comienzan siempre con un granito y los movimientos de masas son siempre efímeros […] Gran parte de las parábolas de Jesús indican esta estructura de la acción divina y responden así a las preocupaciones de los discípulos, los cuales esperaban del Mesías éxitos y señales muy diferentes: éxitos del tipo que ofrece Satanás al Señor "Te daré todo esto, todos los reinos del mundo..." (cf. Mt 4, 9). 

Desde luego, san Pablo, al final de su vida, tuvo la impresión de que había llevado el Evangelio hasta los confines de la tierra, pero los cristianos eran pequeñas comunidades dispersas por el mundo, insignificantes según los criterios seculares. En realidad fueron la levadura que penetra en la masa y llevaron en su interior el futuro del mundo (cf. Mt 13, 33). Un antiguo proverbio reza: "Éxito no es un nombre de Dios". La nueva evangelización debe actuar como el grano de mostaza y no ha de pretender que surja inmediatamente el gran árbol. Nosotros vivimos con una excesiva seguridad por el gran árbol que ya existe o sentimos el afán de tener un árbol aún más grande, más vital. En cambio, debemos aceptar el misterio de que la Iglesia es al mismo tiempo un gran árbol y un granito. En la historia de la salvación siempre es simultáneamente Viernes Santo y Domingo de Pascua". 

            En conclusión: “Creámosle al Evangelio que dice que el Reino de Dios ya está presente en el mundo, y está desarrollándose aquí y allá, de diversas maneras: como la semilla pequeña que puede llegar a convertirse en un gran árbol (cf. Mt 13,31-32), como el puñado de levadura, que fermenta una gran masa (cf. Mt 13,33), y como la buena semilla que crece en medio de la cizaña (cf. Mt 13,24-30), y siempre puede sorprendernos gratamente. Ahí está, viene otra vez, lucha por florecer de nuevo. La resurrección de Cristo provoca por todas partes gérmenes de ese mundo nuevo; y aunque se los corte, vuelven a surgir, porque la resurrección del Señor ya ha penetrado la trama oculta de esta historia, porque Jesús no ha resucitado en vano. ¡No nos quedemos al margen de esa marcha de la esperanza viva!” (EG n° 278).

 

 

PARA LA ORACIÓN (RESONANCIAS DEL EVANGELIO EN UNA ORANTE):

 

Arranca la cizaña

 

Oculta tras la cizaña, hay hierba fresca

¿Serán espigas para la siembra?

¿Brotará trigo para hacer el pan de la Mesa?

 

Está allí el fruto escondido

En la dorada espiga por la brisa mecida

Difícil a la vista de los ciegos homicidas.

 

En estos tiempos crecen juntas y aun así

No son de la misma talla, y es por eso

Te agradezco verlas hoy, y no mañana.

 

Para cuidar de tu campo, hasta la cosecha

De a poco limpiar con paciencia las malezas

Y esperar en tu Zarza: el Fuego que las quema.

 

No te pido las arranques, Tú harás esa faena

Cuando y como lo dispongas: y será cosa buena,

Me sentiré ya liviano, alzado de esta tierra.

 

Será en tu Gloria la esperanza concreta

Si me hiciste alimento o abono para la siembra.

Señor, hazme tuyo para la Vida Eterna. Amén


[1] J. Vilchez, Sabiduría (Verbo Divino; Estella 1990) 334

[2] Cf. C. H. Dodd, Las Parábolas del Reino (Madrid 1974) 27-32.

[3] Estos datos los tomamos de U. Luz, El Evangelio según San Mateo vol. II (Sígueme; Salamanca 2001) 431.

[4] Cf. U. Luz, El Evangelio según San Mateo vol. II (Sígueme; Salamanca 2001) 433.

[5] "El sentido de la parábola, como tal parábola (un solo término de comparación con una sola enseñanza), es una invitación a la paciencia ante la presencia de los malos en el campo del Reino. Dios se reserva el juicio, ya que sólo él conoce los corazones", A. Rodríguez Carmona, Evangelio de Mateo (DDB; Bilbao 2006) 135.

[6] "La parábola tiene como finalidad presentar el contraste entre la pequeñez del presente (fracaso aparente de Jesús en el presente y desánimo de los discípulos ante la incredulidad) y la grandeza final del Reino, obra de Dios. En la pequeñez del presente está oculta la grandeza del futuro, y todo ello por un milagro de Dios" A. Rodríguez Carmona, Evangelio de Mateo, 135.

[7] Cf. M. Grilli – C. Langner, Comentario al evangelio de Mateo (Verbo Divino; Estella 2011) 361.

[8] Cf. R. Voullame, La contemplación hoy (Salamanca-Buenos Aires 1977) 40-42.

[9] Comentario al evangelio de Mateo (Verbo Divino; Estella 2011) 361.

[10] La nueva evangelización, Conferencia dictada en el jubileo de los catequistas el 10 de diciembre de 2000 en Roma.